Adventista contesta artigo sobre os Dez Mandamentos e a Igreja

Prezado Prof. Alessandro, li seu artigo sob titulo “A Igreja Católica Alterou os dez Mandamentos? Se o sr., estiver certo em suas afirmações, (creio que está redondamente enganado) ou foram os adventistas que mentiram ou se enganaram, ou foi o  Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que em 20/6/2003, o qual escreveu a mensagem sob o titulo “O Dia do Senhor”, na qual ele afirmou, assumindo e a culpa e a responsabilidade, declarando, confessando e admitindo que foi “A IGREJA CATÓLICA ALTEROU OS DEZ MANDAMENTOS”,  (o que caracteriza um ato de blasfemar contra Deus, e de se julgar maior e acima de Deus),  cujo inteiro teor segue abaixo transcrito para que o sr., possa conferir, e após constatar que foi ROMA OU  SEJA FOI A IGREJA CATÓLICA QUEM ALTEROU OS DEZ MANDAMENTOS, POR HAVER FEITO ISTO, SE ENQUADRA NA DEFINIÇÃO DE APOCALIPSE 17 E 18.

Se após a leitura e comprovação da autenticidade da Mensagem do Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales, o sr., permanecer que o adventistas estão errados, estará afirmando aquele cardeal é um mentiroso, se comprovar que o que ele disse é verdade então, terá que reconhecer, admitir que os adventistas estão certos, neste caso, cai fora, conforme Ap. 18:4, pois estás, sendo enganado, se enganando e enganando ( é fria, ou seja é quente, pois o lago de fogo e enxofre aguarda pelos que alteraram a Lei de Deus).

Se ficar com raiva, deve não ser de mim, dos adventistas ou do cardeal D. Egenio de Araújo Sales, se o o sr., estiver certo um dois é o  mentiroso.

Eis o site oficial da Arquidiocese do Rio de Janeiro www.arquidiocese.org.br/paginas/textosales.htm

Respeitosamente,

R.


Prezado R., a Paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Primeiramente quero agradecer o seu contato. Sua mensagem é muito respeitosa, amém! Mas, infelizmente é nada sincera. Vou lhe explicar porque.

Gostaria muito de tratá-lo nesta mensagem pelo seu nome. É pelo nome que o Senhor nos conhece, nosso nome é nossa referência, portanto nossa imagem.

É pelo seu nome que o Senhor lhe chamará, mas você preferiu se ocultar. Preferiu que ninguém soubesse quem sois. Ora, por que? Por ventura deve o cristão ter vergonha do Evangelho? Por acaso não nos ensinou o Senhor: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na sua glória, na glória de seu Pai e dos santos anjos” (Lc 9,26). Desta forma, muito sinceramente lhe digo, pois quero o bem da sua alma, a sua opção em se manter em anonimato não condiz com a sinceridade que deve ser uma das virtudes impressas na alma de todo cristão.

São Paulo nos ensinou bem de onde vem esta falta de sinceridade: “Mas temo que, como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim se corrompam os vossos pensamentos e se apartem da sinceridade para com Cristo” (2Cor 11,3).

Veja R. que a falta de sinceridade é um dos efeitos de um pensamento corrompido, isto é, este é a causa daquele. Agora vou lhe mostrar a corrupção de seu pensamento.

Você disse que leu meu artigo (1) onde refuto as falsas acusações adventistas de que a Igreja Católica teria alterado os Dez Mandamentos. Infelizmente não procurou mostrar onde estava o meu suposto erro.

Você nem se deu ao trabalho de defender, contra os argumentos que apresentei, a tese adventista de que a letra do Decálogo é irrevogável (pilar fundamental da doutrina sabatista). Simplesmente calou-se sobre os ataques de São Paulo quando afirma, com TODAS AS LETRAS, que a letra do Decálogo é transitória (2Cor 3,7-11). Calou-se também sobre a reforma que Cristo promete fazer da Lei, levando esta à perfeição (Mt 5,17). Enfim, não mostrou onde havia inverdade nos meus argumentos e tão pouco a veracidade da tese adventista. Em vez disso propôs-me uma sinuca, bem à moda farisaica, querendo colocar-me contra D. Eugênio Sales. Você procurou resolver a questão não com a clareza dos argumentos, conforme exige a Verdade e como é próprio dos espíritos retos; mas buscou a armadilha. Está aí denunciada a corrupção de seu pensamento.

