Constantino vencedor

Nascido na Sérvia, por volta do ano 280, Constantino estava destinado a mudar o rumo da História. Filho de Constâncio Cloro e de Helena, educado na corte de Diocleciano, depois de passar tempos junto de Galério, o que não o agradava muito, afastou-se quando seu pai o chamou para uma expedição na Inglaterra.

Alma complexa, reunia em si características contraditórias: ora vigoroso e impetuoso, ora desanimado e influenciável. Às vezes cheio de generosidade e clemência, outras violento e sangüinário, impiedosamente cruel. Humilde e orgulhoso, instável, instintivo, supersticioso. Foi de um ser humano assim que a Providência quis se servir para dar a vitória à Igreja.

Depois que Constâncio Cloro morreu, em 306, as legiões o proclamaram Augusto. Galério, no entanto, fez dele apenas um César. Constantino pasou a ser o detentor de todo o poder no Ocidente, provocando a inveja de Maxêncio, filho de Maximiano.

Constantino se casou com Fausta, irmã de Maxêncio. Advertido por sua esposa de que o sogro (Maximiano) armava uma conspiração para matá-lo, deu um jeito de encontrarem o ex-Augusto enforcado em uma prisão.

Em 311, após a morte de Galério, a situação de Roma fica assim: no Oriente, Maximino Daia e Licínio, no Ocidente, Maxêncio e Constantino.

Maxêncio e Constantino não estavam dispostos a dividir o poder.

Maxêncio, o Augusto, declara-se o único soberano legítimo e sucessor dos imperadores. Em 312, Constantino parte para a batalha. 40 mil ao seu lado contra 100 mil de Maxêncio. O filho de Constâncio cruza os Alpes e toma várias cidades italianas. Em 27 de outubro de 312 já avista de longe a Cidade Eterna. Um dia depois, as tropas do seu inimigo atravessam o Tibre pela ponte de Mílvio. O confronto é deflagrado e as tropas de Constantino saem vitoriosas. O exército de Maxêncio foge em debandada, enquanto este último perece no meio da confusão.

Durante a batalha, Constantino adere ao cristianismo. Segundo alguns invocou Jesus Cristo e por isto obteve a vitória. Para Lactâncio, Constantino teve um êxtase no qual recebeu a ordem de colocar sobre o escudo de suas tropas um sinal formado pelas letras gregas X (chi) e P (rô), iniciais de Cristo. De fato, tal monograma foi encontrado em moedas e inscrições constantinianas.

Eusébio de Cesaréia nos refere outra versão. Instantes antes de enfrentar Maxêncio, o imperador apelou para o Deus dos cristãos, que lhe respondeu através de um sinal celeste: uma cruz luminosa acompanhada da frase: “Com este sinal vencerás”. Na noite seguinte, Jesus lhe apareceu e pediu que fizesse da cruz uma insígnia, o Labarum.

Desde então os exércitos de Constantino usaram o Labarum como estandarte.

Para alguns, a “conversão” de Constantino foi apenas uma jogada política, uma tentativa de atrair para o Império a força do cristianismo. No entanto, tal tese é muito simplista. Como a maioria das pessoas da sua época, Constantino tinha obsessão pelo sobrenatural e era muito crédulo. Talvez tenha sido movido pelo medo de um fim trágico, que aguardava todos os que se opunham ao cristianismo. De qualquer jeito, nunca saberemos com certeza o que levou o jovem e impetuoso soldado a render-se diante do crucificado. Resta-nos apenas a constatação dos fatos e de suas conseqüências.

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