“É Suficiente ser Católico?”: refutação a um folheto protestante

INTRODUÇÃO GERAL

“É Suficiente ser Católico?” é mais um daqueles folhetos importados, de autor desconhecido do público brasileiro, mas com profundos traços da teologia protestante norte-americana, traduzido e publicado por uma entidade que se denomina “Aconselhamento Bíblico”, estabelecida na cidade de Porto Alegre/RS.

Pelas características do folheto (impresso em uma cor, formato de 10,5 x 15,0 cm, endereço e produtos oferecidos: curso bíblico, amostra de publicações, etc…), posso afirmar, com altíssimo grau de precisão, que o folheto pertence à mesma família dos folhetos publicados por Wim Malgo (ex.: “Existe alguma relação entre o jogo de cartas e a Vida Eterna?”, “A Nova Era e a velha mentira”, etc.). Não sei a que se deve a mudança do nome e prefiro também não cogitar…

O folheto em questão é totalmente impresso em lilás, trazendo na capa a imagem de uma procissão católica dentro de um floresta: à frente, um leigo carrega uma grande cruz com a imagem do Cristo crucificado; atrás dele vê-se alguém usando estola (como se fosse um padre), embora não esteja utilizando outras vestes litúrgicas como a túnica ou a casula; imediatamente atrás, um grupo de aproximadamente quinze pessoas (todas mulheres!) segue os dois primeiros. A julgar pelo título do folheto, provavelmente essa imagem tenha o significado de que não adianta seguir a religião católica (procissão) pois ela não leva a lugar algum (floresta).

O autor do artigo, muito embora afirme que não pretende “atacar a religião de ninguém nem mencionar a diferença entre católicos e evangélicos”, na verdade ataca a fé católica e tenta promover a teologia protestante. É um dos lobos devoradores, que usa pele de cordeiro para poder atacar e enganar os incautos (cf. Mt 7,15; 13,22-23). Talvez isso não fique tão claro para o leitor que não tem grande conhecimento bíblico ou doutrinário, já que o autor usa de artifícios para propagar sua falsa doutrina e minar a fé católica. Por isso é necessário estar muito atento e saber ler as entrelinhas.

Neste artigo, composto por nove breves parágrafos, são utilizadas somente três passagens bíblicas, todas elas muito bem conhecidas pelos missionários protestantes e sempre empregadas fora do contexto original. Logo, trata-se de um artigo parcial e vicioso, ao contrário do que o autor afirma no início. Mas a surpresa está no final, justamente após o encerramento do artigo: é oferecido, a um preço bem popular e acessível, um livro de 88 páginas com o título “Os Fatos sobre o Catolicismo Romano” e um subtítulo bem inocente: “O que a Igreja Católica Romana realmente crê?”. Portanto, o artigo serve como um início de trabalho (proselitismo), que será completado com a posterior leitura do livro oferecido.

Para quem não estiver acreditando, apresento, a seguir, a minha análise com relação ao artigo. Reproduzo integralmente o artigo publicado do Schubert, sem acrescentar nem retirar uma única palavra (inclusive os erros gramaticais foram mantidos). O texto original do artigo será apresentado na cor preta; a minha explicação estará na cor azul, após cada parágrafo. Cada parágrafo está subdividido em até quatro itens, para facilitar a explicação. A explicação está totalmente baseada na Bíblia (os versículos de apoio são extensamente citados), não tendo sido necessário recorrer ao uso de outras fontes como a Tradição e o Magistério da Igreja, tão simples que é a refutação do texto. Leia com bastante atenção e comprove a qual é a verdadeira intenção do autor de “É suficiente ser Católico?”

O TÍTULO DO FOLHETO

Quanto ao Público Alvo: “É suficiente ser Católico?” são as únicas palavras que aparecem na capa, escritas em letras suficientemente grandes para serem enxergadas sem a mínima dificuldade, mesmo que o leitor possua problemas mais sérios de visão (exceto cegueira completa!). Observe que o título é bem específico quanto ao público alvo: católicos. Dessa forma, o autor tenta chamar a atenção para o conteúdo interno do folheto, isto é, para o seu artigo. É interessante notar que no primeiro e terceiro parágrafos de seu artigo (veja na próxima seção) Schubert inclui outras religiões: budistas, muçulmanos e até mesmo evangélicos. Mas, na verdade, ele quer e se dirige aos católicos, pois quem for budista, muçulmano ou evangélico e receber na rua um folheto entitulado “É suficiente ser Católico?”, dificilmente perderá seu tempo lendo o folheto já que este não lhe é explicitamente dirigido, não lhe despertando o interesse (da mesma forma como muitíssimas pessoas não perdem tempo lendo as letras miúdas de um contrato). Mas mesmo que parassem para ler, os budistas e muçulmanos não se incomodariam com o conteúdo do artigo, já que não aceitam a autoridade da Bíblia; quanto aos evangélicos, o conteúdo do artigo concorda com o que costumam a pregar e, assim, continuariam a acreditar naquilo que já crêem. Portanto, os únicos que poderiam ser atingidos pelo conteúdo do folheto seriam os católicos.

