Como e quem definiu quais seriam os livros da Bíblia

– “Quanto ao Antigo Testamento, temos três idiomas originais. A maior parte foi escrita e chegou até nós em língua hebraica. Alguns capítulos dos livros de Esdras e Daniel, e um versículo de Jeremias estão em aramaico, que foi o idioma falado na Palestina depois do exílio babilônico (séc. VI a.C.). Dois livros, o segundo dos Macabeus e a Sabedoria, foram escritos originalmente em grego. Dos livros de Judite, Tobias, Baruc e Eclesiástico, e parte também de Daniel e Ester, perdeu-se como no caso do Evangelho de Mateus, o texto original hebraico ou aramaico, sendo substituído pela versão grega. Essas diferenças linguísticas não deixavam de exercer a sua influência sobre a extensão do cânon dos livros sagrados. Enquanto os Judeus disseminados no mundo greco-romano não tinham dificuldade em introduzir os livros redigidos em grego, os judeus da palestina não queriam conformar-se com isso” (Bíblia Sagrada, São Paulo, 1982, pág. 8).

O Antigo Testamento nos foi legado pelos Hebreus. Tínhamos, no início do Cristianismo, duas versões, uma Palestina (Cânon restrito), composta por 39 livros que foram escritos na Terra Santa, em hebraico, divididos em: a Lei (Torá), os Profetas e os Escritos (Hagiógrafa); e uma Alexandrina (Cânon completo), composta de 46 livros, que é uma tradução grega, da versão Palestina, feita na cidade de Alexandria entre 250 a.C e 100 a.C, através de setenta sábios judeus (ou setenta e dois, segundo outras tradições), fato este que originou o termo “Versão dos Setenta” (LXX) ou “Alexandrina”. Os sete livros que só figuram na versão dos Setenta ou Alexandrina são: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2Macabeus, além dos fragmentos de Ester (10,4 a 16), Daniel (3,24-20; 13; 14).

No ano 100 d.C. (séc. I d.C.), época em que se difundia o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos que surgiam (e que os judeus não acreditavam nem aceitavam), os Doutores da Sinagoga (rabinos judeus) realizaram um Sínodo na cidade de Jâmnia (ou Jabnes), perto de Jafa, na Palestina, para definir quais seriam os livros da sua Bíblia (somente o Antigo Testamento em que eles acreditavam) e definiram como critério para isso os seguintes itens, como assevera o teólogo Felipe Aquino:

1. Deveria ter sido escrito na Terra Santa;

2. Escrito somente em hebraico (não aramaico nem grego);

3. Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);

4. Sem contradições com a Torá ou Lei de Moisés.

Esses critérios eram racionalistas mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia Judaica da Palestina os livros que posteriormente também deixaram de constar no Antigo Testamento da Bíblia protestante (cf. “Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”, Lorena-SP, 2000, pág. 32).

– “Foi-se formando (…) a opinião de que, depois de Esdras (séc. IV a.C.), faltando ou sendo incerto o dom profético (cf. 1Mac 4,46;14,41), nem sequer admitiam pudessem ser escritos livros inspirados por Deus. Por isso, quando nos fins do séc. I d.C. os Doutores da Sinagoga fixaram o cânon das Sagradas Escrituras, foram excluídos até os livros escritos em hebraico depois daquela época, como o Eclesiástico. Daí resultou o cânon hebraico em que faltam sete livros” (Bíblia Sagrada, São Paulo, 1982, pág. 8).

A definição do Cânon Bíblico para os cristãos partiu da autoridade apostólica da Igreja Católica[1], tanto para os livros do Velho Testamento, quanto para os livros do Novo Testamento, como pode ser evidenciado histórica e teologicamente. No que diz respeito ao Antigo Testamento, os judeus nos legaram as duas versões acima descritas (Palestina e Alexandrina ou dos LXX), e a Igreja, após dirimir suas dúvidas através da análise teológica dos livros, juntamente com o discernimento do Espírito Santo, optou pelo Cânon completo da versão dos LXX (Alexandrina).

