Nos Evangelhos Jesus diz que a porta é estreita, que muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos, que quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Eu interpreto nesta ultima sua afirmação que mesmo aqueles tenham sido batizados, mas que não crêem também serão condenados. Assim sendo, tem que se admitir que proporcialmente apenas uma minoria de toda a humanidade desde a criação até o presente conseguiram a salvação eterna. A vida eterna é a integração da criatura com o seu Criador. Deus é perfeito, e para haver essa integração é urgente que a criatura também tenha conseguido a perfeição nesta vida, ou se purificado no purgatório. Deus é infinitamente misericordioso, mas também é infinitamente justo. Aqueles que durante toda a sua vida nunca se preocuparam com a salvação das suas almas até o seu último momento – isto existe aos milhões – serão surpreendentemente salvos? (José Carlos)
Caro José Carlos,
Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja conosco!
Ficamos gratos pelo seu contato e confiança em nosso apostolado, ao tempo em que pedimos suas orações por nós.
Realmente Jesus nos ensina que estreita é a porta que leva à salvação: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. (cf. Mt 7,13). E fala explicitamente da necessidade do Batismo: Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. (Jo 3,5).
Detalhadamente explica o Catecismo da Igreja:
§ 1257 O Senhor mesmo afirma que o Batismo é necessário para a salvação. Também ordenou a seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas a nações. O Batismo é necessário, para a salvação, para aqueles aos quais o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento. A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir a entrada na bem-aventurança eterna; é por isso que cuida de não negligenciar a missão que recebeu do Senhor, de fazer renascer da água e do Espírito todos aqueles que podeis ser batizados. Deus vinculou a salvação ao sacramento do Batismo, mas ele mesmo não está vinculado a seus sacramentos.
§ 1258 Desde sempre, a Igreja mantém a firme convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, sem terem recebido o Batismo, são batizadas por sua morte por e com Cristo. Este Batismo de sangue, como o desejo do Batismo, acarreta os frutos do Batismo, sem ser sacramento.
§ 1259 Para os catecúmenos que morrem antes de seu Batismo, seu desejo explícito de recebê-lo, juntamente com o arrependimento de seus pecados e a caridade, garante-lhes a salvação que não puderam receber pelo sacramento.
Nestes parágrafos 1257 1259 do Catecismo, a Igreja ensina sobre a necessidade do Batismo para a salvação, mas demonstra também, aqueles que morreram em razão da fé sem serem batizados, (cf. § 1258) ou que morreram com o desejo explícito de recebê-lo (cf. § 1259) garantem a sua salvação pela graça de Deus, pois Deus vinculou a salvação ao sacramento do Batismo, mas ele mesmo não está vinculado a seus sacramentos. (cf. § 1257.
Sobre os que morreram sem serem evangelizados e batizados, ensina o Catecismo:
§ 1260 Sendo que Cristo morreu por todos e que a vocação última do homem é realmente uma só, a saber, divina, devemos sustentar que o Espírito Santo oferece a todos, sob forma que só Deus conhece, a possibilidade de se associarem ao Mistério Pascal. Todo homem que, desconhecendo o Evangelho de Cristo e sua Igreja, procura a verdade e pratica a vontade de Deus segundo seu conhecimento dela pode ser salvo. Pode-se supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o Batismo se tivessem tido conhecimento da necessidade dele.
Em todos os casos explicitados acima, nota-se a necessidade de viver a fé (ou a vontade de Deus), portanto, dificilmente poderá se salvar, alguém que apesar de ter sido batizado, não assuma a sua fé, e persevere na vida da graça.
Chamado à felicidade, mas ferido pelo pecado, o homem tem necessidade da salvação de Deus. O socorro divino lhe é dado, em Cristo, pela lei que o dirige e na graça que o sustenta: Trabalhai para vossa salvação com temor e tremor, pois é Deus quem, segundo a sua vontade, realiza em vós o querer e o fazer (Fl 2,12-13). [cf. § 1949 do CIC)
Quanto à proporção ou porcentagem da população que vai se salvar ou não, não nos cabe julgar, cabe-nos evangelizar, levando o evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15).
Esperando tê-lo ajudado.
In caritate Christi,
Leandro.
- Fonte: Veritatis Splendor