Mas eu não vou apenas citar teólogos e santos católicos para que você perceba que esta sua noção de Igreja não era compartilhada nem mesmo por Matinho Lutero, e que a eclesiologia protestante veio, através dos tempos, fragmentando a verdade e o valor que repousa no Corpo de Cristo.
Lutero diz: ?Aquele que quiser encontrar Cristo deve primeiro encontrar a Igreja…? (A fonte está no texto ?Luteranos não são Protestantes, de Dare E. Paul, e está disponível em http://orthodoxlutheran.fws1.com/notprot.html).
Em segundo lugar, se eu estou errado em entender que a Igreja não é somente local de reunião de pessoas, e devo este entendimento às fontes que citei, então você cai em grande contradição. Vou te mostrar:
Você diz que ?Desculpe, mas você está errado?.
Mas logo depois você afirma que ?A Bíblia chama de ?nobre? aquele que examina a Palavra e dela tira suas próprias conclusões.?
Portanto, Carlos, eu não estou errado. Eu sou, segundo o que você mesmo afirmou, ?nobre?, porque eu examinei a Palavra e tirei dela as minhas conclusões. E também não estão errados nenhum dos santos doutores que citei, pois todos também procederam da mesma forma.
Vê o que isto significa?
Um relativismo perigosíssimo para a Igreja, caro Carlos.
Se ?nobre? é todo o que examina a Palavra e tira dela suas própria conclusões, então você cai em contradição, pois quando você diz que os adventistas ?seguem as definições e pontos apresentados por uma única pessoa, não existe na a base exclusiva na palavra de Cristo?, está provando o contrário do que você afirma.
Todos sabem que Ellen White organizou a doutrina adventista, mas ?com base na bíblia?, pois se você prestar atenção os adventistas são sabatistas exatamente pelo apego ?as próprias conclusões? retiradas do quarto mandamento e das demais alusões ao sábado.
Eles, portanto, para você, que disse que ?nobre? é quem examina a Bíblia e tira suas próprias conclusões, por terem examinado a Bíblia e tirado suas próprias conclusões, não são nobres, mas ?seguidores de definições sem base exclusiva na Palavra de Cristo?.
Pelo seu entendimento de ?liberou geral?, ou seja, de ?próprias conclusões? você, sob pena de mais contradições com você mesmo, não pode considerar nada do que escrevemos aqui como errado, pois na pior das hipóteses, são ?conclusões próprias?. Entretanto eu, como não aderente ao livre-exame das Escrituras, digo que é você quem está errado.
Mesmo Lutero, afirmando ser a Bíblia de livre-interpretação, afirmou que ?Aquele que quiser conhecer alguma coisa sobre Cristo não deve confiar em si mesmo nem mesmo erguer uma ponte até o paraíso pela sua própria razão; mas deve ir à Igreja escutar e questioná-la? (cf. fonte anterior).
Os escritos de São Tomás de Kémpis também traduzem semelhante mensagem.
São Pedro coloca que nas cartas de Paulo ?Há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras? (2 Pd 3,16) o que distoa do que você acredita, pois se São Pedro pensasse da mesma forma, a ?conclusão própria? das pessoas não seriam ?deturpadas? e nem estas pessoas consideradas ?espíritos ignorantes?, mas, segundo você mesmo afirma, seriam consideradas ?nobres?, e muito menos conduziria tal ?conclusão? ?à ruína?, mas ?aproximam cada vez mais à Igreja?, como você afirmou.
Há uma grande diferença entre livre-exame e exame-livre das Escrituras. Ninguém é impedido de examinar as escrituras ? exame-livre ? nas ninguém é autorizado a ?tirar delas suas próprias conclusões? ? livre-exame, sem passar pela confirmação do intérprete autorizado, a Igreja, ?coluna e sustentáculo da verdade? (1 Tm 3,15).
E é exatamente no livre-exame que se baseiam as doutrinas protestantes, tendo a Sola Scriptura como ferramenta.
