Ataque de Mary Schultze contra a transubstanciação

São bastante conhecidos os textos de uma senhora chamada Mary Schultze que, destilando ódio contra o catolicismo, circulam por todo o país. Esta senhora diz-se “pesquisadora de religião”, e, se ela assim o diz, quem somos nós para negá-lo? No entanto, como se verá no texto que refutaremos abaixo, por mais que ela “pesquise”, continua desconhecendo os pontos mais básicos do catolicismo.

Pergunto: como dar o devido crédito à uma pesquisadora de religião que desconhece os fundamentos da mais importante religião da história? Qual a profundidade e seriedade de suas pesquisas? Como entender o trabalho de um pesquisador que, odiando o objeto de seu estudo, não tem condições de guardar, em suas pesquisas, um mínimo de distanciamento crítico em relação ao objeto pesquisado?

Bem, que cada leitor responda, individualmente, a estas questões. A nós caberá, nas linhas abaixo rebatermos, ponto por ponto, um texto desta senhora que visa solapar a fé católica no sacramento da eucaristia.

Como de praxe, o texto original segue em preto. A nossa resposta, em azul.

– “O deus hóstia é idolatria, a transubstanciação da ceia eucaristia da missa não salva, é mágica, é comer carne e sangue humanos, é blasfêmia de contínuo matar Jesus em re-sacrifício, é contra a Bíblia. Ainda mais a missa por mortos.”

Como diria um famosíssimo locutor esportivo de São Paulo: abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!

Ocorre que, no caso, o espetáculo começou muito mal. O jogador principal pisou na bola e tropeçou nas próprias meias desde o começo. Afinal, é mais do que sabido que a Missa não é, e nem pretende ser, um “re-sacrifício” de Jesus, mas a renovação do único e irreptível sacrifício ofertado por Ele no Calvário.

Apenas por isto, pode-se concluir, sem receio, que a pesquisadora não entende patavinas acerca da missa e, por tabela, não tem qualquer condição de entender, a fundo, a transubstanciação.

Com toda a sinceridade, após este singelo parágrafo, eu, enquanto leitor, não seguiria lendo o texto. Afinal de contas, para que saber a opinião de alguém sobre um assunto que este alguém desconhece solenemente? Qual a serventia desta opinião? Rigorosamente nenhuma. Somente segui lendo o texto porque coube a mim refutá-lo.

Você crê na Transubstanciação?

A Igreja de Roma afirma que o pão – ou hóstia – após a bênção miraculosa do padre, transforma-se no corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo. Este é um dogma de fé e quem nele não crê, segundo o Concílio de Trento, é excomungado e, portanto, vai para o inferno, visto como a Igreja de Roma afirma que tem nas mãos as chaves do portão do céu.

Comecemos, desde já, mostrando todo o despreparo da auto-intitulada “pesquisadora de religião”. A afirmação de que o pão “transforma-se” no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo é, no mínimo, e para falar muito pouco, bastante imprópria. Igualmente, é de uma impropriedade notável a afirmação de que uma suposta “benção miraculosa do padre” é que operaria tal “transformação”.

O que ocorre é que, com a consagração, o Espírito Santo de Deus (e não o padre) modifica a substância do pão e do vinho, que doravante, são Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. No entanto, os acidentes pão e vinho permanecem, pelo que as espécies eucarísticas seguem possuindo todas as propriedades químicas de pão e de vinho. Esta diferenciação entre “substância” e “acidente” é de fundamental importância para a correta compreensão do sacramento da eucaristia.

Nossa “pesquisadora de religião”, com certeza, prefere o termo “transformação” porque (como se verá mais abaixo) o estudo e a compreensão de filosofia é algo típico de padres católicos. E, como tudo o que é católico é demoníaco, nossa pesquisadora usa o termo “transformação”, muito embora este termo não expresse, nem de longe, a verdadeira doutrina católica.

