A Septuaginta foi a primeira tradução do Antigo Testamento hebraico, feita em grego popular antes da Era Cristã. Este artigo tratará do seguinte:
- Sua importância;
- Sua origem;
- Segundo a Tradição;
- Segundo o ponto de vista comumente aceito.
- Sua história subseqüente, recensões, manuscritos e edições;
- Seu valor crítico e linguagem.
1. Importância Histórica da Septuaginta
A importância da versão da Septuaginta é representada pelas seguintes considerações:
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A Septuaginta é a mais antiga tradução do Antigo Testamento e, consequentemente, de valor incalculável para os críticos compreenderem e corrigirem o texto hebraico (Massorético), que é posterior – aquele que chegou até nós – pois foi estabelecido pelos massoretas no séc. VI d.C.. Muitas corrupções textuais, adições, omissões ou transposições foram incorporadas ao texto hebraico entre os séculos III-II a.C. e VII d.C.; assim, os manuscritos da Septuaginta colocados à disposição dos críticos podem ser bem melhor compreendidos em alguns pontos que os manuscritos massoréticos.
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A versão da Septuaginta – primeiramente aceita pelos judeus de Alexandria e, mais tarde, por todas as nações de língua grega – auxiliou na expansão, entre os gentios, da idéia e expectativa do Messias, e introduziu a terminologia teológica no grego, tornando-a o melhor instrumento para a propagação do Evangelho de Cristo.
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Os judeus a usaram muito antes da Era Cristã e, no tempo de Cristo, foi reconhecida como texto legítimo, tendo sido inclusive empregada na Palestina pelos rabinos. Os apóstolos e evangelistas a usaram também e fizeram citações do Antigo Testamento a partir dela, especialmente no que diz respeito às profecias. Os padres e outros escritores eclesiásticos da Igreja primitiva citavam-na diretamente – no caso dos padres gregos – ou indiretamente – no caso dos padres e escritores latinos e outros que empregavam as versões latinas, siríacas, etíopes, árabes e góticas. Seguramente, era tida em grande estima por todos, chegando alguns a acreditar de que era inspirada. Consequentemente, o conhecimento da Septuaginta auxilia na perfeita compreensão dessas literaturas [da Igreja primitiva].
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Atualmente, a Septuaginta é o texto oficial da Igreja grega e as antigas versões latinas usadas pela Igreja ocidental também foram feitas a partir dela; a mais antiga tradução adotada pela Igreja latina – a Vetus Ítala – foi preparada diretamente sobre a Septuaginta: as idéias adotadas nela, os nomes e palavras gregas empregadas (tais como: Gênese, Êxodo, Levítico, Números [Arithmoi], Deuteronômio) e, finalmente, a pronúncia dada ao texto hebraico, passaram freqüentemente para a Ítala e, a partir desta, às vezes, para a Vulgata, que não raramente, apresenta sinais da influência da Vetus Ítala (principalmente nos Salmos: a tradução da Vulgata é meramente o texto da Vetus Ítala corrigido por São Jerônimo conforme o texto da Septuaginta encontrado na Hexápla [de Orígenes]).
2. Origem da Septuaginta
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Segundo a Tradição
A versão da Septuaginta é primeiramente mencionada na Carta de Aristéias a seu irmão Filócrates. Aqui está, substanciamente, o que lemos sobre a origem de tal versão: Ptolomeu II Filadélfo, rei do Egito (287-247 a.C.) tinha estabelecido recentemente uma valiosa biblioteca em Alexandria. Ele foi persuadido por Demétrio de Fálaro – responsável pela biblioteca – a enriquecê-la com uma cópia dos livros sagrados dos judeus. Para conquistar as boas graças deste povo, Ptolomeu, por conselho de Aristéias – oficial da guarda real, egípcio de nascimento e pagão por religião – emancipou 100 mil escravos de diversas regiões de seu reino. Ele, então, enviou representantes – entre os quais Aristéias – a Jerusalém e pediu a Eliazar – o sumo-sacerdote dos judeus – para que fornecesse uma cópia da Lei e judeus capazes de traduzi-la para o grego. A embaixada obteve sucesso: uma cópia da Lei ricamente ornamentada foi enviada para o Egito, acompanhada por 72 israelitas – seis de cada tribo – para atender o desejo do rei. Estes foram recebidos com grande honra e durante sete dias surpreenderam a todos pela sabedoria que possuíam, demonstrada em respostas que deram a 72 questões; então, eles foram levados para a isolada ilha de Faros e ali iniciaram os seus trabalhos, traduzindo a Lei, ajudando uns aos outros e comparando as traduções conforme iam terminando. Ao final de 72 dias, a tarefa estava concluída. A tradução foi lida na presença de sacerdotes judeus, príncipes e povo reunidos em Alexandria; a tradução foi reconhecida por todos e declarada em perfeita conformidade com o original hebraico. O rei ficou profundamente satisfeito com a obra e a depositou na sua biblioteca.
