Embora seja verdade que enquanto Papa, Bento XVI não foi contrário ao resultado da Reforma Litúrgica, isto é, sempre defendeu que o Novo Rito não era prejudicial às almas, no entanto sempre questionou o espírito que motivou tal reforma. Ou seja, embora para ele a Reforma Litúrgica não fosse ruim em si mesma, a sua realização denotava um espírito claramente revolucionário. Enquanto Cardeal da Santa Igreja Católica manifestou este seu pensamento – no qual concordamos – em diversas oportunidades. Uma delas está no trecho que trazemos abaixo:
“O que ocorreu após o Concílio é algo completamente distinto: no lugar de uma liturgia fruto de um desenvolvimento contínuo, introduziu-se uma liturgia fabricada. Escapou-se de um processo de crescimento e de devir para entrar em outro de fabricação. Não se quis continuar o devir e o amadurecimento orgânico do que existiu durante séculos. Foi substituído, como se fosse uma produção industrial, por uma fabricação que é um produto banal do momento. Gamber, com a vigilância de um autêntico vidente e com a intrepidez de uma verdadeira testemunha, se opôs a esta falsificação e nos ensinou incansavelmente a plenitude viva de uma verdadeira liturgia, graças a seu conhecimento incrivelmente rico das fontes; ele mesmo, que conhecia e amava a história, nos ensinou as múltiplas formas do devir e do caminho da liturgia; ele mesmo, que via a história desde dentro, viu neste desenvolvimento e nos seus frutos o reflexo intangível da liturgia eterna, que não é objeto do nosso fazer, mas que pode continuar maravilhosamente amadurecendo e se expandindo, se nos unimos intimamente a seu mistério. A morte deste homem e sacerdote eminente deveria nos estimular; sua obra poderia nos ajudar a tornar um novo impulso.” (Card. Joseph Ratizger, prefácio da obra “A Reforma da Liturgia Romana” de Mons. Klaus Gamber).