A Resposta à Pergunta: Quando o autor pergunta se “é suficiente ser Católico?”, ele já espera a resposta negativa do leitor. Isso porque ele enxerga a identificação de católico, evangélico, budista, etc. como simples rótulo, subproduto da religião. De fato, não basta ter o rótulo de Católico para garantir a salvação eterna. Aliás, não basta a pessoa se declarar seguidora de certa religião, seja ela qual for, seja evangélica, ortodoxa ou outra qualquer. Nenhum cristão de sã consciência afirma que sua religião é a salvação; quanto a isto, o próprio Jesus foi bem claro: “nem todo aquele que diz: ‘Senhor, Senhor’ herdará o reino de Deus” (Mt 7,21). Logo, para ser salvo, é necessário ser cristão ou ter suas características, isto é, a essência cristã. Mas o que é ser cristão? Ser cristão não é somente crer em Jesus Cristo – como pregam os protestantes – mas é também viver como Cristo viveu e praticar aquilo que Cristo praticou e ensinou. Isto é ser cristão! (cf. Jo 8,31; 13,35). Com esse pensamento em mente, poderíamos perguntar: é suficiente ser cristão? A resposta é afirmativa: sim, é suficiente ser cristão (caso contrário, do que adiantaria crer em Jesus Cristo?). E se esse cristão for católico, é suficiente ser católico? A resposta também seria afirmativa! Observe a diferença: o que é o suficiente é a essência e não o rótulo. Se a palavra católico for empregada em seu verdadeiro sentido, ou seja, como sinônima do também verdadeiro sentido de cristão, logo haverá suficiência. É por isso que a Igreja Católica, apesar de ser a única Igreja fundada por Cristo, admite que a salvação pode ser possível a pessoas que não estão diretamente ligadas a ela, desde que tenham as mesmas características cristãs.

A Malícia da Pergunta: Como dissemos, a pergunta “é suficiente ser Católico?” encerra uma malícia devido ao publico-alvo a quem o artigo se dirige. Admitindo-se que todo cristão (no sentido real da palavra) obterá a salvação, a pergunta que o autor deveria fazer é: “basta ter uma religião?” ou “é suficiente somente a sua fé ou as suas obras?”. Mas como, na verdade, o autor está interessado em propagar suas falsas doutrinas e converter os católicos para a sua fé, ele prefere perguntar se basta ser católico e enganar os incautos. Nada, nada, conseguindo a conversão do leitor, haverá mais um ajudando a propagar o erro e combater a Verdade!

1º PARÁGRAFO

(1) “A pergunta também poderia ser: é suficiente ser evangélico? (2) Com este folheto, não quero atacar a religião de ninguém nem mencionar as diferenças entre católicos e evangélicos. (3) Não é esse meu objetivo. (4) Somente quero chamar a atenção para um erro muito comum, que me comove e entristece.”

1. Note como aqui o autor finge que não está preocupado somente com os católicos. Ele admite que a pergunta também pode ser dirigida aos evangélicos. Logo os evangélicos também não podem cantar que estão salvos! Como veremos mais abaixo, Cristo garantiu a salvação para todo o gênero humano, desde que o homem seja um autêntico cristão. Mas pergunte a um evangélico: “você está salvo?” e ele responderá afirmativamente, como se já estivesse salvo, como se o futuro pudesse se antecipar para o presente. Mas a salvação (evento futuro) depende de duas coisas (eventos que se realizaram no passado, realizam-se no presente e deverão, no futuro, continuar a ser realizadas até o fim): fé e obras. Sendo cristãos, cremos na pessoa e na palavra de Cristo (fé) e o seguimos fazendo tudo aquilo que ele nos ordenou (obras).

2. Tendo o autor admitido que também não basta ser evangélico (apenas para poder se aproximar mais, demonstrando uma certa simpatia pelo leitor católico), neste ponto também promete que: (a) não atacará a religião de ninguém; (b) não mencionará as diferenças entre católicos e protestantes. Existem meias verdades em suas promessas: para o item (a), ele não mencionará explicitamente a religião católica, nem as outras, mas em contra partida, apresentará a teologia protestante, que vai na contra mão da fé católica. Trata-se, portanto, de um ataque disfarçado, indireto; já para o item (b), o autor realmente não explica as diferenças entre o catolicismo e o protestantismo, contudo, ao final do artigo, indicará um livro (chamado “Os Fatos sobre o Catolicismo Romano”) que se encarregará de apresentar, sob a ótica protestante (é claro!), as diferenças entre o catolicismo e o protestantismo. Perceba como Schubert, autor do artigo, tenta introduzi-lo no protestantismo sem mostrar suas reais intenções.

3. Como vimos, o autor tem razão ao afirmar que seu objetivo não é atacar religião ou mencionar diferenças. Seu objetivo mesmo é o proselitismo, é carregá-lo para uma comunidade protestante qualquer (já que existem milhares!) e afastá-lo da fé católica. Isso faz-nos lembrar o Livro de Jó, que nos mostra Satanás tentando Jó com o único objetivo de afastá-lo de Deus (cf. Jó 1,12; 2,7).

4. Trata-se de uma mera desculpa para poder introduzi-lo na doutrina protestante, a partir do segundo parágrafo. Será através dessa “inocente” desculpa que o autor começará a espalhar seus erros ao leitor do folheto.

