Há tempos venho alertando sobre as tirânicas intenções de Vladimir Putin, presidente da Rússia, em reerguer, o quanto possível, o desmoronado império soviético. A crise interna da Ucrânia, revelada ao mundo na fraudulenta eleição recentemente realizada, é uma das provas da ressurreição comunista de Moscou.
Honrando seu passado de coronel da KGB, Putin, que como presidente perseguiu empresários, aumentou os tributos, cerceou a propriedade privada, fechou jornais oposicionistas, nomeou comunistas históricos e linha dura para os altos postos do Estado, fortaleceu a burocracia moscovita, exagerou na repressão aos chechenos (que, aliás, são outros fanáticos), e se opõe doutrinariamente aos Estados Unidos (com mísseis ainda apontados para o território americano), também influencia não pouco o resultado eleitoral ucraniano. De fato, o atual chefe de Estado da Ucrânia é aliado de primeira hora da Rússia, e francamente favorável ao regime de Putin.
Descontente está a maior parte do povo ucraniano, principalmente os ocidentais. Foram estes, os moradores da parte mais a Oeste na Ucrânia, que em todos os tempos defenderam a independência de seu país contra o controle russo, desde a época dos czares, passando pelo terror da União Soviética. De esmagadora maioria católica (de rito bizantino, grande parte, e uns poucos de rito romano, mas ambos fiéis ao Papa), os ucranianos ocidentais são os defensores da Rus? (nome original da Ucrânia), da Rus? de sempre! Foram eles que demonstraram a fraude perpetrada pelo atual presidente para eleger um seu sucessor, situacionista, igualmente submisso a Moscou.
Uma rápida olhada no mapa dos resultados eleitorais ucranianos evidencia o exposto: a oposição ganhou principalmente nos territórios católicos, no Oeste, e a situação (pró-Putin, proto-comunista) no Leste. Os ucranianos orientais sempre estiveram ao lado do czar e, depois, dos soviéticos. Aspiram uma anexação à Grande Rússia, por serem em grande parte fiéis da Igreja Ortodoxa controlada pelo Patriarcado de Moscou (existem também os ortodoxos autocefálicos, que, por sua vez, são súditos de uma jurisdição eclesiástica autônoma, contra a qual a Igreja de Moscou luta; esses ortodoxos de uma Igreja autocefálica unem-se aos católicos contra os planos de Putin).
Com a fraude declarada, talvez Putin recue de seu nefasto desejo de controle das ex-repúblicas soviéticas, que hoje heroicamente sobrevivem independentes ? e são um contraponto cristão ao laicismo da atual União Européia e sua constituição abominável! Recuo este temporário, meramente estratégico, pois dominar a Ucrânia seria a grande vitória da Rússia neo-socialista.