Os fariseus não refutaram uma só vírgula do que Cristo ensinou. Procuravam colocá-Lo em armadilhas. Atitude esta nada sincera, nada verdadeira, bem própria dos filhos de Satã (cf. Jo 8,44). Não me surpreende que você seguindo os passos dos fariseus confesse a doutrina deles em vez da Doutrina de Cristo.

Vamos afinal resolver a sua sinuca farisaica.

O Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, uma das poucas estrelas que ainda permanece fixa na Ortodoxia (cf. Ap 6,13), não proferiu a heresia que você lhe atribui: que a Igreja Católica alterou os Dez Mandamentos. O seu pensamento farisaico impediu-lhe de ver a Verdade, colocando em seu entendimento sombras que não se encontram na claridade do artigo do autor.

Em seu artigo “Dia do Senhor” (2) D. Eugênio demonstra as raízes apostólicas da observância do Domingo e sua confirmação pelo Direito Eclesiástico e secular.

A confirmação da observância do Domingo pelo Direito Eclesiástico não foi uma alteração da observância do Sábado, como explica o autor:

[…] Nos primeiros séculos, a fidelidade [à observância do Domingo] dispensava uma lei escrita obrigando a assistência à Missa. Contudo, com a penetração da tibieza, surgiu a necessidade de prescrições. Assim, no ano 300, o Concílio de Elvira fala de conseqüências penais, após três ausências da celebração eucarística aos domingos. De modo particular, a partir do século VI, no Concílio de Agde, no ano 506, foi explicitado o caráter obrigatório do costume universa […]” (ibidem, sexto parágrafo).

Aqui D. Eugênio explica que a norma eclesiástica veio obrigar o cristão à observância do Domingo, por cuidado pastoral, visando combater a tibieza que impedia que muitos permanecessem fiéis à antiga regra. Ora, isso é bem diferente de dizer que a norma eclesiástica veio transferir a guarda do Sábado para o Domingo. Devo também lhe informar que estes os dois referidos Concílios foram regionais e não Ecumênicos. Completando as informações dadas no artigo, o cânon 29 do Concílio de Laodicéia (regional como os outros dois) também confirmou a obrigatoriedade da observância dominical. Isto indica que tal cuidado pastoral não foi necessário em outras regiões, que tranqüilamente eram fidedignas a esta prescrição. Portanto, seguindo a explanação de D. Eugênio, não está aqui a origem da observância dominical.

No parágrafo anterior lemos:

“A passagem do sábado dos judeus para o domingo dos cristãos foi progressiva. São Paulo (1 Cor 16,2) já faz referência ao domingo. Lemos nos Atos dos Apóstolos (28,7):’No primeiro dia depois do sábado’ os fiéis de Trôade estavam reunidos ‘para partir o pão’, isto é, a Eucaristia […]” (ibidem, quinto parágrafo).

Creio que você tenha se escandalizado com a primeira oração do trecho acima. Ora, também foi progressiva a não observância da Lei de Moisés. Mais ou menos 25 anos após a Morte a Ressurreição do Senhor é que os Apóstolos resolveram colocar um ponto final nesta questão, se reunindo em Jerusalém (cf. At 15). Mesmo depois deste Concílio, muitos cristãos cabeças-duras (como os adventistas) ainda insistiam nas práticas judaicas, obrigando o S. Paulo a escrever-lhes (veja, por exemplo, a Epístola aos Gálatas e aos Colossenses).