– “A palavra cânon é grega e significa literalmente uma regra ou medida, ou varinha direita. No seu principal sentido metafórico de ‘regra de fé’ aparece a palavra cânon no Novo Testamento: ‘a todos quanto andarem nesta regra, paz e misericórdia sobre eles’ (cf. Gál 6,16). Parece ter sido neste sentido, na verdade muito apropriado, que no século IV a palavra cânon começou a ser aplicada às Escrituras, que continham a regra autorizada pela qual deve ser moldada a vida do homem. Mas foi a Igreja[2] que, guiada por Deus, formou o Cânon, determinando depois de largos debates, quais livros deveriam ser recebidos como sagrados e quais deveriam ser rejeitados. A Igreja, pois é que primeiramente canonizou os livros santos, que ficaram sendo canônicos, isto é, conforme o cânon à regra” (“História, Doutrina e Interpretação da Bíblia”, São Paulo, 1951, pág. 6).

Após a “reforma luterana”, os protestantes começaram a rejeitar os sete livros acima citados, da versão dos LXX, e em meados dos séculos XIX os retiraram de suas Bíblias, como afirma o teólogo Felipe Aquino:

– “Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534; e as Sociedades Bíblicas protestantes, até o século XIX, incluíam os sete livros nas suas edições da Bíblia” (“Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”, Lorena-SP, 2000, pág. 34).

– “Os protestantes só admitem como livros sagrados os 39 livros do cânon hebreu. O primeiro que negou a canonicidade dos sete deuterocanônicos foi Carlostadio (1520), seguido de Lutero (1534) e depois Calvino (1540)” (“Como a Bíblia foi escrita”, ACI Digital, 2004).

Historicamente se comprova que os primeiros cristãos utilizavam o Antigo Testamento da versão dos LXX (Alexandrina), portanto com os sete livros rejeitados pelos judeus e protestantes.

-“Tem-se dito que a Bíblia dos Apóstolos, aquela que habitualmente citam, é a Septuagentina[3], e que esta versão contém os livros apócrifos. Que eles usavam a versão dos Setenta não sofre dúvida” (“História, Doutrina e Interpretação da Bíblia”, São Paulo, 1951, pág. 15).

– “Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia (ou Jabnes). Ao escreverem o Novo Testamento, usaram o Antigo Testamento na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego, ‘dos Setenta’ tornou-se comum entre os cristãos e, portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos cristãos” (“Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”, Lorena-SP, 2000, pág. 32).

Quanto às dúvidas surgidas no seio da Igreja durante o processo de definição do Cânon das Sagradas Escrituras, nota-se o debate teológico dos grandes Pais Apostólicos da Igreja e a colaboração do Espírito Santo para a chegada em um consenso.

– “Alguns Padres da Igreja denotaram certas dúvidas nos seus escritos, por exemplo, Atanásio[4] (373), Cirilo de Jerusalém[5] (386), Gregório Nazianzeno[6] (389), enquanto outros mantiveram como inspirados também os deuterocanônicos, por exemplo, Basílio[7] (379), Santo Agostinho[8] (430), Leão Magno[9] (461). A partir do ano 393, diferentes Concílios, primeiro regionais e logo ecumênicos, foram fazendo precisões à lista dos Livros “canônicos” para a Igreja” (“Como a Bíblia foi escrita”, ACI Digital, 2004).

– “Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos Santos Padres da Igreja (Patrística), os livros rejeitados pelos protestantes (deuterocanônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma[10], o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros estes rejeitados pelos protestantes. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas[11], no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2Macabeus; Santo Hipólito[12] (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2Macabeus. Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870)” (“Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”, Lorena-SP, 2000, pág. 33).

Os livros rejeitados pelos protestantes são por eles chamados de “apócrifos”; os católicos não adotam este termo para tratar os referidos sete livros, considerando-os “deuterocanônicos”, ou seja, aqueles livros que do século II d.C. ao século IV d.C. a Igreja não tinha ainda ratificado a sua canonicidade e eram motivo de estudo e discernimento do Sagrado Magistério da Igreja[13].