É exatamente este livre-exame das Escrituras que trouxe o mundo moderno ao extremo relativismo em matéria religiosa cristã. Parece, nos dias de hoje, que ?tudo pode?, contanto que gere fortes emoções da parte de quem crê. Como diz São Tomás de Kémpis ?A Imaginação dos lugares e mudanças a muitos tem iludido?.
O movimento renascentista trouxe uma desvalorização do sagrado para superpor a razão e o humanismo. Isto gerou muitos racionalistas que hoje pregam a não-existência de Deus e a exaltação da razão acima de tudo.
Isto influenciou e muito a prática de desvalorização do que a Igreja pratica e ensina, e se infiltrou no meio protestante como que uma base púrica no meio da imensidão do DNA. O gnosticismo protestante em muito contribuiu para a herança desastrosa do repúdio à Igreja enquanto Sacramento, enquanto canal da graça de Deus. Isto está, se não é, no cerne da questão, e portanto não será com e-mails que teremos resolvido este impasse secular.
Você afirma que não tem desconhecimento da doutrina católica (tópico 2), ou, por outro ângulo, você conhece a doutrina católica, ?só não concorda com algumas coisas?. Pois vejamos se realmente você conhece a doutrina católica como diz a partir do exemplo que você me deu.
Você coloca, sobre as imagens católicas, ?Quantas vezes você já viu pela televisão de Padre CCEero fez milagre ? Algum morto tem tal poder ? A não ser Cristo ?- Deus não divide sua glória com ninguém (Is 42.8). Ele é soberano e somente a Ele devemos adorar (Mt 4.10). . A tentativa de comunicação com os mortos é abominação ao Senhor (Is 8.19; Dt 18.10-12). Na parábola do rico e Lázaro, Jesus informa que os mortos nada podem fazer pelos vivos (Lc 16.19-11). No principio, nos primeiros cristãos, eles eram também analfabetos, e em uma quantidade muito maior, e não tinham imagens, o Espírito Santo resolve este problema?.
Não há prova maior, para mim e para os demais deste grupo, que você, de fato, não conhece, nem um fio sequer, a doutrina católica.
Ora, Carlos, você busca fontes para suas pesquisas? Qual seria a fonte de pesquisa da doutrina católica? Não seriam o Catecismo da Igreja Católica e os Documentos oficiais da Santa Sede? Ou você busca a fonte da doutrina católica na rede globo, na casa do vizinho ou no que você entende a partir de suas ?próprias conclusões??
Veja o que a Igreja Católica ensina sobre as imagens, e compare com seu entendimento, e reflita se você não esqueceu da verdade no que você disse:
A Igreja ensina o seguinte.
?A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova ?economia? de imagens.
Antigamente Deus, que não tem nem corpo nem aparência, não podia ser em absoluto representado por uma imagem. Mas agora, que se mostrou na carne e viveu com os homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus (…) com o rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor (São João Damasceno, Imagens, 1, 16)
A iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra iluminam-se mutuamente
Todos os sinais da celebração litúrgica são relativos a Cristo: são-no também as imagens sacras da santa mãe de Deus e dos santos. Significam o Cristo que é glorificado neles. Manifestam a ?nuvem de testemunhas? (Hb 12,1) que continuam a participar da salvação do mundo e às quais estamos unidos, sobretudo na celebração sacramental. Através dos seus ícones, revela-se à nossa fé o homem criado ?à imagem de Deus? (Rm 8, 29) e transfigurando-se ?à sua semelhança? (1 Jo 3, 2), assim como os anjos, também recapitulados por Cristo.
Na trilha da doutrina divinamente inspirada por nossos santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que nela habita, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos. (II Concílio Ecumênico de Nicéia, 787).
A contemplação dos ícones santos, associada à meditação da Palavra de Deus e ao canto do hinos litúrgicos entra em harmonia dos sinais da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima em seguida na vida nova dos fiéis?.
