Cinco providenciais apóstolos

Vendo Seu rebanho sofrer com as enfermidades que se lhe atacam, Deus, Nosso Senhor, movido de compaixão, chama homens destinados a, com o auxílio de Sua graça, enfrentar as mazelas específicas de seu tempo.

Não por acaso, Cristo Ressuscitado aparece, no início da pregação do Evangelho, ao perseguidor Paulo de Tarso, convidando-o à conversão. Transformado em seu interior por aquela profunda experiência com o Salvador, e batizado por Ananias em Damasco da Síria, São Paulo dedica-se a anunciar a Fé a todos os povos. Foi por isso justamente cognominado o "Apóstolo das Gentes". Numa época em que as necessidades da Igreja eram principalmente seu crescimento e expansão, nada foi mais providencial do que a vocação e a capacitação de São Paulo para a evangelização de todo o mundo conhecido!

Anos se passam, e a Providência não se descuida, como é evidente, de enviar santos varões apostólicos para o bem das almas e para responder às urgências características de cada momento histórico. Assim é que, nascido em 354, e falecido em 430, desponta Santo Agostinho de Hipona, qual um gigante em defesa da ortodoxia. Envolvido em todas as grandes controvérsias dogmáticas de seu tempo, este convertido de passado publicamente escandaloso não se omitiu em prestar o valoroso auxílio de sua inteligência, dom com o qual fora dotado pelo Espírito, para a causa do Evangelho. Maniqueístas, gnósticos, donatistas, pelagianos, todos foram duramente combatidos pela obra de Santo Agostinho, que restabeleceu, com seu saber, a certeza católica em meio a tantas dúvidas. Nenhum herege escapou da tinta de sua pena vigorosa! Desse modo, seria uma injustiça tremenda não qualificar o santo Bispo de Hipona, apelidado "Doutor da Graça" por causa de seus escritos teológicos em favor da primazia desta na obra de justificação do homem, de autêntico arauto da Providência, para realizar sua missão na luta contra os erros da época.

Mais um caso de homem certo na hora certa é o do glorioso fundador da Ordem dos Pregadores, São Domingos de Gusmão. Seu tempo exigia pregadores aguerridos que se opusessem tenazmente à perniciosa e socialmente perigosa heresia dos cátaros, também conhecidos por albigenses, que atentavam contra os fundamentos da Civilização Cristã nascente. São Domingos, então, forjou nos frades de sua Ordem, um espírito de amor à pobreza evangélica, ao mesmo tempo em que determinou o estudo como verdadeira ferramenta de apostolado. Distinguiram-se os religiosos de São Domingos pela combinação de piedade com vasto conhecimento intelectual. A vocação própria do fundador e de seus seguidores, os dominicanos, era a de pelejar contra os erros doutrinários e espirituais, refutando-os pelo exemplo de vida santa e pela pregação explícita. Não só escreviam muito, como se dedicavam especialmente a pregar a doutrina católica onde fosse primordialmente necessário. Fruto do apostolado mais uma vez providencial de São Domingos é a vida e obra de Santo Tomás de Aquino, jóia da Igreja, gênio do Ocidente, "Doutor Angélico", e, principalmente, dominicano.

Passadas as agitações dos cátaros, viu-se a Igreja renascentista atacada por um atroz e impiedoso flagelo: a Reforma Protestante. Perdendo a verdade católicos muitas almas para as heresias luteranas e calvinistas, a humanidade e o cristianismo precisaram de uma nova intervenção da Divina Providência. Não tardou para que Deus operasse no coração de um jovem basco, amante das honras e glórias deste mundo. Inácio de Loyola iria fundar o grande instrumento de Deus para não só reconquistar as almas protestantes à verdadeira Fé, como também para lançar-se à missão nas terras onde Cristo ainda não fora anunciado. A Companhia de Jesus, os jesuítas, foi formada no espírito de Santo Inácio. Suas constituições, seu labor apostólico, sua piedade, suas tradições, seus métodos de pregação, sua mente e seu coração, são profundamente inacianos, de modo que falar na Companhia é falar em Santo Inácio de Loyola. Seus jesuítas, como legítimos soldados de Cristo, moldados no combate contra si mesmos previsto nos Exercícios Espirituais ? clássica obra do santo ?, pregaram missões em terras protestantes, recuperando-as para a Igreja, e plantaram a semente da Fé em lugares longínquos com a China, o Japão, o selvagem Canadá e o recém-descoberto Brasil. Às carências de seu tempo, muito serviu Santo Inácio de Loyola para supri-las, como matéria-prima nas mãos de Nosso Senhor.

Hoje as necessidades são outras; os erros antigos aliam-se todos e tomam uma nova roupagem e um novo nome ? modernismo; idéias laicistas e anticatólicas partem mesmo de quem deveria a elas se opor; inimigos da Igreja nela penetram para melhor tentar abatê-la; a secularização da sociedade se faz avançada; a imoralidade, as drogas, a dissolução da família se generalizou; a formação dos leigos e até dos clérigos deixa, por vezes, a desejar; os homens estão sedentos de um encontro pessoal com Cristo, mas d'Ele cada vez mais se afastam pela falta de fé e por uma vida desregrada; o Papa já não é respeitado como deveria; a ordem temporal já não está revestida da devida sacralidade a qual os leigos são chamados a instaurar. E tudo isso se deve principalmente pela ausência prática, em muitas ocasiões, de uma liderança autenticamente católica, comprometida com os valores do Reino e desejosa de influir positivamente na sociedade a fim de colocá-la outra vez aos pés de Cristo.