– “Chegou-se a fazer distinção entre ‘livros reconhecidos’ (homologúmenos), admitidos por todos (os do cânon hebraico) e ‘livros controversos’ (antilogúmenos), não admitidos por todos. (…) Os primeiros se chamam ‘protocanônicos’ e os segundos ‘deuterocanônicos’, ou seja, canônicos de primeira e segunda época. Compreende-se que os hebreus rejeitem, em sua totalidade o Novo Testamento, além dos deuterocanônicos do Antigo. Os protestantes ocupam uma posição de meio termo. No Novo Testamento depois, das primeiras incertezas de seus fundadores, admitiram integralmente e sem distinção o Cânon Católico. No Antigo Testamento, ao invés, seguindo o cânon mais restrito dos hebreus: rejeitam como fora da série dos livros sagrados, sob o nome de ‘apócrifos’, os que nós chamamos ‘deuterocanônicos'” (Bíblia Sagrada, São Paulo, 1982, pág. 8).

Para se chegar ao Novo Testamento que temos, a Igreja Católica teve de rejeitar diversos livros que não eram inspirados por Deus e, através da sua autoridade apostólica[14], definir o Cânon das Escrituras. Os livros abaixo citados são os que os católicos consideram “apócrifos”, ou seja, livros não revelados pelo Espírito Santo e que muitas vezes continham heresias. A Igreja os considera importantes para o estudo, visto que alguns deles podem conter verdades históricas. Através da quantidade de livros, observa-se como a Igreja teve de ser criteriosa, inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, para retirar o joio do meio do trigo. Sem a autoridade da Igreja não teríamos como saber quais seriam os livros divinamente inspirados por Deus para a composição da Revelação Escrita – As Sagradas Escrituras.

Apócrifos referentes ao Novo Testamento rejeitados pela Igreja Católica:

1. Evangelho segundo os Hebreus (gnóstico) – Fim do Séc I d.C.
2. Proto-Evangelho de Tiago.
3. Evangelho do Pseudo Tomé.
4. O Evangelho de Pedro – Meados do Séc II d.C.
5. O Evangelho de Nicodemos.
6. O Evangelho dos Ebionitas ou dos Doze Apóstolos – Meados do Séc II d.C.
7. Evangelho segundo os Egípcios – Meados do Séc II d.C.
8. Evangelho de André – Séc II/III d.C.
9. Evangelho de Felipe – Séc II/III d.C.
10. Evangelho de Bartolomeu – Séc II/III d.C.
11. Evangelho de Barnabé – Séc II/III d.C.
12. O drama de Pilatos.
13. A morte e assunção de Maria.
14. A Paixão de Jesus.
15. Descida de Jesus aos Infernos.
16. Declaração de José de Arimatéia.
17. História de José o garimpeiro.
18. Atos de Pedro.
19. Atos de Paulo.
20. Atos de André.
21. Atos de João.
22. Atos de Tomé.
23. Atos de Felipe.
24. Atos de Tadeu.
25. Epístola de Barnabé.
26. III Epístola aos Coríntios – Séc. II d.C.
27. Epistola aos Loadicenses – Fim do Séc. II d.C.
28. Carta dos Apóstolos – 180 d.C.
29. Correspondência entre Sêneca e São Paulo – Séc. IV d.C.
30. Apocalipse de Pedro – Meados do Séc. II d.C.
31. Apocalipse de Paulo – 380 d.C.
32. Sibila Crist㠖 Séc. III d.C.

Também em relação ao Antigo Testamento a Igreja Católica, rejeitou diversos livros como apócrifos, utilizando-se mais uma vez da sua autoridade para a delimitação do Cânon Bíblico.

Apócrifos referentes ao Antigo Testamento rejeitados pela Igreja Católica:

1. A vida de Adão e Eva.
2. 1Henoque.
3. 2Henoque.
4. Apocalipse de Abraão.
5. Testamento de Abraão.
6. Testamento de Isaac.
7. Testamento de Jacó.
8. Escada de Jacó.
9. José e Asenet.
10. Testamento dos Doze Patriarcas.
11. Assunção de Moisés.[15] 12. Testamento de Jô.
13. Salmos de Salomão.
14. Odes de Salomão.
15. Testamento de Salomão.
16. Apocalipse de Elias.
17. Ascensão de Isaías.
18. Paralipômenos de Jeremias.
19. Apocalipse Siríaco de Baruc.
20. Apocalipse de Sofonias.
21. Apocalipse de Esdras.
22. Apocalipse de Sedrac.
23. 3Esdras.
24. 4Esdras.
25. Sibilinos.
26. Pseudo-Filemon.
27. 3Macabeus.
28. 4Macabeus.
29. Salmos 151-155.
30. Oração de Manassés.
31. Carta de Aristeu.
32. As Dezoito Bênçãos.
33. Ahigar.
34. Vida dos Profetas.
35. Recabitas.

