Debate: prof. alessandro lima x milton curvina neto (batista)

No dia 02 de maio de 2007 às 14:57 recebi uma mensagem do sr. Milton Curvina Neto, Missionário Batista e membro da Comunidade Shallom. Este artigo reproduz na íntegra a nossa troca de mensagens.

A disposição do texto foi alterada para proporcionar uma leitura mais agradável, mas o conteúdo do mesmo permanece inalterado.

As mensagens do sr. Milton estão reproduzidas em preto e as minhas em azul.


MENSAGEM 01: 02/05/2007 às 14:57

De: Milton Curvina Neto

Para: Prof. Alessandro Lima

Acabei de ler um artigo seu sobre o que seria uma “boa convivência” entre católicos e protestantes que me chamou à atenção. Mas antes, permita que me apresente. Sou Missionário Batista, Teólogo e Filósofo. Já fui convidado para ingressar no sacerdócio anglicano e ortodoxo antioquino, com sucessão e tudo(sabe como é, a gente ten uns amigos…). Sou sobrinho-neto de uma das maiores autoridades católicas brasileiras do séc XX: o Padre João Mohana. Tudo isso não quer dizer lá grande coisa, apenas me identifico para que vc não ache estar falando com um sectarista fanático ou com um leigo qualquer. Li sua biografia. Vi que vc já foi pentecostal. Sinto muito, isso acontece nas melhores famílias. Ser luterano hoje em dia é ser católico, só que sem os manufaturados de gesso. Os luteranos estão para a igreja católica assim como a RCC está p/ o mov. pentecostal. Uma frase em sua biografia entretanto me aterrorizou: “A Bíblia é filha da igreja, e não sua mãe.” Sei que a frase não é sua, irmão, mas vc já se deu conta do que isso quer dizer? Vou traduzir: “A Palavra de Deus é filha de algo que ainda nem existia quando foi revelada!”

Talvez os cânons sejam filhos disso que vc chama de igreja, mas qual cânon? Nunca houve a tal hunanimidade. Vc sabe que o tal Bispo de Roma, o pseudopapa, sequer participou do fechamento deste códice, cristão! Não adianta argumentar sobre cristianismo, porque, os católicos vão buscar
subsídios para práticas duvidosas, como ascender velas e orar por mortos no AT. Eu pergunto: a igreja é mãe desses livros também? Parece que o pentecostalismo realmente perturbou sua percepção, o que não é difícil de entender.

Quanto ao ecumenismo, sinto muito. Hoje em dia é comum ver os católicos reclamando dos protestantes quando estes pregam contra o catolicismo, alegando que todos devem ser livres para ser o que quiserem. Uma piada de mau gosto, obviamente, já que esta postura de “cada um escolha o que é melhor pra si” do Vaticano tem pouco mais de um século de vida. Antes disso
era fogueira, afogamentos, “abraço de vênus” e muito mais, para todos os gostos. Não há possibilidade de diálogo, basta ler meu artigo em: http://www.comunidadeshalom.hpg.ig.com.br/cbssmestudo10.html

Sabe o que é mais legal, já debati por duas ocasiões com dois apologistas do veritatis e nunca o debate foi publicado. E olha que não tinha agressão nenhuma. Era coia de bom nível. Uma vez foi com o Jaime e, por último, já este ano, com o Rafael Vitola. E já que não publicaram, eu mandei para uns cem sites evangélicos para que todos saibam quem o veritatis só publica oque interessa, quando pegam um pastor pentecostal mal instruído falando um monte de abobrinhas. Acho que ainda há algo de evangélico em você.

Que a Graça e a Paz de Cristo lhe abra os olhos, e dessa vez, definitivamente.


MENSAGEM 02: 02/05/2007 17:31

De: Prof. Alessandro Lima

Para: Milton Curvina Neto

Prezado Milton, a Paz de Nosso Senhor.

Infelizmente não sei a que artigo meu o sr. se refere ter lido sobre uma “boa convivência” entre católicos e protestantes. Se o encontrar me envia a referência, por favor.

Nunca ouvi falar de seu tio-avô, não se surpreenda por isso, sou católico a apenas 8 anos, tenho muito que aprender.