Ainda que possua características lendárias, a narrativa de Aristéias ganhou crédito: Aristóbulo (170-50 a.C.), em uma passagem preservada por Eusébio, afirma que ?através dos esforços de Demétrios de Fálero, uma tradução completa da legislação judaica foi realizada nos dias de Ptolomeu?; o relato de Aristéias é repetido quase que literalmente por Flávio Josefo (Ant.Jud. XII,2) e substancialmente – com a omissão do nome de Aristéias – por Filo de Alexandria (De Vita Moysis II,6). A carta e o relato foram aceitos como genuínos por muitos padres e escritores eclesiásticos até o início do séc. XVI; outros detalhes que serviram para enfatizar a extraordinária origem da versão foram acrescentados ao relato de Aristéias: os 72 intérpretes foram inspirados por Deus (Tertuliano, Santo Agostinho, o autor de ?Exortação aos Gregos? [Justino?], entre outros); durante a tradução eles não consultaram uns aos outros, pois foram mantidos em celas separadas – quer individuais, quer em duplas – e suas traduções, quando comparadas, estavam em perfeita concordância com o sentido e expressões empregadas no texto original e, inclusive, de umas com as outras (?Exortação aos Gregos?, Santo Ireneu, São Clemente de Alexandria – São Jerônimo rejeitou o relato das celas isoladas afirmando que era fantasioso e falso (Praef. in Pentateuchum; Adv. Rufinum II, 25), bem como a alegada inspiração da Septuaginta); e, finalmente, de que os 72 intérpretes traduziram não apenas os cinco livros do Pentateuco mas todo o Antigo Testamento hebraico. A autenticidade da Carta, posta em dúvida primeiramente por Louis Vivès (1492-1540), professor em Louvain (Ad S. August. Civ. Dei XVIII, 42), e, depois, por Jos Scaliger (+1609) e, especialmente, por H. Hody (+1705) e Dupin (d. 1719), é atualmente negada por todos.
Críticas
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A Carta de Aristéias é certamente apócrifa. O escritor, que chama a si mesmo de Aristéias e declara-se grego e pagão, mostra, no decorrer de toda a sua obra, que, na verdade, é um judeu piedoso e zeloso: ele reconhece o Deus dos judeus como o único Deus; ele declara que Deus é o autor da Lei Mosaica; ele é um admirador entusiástico do Templo de Jerusalém, da terra e do povo judeu e de suas leis sagradas e homens cultos.
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A narrativa da Carta deve ser considerada como fantasiosa e lendária, no mínimo em várias partes. Alguns detalhes, como a intervenção oficial do rei ao sumo-sacerdote, o número de 72 tradutores, as 72 questões que tiveram que responder e os 72 dias que levaram para traduzir a Lei são, claramente, afirmativas arbitrárias; além disso, é difícil de se admitir que os judeus alexandrinos tenham adotado para o seu culto público uma tradução da Lei feita a pedido de um rei pagão; finalmente, a linguagem da versão da Septuaginta denuncia, em vários pontos, um conhecimento imperfeito do hebraico e da topografia da Palestina, correspondendo muito mais ao idioma vulgar da Alexandria. Já que não é certo que todo o conteúdo da Carta seja lendário, os estudiosos questionam se não existe algum fundamento histórico disfarçado sob os detalhes lendários. Realmente isso pode ser possível – como se depreende da natureza peculiar da linguagem bem como sobre o que sabemos a respeito da origem e história da versão – já que o Pentateuco foi mesmo traduzido em Alexandria. Também parece verdadeiro que a versão date do tempo de Ptolomeu Filadélfo, isto é, de meados do séc. III a.C.. Mas se, como comumente se acredita, a Carta de Aristéias foi escrita por volta de 200 a.C., 50 anos após a morte de Filadélfo, com vistas a aumentar a autoridade da versão grega da Lei, poderia ter sido aceita tão facilmente e rapidamente difundida caso fosse fictícia ou se o tempo de sua composição não correspondesse à realidade? E mais: é possível que Ptolomeu tenha realmente alguma espécie de relacionamento com a preparação ou publicação da tradução, embora como e porque não possa ser determinado agora. Teria sido com o objetivo de enriquecer sua biblioteca, como declara o pseudo-Aristéias? Isto é possível, mas não pode ser provado, como será demonstrado abaixo; mas podemos muito bem descrever a origem da versão independentemente do rei.