Pequena relação de citações implícitas dos livros deuterocanônicos do Antigo Testamento nos escritos do Novo Testamento:

Sabedoria 13,1-9 > Romanos 1,19-32; Sabedoria 6,1-4 > Romanos 13,1; Sabedoria 2,13.18 > Mateus 27,43; Eclesiástico 4,34 > Tiago 1,19; Eclesiástico 27,30-28,1-7 > Lucas 11,4; Mateus 6,15; Eclesiástico 31,1–11 > Lucas 18,24-25; Eclesiástico 35,11–24 > Lucas 18,1-8; 1Macabeus 2,29-48 > Marcos 2,27; 2Macabeus 6,18-7,42 > Hebreus 11,34-40; Tobias 12,15 > Apocalipse 8,2; Tobias 12,1-22 > Mateus 6,1-18; Tobias 13,11-18 > Apocalipse 21,1-22,1-5.

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NOTAS:

[1] “As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito nas Sagradas Escrituras e nesta se nos oferecem, foram consignadas sob influxo do Espírito Santo. Pois a Santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque escritos, sob a inspiração do Espírito Santo (cf. Jo 20,31; 2Tim 3,16; 2Ped 1,19-21; 3,15-16), eles tem em Deus o seu Autor e nesta sua qualidade foram confiados a Igreja” (Dei Verbum 11).
[2] Trata-se da Igreja Católica Apostólica Romana. A primeira vez na História em que aparece o termo “Igreja Católica” foi em uma carta de Inácio de Antioquia (†110), à comunidade de Esmirna (atual Izmir, Turquia) que dizia: “Onde está o Cristo Jesus aí está a Igreja Católica” (Carta aos Esmirnenses 8,2). Inácio foi o terceiro bispo da comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo e São João Evangelista. Foi preso e conduzido a Roma por ordem do imperador Trajano, sendo martirizado no Coliseu, nos dentes dos leões. A caminho de Roma escreveu cartas às comunidades de Éfeso, Magnésia, Filadélfia, Esmirna, Trales e ao bispo de Esmirna, São Policarpo. Na “Enciclopédia Compacta de Conhecimentos Gerais” (da Revista “Isto é”), página 259, tópico “Igreja Católica”, vemos a seguinte afirmação: “Roma foi a única Igreja ocidental fundada por um apóstolo (São Pedro). Da Irlanda aos Cárpatos, os cristãos passaram a reconhecer o bispo de Roma como o Papa (do latim vulgar papa, ‘pai’) e usavam o latim nos serviços religiosos, nas leituras das escrituras e na teologia (…)”.
[3] Forma como também é conhecida a versão dos LXX (Setenta).
[4] S. Atanásio (295-373 d.C.), é considerado doutor da Igreja. Nasceu em Alexandria, tornou-se diácono e junto com o Bispo Alexandre destacou-se no Concílio de Nicéia (325 d.C.), combatendo o Arianismo que negava a divindade de Cristo.
[5] É considerado doutor da Igreja. Foi Bispo de Jerusalém, guardião da fé professada no Concílio de Nicéia (325 d.C.) e autor da obra “Catequeses Mistagógicas”. Esteve no Concílio Ecumênico Constantinopla I (381 d.C.). Morreu em 386 d.C.
[6] É considerado Doutor da Igreja. Nasceu em 329 d.C. em Nanziano, na Capadócia, e morreu em 389 d.C. Lutou contra o Arianismo; sua doutrina sobre a Santíssima Trindade lhe rendeu o título de teólogo, confirmado no Concílio de Calcedônia em 481 d.C.
[7] É considerado Doutor da Igreja. Nasceu em 330 d.C. e morreu em 369 d.C. Foi Bispo.
[8] Foi Bispo e Doutor da Igreja. Nasceu em Tagaste, na Tunísia, viveu de 354 d.C. a 430 d.C. Se converteu em Milão, ouvindo as pregações do Bispo S. Ambrósio. Tornou-se Bispo de Hipona aos 42 anos de idade; combateu o Maniqueísmo, o Donatismo e o Pelagianismo, heresias do seu tempo.
[9] Foi Papa (440-461 d.C) e Doutor da Igreja. Viveu de 400 a 461 d.C. Deixou 96 sermões e 173 cartas, participou do Concílio da Calcedônia combatendo o Monofisismo.
[10] Foi o terceiro sucessor de São Pedro, quarto Papa da Igreja (88–97 d.C.), no tempo dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92–102 d.C.). Segundo S. Irineu, “ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento” (Contra as heresias). V.tb. Fil 4,3.
[11] Era irmão do Papa São Pio I (140-155 d.C.). Escreveu a obra “O Pastor”, de visão apocalíptica. Morreu em 160 d.C.
[12] S. Hipólito de Roma (160-234 d.C.), foi discípulo de S. Irineu (140-202 d.C.). Foi célebre na Igreja de Roma, sendo sua pregação ouvida por Orígenes (184-254 d.C.). Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos e a obra “Tradição Apostólica”, em que relata os costumes da Igreja no século III.
[13] Advém da Sucessão Apostólica. É formado pelo Papa (sucessor de Pedro) e Bispos (sucessores dos Apóstolos), com a missão de conservar o “depósito da fé” (1Tim.1,10; Luc.10,26;), ensinando a verdade extraída da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição Apostólica.
[14] “Em sua extrema benignidade, Deus tomou providencias a fim de que aquilo que Ele revelara para a salvação de todos os povos se conservasse inalterado para sempre e fosse transmitido a todas as gerações (…). Mas para que o Evangelho sempre se conservasse vivo e inalterado na Igreja, os Apóstolos deixaram como sucessores os Bispos, a eles ‘transmitindo o seu próprio encargo do Magistério’ (S. Irineu in: Adv. Haer., III, 3,1). Portanto, esta Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como o espelho em que a Igreja peregrina na terra contempla a Deus, de Quem tudo recebe, até que chegue a vê-lo face a face como é (cf. I Jo 3,2)” (Dei Verbum, 7). “O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante dessa Tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja que crê e ora. Pela mesma Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos Livros Sagrados (…). E assim o Deus, que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva os fieis à verdade toda e faz habitar neles abundantemente a Palavra de Cristo (cf. Col 3,16)” (Dei Verbum, 8).
[15] Na Epístola de S. Judas (canônica), há uma alusão deste apócrifo, citando uma antiga tradição hebraica: a Ascensão de Moisés (cf. Judas v.9). E ainda uma citação do apócrifo de Henoque (cf. Judas vv. 14-15).