É um mero detalhe sobre o qual, com certeza, ela passará por cima…

A afirmação no final do parágrafo (descontando-se o estilo pouco agradável da nossa interlocutora) pode ser entendida como correta. De fato quem, conhecendo a verdadeira doutrina católica acerca da transubstanciação não aderir à mesma, aparta-se, voluntariamente, do Corpo de Cristo (que é a Igreja Católica) e, como tal, não pode salvar-se.

Esta afirmação absurda foi tirada de Mateus 26:26-28: “Tomai, comei; isto é o meu corpo… Bebei dele todos… Porque isto é o meu sangue”. Só que Jesus pronunciou estas palavras quando ainda se encontrava vivo, portanto não iria mandar que o comessem, pois a Bíblia proíbe qualquer tipo de canibalismo. E ainda o fez para os judeus que pediam sinais…

Ao contrário do que disse a nossa pesquisadora, a doutrina da transubstanciação não foi retirada apenas de Mt 26, 26-28. Mas, igualmente, de Mc 14, 22-24, Lc 22, 19- 20, 1 Co 11, 23-28, Jo 6, 48-58. Ou seja, a doutrina por ela chamada de “absurda” é uma das mais forte e claramente ensinadas na Bíblia que ela diz seguir. Aliás, diga-se de passagem, esta doutrina “absurda” é a fé unânime e retumbante de todos os verdadeiros cristãos, desde o primeiro século.

Apenas à guisa de exemplo:

Eu não tenho gosto por comida corruptível, nem pelos prazeres desta vida. Eu desejo o Pão de Deus, que é a CARNE de Jesus Cristo, que era da descendência de David; e como bebida eu desejo SEU SANGUE, que é amor incorruptível. (Santo Inácio de Antioquia, Carta para Romanos 7:3)

Eles [isto é os gnósticos] se privam da eucaristia e da oração, porque eles não confessam que a eucaristia É A CARNE DE NOSSO SALVADOR Jesus Cristo, carne que sofreu para nossos pecados e que o Pai, em sua bondade, ressuscitou. (Carta para os de Esmírnia 7:1)

Pois é… Podemos ver que, embora nunca a tenha visto, Santo Inácio foi direto ao ponto fraco da “teologia” da pesquisadora de religião. A dificuldade por ela apresentada em aceitar a verdade da transubstanciação, no fundo, e em essência, não passa de um gnosticismo muito mal disfarçado.

Prossigamos nossos exemplos: 

ST. JUSTINO, O MÁRTIR (C. 100 – 165 D.C.)

Nós chamamos esta comida Eucaristia; e ninguém a mais é permitido dela participar, exceto o que crê que nosso ensino é a verdade, e que se lavou nas águas da remissão dos pecados e da regeneração [Batismo], e está assim vivendo como Cristo ordenou.

Pois não a recebemos como comida ou bebida comuns, mas, uma vez que Jesus Cristo, nosso Salvador, encarnou-se pela palavra do Senhor, recebendo carne e sangue para a nossa salvação, então, conforme nos ensinaram, a comida que se fez eucaristia pela oração eucarística por Ele mesmo ensinada, e pela mudança da qual nosso corpo e nosso sangue se nutrem, são o Corpo e o Sangue do mesmo Jesus que se encarnou. (Primeirar Apologia 66) (Dialogo com Trifão 41)

Se tomarmos esta afirmação de Jesus ao pé da letra, teremos obrigação de dizer que ele é uma porta, conforme João 10:9. Que ele é uma videira, conforme João 15:1 … E outras coisas mais. No Velho Testamento, quando alguns soldados do exército de Davi, na tomada de Jerusalém, trouxeram-lhe água de Belém, sua cidade natal, ele recusou-se a bebê-la, apesar da sede que sentia, dizendo: “Beberia eu o sangue dos homens que foram com risco de sua vida?” Davi se referia à água de Belém ou literalmente ao sangue dos seus homens? (2 Samuel 23:17).