Estes textos são dos parágrafos 1159-1162 do Catecismo da Igreja Católica
Quanto à idolatria:
?A Igreja ensina que o primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige que o homem não acredite em outros deuses afora Deus, que não venere outras divindades (grifo meu) afora a única. A Escritura lembra constantemente esta rejeição de ?ídolos, ouro e prata, obras das mãos dos homens?, os quais ?têm boca e não falam, têm olhos e não vêem…?. Esses ídolos vãos tornam as pessoas vãs: ?os que fazem ficam como eles, todos aqueles que neles confiam? (Sl115, 4-5.8). Deus, pelo contrário, é o Deus ?vivo? (Js 3, 10, etc), que faz viver e intervém na história.
A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos de paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus (grifo meu). Existe idolatria quando o homem honra e venera a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou demônios (grifo meu), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc. ?Não podeis servir a Deus e ao dinheiro? disse Jesus. Numerosos mártires foram mortos por não adorarem ?a besta? (Ap 13-14), recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus, é, portanto, incompatível com a comunhão divina.
O idólatra é aquele que ?refere a qualquer coisa que não seja Deus a sua indestrutível noção de Deus?.? (CCE 2112-2114.)
É este o seu conhecimento da doutrina da Igreja Católica?
Parece que você faltou com a verdade, ou com a sabedoria de humildemente dizer que não conhece.
Não há mal nenhum nisto. Você, como todo bom protestante, tira suas ?próprias conclusões? do que ?acha? que é a prática da veneração de imagens na Igreja Católica e toma isto como subsídio para programar ataques vazios contra esta prática, mas a própria doutrina da Igreja coloca uma barreira a esta mentalidade, ficando os protestantes, como você, a atirar pedras em um espantalho produzido pelas suas próprias fantasias do real.
Pelas ?próprias conclusões?, caro Carlos, tantas pessoas nesta triste história de divisões protestantes, mesmo com suas tão perfeitas e incontestes EBS, livros e etc., se apartaram do que seria o modelo doutrinário, a unidade, preferindo seguir seus próprios ensejos, terminando por criar igrejas que destroem a verdadeira doutrina de Cristo, ainda que para isto utilizem a Palavra de Deus.
Certa vez um santo da Igreja disse que ?O demônio por vezes utiliza a Bíblia para destruí-la mais perfeitamente?.
E sobre estas pessoas diz São Paulo: ?Não se mantêm unidas à Cabeça, da qual todo o corpo, pela união das junturas e articulações, se alimenta e cresce conforme um crescimento disposto por Deus? (Col 2,19).
Você afirma, não sem dúvidas minhas e da natureza inerente destas afirmações, que ?No principio, nos primeiros cristãos, eles eram também analfabetos, e em uma quantidade muito maior, e nao tinham imagens, o Espírito Santo resolve este problema.?
Mas a verdade pretérita é exatamente o oposto, meu caro. Por serem analfabetos é que possuíam imagens. Vide as tantas imagens das catacumbas cristãs de Roma, dos primeiros séculos! E como coloquei anteriormente, reponho no lugar a declaração de São Gregório, que diz: ?tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas não para ser adorado, mas para ser venerado. Uma coisa é adorar imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem a quem se dirigem as tuas preces. O que a escritura é para aqueles que sabem ler, as imagens o são para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daquele que não sabe ler?.
E quanto à sua máxima ?o Espírito Santo resolve o problema?, não encontro em lugar algum esta declaração, ou sua essência, de que se deve atribuir esta resolução atrelada ao uso do livre-exame.
Será que falhou o Espírito Santo com o eunuco de Candace, precisando vir o diácono Felipe em seu socorro, ?resolver o problema? que o ?Espírito Santo? não ?resolveu??
