Poderia soar como uma heresia, ou como uma grande falta de respeito com a pessoa de Cristo, porém realmente está é uma comparação que se tem feito a bastante tempo. De fato, provém dos primeiros séculos do cristianismo, quando se compreendia muito mais do que agora a doutrina cristã.
Porém, que tem a ver Jesus Cristo com um pelicano? Por que ocorreu a eles, os primeiros cristãos, dar-lhe uma comparação tão rara? No mínimo, poderiam tê-lo comparado com um animal mais gracioso e não com um pássaro com uma papada tão grande.
Porém, a comparação não poderia ser mais correta.
O pelicano é um pássaro não muito estético. Sua grande bolsa, na qual armazena comida para suas crias, lhe faz parecer ver inclusive o ridículo (sim se lhe compara com uma ave como a águia, por exemplo, que é muito mais chamativa, ágil e que seguramente a todos nós mais agradável).
Porém, aos primeiros cristãos não lhes ocorreu fazer a comparação tomando em conta qualidades, habilidades ou estética (que é no que todos normalmente nós fixamos hoje em dia), senão que fizeram a comparação por um ato concreto que fazem os pelicanos.
Quando suas crias nascem, os pelicanos, como todos os animais, têm que buscar comida para alimentar-lhes. Estas aves são grandes pescadoras e alimentam a suas crias com os pescados que armazenam em, assim digamos, suas grandes papadas.
O interessante não é isto (porque todo o mundo sabe como os pelicanos alimentam a suas crias). O que é verdadeiramente fora do comum, é que, se o pelicano adulto não encontra comida para seus filhos, em vez de abandoná-los (como a maioria dos animais faria) lhes dá de comer… Porém de sua própria carne.
Quando não tem uma forma de alimentar a suas crias, o pelicano arranca de si nacos de carne utilizando seu pontiagudo bico, e alimenta a seus filhos com sua própria carne e sangue. Sacrifica sua vida para que vivam seus filhos.
Aqui está o parecido com Cristo, que nos alimenta real e verdadeiramente com seu Corpo e seu Sangue sempre que o recebemos na comunhão.
Como dizia no princípio, os primeiros cristãos conheciam a fundo sua fé, e o que esta implicava, por isso fizeram esta comparação tão acertada, que, para os que não conhecem bem sua fé católica, pode parecer ilógico. Porque desgraçadamente, isso se passa muito hoje em dia: não conhecemos nossa fé.
Estou seguro de que se todos os católicos tivessem a consciência de que é Cristo mesmo quem recebemos na comunhão, o receberiam muito mais freqüentemente, e além do que, dariam um sentido muito mais importante à Missa (não seria simplesmente ir a escutar o clássico sermão do padre, ou um ato social como qualquer outro), transformaria por completo a atitude com que hoje em dia se vai (se é que se vai) à Missa.
É o momento no qual o mesmo Cristo nos alimenta com seu Corpo e seu Sangue para nos salvar, quando como o pelicano, dá a vida por nós, para que possamos ter vida eterna. Assim como as crias do pelicano não poderiam viver sem a carne que este lhes dá (sua própria carne), assim também nossa alma não poderia viver sem o alimento da Eucaristia, o Corpo e o Sangue de Cristo.