Castidade nas sagradas escrituras

NÃO PECAR CONTRA A CASTIDADE

Talvez seja este o mandamento mais desobedecido em nossos dias. Mais do que nos demais, nesse campo a Lei de Deus é vista como mera repressão sexual, a ser abolida com a máxima urgência. Chega de ?tabus? religiosos, dizem! Mas, para os que querem ser fiéis a Jesus Cristo, e querem ser de fato felizes, o mandamento continuará sempre de pé, pois é eterno.

O triste espetáculo dos motéis, dos telefones eróticos, das novelas sensuais, dos filmes pornôs, da ?camisinha?, etc, atestam a decadência de uma civilização que, ousadamente, suprimiu a Lei sagrada de Deus. Calca aos pés o sagrado e afronta loucamente o Criador.

Já no Antigo Testamento o Senhor dizia a seu povo:

?Não cometerás adultério? (Dt 5,18).

E Jesus leva o preceito à perfeição:

´Eu, porém, vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração´(Mt 5,27-28).

O Mestre é radical neste ponto. Mas, ao mesmo tempo em que é intransigente com o pecado, ama o pecador. À mulher adúltera, ao ser apedrejada, Ele diz: ?vai e não peques mais?.

O nosso mundo moderno quer, a todo custo, ?adaptar? o Evangelho aos seus prazeres.

 

Ao que São Paulo responde:

?Não vos conformeis com este mundo, mas reformai vos pela renovação do vosso espírito (Rom 12,1).

Não é verdade que aqueles que profanam o próprio corpo, indefinidamente, acabam numa morte triste?

É interessante como São Paulo insiste nesse ponto.

Também sobre o homossexualismo, hoje tão defendido por muitos, a condenação da Bíblia e da Igreja é expressa.

?Não te deitarás com um homem como se fosse uma mulher: isto é uma abominação? (Lv 18,22).

?Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometeram uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa? (Lv 20,13).

São palavras claras, pelas quais Deus classifica a prática do homossexualismo como uma abominação.

Na carta aos romanos, São Paulo mostra a gravidade desse comportamento desordenado:
?Conhecendo Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças… Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações e à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos… as suas mulheres mudaram o uso natural em outro que é contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam de desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida a seu desvario? (Rom 1, 21;26-27).

Deus ama o pecador, mas abomina o pecado.

Quando, em 1994, no Ano da Família, o Parlamento Europeu, tristemente, reconheceu a validade jurídica dos matrimônios entre homossexuais, até admitindo a adoção de crianças por eles, o Papa João Paulo II, tomou posição imediata:

?Não é moralmente admissível a aprovação jurídica da prática homossexual. Ser compreensivos para com quem peca, e para com quem não é capaz de libertar-se desta tendência, não significa abdicar das exigências da norma moral… Não há dúvida de que estamos diante de uma grande e terrível tentação? (20/02/94).

O Catecismo da Igreja também é claro nos pontos que ofendem a castidade:

Apoiando se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1´20; 1 Tm 1,10), a tradição sempre declarou que ?os atos de homossexualidade? são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural´ (nº 2357).

Também com referência à masturbação, defendida por muitos como ?algo normal?, ensina a Igreja:

´Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmam sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado´ (nº 2352).

Enfim, diz o Catecismo:

?Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade? (nº 2352).

Sabemos que não é fácil a luta contra as misérias da carne, e é preciso ter caridade, respeito e compaixão pelos que sofrem desses males. É preciso lembrar-lhes que só Cristo pode dar força e libertação.

 

Lembra-nos o Apóstolo que:

?Tudo posso naquele que me dá forças? (Fl 4,13).

Importa não desanimar na luta em busca da pureza. Sempre lutar, com a graça de Deus, até que o espírito submeta a matéria.

 

São Pedro nos diz:

?Depois que tiverdes padecido um pouco, [Deus] vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará? (1Pd 5,10).

Muitas vezes pode nos parecer que a luta contra as paixões da carne seja sem fim, ou que a vitória seja impossível. De fato, com a nossa fraqueza jamais podemos vence-las, mas, como disse Santo Agostinho, que experimentou tão bem este combate: ?o que é impossível à natureza, é possível à graça?.