2º PARÁGRAFO

(1) “Quando ofereço literatura cristã, ou mesmo a Bíblia, às vezes, me dizem: “Obrigado, sou católico”. (2) É como se quisessem dizer: “Como sou católico, não necessito de nada, sou batizado, vou à igreja, tudo está bem”.”

1. O autor diz que fica triste quando oferece alguma literatura cristã e a pessoa recusa a recebê-la porque se diz “católica”. Ele está tentando dizer que toda literatura cristã – livros, folhetos e Bíblia – é sadia, o que não é verdade, porque muito dessas literaturas trazem grandes atentados contra a fé cristã. Até mesmo algumas Bíblias são desfiguradas pelos membros dessas seitas que se julgam cristãs; um bom exemplo é a “Tradução do Novo Mundo das Escrituras”, feita pelos Testemunhas de Jeová… é uma Bíblia adulterada, com centenas de passagens adulteradas para satisfazer os ensinamentos desta seita! E quando você recebe uma Bíblia protestante (exceto quando esta contém apenas o Novo Testamento ou apresenta o texto de um único livro), na verdade você estará recebendo uma Bíblia mutilada, já que ela não contém sete livros do Antigo Testamento (1Macabeus, 2Macabeus, Judite, Tobias, Eclesiástico, Sabedoria e Baruc), além de várias passagens de Ester e Daniel, simplesmente porque estes livros mencionam alguns fatos que são contrários a certas doutrinas protestantes1. Agora, se adulteram a Palavra de Deus, imaginem o que não fazem em seus livros e folhetos! É por isso que muitos católicos, que crêem em sua Igreja, não se interessam pela literatura oferecida ou recomendada pelos protestantes, a menos que possua uma crise de identidade ou esteja querendo se aprofundar na verdadeira fé (a católica!) através dos erros protestantes. Tente fazer o processo inverso, ou seja, ofereça a eles alguma literatura publicada por editoras católicas: eles também não aceitarão e, se aceitarem, certamente não perderão tempo lendo-a!

2. A conclusão é do autor! Não foi nenhum católico que falou: “não necessito de nada”, etc. Schubert está querendo confundir a cabeça do leitor, desviando a atenção do fundamental. Toda pessoa, católica ou não, que tem consciência da salvação sabe que necessita de Cristo. É por isso que costumamos a proclamar durante a missa: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”. Sem Cristo, nada somos, nada temos. (cf. Rm 5,8; 8,16-17; 8,34; 1Cor 4,4; Ef 2,12). O fato de ser batizado ou ir à Igreja somente tem valor quando a pessoa é cristã. Pergunto: o que adianta ser batizado ou ir à Igreja todos os dias, isto é, assumir publicamente sua vida cristã mas ainda continuar sendo uma pessoa maldosa, que não pratica o que prega? Nada! Pode ser o que for, mas não herdará a vida eterna! Essa é a verdade! (cf. Lc 20,21).

3º PARÁGRAFO

(1) “Não me interessa saber se alguém é católico ou evangélico, budista ou muçulmano. (2) A Deus também não interessa, nem agora e muito menos no juízo final. (3) O que me interessa realmente é perguntar se alguém é “nascido de novo”, se tem perdão dos seus pecados; se já se arrependeu; se a paz de Deus foi derramada em seu coração; se abandonou sua “velha” vida cheia de pecados e imundícia; se goza da certeza da salvação e tem o selo do Espírito Santo; e se desfruta da doce comunhão espiritual com Jesus Cristo.”

1. O autor realmente não tem interesse em saber, neste momento, quem está lendo porque julga, com excelente probabilidade de acerto, que trata-se de um católico, como vimos no primeiro parágrafo. O fato de citar nominalmente os crentes evangélicos, budistas e muçulmanos é simples artifício para parecer ao católico de que o artigo não está sendo dirigido somente a ele. Não se deixe enganar!

2. Temos uma outra meia verdade aqui. Como vimos, o simples rótulo ou aparência não basta! Todo católico tem que ser cristão no sentido verdadeiro do termo, ou seja, confiar em Jesus e praticar sua Palavra. Se todo católico for cristão como a Igreja ensina, todos serão salvos. O próprio Jesus afirmou que quem escuta a Igreja, a Ele escuta (cf. Lc 10,16). O mesmo não se pode falar de todos os evangélicos porque a grande maioria apenas crê em Jesus, mas não praticam a Palavra do Senhor. Logo, serão rejeitados porque Jesus foi bem claro ao afirmar que “o que deixastes de fazer a um destes pequeninos foi a mim que deixastes de fazer” (Mt 25,45) e completou: “afastai-vos de mim, malditos” (Mt 25,41). Quem não coloca em prática a palavra de Jesus, será arruinado (cf. Lc 6,49; 11,28).