Se você diz que D. Eugênio afirma que foi a Igreja Católica quem alterou a observância do Sábado para o Domingo, então acabas reconhecendo (sem querer) o apóstolo S. Paulo como membro da Igreja Católica. Se negares que São Paulo é membro da Igreja Católica, então não foi a Igreja Católica que começou a mudar a observância do Sábado para o Domingo. Este é o problema que enfrenta os jogadores de sinuca: sempre é possível cair numa própria preparada para os outros. E esta especialmente em que você caiu não foi tramada por mim. Apenas caíste na sinuca que me armou.

Antes que você pense em sair da sua própria sinuca argumentando que a Ceia do Senhor era uma mera refeição comunitária, informo que em sua primeira carta aos Coríntios, especialmente nos capítulos 11 a 16, S. Paulo dá testemunho de que era uma reunião de Culto de Adoração.

Em um outro artigo (3) transcrevo alguns dos testemunhos primitivos testificando que a Ceia do Senhor era um Culto de Adoração cuja observância se dava especialmente no Domingo. TODOS eles são anteriores ao séc. IV quando, segundo a doutrina adventista, o testemunho da Igreja Católica era fidedigno. Quem estudar estes testemunhos verá que a Igreja Adventista também caiu na própria arapuca, esta armada para a Igreja Católica.

Por último vou comentar um outro trecho do artigo de D. Eugênio Sales:

[…] No calendário grego e romano, os dias festivos não coincidiam e os fiéis se reuniam antes do nascer do sol, aos domingos. Pela lei civil do Império Romano, o Dia do Sol, o domingo, era um dia normal, de trabalho. Até então, a vida pública, em todas as suas atividades, era como nos demais dias da semana. Pensemos nas dificuldades para os ofícios religiosos e a impossibilidade do descanso, até então observado no sábado. Desde os primeiros séculos a Igreja urgia a necessidade de participar, no domingo, da assembléia eucarística. Somente com o Édito de Constantino, com data de 3 de julho do ano 321 ele passou a ser um dia de repouso […]” (ibidem, quinto parágrafo).

Note que D. Eugênio explica que o Império mudou uma antiga prescrição secular (observância do Sábado como dia de descanso) vindo de encontro a uma antiga prescrição eclesiástica já que “Desde os primeiros séculos a Igreja urgia a necessidade de participar, no domingo, da assembléia eucarística”. Pelo que você vem demonstrando, é bem possível que tenha entendido que o Império mudou uma antiga prescrição da Igreja, porém, não é isso que diz o autor.

O Estado, sociedade terrena, deve guiar-se pela regras da sociedade do céu, fazendo cumprir a oração do Senhor: “venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6,10). Por isso o Direito secular do Império fez cumprir a norma dominical, como explicou D. Eugênio. Portanto, o Direito positivo (o que é criado pelos homens) só traz verdadeira Justiça, quando promulga as Leis de Deus.

Está claro o seu equívoco em relação à Verdade. Portanto, nem eu ou D. Eugênio estamos enganados. São os adventistas que permanecem no erro.

Queres ser verdadeiramente de Deus, aja com sinceridade, pois em um espírito reto a vontade agirá de forma legítima sobre a inteligência, conduzindo-a a Verdade.

Que para a tua Salvação, a Graça do Espírito Santo lhe transforme de embusteiro para servo. Pois Cristo Nosso Senhor nos convidou não para armarmos sinucas e arapucas para os homens, mas para pescá-los para Deus.

Em Cristo Jesus,

Prof. Alessandro Lima.

Notas

(1) Prof. Alessandro Lima. Apostolado Veritatis Splendor: A Igreja Católica alterou os Dez Mandamentos? Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/4140. Desde 5/3/2007.

(2) D. Eugênio Sales. Arquidiocese do Rio de Janeiro. Dia do Senhor. Disponível em  http://www.arquidiocese.org.br/paginas/v20062003.htm. Desde 20/06/2003.

(3) Prof. Alessandro Lima. Apostolado Veritatis Splendor: Dia do Senhor: Sábado ou Domingo? Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/3948. Desde 28/8/2006.

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