Nunca me incomodou o tipo de gente que me escreve, seja “com um sectarista fanático ou com um leigo qualquer”. Aliás, permita-me uma observação: que expressão vulgar (“leigo qualquer”) que o sr. usa para se referir às pessoas mais simples, ou ainda aqueles que não possuem um conhecimento mais erudito sobre história da Igreja e teologia e se acham confusos pela indústria da desinformação. Tal rótulo infeliz não deveria sequer sondar os pensamentos de alguém que se diz Missionário.

Muitos protestantes visitam nosso site, nos escrevem, e não os consideramos sectaristas fanáticos. Temos muito amor por cada alma que a Providência Divina nos encaminha.

Infeliz também, sr. Milton, é comparação entre Luteranismo e Catolicismo. Diante de sua capacidade de estudo, análise e síntese, devo pensar que a diferença entre Espiritismo e Cristianismo para o sr. seja somente a crença na Reencarnação/Ressurreição? É desta forma que o sr. estuda e tira suas conclusões? E ainda as ensina a outros? Queira Deus que eu esteja redondamente enganado e que foi o sr. que não se expressou bem.

Pelo menos em uma coisa nós concordamos, infelizmente fui pentecostal, como o sr. bem colocou em sua observação (irônica ou maldosa?). Felizmente não por muito tempo.

A frase que segundo suas próprias palavras lhe “aterrorizou”, também me aterrorizaram quando as li pela primeira vez. E foi através delas que Cristo Jesus começou na minha vida a obra do meu resgate. Com efeito, a Palavra de Deus não poderia vir de algo que nem existia quando foi revelada, tão pouco é isso o que a frase diz. Com o seu parecer constato mais uma vez o que sempre acontece quando um protestante lê ou estuda alguma literatura (especialmente católica): atribui a ela conclusões que lá não estão, mas que só existem na cabeça de quem leu.

O sr. sabe bem o que é a Bíblia, deve manuseá-la todo dia: é um livro (maravilhoso!!!), que para nós cristãos é sagrado. Há algum escrito bíblico que informe quais livros devem compor a Bíblia, ou que informe quais são sagrados? Não, não há. Os índices dos livros bíblicos que estão em nossas bíblias, são mera organização humana, sem qualquer teor inspirado ou sagrado. É claro que para sabermos quais livros são sagrados (canônicos) é preciso recorrer a fontes extra-bíblicas. Lutero recorreu à tradição dos fariseus do séc. I para os livros do AT, e à Tradição Católica para os livros do NT; pois é, o Pai da Reforma teve que abrir mão da sua tão querida “sola scriptura” para afirmar quais livros para ele eram canônicos. Veja você que coerência não é muito o forte do Protestantismo, e isso desde seu nascedouro…

É verdade que sobre o cânon nunca houve unanimidade na Igreja, eu digo até mais, nunca houve unanimidade sobre qualquer matéria doutrinária que seja. Mas, também é verdade que unanimidade jamais foi sinal de veracidade. Se assim fosse, não deveríamos crer que é Cristo que Salva e a não observância da Lei. Ou será que todos os cristãos aceitaram as determinações dos apóstolos em Jerusalém? Por acaso não existem até hoje os chamados ebionitas? Logo, também não deveríamos crer na Trindade Santa, já que nem todos aceitaram as determinações do Concílio de Nicéia. A heresia do arianismo só foi estirpada do seio da Igreja no séc. VII.

A Verdade, sr. Milton, não precisa ser unânime para ser o que é: Verdade. Cristo nos deixou a Igreja para nos ensinar e nos guiar até que Ele volte. Ele não nos deixou uma Bíblia, muito menos uma lista dos livros inspirados. Nos deixou a Sua Santa Igreja. Não foi Cristo em pessoa que ensinou aos Cristãos que a Lei Mosaica já era, foi a Igreja. Não foi Cristo em pessoa que ensinou os cristãos sobre Suas duas naturezas, foi a Igreja. E ela tem ensinado a Verdade até o nosso tempo, conforme a promessa de seu Esposo (cf. Mt 28,20; Mt 16,16-18). Basta que a Igreja se pronuncie para sabermos no que devemos crer.