Para suprir essa lacuna, novamente o mundo vê nascer um homem providencial, destinado a, com sua ação apostólica eficaz, evangelizar, captar para sua obra e formar integralmente, as elites de nosso tempo, fazendo dos líderes verdadeiros homens de Deus, homens da Igreja, homens do Reino.

Presenciando uma das mais cruéis perseguições à Igreja, e testemunhando o levante corajoso dos católicos de seu país ? a Cristiada ? contra a maçônica e comunista Revolução Mexicana, o jovem Marcial Maciel percebe a carência de líderes católicos que queiram doar seus talentos a serviço do Evangelho. Com apenas vinte anos, sendo um simples seminarista, funda, em 1941, com somente mais treze adolescentes, uma congregação religiosa com uma missão sublime: formar líderes para combater os erros de sua época e recristianizar a sociedade.

A congregação fundada pelo Pe. Maciel, LC, os Legionários de Cristo, não tarda em tentar cumprir seu papel. Logo estabelece obras de apostolado para realizar seu carisma: colégios, universidades, centros de consultoria familiar, seminários, clubes de formação da juventude, grupos missionários, pastorais apologéticas, escolas da fé, centros de formação e capacitação de líderes dos mais diversos segmentos da sociedade. Buscando estender o Reino de Cristo no mundo, age formando líderes católicos para responder com sinceridade e sério esforço às necessidades mais urgentes da Igreja e da humanidade.

Meio essências dessa formação de líderes se concretizar é o movimento de apostolado também fundado pelo Pe. Maciel, LC, o Regnum Christi, no qual se insere, como em uma família de almas, a congregação. Seus membros, como uma comunidade associativa na forma do que dispõe o Cânone 215 do Código de Direito Canônico, aliam-se para santificar-se e para exercer sua missão de modo mais eficaz.

O Regnum Christi é composto por leigos ? homens, mulheres, jovens, adultos, e adolescentes do ECYD ("Educação, Cultura e Esportes", espécie de movimento para os menores) ? e clérigos diocesanos ? diáconos e sacerdotes. Juntos, o Movimento Regnum Christi e a Congregação dos Legionários de Cristo, de direito pontifício, querem pôr em prática o carisma do fundador.

"Precisamente, o Regnum Christi é isto: um movimento de apostolado, um movimento de evangelização, um movimento em que cada um de seus membros deseja tomar a sério, com responsabilidade, o grande mandato missionário que Jesus Cristo deu a todos os que nos dizemos seus seguidores. Os Legionários de Cristo, os membros do Regnum Christi, queremos ir por todo o mundo para pregar o Evangelho sem medo, apoiados no poder onipotente de Deus, na palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos disse: `Eu estarei convosco até a consumação dos tempos.'" (Pe. Marcial Maciel, LC. Conferência de 24 de maio de 1997 aos membros do Regnum Christi, em Chicago)

Para isso, investe o Pe. Maciel, LC, na firme formação dos legionários e membros do Movimento: formação espiritual, humana, intelectual e apostólica. Capta os líderes e os lança para fazer apostolado. Com os chamados "cinco amores da Legião e do Movimento" ? amor a Cristo, à Igreja, ao Papa, à Santíssima Virgem, e às almas ?, os filhos espirituais do Pe. Marcial Maciel, LC, querem contribuir para que, nesse momento decisivo da história da Igreja, o mundo dobre novamente os seus joelhos diante de Cristo Rei.

"O nome Regnum Christi contém em si mesmo toda uma espiritualidade e toda uma mística, pois o seu fim é fazer presente o Reino de Jesus Cristo no coração dos homens e no seio das sociedades." (Pe. Marcial Maciel, LC. Carta de 18 de novembro de 1991)

Como São Paulo Apóstolo, Santo Agostinho de Hipona, São Domingos de Gusmão, e Santo Inácio de Loyola, o Pe. Marcial Maciel, LC, é um homem providencialmente chamado e enviado por Deus para atender ao que o mundo de seu tempo mais necessita. E para que isso ocorra, trabalham os Legionários de Cristo e o Movimento Regnum Christi, certos que de sua fidelidade dependerá a realização de seus objetivos e o cumprimento de seu carisma.

"Olhando para o passado, no dia 3 de janeiro de 1941, quando surgia incipientemente na Cidade do México esta obra, vocês se dão conta de como esta pequena semente que o Semeador Divino quis plantar na terra de alguns corações jovens agora se tornou uma árvore majestosa (cf. Mt 13,32) que acolhe em seu seio numerosos sacerdotes, consagrados e leigos, cujo ideal é entregar suas vidas pela extensão do Reino de Cristo no mundo." (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Discurso aos Legionários de Cristo e aos membros do Movimento Regnum Christi, em Roma, 4 de janeiro de 2001)


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