É bastante incrível, e muito mais lamentável ainda, que haja pessoas teimando em acreditar nas “curas” do Dr. Fritz, ou melhor dos “Doutores Fritz”, já que o fantasminha camarada até hoje não se decidiu qual o seu médium favorito. Ora, a entidade “se incorpora” em fulano de tal, ora em beltrano, e por aí vai. O mais incrível é a eficiência: considerando que os três prediletos do Dr. Fritz no Brasil moram há quilômetros de distância entre si, e atendem diariamente ao público, é de se ficar imaginando como o bom fantasma faz para driblar estes obstáculos. Nem mesmo o famoso “jeitinho brasileiro” chegaria a tanto.
Igualmente intrigante é que, apesar de tanta popularidade, ninguém saiba nada a respeito da vida do famoso médico alemão: onde nasceu, em que cidades morou, quem foram seus parentes, em que universidade se formou… Tudo o que se sabe é isso: um alemão de nome Fritz, algo tão incomum como um brasileiro de nome Francisco ou José. Nem mesmo “Mister M” possui um passado tão bem escondido. Até a vida do Salman Rushdie (autor de “Versos Satânicos” , e que vive escondido temendo a fúria muçulmana) se apresenta mais clara que a do nosso Dr. Fritz.
O pior é que, ultimamente, quando aparece alguma notícia ligada a tão singular figura é justamente nas páginas policiais. Observe-se, p. ex., esta reportagem extraída do “Jornal da Tarde” em 27 de maio de 2000:
Justiça decreta prisão do `Dr. Fritz’
O juiz presidente do 1º Tribunal do Júri, José Ruy Borges, recebeu ontem denúncia do promotor Fernando Pastorelo Kfouri contra o médium Rubens de Faria Júnior, que diz incorporar o espírito do “Dr. Fritz”, e decretou sua prisão preventiva. |
Se já é revoltante saber o quanto os médiuns espíritas prejudicam suas vítimas com os crimes de charlatanismo, exercício ilegal da medicina e lesão corporal, muito pior é constatar casos como este, ou seja, em que paira uma acusação de homicídio. Até que ponto estes indivíduos vão continuar fugindo, ou usando de todo tipo de manobra judicial, é também de deixar qualquer um indignado.
Caso fôssemos acrescentar aqui também sobre o prejuízo para as almas, em seguir os preceitos espíritas, pior ainda o resultado.
No entanto, vamos nos limitar a uma simples pergunta: Por que a pobre Vanessa morreu ? A reportagem mostra: porque que sofria de leucemia e parou o tratamento tradicional, para ficar apenas recebendo os passes espíritas.
Terrível. Boa parte dos médiuns espíritas não manda que o paciente pare o tratamento. Pelo contrário, sugerem aqueles que o fiel continue seguindo as recomendações médicas, mas que também receba alguns “passes” ou mesmo se submeta a uma “cirurgia espiritual”. Os motivos aqui são óbvios: ainda que seja a medicina quem cure, sabe-se muito bem quem é que recebe as glórias da vitória. Além disso, o médium se arrisca menos.
Mas há um outro aspecto que queremos destacar: a leucemia é uma doença essencialmente somática, corporal, que atinge a produção de leucócitos (glóbulos brancos).
Não se trata, portanto, de uma doença psíquica, como uma neurose qualquer; ou mesmo de alguma doença psico-somática, como certos tipos de úlcera.
Ora, quando o médium trata os seus pacientes, o máximo que ele pode fazer é curar ou aliviar a dor de algumas doenças destes dois últimos grupos (psíquica e psico-somática). Tal se dá, não porque “baixe” algum espírito, mas simplesmente por meio de um processo sugestivo que, obviamente, não teve efeito sobre a medula e os leucócitos de Vanessa.
A psicologia e a parapsicologia são ricas em casos como este, em que o poder sugestivo do paciente, seja oriundo dele mesmo ou de algum fator externo, pode curar ou aliviar o seu sofrimento. É por isso que muitas vezes se fala em tratamento médico por hipnose, embora haja várias questões éticas envolvendo o tema. Nos piores tempos de crise da ex-URSS, houve médicos que, por falta de anestesia, chegaram a hipnotizar pacientes até para fazer cirurgias.
No entanto, a eficácia de tais métodos por sugestão, como se pode notar, é restrito a certos casos e, mesmo assim, nem sempre apresenta a segurança e o resultado esperados.
Mas vejamos, por exemplo, o caso de pessoas com problemas na coluna, tão comuns nos centros espíritas. Via de regra, o máximo que o médium consegue aí é tirar a dor do paciente. Se este possuir uma hérnia de disco ou mesmo outra deformidade mais grave, continuará com ela, embora não sinta mais dor. Tal situação é extremamente grave, pois, mais cedo ou mais tarde, o organismo pode reagir e talvez seja tarde demais, precisando o paciente se submeter a uma cirurgia (médica, e não espírita) de última hora.
É por isso que não se vê, em contrapartida, um médium espírita que trate sequer de uma simples cárie dentária. De fato, ele pode até tirar a dor de dente, mas a mancha preta continuará ali, denunciando que o serviço não fora completo.
Mas, além de tudo, porque os médiuns espíritas quando adoecem não procuram um de seus colegas para receber os “passes” ?
Portanto, quando aparecer um padre, pastor, médium ou quem quer que seja, propagando os seus poderes de cura, sempre muito cuidado. Não precisamos de mais vítimas.
Ah, e caso alguém encontre o Dr. Fritz por aí, peça-lhe que nos envie a biografia dele.
Mas se o encontro for apenas com o médium Rubens de Faria, pode entregá-lo à Justiça mesmo.