Outra coisa, tenha mais respeito pelo Papa. Eu não creio que o Dalai Lama seja um mensageiro da Verdade, e nem por isso faço referência à sua pessoa de forma vulgar. Um dos deveres de todo cristãos é ter respeito pelas pessoas, principalmente daquelas cujas idéias divergirmos. Creio que não preciso lhe dar as referências bíblicas de tal ensino, já que vocês gostam de ter os versículos decorados.

Ao contrário do que o sr. afirma, os Papas participaram e muito do fechamento do cânon bíblico. Vou lhe dar alguns exemplos: os Concílios de Hipona e o III e IV Cartago que determinaram o cânon para TODA Igreja Africana, só foram implantados depois de aprovados pelo Papa. No final do cân. 36 do Concílio de Hipona (393) (que traz a lista dos livros que deveriam ser observados como canônicos) consta: “Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar [Igreja de Roma]”. Os cân. 47 de Cartago III e o cân. 24 de Cartago IV, só fizeram repetir o cân. 36 de Hipona.  Outros exemplos da colaboração dos Papas são o Decreto Gelasiano (séc. V) e Concílio Ecumênico de Florença (séc. XV).

Tudo isto mostra que em TODO OCIDENTE no final do séc. IV já havia um parecer oficial da Igreja sobre o cânon bíblico. Eu acabei de escrever um livro exatamente sobre a formação do Cânon Bíblico ( https://www.veritatis.com.br/article/4091). Não é interessante que o Senhor lhe tenha feito escrever para mim?

Ainda, sobre a sua tese (falsa, lhe garanto!) de que o Bispo de Roma é um pseudo-papa, veja o artigo que publicamos exatamente hoje sobre isso: https://www.veritatis.com.br/article/4168. Não foi sem razão que a Providência Divina lhe fez escrever para mim no exato dia de hoje.

Sobre as duas outras e gratuitas acusações sobre o Papa e a Igreja Católica, deixarei para um outro momento. Por ora, daremos uma pausa em sua “metralhadora giratória”. E espero que você contra-argumente com mais embasamento e menos acusações.

Em Cristo Jesus,

Prof. Alessandro Lima.


MENSAGEM 03: 03/05/2007 às 08:42.

De: Milton Curvina Neto

Para: Prof. Alessandro Lima

Como sempre, e com uma precisão admirável, vcs, apologistas católicos, revelam-se mestres em evasivas. Não é de estranhar que coloque de uma forma irônica o fato de nós, cristãos, sabermos versículos bíblicos de cabeça, afinal, Bíblia nunca foi o o forte de vcs. Não surpreende os sofismas, porque afinal vcs aprenderam com seus sacerdotes, que dedicam mais tempo nos seminários a aprender filosofia do que teologia. Sei porque o termo “leigo” lhe ofendeu. Não se irrite, não foi nada pessoal. Sua resposta é cheia de “buracos”, parece o roteiro de “lost”. É incrível. Tenho todos os debates com o veritatis e é sempre a mesma coisa: querem tirar a discussão do campoteológico usando de falácias. Não me digo missionário, fui ordenado para isso por uma instituição que tem raízes em movimentos que sua igreja persegue a milênios por causa da sola scriptura, mas deixa pra lá. Já existíamos antes de Roma abraçar e corromper o cristianismo. Quanto ao papa, bem, pra mim é mais um líder religioso. Não o desrespeitei. Ele foi quem quem desrespeitou o Islã recentemente. Que exemplo? Um ex-nazista líder de uma instituição que catequizou a américa latina “na marra” junto com expedicionários sanguinários reclamando dos métodos muçulmanos. Vcs são um “show”.

Mas vou tentar – e é difícil – conversar com vc apenas dentro do assunto proposto. Por favor, não tenho 10 anos. Não mude o cerne da coisa… deixa eu refrescar tua memória:

1. Vc não respondeu nada sobre a liberdade de culto.

2. Seu artigo está em https://www.veritatis.com.br/article/2033 (nos chama de irmãos!!! estou lisonjeado)

3. Vai deixar eu publicar mais este debate na internet? Cuidado para não fazer como seus colegas. O Veritatis adora quando um obreiro pentecostal, que só sabe gritar, entra num debate perguntando asneiras, para poder publicar, não é?

4. O Bispo de Roma NÃO PARTICIPOU DO FECHAMENTO DO CÃNON OCIDENTAL. E vc sabe disso. Consultaram ele depois do negócio feito.