3. É a partir deste ponto que Schubert começa a introduzir o católico ao equivocado modo de pensar do protestantismo. Vamos analisar esta parte de forma mais detalhada:

(a) quando o autor fala se alguém é “nascido de novo”, na verdade ele estará se referindo ao convertido, da pessoa que deixou de ser católica e passou a ser protestante;

(b) ao perguntar se alguém tem o perdão de seus pecados, ele estará falando sobre o conceito protestante de confissão, que não precisa da figura de um sacerdote, bastando que a pessoa se confesse diretamente a Deus. No entanto, ele não menciona que Jesus – como Deus que era – concedeu aos homens (não a todos, mas aos apóstolos, que eram pessoas preparadas para o exercício espiritual) o poder de perdoar os pecados (cf. Mt 9,8; 16,19; 18,18);

(c) quando pergunta se o leitor já se arrependeu, novamente estará citando a conversão para a fé protestante;

(d) ao indagar se a paz de Deus foi derramada em seu coração, estará dando a falsa noção de que todo crente é feliz e não passa por dificuldades (é interessante observar que todo crente com problemas ou é fraco de fé ou está sendo tentado por Satanás – isto segundo a visão protestante!);

(e) quando quer saber se o leitor abandonou sua velha vida, novamente estará chamando a atenção para a conversão2 protestante;

(f) ao querer saber se o leitor goza da certeza da salvação, se tem o selo do Espírito Santo e possui comunhão espiritual com Jesus, voltará a dar a falsa noção de que todos os evangélicos possuem essas características.

É importante declararmos que toda a humanidade tem a garantia da salvação porque Cristo veio a este mundo justamente para isso: para nos salvar! Mas então todos se salvarão? Não! Para isso, temos que nos afastar dos falsos caminhos, sendo um destes o caminho que o autor está querendo apresentar. Com todas estas palavras, na verdade ele está querendo falar exatamente isto: “Abandone a fé católica e converta-se ao protestantismo! Lá você terá acesso pessoal a Deus: poderá se confessar diretamente a Ele e Ele te justificará, te dará a certeza da salvação, sem necessidade de praticar o amor, a caridade, as boas obras. E você ainda terá tudo aquilo que sempre desejou: a paz interior e a felicidade (em todos os sentidos) já aqui nesta vida”. Se você ler a Bíblia com atenção, verá que todas estas promessas são falsas! (cf. Mt 5,16; 9,8; 10,38; 16,27; Mc 10,29-30; Lc 10,16; 1Tm 3,15). Chega a ser engraçado como Schubert constantemente cai em contradição consigo mesmo ou com a Bíblia; mas esta não será sua única contradição! Ainda existem outras…

4º PARÁGRAFO

(1) “Essas são as perguntas que me interessa fazer a cada ser humano, sem distinção de raça ou credo. (2) O cristianismo não é um verniz que se aplica por fora. (3) Não é por meio do batismo, sacramentos, cerimônias, penitências ou boas obras que o homem é salvo, pois a Bíblia diz: (4)”Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).”

1. Outra meia verdade: para o autor não interessa a raça do leitor, mas quanto ao credo ele já sabe que o leitor é católico. Fala isso, astuciosamente, apenas para parecer que não está discriminando os católicos.

2. Eis um ponto de concórdia! Realmente o cristianismo não é um verniz que se aplica por fora! Como vimos, o verdadeiro cristão crê em Jesus e pratica seus mandamentos. São elos intimamente ligados e inseparáveis.

3. Mais uma vez o autor se desvia do caminho da Vida e da Verdade. Quem salva é Cristo (At 4,12), mas para isso é necessário algo muito importante: o compromisso (cf. Mt 10,32; Jo 13,35). Por isso que somente crer em Jesus não garante a salvação! Jesus falou que seus discípulos são a luz do mundo e o sal da terra! (cf. Mt 5,13-14). Disse também que ninguém coloca uma vela escondida debaixo de alguma coisa, mas no ponto mais alto, para que possa iluminar toda a casa! (Mt 5,15). Assim, Jesus ensina que todo cristão possui um compromisso, não só com Ele, mas também com o mundo e a sociedade em que vive! Declara isso claramente ao resumir o Decálogo do Antigo Testamento em apenas “Ame a Deus e ao próximo como a ti mesmo” (Mt 22,38-39). Por isso, sem boas obras, batismo, cerimônias, penitências ou sacramentos, é impossível manter um compromisso sério, e quem não aceita este compromisso também rejeita a salvação. Com relação específica ao batismo, ou o autor não leu o Novo Testamento ou sua Bíblia está adulterada: Jesus afirmou: “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer, será condenado” (Mc 16,16). Veja como Jesus chama a atenção para o compromisso do cristão! Ele não quer que a pessoa cante aos quatro ventos: “eu sou cristão”, mas que assuma seu comprimisso, por isso exige o batismo (“quem crer e for batizado”). O batismo é necessário para a salvação do cristão (cf. 1Pd 3,21), é sinal de compromisso com a fé e a ação prática (obras). É por isso que Jesus afirma que toda boa árvore produz bons frutos (cf. Mt 7,17a) e que a árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo (cf. Mt 3,10).

