Talvez falte aos intelectuais e prosélitos da Teologia da Libertação uma certeza: os católicos se defenderão fundamentados nos seus dois mil anos de história (não apenas quarenta).
Falta igualmente, aliás, foi perdido o sentido, para estes intelectuais, sobre a noção sistemática do que é o verdadeiro Magistério, a verdadeira Tradição e a verdadeira Escritura. Fazer uma leitura testamentária que coloque Jesus como um Marx nascido em Belém, e concentrar a salvação na comparação entre Che Guevara e o Rabi Nazareno (sim! Nazaré. O mesmo lugar de onde não poderia vir nada de bom), não conduz aos céus nem mesmo para as portas abertas da sua antecipação que se encontra latentemente presente na Igreja Católica Apostólica Romana.
Será que os intelectuais libertadores, teólogos de formação, se esqueceram de Irineu, Atanásio, Cipriano, Clemente, Eusébio, Basílio, Gregório de Nissa, Gregório Nazianzeno? As razões dos adeptos da TL não são outras do que o ataque frontal e sem piedade ao Corpo Místico que os formaram. No mais, existe uma Tradição herdada pela sucessão apostólica que cada um, com altruísmo, ao se declarar Católico, deve reverenciar como fruto do Evangelho de Cristo, oral ou escrito.
“Depois da ressurreição, diz o Senhor: ‘Apascenta as minhas ovelhas’. Assim o Senhor edifica sobre Pedro a Igreja e lhe confia as suas ovelhas para apascentá-las. Se bem que dê igual poder a todos os Apóstolos, constitui uma só cátedra e dispõe, por sua autoridade, a origem e o motivo da unidade. Por certo os demais Apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro e a unidade da Igreja e da cátedra é assim demonstrada. Todos são pastores mas, como se vê, um só é o rebanho apascentado pelo consenso unânime de todos os Apóstolos. Julga conservar a fé aquele que não conserva esta unidade recomendada por Paulo? Confia estar na Igreja aquele que abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?” (Cipriano, Sobre a Unidade da Igreja, Cap. IV)
Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos (Irineu, Contra as Heresias, Livro III)
Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos.(Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Livro IV)
Professar e aceitar a Teologia da Libertação, com suas construções teóricas de cunho latentemente marxista é um erro grave, pois nega o primado da Cadeira Petrina habitada pelo Sumo Pontífice. Além, é claro, de negar a Fé daqueles que nos precederam como verdadeiros martíres, verdadeiros cristãos, verdadeiros filósofos e verdadeiros Teológos.
§2089 – A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.”
Esperemos sim que se convertam, e que deponham aos pés da verdadeira fé apostólica as suas vidas, e que estes agressores que não podem ser contraditados (porque se forem, logo se consideram perseguidos e invocam os direitos humanos, direitos estes que não pertecem somente ao seu grupo, mas também a qualquer católico apostólico romano), vejam que anunciar uma revolução dentro dos limites das teorias sofismáveis é fácil e singelo. Mas quando, realmente, os teóricos libertadores desta pseudo-teologia são verdadeiramente chamados, pela loucura humana, ao verdadeiro combate corporal, não têm coragem sequer de municiar o trabuco ou de empunhar as baionetas.
Somos igualmente Filhos de Deus, alguns mais atentos, outros nem tanto, mas sob o mesmo Deus seremos igualmente julgados, eis a verdadeira isonomia, esta sim, desarmada.
No mais, Deus abençoe o Papa Bento XVI para que continue usando do seu primado, inclusive intelectual, para retirar definitivamente da Igreja os males humanos, puramente humanos.