5. Até o terreno onde está o Vaticano foi recebido em uma doação falsificada.

6. Volte pra Jesus…Maria não pode mais fazer nada por vc. Se ela fosse assim tão poderosa, porque será que o Mestre se preocupou em deixá-la sob os cuidados daquele garoto. Ah, antes que eu me esqueça, o apóstolo não falou nada sobre sua “assunção”. Será que ele estava dormindo quando isso aconteceu? Imagina o susto de João…

7. Se não que voltar para casa, vá ao menos para uma igreja ortodoxa, ela me parece uma das legítimas sucessões apostólicas. Sabe por que perco meu tempo tentando mostrar a verdade para homens de bem como vc? Porque não entendo como alguém estuda tantos anos, pós gradua, especializa, etc., para depois ir conversar com um galho…e depois dizem que os protestantes são
ignorantes e mal informados.

8. Não venha me falar de ética. Não sou neopentecostal. Não recebo subsídios públicos. Minha igreja é, sempre foi e sempre será separada do Estado. Não vendo ossos de João Batista. Vcs, os maiores latifundiários do mundo, a custa de subvenções estatais (por isso continuo comparando vcs com a igreja luterana, outra estatal).

9. Entendo seu trauma pentecostal, mas acredite: Jesus quer salvar vc!!!!

10. Que tal antes de perder tempo com história e filosofia, tentar ler a Bíblia? Ah, me esqueci, os padres não gostam que os fiéis façam isso.

Ainda há algo de protestante em vc.


MENSAGEM 04: 03/05/2006 às 16:15

De: Prof. Alessandro Lima

Para: Milton Curvina Neto

Sr. Milton, bom dia.

Obrigado por reter-me o link para meu antigo artigo. Não me lembrava mais dele. Infelizmente parece que o sr. não aprendeu nada com ele. 

Pelo o que o sr. vem demonstrando em seus emails já percebi que não lhe interessa um diálogo franco e sincero. Pedi-lhe para que me contra-argumentasse com provas abalizadas e não novas acusações. O sr. não fez isso. Não provou nada, não refutou nada, não utilizou contra-argumentos objetivos, só fez novas acusações. Não fui seu que fui evasivo, foi o sr.

Uma coisa o sr. tem razão, me referi com ironia sim ao “decoreba” bíblico que vocês fazem, pois ele não lhes é útil em nada, assim como foi aos fariseus que renegaram Cristo Nosso Senhor. Decorar não é conhecer.

Quanto à sua afirmação “afinal, Bíblia nunca foi o forte de vcs”, com efeito, muitos católicos fazem da Bíblia uma peça decoração. Se ela não é isso, também não é desodorante de crente. A Palavra de Deus escrita só é útil quando ministrada pela Igreja que recebeu as Chaves do Reino de Cristo (cf. Mt 16,16-18; 18,18) para interpretá-la e ensiná-la. Foi esta mesma Igreja que conservou fielmente durante dezenas de séculos os manuscritos bíblicos, que escreveu os livros do NT e que definiu a lista dos livros canônicos para os Cristãos. Os primeiros comentários bíblicos vieram dos Bispos e presbíteros católicos, o primeiro glossário de nomes bíblicos e nomes hebreus feito por S. Jerônimo, foi Orígenes padre católico que desenvolveu a ciência da exegese bíblica. Fo Orígenes que criou a primeira versão da Bíblia poliglota (a Hexapla), as primeiras escolas bíblicas foram católicas (Orígenes e Justino), os primeiros códices bíblicos foram católicos, também as primeiras traduções completas para a língua do povo (1). O legado da Igreja Católica em relação à Bíblia é indiscutível, fato este que é reconhecido por TODOS os eruditos, sejam protestantes, ortodoxos ou católicos. Então por favor, não me venha com bobagens preconceituosas que só faltam com a Verdade.

Novamente o sr. não se mostrou um bom entendedor. Não me ofendi com o termo “leigo”. O sr. ofendeu as pessoas que nos escrevem chamando-as de “leigo qualquer” ou “sectário fanático”.