4. A citação de Ef 2,8-9 demonstra o quanto o autor se esforça pela perda de sua própria salvação e também dos leitores que acreditam na sua falsa doutrina. Na verdade o apóstolo está querendo chamar a atenção para que o homem não se vanglorie de sua bondade, excluindo a necessidade de Jesus; em outras palavras, o Apóstolo está ensinando algo como: “Não penses que podes te salvar sem Cristo, porque tu és um homem e, como todo homem, possuis pecado e já nasceis com ele. É certo que nada de impuro entrará no reino de Deus, portanto, creia em Jesus e pratique o que ele te ensinou porque foi por meio dele que conseguiste a salvação e a vida eterna”. Note que ele não está excluindo as obras, mas está apontando para a necessidade de se ter uma fé compromissada com Jesus. Tanto é verdade, que São Paulo afirma, nessa mesma carta (Ef 5,5) e em outras (1Cor 6,9-10, Gl 5,21), que nada de impuro (como adúlteros, assassinos, bêbados, etc) herdarão o reino de Deus – e tudo isso se trata de obras cometidas pelos homens; como esta carta e as demais foram dirigidas aos cristãos e não aos pagãos, significa que os cristãos precisam ter fé em Cristo e praticar as boas obras sim! Para quem não acreditar, basta ler a Carta de São Tiago: “A fé sem obras é morta” (Tg 2,17.26). Mais claro do que isso, impossível! O grande problema é que o versículo está sendo erroneamente interpretado fora de seu contexto, o que, aliás, é uma prática muito comum entre os protestantes e severamente criticada pela Bíblia (2Pd 1,20; 3,15-16).

5º PARÁGRAFO

(1) “O Senhor Jesus qualificou de hipócritas os religiosos que praticavam todo tipo de obras no templo, mas cujo coração não era regenerado. (2) Ele os chamou de “sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de mortos, e de toda imundícia” (Mateus 23.27b).”

1. Mais uma vez o autor distorce o verdadeiro sentido bíblico do versículo que será citado ainda neste parágrafo, na parte (2). O que Jesus realmente condena é a falsa aparência, a separação entre a fé e as obras. Os religiosos também seriam hipócritas se somente cressem em Deus e praticassem más obras, pois nenhuma boa árvore pode produzir maus frutos (cf. Mt 7,18).

2. Na verdade, este versículo concorda com o contexto (Mt 23,27a) e também com a posição de São Paulo (vista no parágrafo anterior), mas é totalmente diferente da explicação dada por Schubert. Jesus condena a falta de coerência: não há sentido em se parecer bondoso sem o ser na realidade, assim como também não existe a menor coerência em se aparentar ter uma relação pessoal com Deus e não dar a mínima para seus irmãos, criados à imagem e semelhança de Deus. João diz em suas cartas: “aquele que diz que ama a Deus mas não ama o seu irmão é um mentiroso” (cf. 1Jo 4,20). E o amor bíblico é o amor da partilha, da caridade, da ajuda sem interesse e até mesmo superior à fé (cf. 1Cor 10,13).

6º PARÁGRAFO

(1) “Não necessitamos de religião, e, sim, de uma “mudança de vida”. (2) Por acaso, os infelizes que vivem nas prisões e nos lugares de prostituição não têm sua religião e dizem crer, sendo devotos de algum santo?”

1. Mais uma meia verdade do autor. A necessidade da mudança de vida, também chamada de conversão, é realmente uma necessidade para todo homem, em especial para o cristão. João Batista já pregava isso (cf. Mc 1,4) e também Jesus o fazia (cf. Mt 4,17). Agora, o autor dizer que não necessitamos de religião, além de ser uma inverdade, é totalmente contraditório com sua pregação! Veja: este artigo de Schubert, escrito num folheto, foi financiado, comprado e distribuído por alguma religião que se autodenomina de “cristã evangélica”. Se a religião não fosse necessária, também não seriam necessárias as igrejas porque são elas que fomam a religião. Isto é totalmente antibíblico!!! Mais uma vez não sei se o autor não leu sua Bíblia ou se sua Bíblia está deturpada! Jesus fundou sua Igreja (Mt 16,18) e falou da sua importância (Mt 18,17). O livro dos Atos dos Apóstolos descreve a Igreja primitiva, fala sobre seu avanço e menciona inclusive a criação da nova religião ao falar que foi na Antioquia que começaram a chamar os seguidores de Jesus de “cristãos” (At 11,26). São Paulo vai mais além: ele afirma que Cristo se entregou pela Igreja (Ef 5,25), que a Igreja é santa e irrepreensível (Ef 5,27), que é o Corpo de Cristo (Cl 1,24) e também diz – claramente – que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15). Observe que Jesus e os escritores do Novo Testamento (Lucas, Mateus, Paulo…) são verdadeiramente inspirados pelo Espírito Santo, Schubert não é! Este é um falso mestre, que distorce as Sagradas Escrituras para sua própria perdição e a de seus seguidores! (cf. 2Pd 3,15-16).