Este, com todo o respeito, é um dos mais tolos argumentos amiúde utilizados pelos protestantes para tentar negar a doutrina da transubstanciação. Até porque, levado à sério, jamais seríamos capazes de afirmarmos quando, na Bíblia, uma passagem é literal e quando a mesma é alegórica.

Quando Jesus afirma ser uma porta, ou uma videira, ou, mesmo, quando afirma serem os seus discípulos ovelhas, Ele está usando de uma metáfora útil, que elucida e exemplifica a doutrina que se deseja revelar, tornando-a simples de se entender. Tanto é assim, que, até hoje (pelo menos até onde eu saiba) nenhum cristão jamais tais expressões em um sentido literal.

Nos relatos da instituição da Eucaristia, a situação é diametralmente oposta. Não existe utilidade em uma metáfora nas frases “isto é o meu Corpo” e “isto é o meu Sangue”. Bastaria Jesus ter dito “isto representa meu Corpo” e “isto representa o meu Sangue”. O uso de uma metáfora, ao invés de facilitar a transmissão da idéia, acabaria por obscurecê-la. Tanto é assim que, se nossa pesquisadora, estivesse correta, nós, pobres católicos, estaríamos enganados até hoje…

Acrescente-se a este ponto, o fato de que São Paulo, em 1 Co 11, 29 afirma para que todas as pesquisadoras de todos os tempos pudessem entender: “aquele que come e bebe sem discernir o Corpo come e bebe a sua própria condenação.” Resta a ela explicar qual o motivo de tão severa condenação para aqueles que, sem discernimento, comem de um pãozinho qualquer e bebem de um simples vinho.

Como a religião católica veio da misteriosa Babilônia, na qual muitos “milagres” eram praticados para enganar o povo, os padres costumam usar esses artifícios para enganar a boa fé dos católicos e mantê-los amarrados à Igreja Católica, fazendo-os crer que ela é “a única igreja verdadeira e que fora dela não há salvação”. O católico pode pecar à vontade, porque na hora da morte, depois dos “Últimos Ritos” ou “Extrema Unção”, todos os seus pecados serão perdoados pelo padre, restando-lhe apenas uma temporada secular de veraneio no Purgatório.

A afirmação de que a religião católica veio da “misteriosa Babilônia” é tão incompreensível que evitarei fazer maiores comentários. Toda e qualquer pesquisa séria acerca da história do cristianismo leva à conclusão inexorável de ser a Igreja Católica a continuação natural da primeira comunidade cristã surgida em Jerusalém segundo a narrativa de At 2. Mesmo os mais desvairados protestantes, quando muito, tentam lançar a esparrela de que o catolicismo teria surgido sob a batuta constantiniana (algo absolutamente pueril e sem sentido).

Já a afirmação da nossa pesquisadora é de uma estranheza absoluta. De que fontes gozaria a Sra. Mary Schultze para afirmar as origens babilônicas do catolicismo não se sabe.

Da mesma forma, a afirmação de que a Igreja Católica usa de artifícios para manter seus fiéis amarrados às suas colunas peca pela inverossimilhança. Ora, sempre que, em meios católicos, surge um relato de um suposto milagre ou de uma suposta aparição, que faz a Igreja? Investiga, usa de cautela, exige comprovações científicas de que, verdadeiramente, algo sobrenatural ocorreu. Se assim o faz, é para evitar enganos justamente entre o povo mais simples e mais afeito a este tipo de erro.

Pergunta-se: esta atitude parece ser a de uma instituição ávida por enganar os seus fiéis? Compare-se com o que vemos, diariamente, nos programas protestantes de rádio e televisão. Qualquer espirro é dado como milagre e decantado aos sete ventos, sem qualquer cuidado em maiores averiguações. Aliás, francamente, em alguns casos, milagres já foram armados e arranjados, justamente para atrair fiéis.