Essas são suas palavras: ” não ache estar falando com um sectarista fanático ou com um leigo qualquer“. E novamente observo: não são expressões que deveriam sondar o coração de alguém que se diz Missionário. E o sr. simplemente não se retratou, por que?

Se o sr. me chamasse de leigo, nenhum problema haveria, afinal é isso mesmo que eu sou, um fiel leigo católico.

Suas palavras: “1. Vc não respondeu nada sobre a liberdade de culto.

Muitos foram os projéteis lançados pela sua “metralhadora giratória”. É difícil ver um protestante que se concentre em um tema específico. Normalmente ignoram os argumentos apresentados, não concluem nada e num passe de mágica pulam para novos assuntos. Depois sou eu o evasivo…

Em seu primeiro email o sr. me levantou duas questões principais: sobre o cânon bíblico e sobre o Papa. E não refutou-nada, não provou nada, não mostrou o meu suposto equívoco. É isso que o sr. Missionário chama de debate?

Agora entendi porque meus amigos Jaime e Vitola não lhe deram muita atenção. Devem ter percebido como eu, que não lhe interessa um debate frutífero, mas descarregar a sua “metralhadora giratória”.

O sr. me escreveu “Vc sabe que o tal Bispo de Roma, o pseudopapa, sequer participou do fechamento deste códice, cristão!“. Eu lhe refutei apresentando os cânones de Hipona e Cartago, que diziam necessitar da aprovação do Papa. Ora, o fechamento do cânon bíblico no ocidente dependeu da autorização do Papa. Como vem o sr. querer se enganar dizendo que não?

Suas palavras: “4. O Bispo de Roma NÃO PARTICIPOU DO FECHAMENTO DO CÃNON OCIDENTAL. E vc. sabe disso. Consultaram ele depois do negócio feito“.

O que eu sei é sr. ou é um cego ao meio dia ou gosta de tampar o Sol com a peneira. Uma correção: os Bispos de Hipona e Cartago não consultaram o Papa sobre o cânon, pediram-lhe que o autorizasse, coisa muito diferente! E o sr. nega esta verdade histórica querendo aludir para o fato do Papa não ter participado da elaboração das atas conciliares, como se uma coisa anulasse a outra.

Que o Papa não participou da elaboração das atas de Hipona e Cartago e óbvio, foram concílios regionais das províncias africanas e não romanas. Entretanto, esse fato não nega o outro fato muito VERDADEIRO, que tais atas só tiveram aplicação DEPOIS DE APROVADAS PELO PAPA.

Vou lhe dar uma outra informação: Santo Agostinho participou dos três Concílios africanos mencionados (Hipona, III e IV Cartago). No primeiro ele era ainda um presbítero, no dois últimos já participa como Bispo de Hipona. A lista dos livros canônicos definidas em Hipona e Cartago  tiveram forte influência dele. Quem conhece as obras e a biografia deste grande Doutor da Igreja Ocidental, sabe da sua forte influência pela Igreja Romana e pelo Papa. Especialistas como Berardino, Altener e Drobner concordam que Santo Agostinho recomendou nestes concílios uma lista de livros sagrados que já se consolidara em Roma. Consolidara-se quando?

Antes mesmo do Concílio de Hipona ser realizado, em 382 foi reunido um Concílio Regional em Roma, no tempo do Papa Dâmaso (o mesmo que mandou produzir a Vulgata), um dos temas tratados foi o cânon bíblico. A lista dos livros sagrados oridunda deste evento ficou conhecida como Cânon de Dâmaso ou Cânon Damaseno. Para sua informação, neste Concílio o Papa participou da elaboração da lista dos livros canônicos.

Depois de mostrar o seu falseamento da Verdade, vou lhe mostrar agora uma contradição sua: “4. O Bispo de Roma NÃO PARTICIPOU DO FECHAMENTO DO CÃNON OCIDENTAL. […] Consultaram ele depois do negócio feito “.

Nesta sua afirmação você reconhece que houve um fechamento do cânon ocidental. Então por quê você não observa este cânon? Ora, se a Igreja Antiga fechou o cânon, logo TODOS os cristãos devem observá-lo. Mas, não é isso que acontece no Protestantismo, que se diz retornar às origens da Fé. Você segue o cânon inventado por Lutero e devo observar que para ele inventar este cânon ,mutilando a Bíblia, teve que deixar de lado a “Sola Scriptura”. Reconheça sr. Missionário que você observa uma invencionice luterana do séc. XVII. É, eu escrevi XVII e não XVI.