2. Veja como o autor é extremamente malicioso ao afirmar que todo ladrão e prostituta possui religião e que todos eles têm um santo protetor, tentando-os identificar como praticantes do catolicismo. Eu poderia retornar a pergunta para ele: será que nos prostíbulos e prisões só existem católicos? Eu posso afirmar, sem medo algum de errar, que não! Também existem milhares de ladrões, traficantes, prostitutas, adúlteros, agiotas, fornicadores e coisas piores também entre os evangélicos! E sabem o que estes têm em comum com seus colegas católicos que praticam as mesmas atitudes, mesmo afirmando que são cristãos? Eles não conhecem a Deus, e não o temem – ao contrário do que afirmam! Todos eles herdarão o Inferno porque tiveram a verdadeira oportunidade de conhecer e seguir a Deus, mas optaram pela iniquidade; “ali haverá choro e ranger de dentes” por toda a eternidade (cf. Mt 7,23). Aqui cabe a seguinte afirmação bíblica: “Não julgueis para que não sejais julgado” (Mt 7,1). Não podemos esquecer que o joio vive no meio do trigo e somente será queimado no final dos tempos (Mt 13,24-30.36-43).

7º PARÁGRAFO

(1) “Certa senhora rica, muito católica e devota, me disse um dia: “Quanto desejaria obter a paz de Deus em meu coração!” (2) (Apesar de toda a sua comodidade, o melhor lhe faltava.) (3) “Porém, devo deixar a minha igreja e filiar-me a outra?” – me perguntou.”

1. Outra clara referência aos católicos. Mas não se preocupe com as palavras deste parágrafo! É muito comum os protestantes afirmarem que certa senhora, certo padre ou certo ex-católico falou ou disse determinada coisa. Trata-se de uma antiga prática, que costuma a trazer bons resultados de conversão, mesmo sem precisar identificar a verdadeira fonte da frase. A “espontaneidade” da tal senhora católica depõe contra a autenticidade da frase. E mesmo que aceitássemos a veracidade de tais palavras, tão somente poderíamos comprovar que essa senhora era apenas “católica por tradição”, daquelas que falam que é, mas não frequentam e muito menos participam da comunidade (o fato de ser devota expressa, no pensamento do autor, que ela tinha “seus santos e acendia velas”, o que certamente não significa que conhecia e/ou seguia a doutrina católica). Ao contrário da covardia do autor, prefiro citar nomes de ex-protestantes e ex-pastores, que também “não obteram a paz de Deus em seus corações” (apesar de conhecerem muito bem e praticarem a fé evangélica), exceto quando encontraram a fé e a verdade na Igreja católica: Francisco Almeida Araújo (Caixa Postal 1071 – Anápolis/GO – 75001-970), James Akin (http://www.cin.org/user/james), etc… Existem muitos outros convertidos (a Internet está cheia de exemplos!); basta entrar em contato com eles e trocar experiência. No fundo, tenho percebido que, enquanto os evangélicos estão ganhando conversões em número (=quantidade), os católicos estão ganhando conversões de qualidade!

2. A julgar pela informação do autor, eu diria que o motivo da falta de paz no coração da tal senhora era exatamente o mesmo daquele jovem rico que procurou Jesus para saber como obter a salvação: o apego às riquezas (cf. Mt 16,19-24). Não se deve servir a dois senhores porque gostará de um e odiará o outro; logo, não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (Mt 6,24). Pena que Schubert não entenda o que a Bíblia está dizendo…

3. Chegamos ao clímax do artigo! A pergunta torna-se bem oportuna neste ponto. O autor tentará responder, de forma indireta (para variar!), no próximo parágrafo.

8º PARÁGRAFO

(1) “Nenhuma religião salva, somente Jesus Cristo. (2) A Bíblia diz: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12). (3) Certo homem, muito respeitado, a quem visitei em seu leito de morte, me disse soluçando: “Minha religião não me basta”. (4) Ele tinha religião, mas não era salvo.”

1. A frase é verdadeira, mas não expressa toda a verdade. Contudo, é bom observar que o autor não usa a expressão “os católicos não se salvarão” para não chocar nem agredir o leitor, que ainda não se converteu; ao invés, prefere usar a palavra religião, mas como sinônima de catolicismo. É bom deixar algo bem claro: toda a humanidade foi salva porque Jesus, sendo Deus, expiou nossos pecados na cruz (cf. Ef 2,15-16). Digo isto mais uma vez: todo o homem pode ser salvo! Não existe distinção (cf. At 15,8-9; 1Cor 12,13). A Igreja (=religião) não salva porque não é Deus, no entanto ela indica o caminho da salvação, que é Jesus. Já disse que São Paulo escreveu que a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade (cf. 1Tm 3,15) e que Cristo disse que quem não a escuta, também não o conhece (cf. Mt 18,17; Lc 10,16). Logo a Igreja é necessária! Caso contrário, por que Jesus a fundaria? (cf. Mt 16,18). Repare como o apóstolo João considera perdidos aqueles que se afastam da Igreja em 1Jo 2,19: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Porque se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas todos eles saíram para que se manifestasse que não eram dos nossos.”; chamava-os ainda de anticristos (cf. 1Jo 2,18), possivelmente porque praticavam a divisão, que era contrária ao legítimo pedido de unidade manifestado por Jesus (cf. Jo 17,11.21-22) e pelos apóstolos (1Cor 1,10; Fl 2,2).

2. Schubert quer provar a afirmação (1) com esta citação bíblica. Mais uma vez ele interpreta o versículo fora de seu contexto. O versículo autoriza a minha explicação: somente por Jesus fomos salvos. Em parte alguma a citação afirma que a religião ou a Igreja são desnecessárias. Pelo visto, o autor possui pós-graduação em deturpação bíblica!