Pergunto: em que ramo do cristianismo a enganação realmente ocorre? A Sra. Mary Schultze deveria “pesquisar” a embromação que, diariamente, ocorre em muitas igrejolas de beira de esquina. E esta embromação, diga-se de passagem, é o único e verdadeiro motivo pelo qual o protestantismo cresce no Brasil.

Por fim, resta comentar a risível declaração de que o católico pode pecar à vontade. Nossa pesquisadora, de fato, não conhece patavinas acerca do catolicismo, pois, se conhecesse, saberia que a Igreja ensina a necessidade de perseverar nas boas obras pois, até o último momento, qualquer um pode perder a graça da salvação.

Portanto, se existe uma religião na qual o homem não pode recalcitrar no pecado, tal religião é a católica!

O mesmo, contudo, não se pode dizer do protestantismo que, em geral, prega a salvação eterna de todos os que aceitaram a Jesus como salvador pessoal. Feito tal ato de fé (e aí sim!) o cristão está liberado para fazer as maiores barbaridades, visto que a salvação está garantida.

Portanto, o protestantismo é que, implicitamente, adota a teoria do “liberou geral” em matéria de salvação!

Acho que, mais uma vez este detalhe escapou à nossa pesquisadora. Aliás, houvesse ela “pesquisado” um pouquinho melhor e saberia que o próprio Lutero já afirmava: “peca fortemente, crê mais fortemente ainda.” E ela acusando o catolicismo deste desvirtuamento…

Assim mesmo, se ele for devoto de Nossa Senhora do Carmo e rezar o terço todo dia, a “Virgem Santíssima” irá tirá-lo de lá, no primeiro sábado. (O que me intriga é que o Purgatório fica no além e lá não deve haver calendário!).

Ora, vejam só… A Sra. Mary Schultze se intriga acerca de como poderia a Virgem Santíssima buscar uma alma padecente ao primeiro sábado após sua passagem se, no além (segundo ela), não existe calendário (é cada uma que temos de responder…).

Curiosamente, contudo, ao que tudo indica, ela não se intriga sobre como pôde o Pai ter marcado um dia e uma hora para julgar o mundo. Não se intriga acerca de como pôde o Pai marcar um tempo para o nascimento do Messias, nem de como pôde o Pai marcar datas em diversas profecias bíblicas.

Ao que tudo indica, ela somente se intriga acerca do que lhe interessa.

Ora, é óbvio que, no céu, não existe tempo nem espaço. Contudo, para nós, estas duas realidades existem. E Deus se revela para nós, em nossa realidade, onde tudo é marcado pelo tempo e pelo espaço. Portanto, embora não esteja sujeito a esta limitação, Deus pode (e quero ver nossa pesquisadora dizer que Ele não o pode!) sentir o passar do tempo e medir a variação de espaço.

Portanto, se Ele pôde marcar um dia e uma hora para julgar a humanidade, Ele pode, igualmente, marcar um dia e uma hora para enviar Nossa Senhora ao purgatório resgatar uma alma padecente.

Espero, com isto, ter contribuído para amenizar a “intriga” que sente nossa pesquisadora acerca desta assunto.

Com relação ao escapulário do Carmo, a graça dada aos que o usam teria sido uma revelação particular, que, embora não contradiga a fé católica, não é de observância obrigatória para todos os fiéis. Traduzindo em miúdos: ninguém é obrigado a acreditar que, usando o escapulário, Maria o retirará do purgatório no primeiro sábado após a sua morte.

Uma vez no Purgatório, muitas missas são rezadas pelo defunto, enchendo os cofres do Vaticano (que já têm dinheiro saindo pelo ladrão) e a alma só sairá do Purgatório quando a família do morto mandar celebrar uma centena de missas. Esta idéia genial tem rendido ao Vaticano alguns bilhões anuais de dólares e por isso a Igreja de Roma não muda seus dogmas.

Ao contrário do que supõe nossa pesquisadora, a salvação de uma alma no purgatório não depende da quantidade de missas rezadas em intenção de sua alma. Ainda que jamais alguém se lembre desta alma, sua salvação final está garantida.