Somente com os auxílios da graça de Deus é que podemos vencer as misérias da nossa carne. Daí a importância de uma continua vigilância sobre nós mesmos, ao mesmo tempo em que vivemos uma profunda e perseverante vida de oração e de participação nos Sacramentos da Reconciliação (Confissão) e Eucaristia. Nestes Sacramentos, Jesus nos lava com o seu próprio sangue redentor, nos alimenta e cura a alma, a fim de que sejamos fortes contra as tentações. Nossa Mãe Maria é a Rainha da pureza e está sempre pronta a nos auxiliar nesta luta árdua. Precisamos recorrer a ela e nos colocarmos continuamente debaixo de sua proteção materna.

A luta contra as impurezas é da maior importância, não só para cada um de nós, mas principalmente porque cada batizado é ?membro de Cristo? (1Cor 12,27).

É preciso estarmos cientes de que, quando nos sujamos, sujamos também o Corpo de Cristo; aí está toda a gravidade da luxúria. Cada um de nós é parte do Corpo de Cristo, que é a Igreja, logo, o nosso pecado afeta toda a Igreja. Eis porque nos confessamos com um ministro seu, também, para nos reconciliarmos com ela.

 

Bem Aventurados os Puros de Coração

?Bem aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus? (Mt 5,8).

A pureza de coração foi colocada por Jesus entre as oito das nove bem-aventuranças, pois, não pode faltar na vida do santo.

 

E São Paulo faz eco às palavras de Jesus, ao dizer aos tessalonicenses:

?Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza, que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus… Deus, não nos chamou para a impureza, mas para a santidade? (1Tes 4,3´7).

Jesus, embora misericordioso com aqueles que eram vítimas do pecado da carne, Madalena, a mulher adúltera, a samaritana do poço de Jacó, em Sicar, etc., no entanto, foi duro contra esse pecado. Na verdade, ele é radical nesse ponto. No Sermão da Montanha ele não deixa dúvidas:

?Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração? (Mt 5,28).

Mais do que um corpo puro, Jesus exige um coração puro, uma mente pura, liberta das escravidões. A castidade, antes de ser uma virtude do corpo, é uma virtude da alma. Acabamos realizando aquilo que concebemos no coração.

 

O Apóstolo São Tiago explica isso:

?Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte? (Tg 1,14-15).

O pecado original desvirtuou a beleza das faculdades de nossa alma, entre elas, a sensualidade. Colocada em nós, para ser o veículo do amor para o casal, nos aspectos unitivo e procriativo tornou-se, pela concupiscência, uma fonte de desordem, se não for redimida pela graça de Deus. O coração do homem foi ferido de morte pelo pecado, por isso dele é que procede agora todo o mal da criatura:

?Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem, mas aquilo que sai dele… Porque é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias? (Mt 15,10;19).

Jesus quer limpar o nosso coração de tudo isso, e para tal derramou o seu sangue.

A castidade unifica a pessoa e coloca à sua disposição todas as suas energias físicas, racionais e espirituais.

Mahatma Ghandi, mesmo não sendo cristão, bebeu no Sermão da Montanha os ensinamentos de Jesus. Aos quarenta anos decidiu, de comum acordo com sua esposa, renunciarem à vida sexual, tal era o valor que dava à castidade. E não tinha dúvidas em afirmar que: ?a educação sexual deve ter como objetivo o superamento e a sublimação da paixão sexual?. E dizia que: ?a vida sem castidade parece-me vazia e animalesca. Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna-se efeminado e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço?.

Ao falar da força da Igreja dizia:

?Eu penso que é exatamente graças ao celibato dos seus sacerdotes que a Igreja católica romana continua sempre vigorosa?. Para Ghandi, a castidade significa o controle de todos os órgãos do sentido, não apenas o sexo. Para ele, aquele que dominou os sentidos é o primeiro e o mais importante dos homens.

Sem dominar as paixões, do sexo, da gula, dos olhos, do ouvido e da língua, o homem não tem paz e tranqüilidade, pois elas são para o coração o que as tempestades são para o oceano, como dizia Ghandi.

É importante notar como um grande homem, não cristão, embora fascinado por Cristo e pelo Evangelho, valorizava tanto a castidade e a temperança.

Perseguindo uma pureza integral, Jesus acrescenta:

?Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque te é preferível perder-se um só de teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado no inferno? (Mt 5,29).

E mais:

?O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mal estado, todo o teu corpo estará nas trevas? (Mt 6,22).

Como se peca hoje com os olhos! Praticamente não há mais um veículo de comunicação, que não tenha se transformado em veículo de pornografia e imoralidade. A televisão, o cinema, as revistas, os vídeos, etc., trazem a marca profunda de um sexo ascintoso. As campanhas vergonhosas para que o povo use a ?camisinha?, levada a efeito pelas próprias autoridades, revelam a grande decadência moral da nossa civilização. Incita-se ao pecado, sem a mínima vergonha!

