Dúvida do leitor: em que sentido maria “coabitou” com josé?

Nome do leitor: Adriano
Cidade/UF: São Jose dos Campos SP
Religião: Católica

Mensagem
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A Bíblia diz que José “coabitou” com Maria, o que quer dizer “relação intima”. Como explicar isso já que acredito que Maria permaneceu virgem?

Caro Adriano!

Na Bíblia em (Mateus 1,25), o que está escrito é: “E José não a conheceu até que ela deu à luz..” Muitos concluem que a conheceu depois.

Isto é uma falsa acusação dos protestantes. Parece desconhecerem que a expressão “até que” é, na Bíblia, um hebrismo que significa “Sem que”, invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria “deu á
luz sem que José A tivesse conhecido”, e nada mais.

São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um: “O coração do justo está firme e não temerá “até que” veja confundidos os seus inimigos” (Salmos 111,8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido é: “os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema”. Assim S. Mateus quis apenas afirmar que “Maria concebeu sem participação de José”. Conferir na Bíblia outros casos desse modo de falar: (Sabedoria 10,14) (Salmos 56,2 71,7; 109,1) (Hebreus 1,13) (2 Samuel 6,23)

Uma outra falsa acusação dos protestantes é tirada de (Mateus 1,18) onde se lê que Maria concebeu do Espírito Santo “antes que coabitassem”. E eles concluem erradamente que conheceu depois. Isso porque eles não se importam com o contexto literário e histórico da Bíblia. E tomam, no caso, “coabitar” no sentido de relação carnal, quando, pelo contexto, e pelo modo como os judeus se casavam, só cabe o sentido de “morar juntos”.

De fato, o casamento dos judeus era feito em duas etapas: a 1ª se realizava na casa dos pais da moça em cerimônia simples. Marcavam-se então as núpcias festivas – era a segunda etapa – na qual a esposa era levada para a casa do esposo. Era esta a coabitação (morar juntos), de que fala o evangelista no citado texto. Foi entre essas duas cerimônias que se deu o mistério da Encarnação.

Gerando o Filho de Deus por obra do Espírito Santo, Maria permaneceu virgem antes, durante e depois do parto. Jesus Cristo nasceu sem ferir sequer de leve a integridade virginal de sua Mãe, do mesmo modo como, mais tarde, Ele entrou na casa em que se encontravam seus discípulos, embora estivessem fechadas as portas ( Jo 20,19). Jesus é Deus e para Ele nada é impossível (Lc 1,37).

Agora vejamos o que fala a Sagrada Tradição Cristã sobre a virgindade de Maria:

“Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre” (Santo Agostinho, sermão, 186, 1: Pl 38, 999).

“Se a dignidade de ser Mãe de Deus supôs a virgindade antes e no parto, essa mesma dignidade segue existindo depois do parto” (São Tomás de Aquino, S. Th. III, q. 28, a.3).

“O Príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus” (Santo Inácio de Antioquia, Ad. Eph. 19, 1: SC 10 bis, 74 [Funk 1, 228]; cf. 1 Cor 2, 8 ).

“Houve quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (…) que é mestra da virgindade, (…) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus resolvesse andar as voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal”. (Santo Ambrósio, De Inst. Virg. I, 3).

“O matrimônio é monogâmico. Ora, se Maria tivesse relação com José ela poderia ter tido filhos. E se ela tivesse filhos, como falam os protestantes, isso seria uma aberração, semelhante ao adultério. Esposa do Divino Espírito Santo uma vez, Maria devia se conservar sua esposa fiel sempre.

José, ele mesmo, aceitou que Maria era virgem, de modo que de um casamento virgem nasceu um filho virgem. Porque se, como um homem santo, ele não se apresentou com a acusação de fornicação, e não teve outra esposa, mas foi o guardião de Maria, aquela que foi tida por sua esposa, mas não ele por seu marido; a conclusão é que aquele que foi julgado digno de ser chamado pai do Senhor, permaneceu casto.” (São Jerônimo, Da Virgindade Perpétua de Maria, Cap. 21, 383 d.C.)

Para outras informações sobre essa mesma questão, recomendo a leitura dos artigos abaixo, todos publicados em nosso site:

Sugiro também a leitura desses artigos sobre a virgindade perpétua da Santíssima Virgem Maria, também publicados no Veritatis Splendor:

Caríssimo Adriano! Espero ter ajudado. Fique à vontade para nos escrever sempre que desejar, mas pedimos que sempre consulte antes o nosso Índice Temático, pois é possível que sua dúvida já tenha sido solucionada em artigos e/ou respostas a leitores já publicadas em nosso site.

Ficam aqui os meus agradecimentos e o meu grande abraço,

Jaime Francisco de Moura

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