3. Mais uma vez o autor usa do artifício de citar “certo homem”, ao contrário de dar o nome à fonte. Apesar do texto não autorizar esta interpretação, acredito que o agonizante era evangélico e estava preocupado com a vida além-túmulo. Por que acho que se tratava de um evangélico?? Pelo simples fato de Schubert, autor do presente artigo, também ser evangélico e pregar que ninguém pode confiar em sua religião (em outras palavras, que a Igreja não aponta para Cristo). Logo, como os dois estavam convencidos de tal realidade, ambos eram evangélicos! Agora, a preocupação do fiel moribundo possivelmente deve-se ao fato de ter descoberto essa “verdade” há poucos dias ou horas e agora não haveria mais tempo para se reverter a situação… Fico imaginando o “apoio moral e espiritual” que esse pobre infeliz recebeu em seus últimos momentos…

4. Eu complementaria: e não se salvou!

9º PARÁGRAFO

(1) “O apóstolo João viu no céu uma multidão de salvos que não professavam ter tido alguma religião, mas cantavam porque suas “vestiduras haviam sido branqueadas pelo sangue de Cristo”. (2) Amigo leitor, não confie na religião que você pratica, mas confie em Jesus Cristo, o Salvador vivo, aceite-O hoje como seu Salvador pessoal3.”

1. Schubert se refere a Ap 7,14, mas ao contrário do que afirma, a multidão tinha uma religião: todos eram cristãos (o Cristianismo é uma religião!), isto é acreditavam em Jesus e obedeciam seus ensinamentos, motivo pelo qual suas vestes eram brancas. Basta recuar um pouquinho na leitura e encontraremos em Ap 6,9.11: “E quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido imolados (=mortos) por causa da palavra de Deus e do testemunho que haviam dado. E foi dada uma veste branca a cada um deles e lhes disseram que repousassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros e irmãos que estavam para ser mortos como eles”. Mais adiante, em Ap 7,9-10a, temos : “Depois disso, vi uma grande multidão de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas. Ninguém conseguia contá-la. Todos estavam de pé diante do trono e do Cordeiro. Trajavam roupas brancas e levavam palmas nas mãos. E eles gritavam bem alto: ‘A salvação é de nosso Deus, que está sentado no trono, e do Cordeiro”. Veja portanto, como a religião é necessária porque somente por meio dela é que se toma conhecimento do Cordeiro (=Jesus), culminando em fé e obras. Infelizmente, alguns tentam cobrir o sol com a peneira…

2. Esta última afirmação do autor lembra as passagens onde o Diabo, no deserto, tenta afastar Jesus de Deus (cf. Lc 4,1-13). Não escute este apelo, pois o objetivo do Schubert também é afastá-lo de Deus. O povo de Deus sempre precisou de lideranças para garantir a unidade, desde a expulsão do homem do Paraíso. Foi assim que o Antigo Testamento reconhece a liderança de Abraão, Moisés, Davi, Salomão, etc. e o Novo Testamento, após Jesus reconhece a autoridade dos apóstolos (Pedro, Tiago, Paulo…). E foi com a mesma autoridade dos apóstolos que a Igreja católica chegou até os nossos dias. O mesmo não se pode falar das igrejas protestantes, surgidas durante o séc. XVI (por volta de 1518), sendo uma boa maioria fundada neste século XX. Que autoridade possuem seus líderes? Com sua livre interpretação da Bíblia conseguiram fundar mais de 20 mil denominações, cada qual com algum ponto doutrinário diferente das outras, mas todas elas se apoiando no mesmo falso princípio de que foi fundada por orientação do Espírito Santo. Você acredita que o Espírito Santo seja incoerente, suscitando centenas de interpretações para uma mesma passagem bíblica? Se você respoder que sim, estará cometendo um pecado contra o Espírito Santo, que jamais será perdoado (“Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do Homem, isso poderá ser perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, isto não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro” – Mt 12,32). Você quer se salvar? Pois bem, antes de se proclamar católico, seja cristão: ame a Deus e ao teu próximo; creia em Jesus e aja como Maria, que aponta para ele dizendo: “Façam tudo aquilo que Ele vos mandar” (Jo 2,5). Jesus afirmou que seus irmãos são aqueles que cumprem a vontade do Pai, como sua Mãe e parentes (cf. Mt 12,50). E então você descobrirá que todo verdadeiro católico também é verdadeiro cristão!

(A. Schubert) – autor do artigo “É suficiente ser Católico?”

Carlos M. Nabeto – autor da refutação ao folheto “É suficiente ser Católico?”

OFERTA DE LIVRO

Para maiores esclarecimentos sobre o tema, recomendamos o livro Os Fatos sobre o Catolicismo Romano de John Ankerberg e John Weldon. Peça-o pelo Reembolso Postal (pago ao ser retirado no Correio – R$ 6,50, incluindo porte e embalagem). 88 páginas – 13,5 x 19,5 cms.

