- Autor: Anônimo
- Fonte: A Catholic Response Inc. (http://users.binary.net/polycarp)
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
– “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar a tudo quanto vos tenho ordenado. E eis que estou sempre convosco até o fim dos tempos” (Mateus 28,19-20).
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Alguns cristãos afirmam que, segundo a Bíblia, não precisamos ser batizados para sermos salvo, isto é, para irmos para o Céu. Afirmam que para a nossa salvação pessoal é suficiente aceitarmos Jesus Cristo como Senhor e Salvador pessoal. Alguns chegam até a considerar a Igreja Católica como uma seita por ensinar a necessidade do Batismo para a salvação. Em outra questão afim, alguns se opõem ao batismo infantil, alegando que é inválido, já que uma criança é novinha demais para aceitar Jesus por vontade própria.
Para abordar essas questões sobre o Batismo, precisamos começar com as palavras de Jesus registradas nos Evangelhos. Primeiramente, no Evangelho de João, Jesus disse:
- “Em verdade, em verdade vos asseguro: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (João 3,5).
No Evangelho de Marcos, pouco antes de Cristo ascender ao Céu, Ele diz aos seus discípulos:
- “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer, será condenado” (Marcos 16,16).
No final do Evangelho de Mateus, Cristo ordenou aos Apóstolos que batizassem todas as pessoas “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28,19). Este mandamento de Jesus seria uma perda de tempo se fôssemos salvos apenas por aceitá-Lo ou confiarmos Nele.
No capítulo 2 de Atos, os Apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo. São Pedro então se levantou e se dirigiu à multidão. Depois de dizer que Deus constituiu Jesus como Senhor e Messias, a quem eles crucificaram, [os ouvintes] ficaram abalados e perguntaram: “O que devemos fazer?” São Pedro então respondeu:
- “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado no nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Porquanto a promessa pertence a vós, aos vossos filhos e a todos os que estão distantes. Enfim, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar!” (Atos 2,38-39).
É interessante notar que o Batismo e o arrependimento estão ligados ao perdão dos pecados pessoais – um passo fundamental para a Salvação. Também é digno de nota que esta promessa inclui as crianças, pois nenhum requisito de idade é exigido. O único requisito declarado é: “todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”; e não: “quem tem idade suficiente para aceitar Jesus”. Mais tarde, São Pedro também escreveu:
- “Nos dias de Noé (…) oito pessoas foram salvas por meio das águas que, prefigurando o batismo, agora também vos salva, o qual não é a remoção das impurezas do corpo humano, mas sim o resultado de uma consciência limpa para com Deus, por intermédio da ressurreição de Cristo” (1Pedro 3,20-21).
Esta passagem bíblica declara explicitamente que o Batismo “agora também vos salva”.
São Paulo também ensinou sobre a importância do Batismo para a Salvação. Em Atos 16,25-34, o carcereiro de Paulo e Silas pergunta: “Homens: o que devo fazer para ser salvo?” (Atos 16,30). Paulo e Silas respondem verbalmente:
- “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua família” (Atos 16,31).
No entanto, quase que imediatamente no meio da noite, Paulo e Silas continuam a resposta, não mais por palavras, mas pela ação:
- “E ele (=o carcereiro) foi batizado de uma só vez, com toda a sua família” (Atos 16,33).
Pois bem: esses batismos foram realizados com um sentido de urgência. Se o batismo não fosse necessário para a Salvação, por que São Paulo batizou o carcereiro e a sua família quase que imediatamente, no decorrer da mesma noite? Já que o Batismo é um evento único para qualquer pessoa, seria mais conveniente para São Paulo simplesmente batizar toda a família do que dizer ao carcereiro que o batismo é necessário para a salvação.
Esta passagem em particular conduz à segunda questão: o Batismo infantil. Embora a Bíblia não aborde diretamente a questão do Batismo infantil, ela registra os batismos de três famílias diferentes, tal como o citado acima, em que toda a família do carcereiro foi batizada (cf. Atos 16,33). Também a família de Lídia (cf. Atos 16,15) e a família de Estéfanas (cf. 1Coríntios 1,16) foram batizadas. Normalmente, uma família inclui crianças. Essas três passagens inferem o Batismo infantil, mesmo que não indiquem explicitamente o batizado de crianças. Não há indicações [nessas passagens] de que apenas adultos estavam envolvidos. Pois bem: é possível que uma dessas famílias não tivesse crianças; no entanto, a chance de todas essas três famílias terem pelo menos uma criança pequena é bem maior do que a chance de as três não terem crianças. Um cristão que se opõe ao Batismo infantil, deve necessariamente interpretar essas três passagens assumindo que nenhuma dessas família possuía crianças pequenas.