Até o final do séc. XVI e início do séc. XVI, os deuterocanônicos estavam lá nas Bíblias protestantes. Dá uma conferida na edição protestante KJV de 1611 e veja que nela estavam TODOS OS DEUTEROCANÔNICOS. Somente após a morte do Rei Tiago é que os protestantes ARRANCARAM definitivamente os deuterocanônicos de suas Bíblias.

Depois de mostrar uma falsa conjectura e uma contradição suas, vou lhe mostrar agora a incompletude de sua tentativa de refutação.

Na sua falsa conjectura que afirma que o Papa não participou do fechamento do cânon bíblico para o Ocidente, o sr. se referiu apenas aos Concílios de Hipona e Cartago. Por que não se referiu ao Decreto Gelasiano e ao Concílio de Florença? Ora, só eles bastariam para desfazer suas pretensões. Mas o sr. ignorou-os na sua tentativa de refutação. Digo tentativa porque o sr. não REFUTOU NADA, só trouxe mais acusações, oriundas de sua “metralhadora giratória”.

Para ajudar-lhe a sair da ignorância sobre a influência dos Papas no fechamento do Cânon Bíblico no Ocidente, vou lhe dar mais uma informação: o Papa Inocêncio (séc. V) aos 20 de fevereiro de 405 envia uma carta intitulada “Consulenti tibi” a Exupério, Bispo de Tolosa (França), onde pede que este faça observar a lista dos livros canônicos em sua diocese.

Suas palavras: “Quanto ao papa, bem, pra mim é mais um líder religioso. Não o desrespeitei”.

Depois de ler o artigo que lhe recomendei (2), o sr. conferiu que de pseudo (pseudopapa) o Papa não tem nada. De pseudopapa, para ti, ele agora é “mais um líder religioso”. Lembra-se de quem ele é líder? O artigo que você leu mostra que o Papa, o Bispo de Roma, sempre foi o chefe de TODA IGREJA, seja no OCIDENTE ou no ORIENTE, cujo Ministério foi instituído por Cristo Nosso Senhor (cf. Mt 16,16-18).

E o sr. se diz um Missionário de Cristo, mas desobedece a Ele, negando ser apascentado e confirmado na Fé por Pedro (cf. Lc 22,32).

Veja como sr. se referiu ao Papa: “tal Bispo de Roma”. Desde quando “tal” é pronome de tratamento sr. Missionário? Diga-me onde o sr. aprendeu a tratar assim as pessoas (“tal”, “sectarista fanático”, “leigo ignorante”)?

Ofender também é faltar com o respeito. E o sr. além de ofender o Papa uma vez, o fez outra vez mais, levantando contra ele um falso testemunho (pecado abominável ao Senhor), chamando-o de ex-nazista. Tenho percebido que o sr. Missionário se guia pelos juízos de valor, quando deveria guiar-se pelos juízos de fato.

Muitíssimos jovens que serviram o exército na Alemanha não eram nazistas, aliás a maior resistência a Hitler veio do exército alemão, tentando até um golpe contra ele. Seria o mesmo que dize que todos os soldados que serviram no tempo da Ditadura Militar comungavam dos ideais governistas, ou ainda que os soldados atuais são todos PT (pró-aborto, pró-homossexualismo, pró-tudo que não vale nada…).

Sobre as suas novas e falsas acusações contra o Papa, como o suposto desrespeito ao Islã, nem vou me dar ao trabalho de comentar. O sr. tem instrução, tem recursos, então leia o discurso de Bento XVI em Ratisbona (3) e verá a sua falta com a Verdade. O sr. foi atrás do alvoroço da imprensa, alvoroço que já foi desfeito há muito tempo, vários esclarecimentos foram dados e constatado depois que o texto integral do discurso foi publicado. Saia da mentira e da ignorância e busque a Verdade.

Quanto à sua tese da origem batista, ela é mais uma das muitas “teorias do resgate”(4) criadas pelas denominações protestantes que tentam justificar sua origem e existência. Não é interessante que TODAS as denominações protestantes se dizem retornar à Fé Primitiva não confessem a Fé dos primeiros séculos? Faltam dizer de quê origem estão se referindo.