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Os pequenos detalhes acrescidos durante o passar dos anos ao relato de Aristéias não podem ser aceitos; tais acréscimos são: a estória das celas (explicitamente rejeitada por São Jerônimo); a inspiração dos tradutores (uma opinião certamente baseada na lenda das celas); o número de tradutores (72 – v. abaixo); a afirmativa de que todos os livros hebraicos foram traduzidos ao mesmo tempo (Aristéias fala da tradução da Lei (nomos), da legislação (nomothesia), dos livros do legislador – estas expressões, especialmente as duas últimas, certamente se referem ao Pentateuco e excluem os outros livros do Antigo Testamento, e São Jerônimo (Comment. in Mich.) declara: ?Josefo escreveu, e os hebreus nos informaram, que apenas os cinco livros de Moisés foram traduzidos por eles (os 72) e dados ao rei Ptolomeu?. Por outro lado, as versões dos diversos livros do Antigo Testamento diferem muito no vocabulário, estilo, forma e características, às vezes seguem uma tradução livre, outras vezes, extremamente literal, o que demonstra que elas não seriam obra dos mesmos tradutores. Apesar disso e de todas as divergências, o nome de ?versão da Septuaginta? é universalmente dado à coleção completa dos livros do Antigo Testamento existentes na Bíblia grega adotada pela Igreja oriental.
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Origem segundo o ponto de vista comumente aceito
Como para o Pentateuco o seguinte ponto de vista parece plausível, podemos também aceitar em linhas gerais: os judeus, nos dois últimos séculos antes de Cristo, eram tão numerosos no Egito, especialmente em Alexandria, que, em certo momento, passaram a constituir 2/5 da população total. Pouco a pouco a maioria deles deixou de usar ou esqueceu a língua hebraica em grande parte, caindo no perigo de esquecer a Lei. Consequentemente, tornou-se costumeiro interpretar na língua grega a Lei que era lida nas sinagogas e, naturalmente, após certo tempo, alguns homens zelosos pela Lei resolveram compilar uma tradução grega do Pentateuco. Isto ocorreu por volta de meados do séc. III a.C.. Para os demais livros hebraicos – os proféticos e históricos – foi natural que os judeus alexandrinos, fazendo uso do Pentateuco traduzido em suas reuniões litúrgicas, desejassem também a tradução destes; então, gradualmente, todos os livros foram sendo traduzidos para o grego, que se tornara a língua maternal destes judeus; tal exigência aumentava conforme o seu conhecimento de hebraico ia reduzindo dia a dia. Não é possível determinar com precisão o tempo ou os eventos que levaram a estas diferentes traduções; mas é certo que a Lei, os Profetas e, ao menos, parte dos outros livros (i.é, os Hagiógrafos) existiam antes do ano 130 a.C., como aparece no prólogo do Eclesiástico, que não data abaixo deste ano. É difícil determinar também onde as diversas traduções foram feitas pois as informações são muito escassas. A julgar pelas palavras e expressões egípcias que ocorrem na versão, a maioria dos livros deve ter sido traduzida no Egito, muito provavelmente na Alexandria. Ester, entretanto, foi traduzido em Jerusalém (XI, 1).
Quem e quantos eram os tradutores? Existe algum fundamento para o número de 72, como declara a lenda (Brassac-Vigouroux, nº 105)? Parece impossível responder essas questões; os talmudistas dizem que o Pentateuco foi traduzido por cinco intérpretes (Sopherim, c.1.). A história não nos oferece outros detalhes, mas um exame do texto mostra que, em geral, os autores não eram judeus palestinenses enviados ao Egito; diferenças de terminologia, método etc. provam claramente que os tradutores não eram os mesmos para os diferentes livros. É impossível também dizer se a obra foi executada oficial ou privativamente, como parece ser o caso de Eclesiástico; contudo, os diferentes livros, após traduzidos e dispostos em conjunto (o autor de Eclesiástico conhecia a coleção), foi recebida como oficial pelos judeus de língua grega.
