Bernard Nathanson, em outra época conhecido como o “rei do aborto”, passou a ser um destacado militante pró-vida nos Estados Unidos quando chegou à convicção de que o feto é um ser humano.
O medo do Juizo Final, temor para o qual não tinha sido preparado pela sua formação na religião judaica, conduziu o doutor Nathanson à teologia católica, que acolhe a culpa no sacramento da penitência.
Com a confissão, obtém-se a absolvição dada pelo sacerdote, que pode garantir que está limpo e “que alguém” – escreve ele – “morreu por meus pecados e minha maldade há dois mil anos. O Deus do Novo Testamento surgia diante de mim como uma figura amável, magnânima, incomparavelmente terna, em que eu podia procurar e encontrar o perdão que tinha procurado tão desesperadamente durante tanto tempo”.
O ponto de inflexão no processo que o levou ao Catolicismo foi uma manifestação contra o aborto promovida pela Operação Resgate, em Manhattan, em frente a uma clínica. Era inverno de 1989, e o doutor Nathanson estava lá com o objetivo de reunir informação para um artigo sobre a moralidade dessas ações.
Com, ele estavam 1.200 manifestantes rezando cantando, rodeados por jornalistas e policiais em atitude hostil. “Perguntei-me seriamente que tipo de força indescritível levaria essas pessoas a fazer aquilo. Pela primeira vez em toda a minha vida adulta, comecei a considerar a sério a idéia de Deus”.
Nathanson estava envolvido com o aborto desde 1945, quando persuadiu a noiva a abortar o filho deles. Anos depois, entre dois casamentos engravidou outra mulher, e fez ele próprio o aborto da criança.
Naquele tempo já havia fundado o que se tornaria a National Reproductive and Abortion Rights Action League, e durante uns tempos dirigiu a maior clínica de abortos do país.
Com o advento do ultra-som, no início dos anos 70, Nathanson começou a questionar a moralidade de abortar algo que podia ver mexendo-se no útero.
Pouco a pouco, foi crescendo a sua rejeição ao aborto, e acabou por unir-se aos pró-vida no início dos anos 80, com o filme “O grito Silencioso” (The Silent Scream). Esta filmagem por ultra-som do aborto de uma criança provocou a inimizade de antigos aliados abortistas.
Livro
A sua conversão ao Catolicismo está explicada no livro autobiográfico “The Hand of God”, que revela também algumas ações repugnantes por ele praticadas. Uma característica que se destaca no livro, e que até merece elogios, é que o autor em nenhum momento se justifica pelo seu comportamento.
Ainda que o leitor não apóie a conduta de Nathanson, pelo menos encontrará muitas razões para compreendê-la ao descobrir como foram a sua infância e adolescência, ao ser criado em um ambiente que pode ser descrito como carente de amor.
Contudo, ele termina o livro com uma nota de esperança na misericórdia, no perdão e na salvação oferecida pela Igreja Católica.
Questionando a própria vida, encontrou a fé católica.
Bernard Nathanson começou, também, a questionar a própria vida. Uma possibilidade era suicidar-se, não somente pelos abortos que tinha feito, mas também por seus três casamentos fracassados, por ter transgredido o juramento de Hipócrates – que proíbe o aborto – e por não ter sido um bom pai para seu filho Joseph, agora com 31 anos. “Sentia como a carga do pecado se tornava mais pesada e angustiante”.
Nathanson descobriu que a sua formação judaica não o ajudava a enfrentar-se com o conceito de pecado. “Isso não significa que condene a religião judaica – declarou durante uma entrevista -, apenas manifesta que através dela não encontrei aquilo que precisava”.
Pouco depois da manifestação da Operação Resgate, começou a estudar testemunhos de convertidos.
Leu e releu Stern, Malcom Muggeridge, Walter Percy, Graham Greene, C.S. Lewis, Simone Weil, Richard Gilman, Pascal e o cardeal Newman.
Durante um ano, assistiu aos cursos de ética no Instituto Kennedy, da Universidade de Georgetown, e começou a conversar com freqüência com o sacerdote John McCloskley, do Opus Dei.
“Ele soube que eu estava me aproximando do Catolicismo. Procurou-me e começamos a conversar semanalmente. Veio à minha casa e trouxe-me material para ler. Guiou-me pelo caminho que me conduziu para onde estou agora. Devo a ele mais do que a qualquer pessoa”.
A respeito do seu batismo, afirma: “Ficarei livre do pecado. Pela primeira vez na minha vida, sentirei o refúgio e o calor da fé”.
Obs: Você pode ver este testemunho completo no livro: ?Porque estes ex-protestantes se tornaram Católicos?