Diz São Lucas: ?Correndo, Felipe a alcançou. Ouvindo que lia a profecia de Isaías, lhe perguntou: Entendes o que estás lendo? Respondeu: Como vou entender, se ninguém me explica?…Felipe tomou a palavra, e, começando por este texto, explicou-lhe a boa notícia de Jesus? (At 8, 30-31.35).
Carlos, onde foi que o Espírito Santo agiu?
No eunuco, para entender por si mesmo a Escritura, ou em Felipe, para servir de intérprete das Escrituras?
Se você ler um pouco antes, no versículo 29, diz que ?O Espírito disse a Felipe: aproxima-te junto à carruagem.?
Ora, Carlos, porque o Espírito dirigiu o diácono Felipe para ?explicar a boa nova? ao eunuco de Candace, se o próprio Espírito ?resolveria o problema? sem necessitar de intérprete algum, ?santos e padres??
Exatamente, Carlos, porque ?deveis sobretudo saber que nenhuma profecia é confiada à interpretação privada? (2 Pd 1,20) e é este o ?problema? que o Espírito Santo quer resolver, o das ?próprias conclusões? que mancham a unidade da Igreja de Cristo. Por isso Pedro exorta ?submetei-vos aos anciãos? (v.5) que, como já coloquei antes, Cristo autoriza a apresentar a mensagem que leva à vida eterna.
Você ainda afirma: ?Meu caro, a igrejas protestantes tem como único objetivo a presença de Cristo, sem santos ou padres para interceder, simplesmente a busca pela face de Cristo, as EBDs, são uma escola, da mesma forma que Cristo foi criado, pois na própria tradição Judaica, como existe hoje em dia ( ela não se alterou uma virgula ), existe o estudo dominical ( no caso dos Judeus, claro, todo Sábado ). Ou seja, existe o estudo da Palavra, a busca por algo maior, em busca do Espírito Santo, sentir a presença do Pai em seus corações, colocar a vida totalmente entregue a Ele, porem nós devemos buscar a palavra, aprender mais sobre Ele, assim como foi Lucas e Paulo, que jamais conheceram a Jesus, buscaram com os apóstolos e nas escrituras Judaicas.?
Contudo eu lhe digo que não é bem assim. E, se de fato você conhecesse a doutrina católica com alude com sua retórica, saberia que os católicos não precisam de ?santos e padres? para buscar a face de Cristo e ter como único objetivo a presença de Cristo. Isto é ignorância do real catolicismo e, quem sabe, uma ilusão produzida pela má fé de quem dela se separou.
Os santos são modelos, e não o original, os padres são sacerdotes, são os responsáveis pelo rebanho, e como São Pedro coloca, ao contrário de você, devemos ser submissos a eles. Não há mal algum em eu ter como exemplo de humildade a São Francisco de Assis, se ele o teve em Cristo e atingiu bom resultado. Com certeza, Deus estaria preocupado se meu exemplo fosse um cantor de Rock satânico, traficantes de drogas, etc, e não São Francisco de Assis.
Para buscar a face de Deus, ver a Deus em sua plenitude, amigo Carlos, não é mister uma EBD, muito menos um estudo bíblico que se baseie em João Calvino, Martinho Lutero, John Knox, John Wesley, Karl Barth, Charles Spurgeon, Ellen White, Aimée MacPherson, Loraine Boetnner, David Miranda ou Edir Macedo. Para obter a salvação, amigo, e você deve saber disto, somente pela Graça de Deus ? ?Sola Gratia? ? e não é um estudo bíblico que necessariamente me a confere.
Estudos bíblicos protestantes, ao longo do tempo, criaram seus próprios ?Francksteins?. Cada qual com suas ?conclusões próprias?. E você não me parece ter a noção disto, crendo que igrejas como a Unicista, que nega que o Deus Cristão é Trino, são ?nobres?.
Grandes sábios e estudiosos da Bíblia são ateus, e por isso nada ?nobres?. Tenho em meus arquivos um extenso debate entre o pastor presbiteriano Henry Fields e o sr. Robert G. Ingersoll, grande filósofo ateu do século 19.