3. História Subseqüente
Recensões
A versão grega, conhecida como Septuaginta, foi bem acolhida pelos judeus alexandrinos, que logo a difundiu pelas nações onde o grego era falado; foi usada por diferentes escritores e suplantou o texto original nas cerimônias litúrgicas. Filo de Alexandria a utilizou em seus escritos e considerava os tradutores profetas inspirados; finalmente, ela foi acolhida pelos judeus da Palestina e foi notavelmente empregada por Josefo, historiador judeu palestinense. Sabemos também que os escritores do Novo Testamento fizeram uso dela, utilizando-a na maioria de suas citações. Ela tornou-se o Antigo Testamento da Igreja e foi altamente estimada pelos cristãos primitivos, de modo que muitos escritores e padres declararam-na inspirada. Os cristãos recorriam à ela constantemente em suas controvérsias com os judeus; estes logo reconheceram suas imperfeições e, finalmente, a rejeitaram em favor do texto hebraico ou de traduções mais literais (Áquila e Teodocião).
Correções críticas de Orígens, Luciano e Hesíquio
Em razão de sua difusão entre os judeus helenizantes e cristão primitivos, as cópias da Septuaginta passaram a se multiplicar e, como seria de se esperar, muitas alterações – algumas propositais, outras involutárias – foram surgindo. Logo sentiu-se a necessidade de restaurar o texto à sua pureza original. Eis um brevíssimo relato das tentativas de correção:
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Orígenes reproduziu o texto da Septuaginta na quinta coluna de sua Hexápla. Marcou com obeli os textos que ocorriam na Septuaginta e que não se encontravam no original; adicionou de acordo com a versão de Teodocião e distinguiu com asteriscos e metobeli os textos do original que não se encontravam na Septuaginta; adotou das variantes da versão grega os textos que eram mais próximos ao hebraico; e, finalmente, transpôs o texto onde a ordem da Septuaginta não correspondia à ordem do texto hebraico. Sua recensão, copiada por Pânfilo e Eusébio, foi chamada de Hexápla para distingui-la da versão previamente empregada, chamada comum, vulgar, koiné ou antehexápla. Foi adotada na Palestina.
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São Luciano, sacerdote de Antioquia e mártir, no início do séc. IV, publicou uma edição corrigida de acordo com o hebraico; tal edição reteve o nome de koiné, edição vulgar, e, às vezes, é chamada de Loukianos após o nome de seu autor. No tempo de São Jerônimo, estava sendo usada em Constantinopla e Antioquia.
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Finalmente, Hesíquio, um bispo egípcio, publicou, quase que ao mesmo tempo, uma nova recensão, difundida principalmente no Egito.
Manuscritos
Os três manuscritos mais conhecidos da Septuaginta são: o Vaticano (Codex Vaticanus), do séc. IV; o Alexandrino (Codex Alexandrinus), do séc. V, atualmente no Museu Britânico de Londres; e o do Monte Sinai (Codex Sinaiticus), do séc. IV, descoberto por Tischendorf no convento de Santa Catarina, no Monte Sinai, em 1844 e 1849, sendo que parte se encontra em Leipzig e parte em São Petersburgo. Todos foram escritos em unciais. O Codex Vaticanus é o mais puro dos três; é geralmente tido como o texto mais antigo, embora o Codex Alexandrinus carregue consigo o texto da Hexápla e tenha sido alterado segundo o texto massorético. O Codex Vaticanus é referido pela letra B; o Codex Alexandrinus, pela letra A; e o Codex Sinaiticus, pela primeira letra do alfabeto hebraico (aleph) ou S. A Biblioteca Nacional de Paris possui também um importante palimpsesto manuscrito da Septuaginta, o Codex Ephraemirescriptus (designado pela letra C) e dois manuscritos de menor valor (64 e 114), em cursivas, um pertencente ao séc. X ou XI e o outro, ao séc. XIII (Bacuez e Vigouroux, 12ª ed., nº 109).
Edições Impressas
Todas as edições impressas da Septuaginta são derivadas das três recensões acima citadas.
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A Editio Princeps é a da Complutensiana ou de Alcalá. Provém da Hexápla de Orígenes. Impressa em 1514-18, não foi publicada até aparecer na Poliglota do card. Ximenes, em 1520.
