ESPERANÇA QUE VENCE O TEMOR – BLANK, RENOLD J.

Editora: Paulinas (São Paulo-SP)
Ano: 2002
Páginas: 200 pp.

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Pesquisas realizadas pélo prof. Blank revelam que os cristãos, em proporção significativa, têm medo da morte e do além-morte, pois concebem a imagem de um Deus justiceiro e cobrador. Alguns chegam a desertar da fé cristã para procurar alhures uma opção mais “simpática” de vida póstuma.

Ora, Blank censura os pregadores de ameaças e punições e afirma que o Deus revelado no Evangelho é amor e misericórdia. Seria pagã a idéia de um Deus que exige satisfações.

O livro é tendencioso, pois o amor de Deus não é o de um “papai bonachão”, mas o do Senhor que respeita as opções que a cristura faz, mesmo apesar das instâncias da graça de Deus. O Antigo Testamento prescreve diversos ritos de expiação dos pecados que não são inspirados pelo paganismo, mas pelo espontâneo senso humano de que deve haver reparação pelas culpas.

A intenção de R. Blank, de dissipar temor e suscitar esperança é válida. Todavia, a maneira como o autor executa seu projeto é falha. Pretende consolar propondo um Deus para o qual não há necessidade de conversão – o que não é bíblico. Deus é amor, sem dúvida… Amor que, quando amado, acarreta a máxima felicidade a quem ama, mas quando não amado, é ocasião de profunda frustração.

Mais: as idéias de Blank são ligadas à Teologia da Libertação (que o autor apóia, ver pp. 126 e 129); é esta quem inspira a concepção de que não há punição, pois punição seria efeito de autoridade opressora (que Blank quer excluir da sociedade humana). Observamos a propósito a necessidade de uma distinção: uma coisa é ser autoridade num regime de sanções justas para bons e maus; outra coisa é ser opressor. Ora, no regime de Deus existem sanções, mas não existe opressão (na verdade, pode-se dizer que Deus não impõe sanção nem punição; é o próprio homem quem, pecado, castiga a si mesmo).

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