Precisamos, contudo, usar de honestidade em nossas argumentações. Eu gostaria que a Sra. Mary Schultze tornasse público os dados e as fontes de que dispõe para fazer a afirmação de que as missas rezadas pelas almas padecentes têm rendido ao Vaticano “alguns bilhões de dólares anuais.” Ou ela é capaz de provar, detalhadamente, a acusação feita ou então nós é que podemos, sem qualquer dor na consciência, desconsiderar tais acusações e tomá-las por conta de nada.

Ficaremos aguardando surgirem as provas desta acusação…

Um poeta americano escreveu belo poema inspirado na realidade a respeito da transubstanciação. No poema ele conta que uma jovem senhora protestante era casada com um católico e o marido vivia implorando que ela abjurasse a sua fé e se tornasse católica. A moça ia relutando, relutando, até que o marido resolveu pedir a ajuda do seu confessor. Este veio jantar com o casal e pregou o “evangelho católico” (que Paulo chama de ´outro evangelho´, o tempo todo, para aquela senhora, que ia refutando-o, pois era uma profunda conhecedora da Bíblia (Antigamente os protestantes costumavam ler a Bíblia. Hoje preferem ver televisão e já não têm base para protestar contra os dogmas heréticos de Roma). O padre não se rendeu às citações bíblicas, que havia aprendido a interpretar do ponto de vista alegórico, quando isso convinha à Igreja, e pediu que a jovem senhora preparasse um belo pão e conseguisse uma boa garrafa de vinho, para o dia seguinte. E garantiu-lhe que ele voltaria àquela casa e faria o milagre da transubstanciação, em frente da moça e do seu marido católico. A moça obedeceu e quando o padre chegou, olhou aquele pão moreno e fofo colocado num lindo prato de porcelana alemã e foi logo afirmando: “tenho o poder de transformar este pão no corpo e este vinho no sangue de Jesus Cristo”. Pronunciou as palavras misteriosas, todo cheio de empáfia, achando que tinha tanto poder que até Cristo lhe obedecia as ordens. Entretanto… quando ia comer o primeiro pedaço de pão, a moça lhe disse: “Reverendo, já que, segundo a sua garantia, o pão e o vinho se transformaram em nova substância, acho que não preciso avisar-lhe que coloquei uma boa quantidade de arsênico na massa do pão. Mesmo porque não lhe faria mal algum, não é?” O padre empalideceu, engasgou-se e gritou: “maldita seja esta casa!”. Saiu bufando de raiva e correndo, com os pés tropeçando na negra batina com odor de ácido butírico, para jamais regressar àquele lar verdadeiramente cristão. Foi aí que o marido se converteu, ao ver que nem mesmo o padre acreditava naquilo que pregava.

Como disse a Sra. Mary Schultze, trata-se, realmente, apenas de um poema. Poema, aliás, que revela o desconhecimento do “poeta” acerca do verdadeiro catolicismo. Primeiramente, pelo fato do pão ser moreno e fofo (nos cultos católicos, o pão é sempre ázimo sob pena de ilicitude do sacramento); em segundo lugar, pelo fato do Padre ter afirmado possuir um “poder” de transformar o pão fofo no Corpo e o vinho no Sangue de Jesus Cristo. O Padre é, apenas, o ministro do sacramento, sendo que, quem realiza a transubstanciação não é o padre, mas o Espírito Santo que desce sob as espécies.

E, por fim (e isto é o mais importante) pelo fato de que o que se “transforma” no Corpo de Jesus Cristo é, apenas, o pão, isto é, a água e a farinha de trigo amalgamadas. Portanto, se alguém colocar arsênico (ou qualquer outra substância) no meio da massa do pão eucarístico, esta substância não se muda no Corpo de Jesus Cristo, permanecendo intacta. E, no caso, permanecendo mortal, pelo que teria feito muito bem o padre em não comer do pão consagrado se a estória fosse verdadeira.

