Aplicação prática de diálogos teológicos

Penso (sobretudo) que a maioria dos debates sobre o livre-arbítrio é infrutífero, e ultimamente uma distração à boa continuidade da vida cristã. E isto é, creio eu, a visão bíblica. Essa abstração em conexão com a vida cristã é um conceito grego pagão, não um estilo de vida hebreu, paulino nem cristão. Os ortodoxos estão certos quando criticam o “cristianismo ocidental” (diria o calvinismo em particular) por sua grande dependência do racionalismo, pelo menos na prática. Eles corretamente e belamente se esforçam para manter a congruência da sua teologia, religiosidade, santidade, devoção a Deus e o viver cristão. Isto é uma meta eminentemente bíblica.

Qual é a conseqüência de tal disputa para a caminhada dia-a-dia com Jesus ou para nossa maturidade espiritual? Como um posicionamento sobre isto, seja ele qual for, afetaria a necessidade de seguir Cristo de todo coração, amarmos uns aos outros, dedicarnos a Deus, orar, servir, sacrificar, evangelizar, ser um bom esposo, pai, filho, amigo, etc..? Penso que a disputa teológica deva ter alguma aplicação prática em algum lugar, porém eu não consigo ver como a questão do livre-arbítrio possa chegar em algum lugar. Tudo o que faz é criar rancor e anátemas mútuos, como nós também vemos nos grupos, e como nós claramente vemos na História de Igreja, como entre Lutero vs Erasmo, calvinistas vs arminianos, e tomistas vs molinistas.

Por outro lado, a Igreja Católica teve a sabedoria (no século 18, creio eu) de proibir a recriminação mútua entre tomistas e molinistas, e considerar a irresolutibilidade desta disputa, dado nosso conhecimento e natureza humana limitada, mesmo levando em conta a revelação que dispomos sobre o assunto. E digo tudo isto sem nenhuma hostilidade sobre os diálogos teológicos per si e o uso da inteligência. Eu não estou apelando a um “pietismo” anti-intelectual que eu mesmo desprezo. Eu meramente oponho-me a conversas que deixem a desejar em aplicações práticas à vida cristã e para o alcance das metas de religiosidade, santificação e santidade.

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