Uma exceção é o da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que quis retornar à Fé dos primeiros três séculos. Segundo sua doutrina, a Igreja dos primeiros três séculos era pura e imaculada (antes do Concílio Ecumênico de Nicéia). Entretanto, quando lhes apresentamos textos dos Pais da Igreja deste período e que contradizem sua doutrina corroborando com a doutrina católica, inventam mil desculpas para negar a Verdade limpa e cristalina.

E é assim que vive o Protestantismo, de suas “verdades a la carte“, que não tem fundamento no Depósito da Fé que Cristo confiou aos Apóstolos e esses a seu legítimos sucessores.

E o sr. não fez diferente. Não apresentou nenhuma verdade, nem se deu ao trabalho de demonstrar a veracidade dos seus argumentos. Ao contrário, lançou mão de sua “metralhadora giratória” para ofender, denegrir e mentir.

Eu por outro lado, não lhe ofendi, nem toquei no nome de algum líder seu ou de sua denominação protestante. Apresentei argumentos objetivos e claros, mostrei-lhe a Verdade que há neles.

Veja aqui claramente a diferença entre a apologética católica e protestante.

Espero sinceramente que o sr. encontre a Shalom que não encontrou na sua comunidade de mesmo nome. Shalom esta que vem SÓ de Cristo. O Cristo histórico, verdadeiro, sacramento, Nosso Deus e Salvador, Verdade plena que também se revela na História, no testemunho daqueles que amaram o Senhor antes de nós e deram sua vida pelo Santo Evangelho.

A Memória Cristã é a prova material da perene Doutrina Católica, prova esta que muitos protestantes ignoram e/ou falseiam.

Graças à Misericórdia Divina, nestes últimos tempos em que aguardamos a Volta do Rei dos Reis, muitas pessoas estão tendo a oportunidade de serem esclarecidas através de nosso apostolado. São almas queridas de Deus que o sr. vulgarmente chamou de “leigo ignorante” e “sectarista fanático”.

Sobre o seu comentário quanto aos debates, já faz 5 anos que NÃO PUBLICAMOS debates, com quem quer que seja. Não se sinta prestigiado por isso. Confira e verá que há pouquíssimos debates publicados no site e são todos de longa data. Temos planos de criar um fórum, mas nosso tempo anda curto para planejar e implementar isso. Entretanto, faço questão de publicar o nosso para a Glória e Honra do Senhor, para a salvação das Almas e o Bem de Toda Santa Igreja.

Seja sincero, verdadeiro e honesto consigo e com Deus, sr. Missionário “ordenado”. Queira Nosso Senhor que um dia o sr. venha ser um Missionário ordenado (sem aspas). Pois só há verdadeira Ordem (Sacramento da Ordem) onde há Sucessão Apostólica (5).

O sr. argumentou, eu repliquei, o sr. treplicou e eu “quadrupliquei”, está de bom tamanho. Afinal de contas, nos propromos a um debate e não um novela, terminamos por aqui.

Espero sinceramente que Deus lhe dê a Graça que lhe impede de aceitar a Verdade que lhe é revelada.

Em Cristo Nosso Senhor,

Prof. Alessandro Lima.

Notas

(1) Charles the Hammer . Apostolado Veritatis Splendor: As Contribuições Católicas para a Bíblia. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/803. Desde 10/2/2003.

(2) José Miguel Arráiz. Apostolado Veritatis Splendor: O Cânon 28 de Calcedônia e a História Alternativa. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/4168. Desde 2/5/2007.

(3) LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé? Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/2412. Desde 24/11/2003.

(4) FLEICHMAN, Dom Lourenço  OSBO Discurso de Bento XVI em Ratisbone. Disponível em http://www.permanencia.org.br/revista/filosofia/ratisbone.htm.

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA BENTO XVI A MÜNCHEN, ALTÖTTING E REGENSBURG. Disponível em http://jacarandas.blogspot.com/2006_09_01_archive.html

(5) LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: A Sagrada Tradição e os Protestantes. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/290. Desde 6/11/2001.

LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: O que é Igreja Apostólica? Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/2302 . Desde 10/11/2003.

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