Novamente, parece que nossa pesquisadora desconhece estes rudimentos.

Aliás, conforme o testemunho de muitos ex-padres, nenhum sacerdote católico crê realmente no que prega. Tudo é feito na base da conveniência. A primeira coisa que um seminarista católico estuda é a filosofia grega. Depois ele entra nos escritos platônicos alexandrinos de Clemente e Orígenes (de Alexandria). Tudo é alegórico e ao pé da letra só tomam realmente o que lhes interessa. De posse dos manuscritos corrompidos do Novo Testamento, a Igreja de Roma inventa as suas tradições e os seus dogmas e fica enviando, “via Sedex”, milhões de almas para o inferno. Quanto aos papas, esses nem seguem “via Sedex”, pois este sistema ainda é demorado demais para eles. Todos viajam de espaço-nave, com o comandante Satã na direção, e chegam mais que depressa no seu reino de trevas.

O texto acima é tão incongruente que fica até difícil comentá-lo. A receita começa a desandar com a afirmação gratuita de que “nenhum sacerdote católico crê no que prega”. A autora de afirmação tão estapafúrdia deveria, então, provar que conhece, a fundo, os mais íntimos sentimentos de todos os sacerdotes católicos do mundo. O que, convenhamos, é rigorosamente impossível.

A gratuidade desta afirmação é tão berrante que, para rebatê-la, poderíamos nos limitar a uma outra afirmação gratuita: todo sacerdote católico crê no que prega. Nós também não podemos provar a validade desta assertiva, pelo que, tal como a da Sra. Mary Schultze, ela não vale nada.

Como desgraça pouca é bobagem, a pesquisadora saiu-se com outra pérola, citando certos “manuscritos corrompidos do Novo Testamento”, possuídos, segundo ela, pela Igreja. Que manuscritos são estes, onde estão, e quais provas ela teria de que os mesmo foram, verdadeiramente, corrompidos (por quem, quando, como, onde e para quê?), ninguém sabe ao certo.

Seguindo em sua verborragia pomposa, porém desprovida de qualquer seriedade, a pesquisadora, com um estilo bastante peculiar, afirmou que a Igreja “inventa” suas tradições. Com isto, ela comete dois pecados de uma só vez. O primeiro, no campo da semântica, uma vez que, por definição, “tradição” é algo recebido, e não inventado. Ninguém “inventa” uma tradição, pois algo só é tradicional se provado pelo tempo. O segundo pecado ela cometeu no campo da história. A história mostra, com clareza mediana, para que qualquer pesquisador pesquise à vontade, que os dogmas católicos são seguidos e acatados desde o primórdio do cristianismo. E os recalcitrantes que provem o contrário!

Ela poderia ter parado por aí, que já teria ido longe demais. Mas, como parece que a pesquisadora adora afirmações gratuitas, saiu-se com mais uma: a Igreja Católica manda milhões de almas para o inferno, e todos os papas estão fadados à condenação. Das duas uma: ou ela fala do que não sabe (e, neste caso, tudo o que ela diz deve ser levado em conta de coisa nenhuma), ou, então, ela sabe muito bem o que se passa no inferno (caso em que ela deve mostrar as suas fontes). Será que ela conversa, diariamente, com o “cramunhão”? Por fim, esta afirmação revela a mais absoluta falta de senso cristão que circunda os escritos desta pesquisadora. Afinal de contas, ao que tudo indica, ela se julga no direito de condenar as almas dos católicos à perdição eterna, poder este que cabe, apenas, ao próprio Deus.

Será que, ao morrer, eu deverei prestar contas à Sra. Mary Schultze????

Francamente, depois de algo tão destemperado, que cada um dê, aos escritos dela, o valor que quiser…

E você, meu amigo católico, ainda crê nas baboseiras religiosas pregadas pela sua Igreja? Você crê no sacrifício da missa, quando a Bíblia o condena veementemente na Carta aos Hebreus?