Alguém pode se opor ao Batismo infantil afirmando que o batizando precisa ser capaz de crer ou ter fé em Cristo, e que supostamente bebês e crianças pequenas não têm como crer em Cristo. Na verdade, Cristo faz referência a crianças pequenas que creem Nele:
- “Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim…” (Mateus 18,6).
E em outro lugar, Jesus disse:
- “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, pois o Reino de Deus pertence a eles. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de maneira alguma entrará nele!” (Lucas 18,16-17; v.tb.: 11,25).
Segundo Jesus, as crianças pequenas não apenas podem crer, como também podem deter uma fé superior à dos adultos. Por fim, o Céu pode pertencer às crianças, mas ainda assim podemos impedi-las de se encontrarem com Jesus.
Devemos enfatizar que a Bíblia em nenhum lugar condena o Batismo infantil. Da mesma forma, em nenhum lugar a Bíblia afirma explicitamente que somente os batismos de adultos são válidos. Na verdade, São Paulo, em Colossenses 2,11-12, compara o Batismo à circuncisão – uma importante cerimônia religiosa [judaica] para os meninos[*]. Santo Irineu, em 190 d.C., reconheceu o Batismo infantil em sua obra “Contra as Heresias” (2,22,4). O costume do Batismo infantil remonta ao tempo dos Apóstolos, como testemunhado por Orígenes no século III. São Cipriano de Cartago, também no século III, e São João Crisóstomo, no século IV, incentivaram o Batismo infantil. Deve-se notar que durante o século III, os cristãos estavam ainda sendo martirizados pela Fé e não toleravam inovações nos ensinamentos.
Finalmente, alguns ainda podem se opor porque a Bíblia não registra nenhum Batismo infantil real. No entanto, devemos lembrar que São João admitiu que nem tudo o que Jesus ou os Apóstolos fizeram ou ensinaram encontra-se escrito na Bíblia (cf. João 20,30; 21,25; 2João 1,23; João 1,13-14).
Pergunta-se: o que acontece com as crianças que morrem sem o Batismo? A resposta para esta pergunta não foi revelada por Deus; no entanto, podemos confiar na justiça e misericórdia de Deus, de que elas não são condenadas ao Inferno. O “Limbo das Crianças” é uma especulação teológica e não foi definido como artigo de fé pela Igreja.
Devemos entender, com razão, que somos salvos pela graça – um presente gratuito de Deus devido à morte de Cristo na cruz (cf. Atos 15,11; Efésios 2,8). Não somos meramente salvos por aceitarmos Jesus como nosso Senhor e Salvador pessoal (cf. Mateus 7,21-23). Nossa fé em Cristo, nossa aceitação de Jesus como Senhor e Salvador, nossas boas obras e nosso arrependimento dos pecados pessoais são frutos da graça real: Deus trabalhando através de nós, mas ainda respeitando nosso livre arbítrio (cf. Filipenses 2,12-13; João 15,5; 2Coríntios 6,1). Através do Batismo, nascemos de novo ao receber a graça santificadora, que nos torna corretos para com Deus (cf. 1Coríntios 6,11). Quer sejamos batizados como adultos, quer nossos pais tenham nos batizado ainda bebês, a Salvação continua sendo um presente gratuito – uma herança (cf. 1Coríntios 6,9-10). Sejam adultos, sejam crianças, não podem aceitar a Cristo ou até mesmo a Salvação sem a graça de Deus. No entanto, como adultos, mediante o pecado, podemos rejeitar livremente a graça de Deus e a salvação. O Batismo não obtém nem garante a nossa salvação. Embora a vida eterna em Cristo Jesus (Salvação) seja um presente gratuito, ainda assim podemos receber a morte (condenação) através de um pecado grave e voluntário (cf. Romanos 6,23; Hebreus 10,26-27; 1João 5,16-17; Gálatas 5,19-21; 1Coríntios 6,9-10).
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Nota:
[*] A circuncisão judaica é anatomicamente inadequada para as meninas.