Como viver a fé nos dias de hoje

[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor: Daniel
Cidade/UF: Brasília DF
Religião: Católica

Mensagem

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Paz de Jesus!

A Igreja Católica está em todos os cantos da terra com suas portas sempre abertas. Mas hoje temos muitos Padres que, infelizmente, não encontramos nele aquela autoridade espiritual, não são pastores. Isso me entristece, pois muitas vezes a tristeza e a solidão tomam conta da minha vida que só o poder de Deus para me dar forças. Na celebração eucarística, onde a oração da Igreja atinge seu ápice, não vemos o padre que também sendo sacerdote, seja também um intercessor, clamando a Deus pela vida dos fiéis. Fica tudo muito no ritual (sei que isso é importante,) faltando o clamor do sacerdote pela vida dos cristãos que tanto padecem, como ele, as batalhas da vida, seja como cristãos, vivendo o evangelho, ou como ser humano que padece dos males inerentes à nossa condição humana.

Encontramos nos Padres da renovação carismática essa preocupação, esse incentivo a viver a fé, crendo sempre na graça e no poder de Deus.

Como viver a fé católica nessa atual situação pelo qual passa a Igreja? Com viver na alegria e na fé como católicos?

Deus abençoe a todos!

Caro Daniel,

Obrigado pela sua mensagem. Desculpe-nos pela demora em responder, pois além das atividades no Veritatis Splendor, temos nossos afazeres cotidianos de leigos engajados na sociedade, sempre tentando ser testemunhas de Jesus em todos os aspectos da vida.

A sua angústia é compartilhada por muitas outras pessoas que amam a Igreja Católica. A primeira coisa a ser dita é que a Igreja é santa, embora constituída por pecadores. O Catecismo da Igreja Católica (CIC), citando a “Solene Profissão de Fé” feita por Paulo VI, com base na Constituição Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, afirma que:

“A Igreja é santa, mesmo tendo pecadores em seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça: é vivendo de sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida dela que caem nos pecados e nas desordens que impedem a irradiação da santidade dela. É por isso que ela sofre e faz penitência por essas faltas das quais tem o poder de curar seus filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo”. (CIC, §827)

Tendo em vista que a Igreja foi constituída por Nosso Senhor Jesus Cristo: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (cf. Mt 16,18); e tendo em vista que a promessa de Jesus é que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”; creio que nada mais é preciso para viver nossa fé na Santa Igreja Católica com confiança e alegria, apesar de qualquer contra-testemunho ou omissão que possa existir por parte de seus representantes e pastores.

Todos os pecados de todos os membros da Igreja ao longo do século são nada diante da santidade da Cabeça da Igreja, do Cristo santificador. São bem menores também do que as graças e os méritos dos santos.

“A Igreja Católica é obra da Divina Providência, alcançada pelas profecias dos profetas, através da Encarnação e dos ensinamentos de Cristo, através das missões dos Apóstolos, através do sofrimento, de cruzes, do sangue e da morte dos mártires, através da vida admirável dos santos. Quando, então, vemos tanta graça da parte de Deus, tanto progresso e tanto fruto, como podemos hesitar em mergulhar nas profundezas dessa Igreja? Começando da Sé Apostólica, continuando pela sucessão dos Bispos, chegando até a confissão aberta de toda a humanidade, ela tem possuído a coroa da autoridade magisterial”. (S. Agostinho de Hipona – “A bem-aventurança de acreditar”, 4º século d.C.).

Quanto aos sacerdotes em que “não encontramos” aquela “autoridade espiritual”, cumpre-nos o dever de orar, por eles e por todos os Pastores da Igreja, para que sejam santos e dignos ministros de Deus.

Portanto, nosso primeiro passo para viver a fé com alegria e confiança nos dias de hoje é a oração, começando pela oração em favor dos nossos inimigos e por aqueles que decepcionaram nossas expectativas ou nos deram um mau exemplo.

Finalmente, cumpre vivermos nossa fé com esperança, sem nos deixarmos abalar:

“Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança. Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito. E, ao mesmo tempo, o seu amor é para nós a garantia de que existe aquilo que intuímos só vagamente e, contudo, no íntimo esperamos: a vida que é « verdadeiramente » vida”. (Bento XVI, Encíclica Spe Salvi, 31)

 
Esperamos tê-lo ajudado.

Em Cristo

Daniel Pinheiro

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