Dons de línguas não se fabricam

“Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2,3-4).

Introdução

A Fé católica sempre foi calcada na Tradição, na Escritura e no Magistério da Igreja. Estes pilares transformaram a vida de centenas de gerações de cristãos. De modo especial estes cristãos buscaram nos Sacramentos da Santa Igreja a fonte inesgotável da Graça de Deus. Em nosso tempo esta espiritualidade foi desvirtuada a ponto de se ensinar a fabricar dons do Espírito Santo.

Dom e Graça

Graça é um favor gratuito de Deus. Deus concede Sua Graça aos seus filhos não por merecimento destes, pois não merecemos nem o Amor Dele, mas porque Ele que é nosso Pai nos ama até o ciúme (cf. Ez 38,19).

Por Graça Deus nos presenteia, e nos santifica. Isto é o Dom. Dom é um presente que Deus nos dá por meio de Sua Graça infinitamente amorosa. Dons não se fabricam.

Grupos Carismáticos ensinam fiéis a fabricar Dons de Línguas

Em At 2,3-4, a Escritura Sagrada dá testemunho de que é por meio do Espírito Santo que Deus concede o Dom de Línguas.

S. Paulo ensina isso aos coríntios: “Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito” (1Cor 14,2).

Mas, muitos grupos carismáticos têm ensinado os fiéis a falar em línguas! Isto é um claro absurdo, pois se o Dom vem do Espírito Santo não pode ser ensinado e nem fabricado.

Um amigo que freqüentou por muito tempo reuniões carismáticas, disse-me que certa vez quando participava de uma destas reuniões, estava meio desconcertado, pois não fala em línguas. Então um líder do grupo que estava ao seu lado disse-lhe “me remeda aí”.

É mole ou querem mais?

Mais triste que isso é ver sacerdotes, homens consagrados ao Serviço de Deus, utilizarem veículos de comunicação em massa para ensinar fiéis católicos a fabricar dons de línguas. Por mais louváveis que sejam suas intenções, acabam conduzindo os fiéis ao erro.

Que espírito realmente inspira estas distorções?

Digo com toda segurança que o espírito que inspira tais monstruosidades não é o Espírito Santo. É o espírito humano, orientado, ou melhor, desorientado por uma falsa espiritualidade.

A verdadeira espiritualidade é católica e esta é como o ponteiro da bússola que sempre aponta para o norte da Tradição, da Escritura e do Magistério da Igreja. Ela se confirma nesta direção através da Graça dispensada pelos Sacramentos da Igreja e de uma vida cristã autêntica.

Foi através desta verdadeira espiritualidade que a Santa Igreja Católica deu ao mundo o testemunho de centenas de gerações de Santos. O ponteiro da bússola deles nunca esteve apontado para o misticismo das seitas ou das falsas religiões. Ao contrário, esteve firme na Doutrina Tradicional da Santa Igreja, verdadeiro tesouro que enriquece e ilumina a inteligência do homem.

Quando este ponteiro aponta para outro lugar, desorienta quem está de posse da bússola. Pois confiando no seu apontamento, acaba por conduzir-se por uma direção que não o levará ao destino querido por Deus, o Céu.

Conclusão

Bússola que desorienta os fiéis, isto é, cujo ponteiro da espiritualidade não aponta para o Norte da Doutrina Tradicional da Santa Igreja, não é católica. É uma falsa bússola, pois não atende ao fim para o qual foi designada: orientar. Orientar vem de oriente, apontar para o oriente, para onde nasce o Sol. Somente a Doutrina Tradicional da Igreja apresenta a Verdadeira Luz que é Cristo Jesus.

Rogo à Santa Maria Auxiliadora para que ajude seus filhos a descobrir que o Verdadeiro tesouro espiritual está na Tradição e que os verdadeiros dons vêm do Espírito Santo através dos Sacramentos. As vidas das dezenas de milhares de Santos da Igreja dão testemunho disto com toda certeza.

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