Ele, como poucos, conhece a Bíblia, e daí extrai as mais variadas provas de que ?Deus não existe?.
Parece contraditório, mas é uma contradição fruto de ?estudo bíblico?.
Portanto, como tantos exemplos vemos se espalhando, estudar a Bíblia não é garantia de conhecimento da verdade, sem que esteja este estudo inserido no que é o fundamento da verdade ? a Igreja (1 Tm 3,15).
E mais ainda podemos ver que não é somente sabedoria bíblica que nos torna aptos a ver a Deus, como você pensa, Carlos. São Paulo diz que ?Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! Empenhai-vos em procurar a caridade? (1 Cor 13,1-3; 14,1)
A caridade, o amor, é o tempero fundamental. Podemos ser grandes teólogos, mas a velhinha nossa vizinha pode conhecer mais a Deus do que nós, simplesmente porque ela se ?empenha em procurar a caridade?, enquanto muitos alunos de EBDs se empenham em tirar suas ?próprias conclusões?…
Jesus ?Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!? (Mt 5, 2-9)
Carlos, muitas destas qualidades não se aprende na EBD, na EPA, às vezes nem mesmo dentro da Igreja, mas foram colocadas como Lei Natural no coração do homem por Deus, e mesmo que nunca pisem numa escola bíblica ou tenham condição de abrir uma bíblia, ainda assim serão dignos da Bem-Aventurança (felicidade).
A Igreja é a responsável por isto: ?Ide e pregai o evangelho a toda criatura? (Mc 16,15). Os que recebem e acolhem esta boa nova, e dá frutos, e perseveraram na verdadeira e única fé, receberão a recompensa, e não há nada que aparte a mensagem da boa nova do coração de quem tem uma terra boa e fortaleza do Dom do Espírito, e proteção da Igreja (Mt 16,18b).
Creio, Carlos, que você deva ter uma sinceridade em seu coração. A de conhecer a verdade. Contudo o caminho é estreito e cheio de altos e baixos. O pluralismo de hoje desnorteia quem não possui uma firmeza na fé. Não digo isso a você, pois creio que não seja católico, mas protestante de alguma denominação pentecostal. Vejo muitos que, buscando respostas, encontram o que querem ouvir. E por isso se perdem, sem mesmo saber.
A Igreja de Cristo não é lugar de convivência de anjos, de santos impecáveis ou mesmo de santos glorificados por Deus. É lugar de luta, de combate contra o mal, de ganhos e perdas. A barca de Pedro, pela tempestade que a cercava, corria o risco de afundar, mesmo com seu experiente comandante a bordo. Entretanto havia um marujo que tinha o poder sobre todas as coisas. Ele não deixou que o mal afundasse o barco, antes o salvou da tribulação.
Cristo, em relação à sua Igreja, figura da barca de Pedro, coloca para nós a provação do mal em seu meio. Mas a fé reta e verdadeira nunca afundará, nunca prevalecerão contra ela, mesmo diante dos escândalos, das faltas de humildade mesmo dos seus membros, que não são dignos de sua mensagem. Houveram dezenas de revoltas contra a Igreja, sob os mais variados pretextos, a natureza de Cristo, os méritos do homem, as sacras imagens, as indulgências e tantas outras revoltas contra o mistério do Corpo de Cristo, a Igreja. Entretanto, Ele mesmo prometeu que estaria com ela até o fim dos dias, e se for para a custo chegarmos ao fim da vida nesta tribulação da tempestade, Cristo estará lá para acalmar a tempestade, ?enxugar toda lágrima?, e nos acolher não mais como servos, mas como amigos.
?Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando? (Jo 15,14)
Como diz São Tomás de Kémpis: ?Todo raciocínio e investigação natural deve seguir a fé, não precedê-la ou impugná-la.?
Orem por mim.
Sancta María, Mater Dei, ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostrae.
Amem