Respondo por mim: eu creio em tudo aquilo que ensina a Santa Igreja Católica, e, se a pesquisadora quiser, posso citar aqueles que estão do meu lado: todos os grandes teólogos, doutores e santos que, nestes dois mil anos fizeram, do cristianismo, a viga mestra da humanidade.

Agora, desafio a pesquisadora a provar que a Carta aos Hebreus condena o sacrifício da Missa. Quem sabe ela não o tenta?

Você crê na fábula do Purgatório, quando Jesus afirmou textualmente que existem apenas dois lugares para onde se vai depois da morte – o céu ou o inferno? (Lucas 16:19-31).

As coisas, às vezes, tornam-se tão absurdas que começam a beirar o risível. O leitor, por favor, confira a citação feita por nossa pesquisadora. Trata-se da parábola do pobre Lázaro, e, em todo o trecho, Jesus jamais afirma que existe, somente, o céu e o inferno. O absurdo da história é que Jesus fala, textualmente, apenas do Seio de Abraão, local intermediário e que não se confunde nem com o céu, nem com o inferno.

Traduzindo em miúdos: para provar que somente existe o céu e o inferno (e, nesta esteira, que não existe o purgatório), ela citou uma passagem que:

a) não afirma que só existe o céu e o inferno;

b) afirma que, além do céu e do inferno, existe o Seio de Abraão;

c) não afirma que não exista o purgatório.

Vá entender…

Você crê na infalibilidade dos papas, mesmo sabendo que muitos deles foram corruptos, perversos, imorais e até se combatiam uns aos outros?

Com o trecho acima, a Sra. Mary Schultze provou-se desqualificada para debater sobre o catolicismo. Afinal, ela sequer sabe o que é e significa o dogma da infalibilidade papal (em resumo: o Papa, quando se manifesta solenemente acerca de um ponto de fé ou de doutrina, não erra). O Papa é infalível, mas pode pecar.

Qualquer pessoa que desconhece o verdadeiro significado do dogma da infalibilidade papal, simplesmente, não tem como conhecer o catolicismo, visto que a definição de parte substanciosa do que é e do que deixa de ser doutrina católica passa por este dogma. Este desconhecimento é im perdoável em quem, dizendo-se pesquisador de religião, põe-se a comentar o catolicismo (que, supõe-se, teria sido, previamente, pesquisado por quem o está comentando).

Enfim, uma lástima.

Você crê no dogma da Imaculada Conceição (de Maria), quando a Bíblia afirma que “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”? (Romanos 3:23) E quando a própria Maria se confessa “pecadora necessitada de um Salvador”? (Lucas 1:47)

Tomada ao pé da letra, teríamos que chegar à conclusão que Jesus Cristo também pecou. Aliás, Lutero pensava exatamente assim. Afinal, a letra de Rm 3, 23, ao afirmar que todos pecaram, estabelece uma regra sem estabelecer qualquer exceção. No entanto, a própria Bíblia ensina que Jesus foi, em tudo, semelhante a nós, exceto quanto ao pecado. Portanto, a regra de Rm 3, 23 comporta, ao menos, uma exceção. E, se comporta uma, pode, perfeitamente, comportar duas.

A Tradição da Igreja (de exatidão, confiabilidade e infalibilidade idênticas à da Bíblia) afirma, desde o princípio, a Imaculada Conceição de Maria. Assim, se a Bíblia pode estabelecer uma exceção à regra de Rm 3, 23, a Tradição (com a mesma autoridade) também o pode.