Eis o motivo pelo qual, no primeiro parágrafo, o autor diz que não está preocupado em apresentar as diferenças entre o catolicismo e o protestantismo! Enquanto o autor introduziu a falsa doutrina protestante na mente do desatento leitor católico, o serviço completo ficará a cargo deste livro, que apresentará em seu texto, de forma pouco abrangente (mas bem tendenciosa!), as doutrinas católicas nas quais existem erros na ótica dos autores protestantes Ankerberg e Weldon. Infelizmente, falta aos autores vontade de querer aprender e entender a teologia católica, teologia de 2000 anos! Repare que o objetivo do livro, além de atacar a fé católica, é o de confundir aqueles católicos que ainda não possuem grandes conhecimentos sobre a fé que praticam ou aceitam. Eu uso a palavra confundir porque um livro com somente 88 páginas jamais apresentaria um conteúdo completo que refutasse todos os pontos de discórdia entre católicos e protestantes. O preço é baixo, apenas R$ 6,50, para não pesar no orçamento das pessoas mais simples, que infelizmente são as mais visadas por estes missionários protestantes, já que não têm como aprofundar seus estudos na verdade. Assim, o folheto serve como simples veículo de marketing…

CONCLUSÃO

O folheto “É suficiente ser Católico?” comprova mais uma vez que os protestantes do Brasil pouco fazem para querer conhecer a verdade bíblica, mas preferem importar artigos (principalmente dos Estados Unidos) com uma teologia duvidosa, desconhecida das origens cristãs, e muito individualista. Abusa das passagens bíblicas interpretadas fora do contexto e tenta afastar o leitor do verdadeiro cristianismo, compromissado com Deus e com o homem.

O autor não possui conhecimento bíblico suficiente para provar seu ponto de vista: a não necessidade da religião. Ao tentar, de modo disfarçado, atacar a Igreja católica, demonstra que não a conhece e, em suas contradições, parece também não conhecer nada mais além do que a doutrina protestante da salvação unicamente pela fé. É que, ao dizer que a religião não significa absolutamente nada, ele acaba por destruir o Cristianismo, que também é a religião que ele mesmo professa, já que apresenta algumas passagens bíblicas do Novo Testamento neste seu artigo. Ele não sabe o que é religião: ora, se existem igrejas que pregam o Cristo do Novo Testamento como Salvador e Deus, esse fato diferencia a religião Cristã das outras religiões que não reconhecem esse ponto fundamental da fé cristã. Logo, todo o artigo de Schubert não possui o mínimo valor, já que ele não sabe do que está falando.

A refutação do folheto é simples (às vezes, chega a ser ridícula), basta conhecer um pouco a idéia e os argumentos do autor e comparar com a sã doutrina cristã. Contudo, é lamentável que as pessoas tenham tão pouco interesse pela religião, de forma a se deixarem enganar por um artigo tão inexpressivo…

OBSERVAÇÕES FINAIS

– Nunca é demais observar que esses livros do Antigo Testamento, apesar de não pertencerem à Bíblia dos judeus da Palestina (cânon palestinense), eram encontrados na Bíblia dos judeus de Alexandria (cânon alexandrino). A Bíblia da Palestina foi escrita em hebraico e aramaico; a Bíblia da Alexandria é a tradução grega da Bíblia palestinense, acrescidos dos livros revelados aos judeus da diáspora. O Novo Testamento foi escrito em grego, e os apóstolos ao citarem algum livro do Antigo Testamento, usaram a tradução grega. Foi somente pelo ano 90 dC que os judeus se reuniram em Jâmnia e fixaram sua Bíblia usando critérios que evitassem a inclusão de livros que pudessem ter sido escritos fora da Palestina (geograficamente falando). Mesmo assim, os cristãos continuaram a usar a versão grega (chamada Septuaginta). Foi somente no século XVI que os protestantes, encontrando dificuldades para explicar certas doutrinas, resolveram adotar o cânon dos judeus da Palestina. Quem duvidar disso, porque trata-se da versão histórica de um católico, basta procurar uma Igreja Ortodoxa (cujas raízes encontram-se na época do Cristianismo sem divisões) para confirmar este dado. Portanto, se alguém adulterou a Bíblia, certamente não foram nem os católicos, nem os ortodoxos… a conclusão é sua!

– A conversão protestante não é vista como uma mudança do modo de viver. Em geral eles enxergam a conversão como mudança de fé. Quando um católico muda para protestante, dizem que ele “se converteu”. Se um protestante muda para católico, chamam-no de “desviado, perdido”. Se um católico não possui uma vida exemplar é porque não conhece a Deus – dizem; se um protestante não tem uma vida exemplar é porque está sendo tentado, mas mesmo assim manterá sua salvação (exceto se virar católico) – dizem.

– “Aceitar Jesus” como salvador pessoal é um conceito muito individualista e mesquinho. Não se esqueça que Jesus não veio exclusivamente para salvá-lo, mas para salvar toda a humanidade (assim como São Paulo ensina: “Todos pecaram e estão todos destituídos da glória de Deus” (Rm 3,23) ). Ao se doar, morrendo na cruz, abriu o caminho para que todos obtessem a salvação (cf. Rm 5,15; 2Tm 2,10). Mas todo homem é livre inclusive para rejeitar a salvação (cf. Mt 12,31; Lc 10,16;etc.).

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