Em que parte da Bíblia se fala sobre o dízimo? (Andreia)
Prezada irmã Andreia Ana,
A paz de nosso Senhor Jesus Cristo!
Agradecemos pela confiança em nos escrever.
Com relação à sua pergunta, a palavra “dízimo” (bem como o seu plural) aparece na Bíblia Sagrada nas passagens abaixo listadas:
Antigo Testamento
Gn 14,20
Gn 28,22
Lv 27,30-21
Nm 18,21-32
Dt 12,6-17
Dt 14,22-28
Dt 26,12
1Sm 8,15-17
2Cr 31,5-12
Ne 10,38-39
Ne 12,44
Ne 13,5-12
Tb 1,6-7
1Mc 3,49
1Mc 10,31
1Mc 11,35
Eclo 35,11
Am 4,4
Ml 3,8-10
Novo Testamento
Mt 23,23
Lc 11,42
Lc 18,12
Hb 7,2-9
Não obstante, como católica a irmã deve saber que a nossa fé não está baseada exclusivamente na Bíblia, mas também na Tradição e no Magistério. Isso significa que nós, católicos, não devemos e nem podemos ler a Bíblia e interpretá-la sem levar em consideração a autoridade da Igreja. Se nosso Senhor Jesus Cristo quisesse que cada um lesse a Bìblia e a interpretasse como bem lhe parecesse, não teria escolhido doze Apóstolos e lhes dado autoridade sobre a Igreja (e o Magistério é constituído pelos legítimos sucessores dos Apóstolos). A pretensão de ler e interpretar a Escritura Sagrada desconsiderando-se o ensino da Igreja só produz subjetivismo, relativismo e confusão, Tem-se então uma espécie de religião “self-service”, onde cada um escolhe o que lhe agrada e põe de lado o que não lhe agrada. Infelizmente, temos visto muitos católicos no Brasil que agem dessa forma: “eu sou católico mas sou a favor da camisinha”, “eu sou católico mas sou a favor da legalização do aborto”, “eu sou católico mas acredito na reencarnação”, e por aí vai. Muitos parecem ter se esquecido de que ser católico significa confiar na Igreja e obedecer aos seus ensinamentos, e para obedecer aos ensinamentos da Igreja nós precisamos conhecê-los. O católico não pode seguir o que ele “acha” que é certo, antes deve procurar conhecer aquilo que a Igreja ensina e então obedecer.
No que concerne ao assunto da mensagem a nós enviada, é necessário observar o que diz o Catecismo da Igreja Católica:
“Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja.” (n. 2043)
Também o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, organizado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger e promulgado por Sua Santidade o Papa Bento XVI, estabelece como 5º mandamento da Igreja o seguinte: “atender às necessidades materiais da Igreja, cada qual segundo as próprias possibilidades” (n. 432).
E finalmente, o Código de Direito Canônico determina:
“Cân. 222 § 1. Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras do apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros.
§ 2. Têm também a obrigação de promover a justiça social e, lembrados do preceito do Senhor, socorrer os pobres com as próprias rendas.”
“Cân. 1261 § 1. Os fiéis são livres de doar bens temporais em favor da Igreja.
§ 2. O Bispo diocesano deve lembrar aos fiéis a obrigação mencionada no cân. 222, § 1, e exigir seu cumprimento de modo oportuno.”
“Cân. 1262 Os fiéis concorram para as necessidades da Igreja com as contribuições que lhes forem solicitadas e segundo as normas fixadas pela Conferência dos Bispos.”
Com relação aos cânones acima, veja o comentário do Pe. Jesús Hortal, SJ: “O modo concreto de cumpri-lo varia, conforme os tempos e os lugares. No Brasil, generaliza-se, cada vez mais, o ‘dízimo’, que na realidade é uma contribuição mensal para a paróquia, determinada voluntariamente pelos próprios fiéis.” (cf. Código de Direito Canônico. São Paulo: Loyola. 16ª ed., 2005, p. 556.).
Veja que o Catecismo, o Compêndio e o Código de Direito Canônico sequer mencionam a palavra “dízimo”, nem fazem qualquer referência ao sentido literal da palavra (“a décima parte”). Podemos dizer que dar o dízimo era uma ordenança da Lei Antiga (compare o número de referências ao dízimo no Antigo Testamento com o número de referências no Novo Testamento), a ser observada pelos judeus. Com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e o advento da Nova Lei, o dízimo deixou de ser um mandamento para o povo de Deus.
Para outras informações, sugiro a leitura do artigo “Uma Interessante Discussão sobre o Dízimo Protestante”, disponível aqui em nosso site (https://www.veritatis.com.br/article/437).
Finalmente, irmã, não se deixe atemorizar por eventuais “ameaças” vindas de protestantes, ou de católicos “protestantizados” (há quem diga que “quem não dá o dízimo está roubando a Deus”!). Não é esse o ensinamento da Igreja. Sigamos o que a Igreja nos ensina!
No amor de nosso Senhor Jesus Cristo,
- Fonte: Veritatis Splendor