Relativamente à afirmação de que Maria se confessou pecadora e necessitada de um Salvador, temos duas observações a fazer. A primeira e mais contundente delas: ela jamais se confessou pecadora! Desafiamos esta senhora a transcrever um trecho bíblico em que Maria afirme algo do tipo: “sou pecadora”, ou “cometi vários pecados”. Textos deste jaez, simplesmente, não existem! Esta afirmação (principalmente quando posta entre aspas, como no caso, dando a entender que se está citando, literalmente um texto bíblico) revela a má-fé, o espírito de enganação e de mentira que moveu a Sra. Mary Schultze ao escrecer estas linhas. E, conforme o próprio Jesus ensinou: o demônio é o pai da mentira.

De fato, há algo de demoníaco em todos os ataques repletos de ódio que os protestantes fazem em relação à Virgem Maria. O próprio Deus, desde o princípio da Bíblia, já afirmara que poria uma inimizade entre o demônio e a Mulher (evidentemente, referindo-se à Maria), fato dramaticamente descrito também em Ap 12, 15: “A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir.”

Ao ler a falsa afirmação, por parte da autora destas linhas, de que Maria “confessou-se pecadora”, não posso deixar de imaginar este vômito do Demônio contra àquela que deu à luz o Varão que irá, ainda, reger todas as nações da Terra.

Já a afirmação de Maria ter-se confessado “necessitada de um Salvador” pode ser levada à sério, muito embora a mesma reflita, novamente, o profundo desconhecimento da autora acerca do catolicismo. A Igreja jamais ensinou que Maria não foi salva por Jesus. Ela o foi. E o foi antecipadamente.

Deus, tendo em vista os méritos de Seu Filho, antecipou a salvação à Maria, que, nascendo imaculada, tornou-se um recipiente digno para àquele que iria santificar todo o mundo.

Bastaria uma “pesquisa” meio centímetro mais aprofundada, e nossa pesquisadora não teria cometido tal gafe.

Você crê que Maria pode ser Mediadora/ Intercessora, quando a Bíblia afirma que “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens – Cristo Jesus, homem”? (1Timóteo 2:5) Ora, se Maria não é Deus, como pode ouvir e responder as orações de quase um bilhão de católicos, o tempo todo, no mundo inteiro, em todas a as línguas e dialetos? Pare e pense, enquanto é tempo, meu amigo.

Com relação a esta questão, uma vez que contamos, no próprio VS, com vários textos que rebatem argumentos tão pueris (o leitor interessado, acesse, na área de apologética, as secções “Imagens e Santos” e “Maria Santíssima”), não entraremos, diretamente, no mérito da questão.

Apenas gostaríamos de ressaltar que a própria Bíblia nos dá conta da intercessão dos santos; que os primeiros cristãos (desde o primeiro século) criam na mesma, e que, no fundo, sequer os protestantes levam a sério a assertiva (citada pela Sra. Mary Schultze) de que “existe apenas um intercessor entre Deus e os homens: Jesus Cristo”. Se a aceitassem, não orariam uns pelos outros.

Portanto, se nem a Bíblia, nem a Tradição, nem a “praxis” universalmente aceita pelos cristãos (inclusive pelos próprios protestantes) são capazes de convencer a nossa pesquisadora, quem sou eu para fazê-lo?

Limito-me a estas poucas palavras.

Por causa da sua preguiça de raciocinar, você pode acabar indo para o inferno! Jesus disse que todos nós seremos julgados no último dia pela palavra que Ele nos falou (João 12:48). Você conhece bem as palavras de Jesus?

Anote bem esta verdade: Religião, só mesmo a da Bíblia! O resto é papo furado…

Bem, com relação à “preguiça de raciocinar”, nós, católicos, estamos muito tranqüilos. Os maiores pensadores da humanidade, depois de muito pensar, tornaram-se católicos. Aliás, são os protestantes que, usualmente, nos escrevem cartas repletas de contradições e de subjetivismos, donde se conclui que a preguiça de raciocinar é muito maior no lado de lá do que no de cá.

Mas isto não importa. Importam argumentos e contra-argumentos. E, cremos, rebatemos todos os argumento apresentados neste texto.

Que Deus, pela intersecção da Virgem, nos ilumine a todos.

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