Para São Paulo o pecado da impureza é grave porque atenta contra a santidade do corpo, que é o tempo santo de Deus:

´Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo, e os farei membros de uma prostituta? De modo algum. Ou não sabeis que o que se ajunta à prostituta faz-se um só corpo com ela?´ (1Cor 6,15-16).

E o Apóstolo insiste no assunto:

?Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual vos foi dado por Deus?? ( 1 Cor 6,19).

?Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo? (1Cor 3,17).

São Paulo, ao contrário dos maniqueístas dualistas do seu tempo, que desprezavam a matéria e o corpo, enfatiza a sua importância e convida-nos a darmos glória a Deus pela pureza dos nossos corpos:

?Não sabeis que assim já não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois a Deus no vosso corpo? (1Cor 6,20).

?O corpo não é para a fornicação e, sim, para o Senhor, e o Senhor é para o corpo? ( 1 Cor 6,13).

É preciso notar que para São Paulo a gravidade da impureza está no fato de sujarmos o Corpo de Cristo, já que, pelo Batismo, somos os seus membros. A vida sexual afeta a pertença a Cristo e deve ser compatível com a dignidade de membro do seu corpo.

Aos casados, a fim de evitarem o adultério, o Apóstolo ensina:

?Para evitar a fornicação, tenha cada homem a sua mulher e cada mulher o seu marido? (1 Cor 7,2).

A moral católica reconhece a legitimidade da vida sexual somente no casamento. No entanto, não reconhece como legítimas todas as formas de relações sexuais. O que não está de acordo com a natureza não está de acordo com a lei de Deus. Assim, o sexo oral ou anal e outras estripulias, não são legítimos para o casal cristão.

Sobre esse assunto diz o Catecismo da Igreja:

?Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido? (N.2362).

E de forma alguma a Igreja aceita o adultério:

?O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros? (Heb 13,4).

Mais do que em outros assuntos, é indispensável a vigilância e a oração, que Jesus recomendou aos apóstolos, pois, a carne é fraca´ . Entre os muitos conselhos sábios o livro do Eclesiástico nos diz:

?Não olhes para a mulher do outro, e não te ponhas junto do teu leito.?  (41,27).

?Não lances olhares para uma mulher leviana, para não acontecer que caias em suas ciladas? (9,3).

?Não detenhas o olhar sobre uma donzela, para não acontecer que a sua beleza venha a causar tua ruína? (9,5).

O Catecismo da Igreja, de maneira clara, condena o que chama de ?as ofensas à castidade?. É a palavra oficial da Igreja. São os seguintes casos:

Luxúria – desejo desordenado do prazer sexual, quando buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e da união (nº 2351).

Masturbação – excitação voluntária dos órgãos genitais a fim de conseguir um prazer sexual. Ato intrínseco e gravemente desordenado (nº 2352).

Fornicação –  união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contaria à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos (nº 2353).

Pornografia – retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Atenta gravemente contra a dignidade daquele que a pratica (nº 2354).

Prostituição – viola a castidade à qual a pessoa comprometeu no seu batismo e mancha, seu corpo, templo do Espírito Santo. É um flagelo social. (nº 2355).

Estupro – penetração à força na intimidade sexual da pessoa. Fere a justiça e a caridade. É sempre um ato intrinsecamente mau (nº 2356).

Homossexualidade –  sua origem psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1´29 ; Rom 1,24´27; 1 Cor 6,10; 1 Tm 1,10), a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários a lei natural. Em caso algum podem ser aprovados´(nº 2357).

São Paulo fala muitas vezes em suas cartas sobre a impureza:

?Fornicação e qualquer impureza ou avareza nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos? (Ef 5,3).

?Pois é bom que saibais que nenhum fornicário ou impuro ou avarento, ?que é um idolatra?, tem herança no Reino de Cristo e de Deus? (Ef 5,5).

É interessante notar como o Apóstolo chama a atenção para as conversas obcenas:

?Nada de baixezas, de conversas impróprias, de palavras incovenientes; em vez disso, ações de graça? (Ef 5,4).

E Paulo mostra o perigo também do excesso no beber:

?Não vos embriagueis com vinho, que leva à luxúria, mas enchei-vos do Espírito? (Ef 5,18).

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