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BIBLIOGRAFIA:

– Parte integrante do opúsculo: “A Formação da Bíblia ao longo dos Séculos e a importante participação da Igreja Católica neste processo”, de autoria de Leandro Martins de Jesus, 2005.
– ANGUS, Joseph; GREEN, Samuel G. “História Doutrina e Interpretação da Bíblia”. Rio de Janeiro-RJ: Casa Publicadora Batista, 1951.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé I – A Sagrada Tradição”. Lorena-SP: Cléofas, 2000.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”. Lorena-SP: Cléofas, 2000.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé III – O Sagrado Magistério”. Lorena-SP: Cléofas, 2001.
– BATTISTINI, Francisco. “A Igreja do Deus Vivo – Curso Popular sobre a Verdadeira Igreja”, 29ª ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 1998.
– “Bíblia Sagrada”, 47º ed. São Paulo-SP: Ave Maria, 1985.
– “Bíblia Sagrada”, 38º ed. São Paulo-SP: Paulinas, 1982
– SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. “Minidicionário Compacto Bíblico”, 3º ed. São Paulo-SP: Rideel, 2001.
– SILVA, Rogério Amaral. “A Fundação da Igreja Católica por Nosso Senhor Jesus Cristo”. ACI Digital, disponível em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.
– SILVA, Severino Celestino. “Pequena História das Traduções Bíblicas”. Disponível em: www.nossosaopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.
– (Autor Desconhecido). “Como a Bíblia foi escrita”. ACI Digital, disponível em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.

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