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A edição Aldine (iniciada por Aldo Manúcio) apareceu em Veneza em 1518. O texto é mais puro que a edição Complutensiana e está mais próxima do Códice B. O editor diz que colecionou manuscritos antigos mais não os especifica. Foi reimpressa várias vezes.
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A mais importante edição é a Romana ou Sixtina, que reproduz quase que exclusivamente o Codex Vaticanus. Foi publicada sob a direção do card. Caraffa, com o auxílio de vários sábios, em 1586, sob a autoridade de Sixto V, com o objetivo de socorrer os revisores que preparavam a nova edição da Vulgata latina ordenada pelo Concílio de Trento. Tornou-se, assim, o textus receptus do Antigo Testamento grego e teve diversas novas edições, tais como a de Holmes e Pearsons (Oxford, 1798-1827), as sete edições de Tischendorf, que apareceram em Leipzig entre 1850 e 1887 (as duas últimas publicadas após a morte do autor e revisadas por Nestle), as quatro edições de Swete (Cambridge, 1887-95, 1901, 1909), etc.
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A edição de Grabe, publicada em Oxford de 1707 a 1720, reproduzindo, imperfeitamente, o Codex Alexandrinus de Londres.
Para edições parciais, v. Vigouroux, “Dicionário da Bíblia”, pp. 1643ss.
4. Valor Crítico e Linguagem
Valor Crítico
A versão da Septuaginta, embora ofereça exatamente em forma e substância o verdadeiro sentido dos Livros Sagrados, difere consideravelmente do atual texto hebraico (Massorético). Essas discrepâncias, porém, não são de grande importância, mas apenas assunto de interpretação. Podem ser assim classificadas: algumas são oriundas dos tradutores que tiveram à sua disposição recensões hebraicas diferentes daquelas que são conhecidas como massoréticas; às vezes os textos variam, outras vezes, os textos são idênticos, mas lidos em ordem diferente. Outras discrepâncias devem-se à personalidade dos tradutores; para não se falar da influência exercida em suas obras em razão de seus métodos de interpretação, as dificuldades inerentes da tarefa, seus maiores ou menores conhecimentos de grego e hebraico: eles acabaram traduzindo diferentemente dos massoretas justamente porque liam os textos de forma diferente; é pois natural que o hebraico, escrito em caracteres quadrados, e certas consoantes bem similares na forma fossem vez ou outra confundidos, ocasionando erros de tradução; mais: o texto hebraico era escrito sem qualquer espaçamento entre as palavras e os tradutores facilmente poderiam confundir a separação das palavras; finalmente, como o texto hebraico não dispunha de vogais, eles poderiam suprir as palavras com vogais diversas daquelas que foram usadas mais tarde pelos massoretas. Novamente, não devemos achar que possuímos atualmente o exato texto grego como foi escrito pelos tradutores; as freqüentes transcrições feitas durante os primeiros séculos, assim como as correções e edições de Orígenes, Luciano e Hesíquio danificaram a pureza do texto: voluntária ou involuntariamente, os copistas permitiram a ocorrência de muitas corrupções textuais, transposições, adições e omissões no texto primitivo da Septuaginta. Em particular, podemos notar a adição de passagens paralelas, notas explanatórias ou traduções duvidosas causadas pelas notas marginais. A este respeito, v. “Dicionário da Bíblia” art. cit., e Swete, “Uma Introdu ção ao Antigo Testamento em Grego”.
Linguagem
Todos admitem que a versão da Septuaginta foi redigida em grego popular, a koine dislektos. Mas o grego do Antigo Testamento era um idioma especial? Muitas autoridade garantem que sim, embora discordem quanto à sua real característica. O ?Dicionário da Bíblia?, em seu verbete ?Grego bíblico?, assegura que era ?o grego hebraizante falado pela comunidade judaica de Alexandria?, o grego popular de Alexandria ?com uma larga mistura de hebraísmos?. O mesmo dicionário, no verbete ?Septante?, menciona a mais recente opinião de Deissmann de que o grego da Septuaginta é meramente o grego vernacular ordinário, a pura koine daquela época. Deissmann baseia sua teoria na semelhança perfeita da linguagem da Septuaginta com a dos papiros e inscrições do mesmo período; ele acredita que as peculiaridades sintáticas da Septuaginta, que a princípio parecem favorecer a teoria de uma linguagem especial (um grego hebraicizado), são suficientemente explicadas pelo fato da Septuaginta ser a tradução grega de livros hebraicos.
** Traduzido por Carlos Martins Nabeto. Fonte: Agnus Dei.