Esplendor de um túmulo vazio

É do prodígio da ressurreição de Jesus que se espargem fulgores deslumbrantes para toda a cristandade. Aí está o motivo por que ante o túmulo vazio de Cristo se esboroaram as tramas falaciosas da razão e da prepotência, as vagas assustadoras da perversidade, as armadilhas insidiosas do erro com todas os seus multisseculares matizes. Este fato é uma proclamação decisiva da inegável vitória de Cristo.

Roma e suas horrípilas perseguições que somaram cento e vinte e nove anos de violência trágica de desalmados tiranos; os falsos profetas de todos os tempos com suas falazes doutrinas; a ironia impotente e satânica de tantos arquitetos de idéias empenhados em destruir a fé e em implantar o ateísmo; a deslealdade de filhos rebeldes, orgulhosos, corifeus inditosos de cismas e heresias; as manobras hodiernas das multinacionais do crime, sem ética, materialistas, tudo isto numa vasta conspiração contra Ele e sua Igreja, em vão se ergueram e se levantam.

Tudo passa e se perde num passado inglório, lançando novos troféus aos pés daquele que triunfou da própria morte, amontoando coroas junto ao Soberano triunfante. Todos os tronos que se insurgiram contra Ele, fossem sustentados por exércitos poderosos como os de Napoleão, ou amparados pela estratégia militar de um Stalin ruiram fragorosamente. Todos os esforços para riscar o Seu nome da História, fossem de um Juliano, de um Henrique IV acabaram saudando o invencível Galileu ou penitentes em Canossa. As múltiplas aspirações de cada época no que têm de mais sedutor na fascinação da moda, na atração das descobertas, no encanto das conquistas tecnológicas se levantaram tantas vezes contra Seu nome para se converterem em seguida em anacronismos de eras superadas, enquanto o homem desiludido de seus desvarios e do efêmero fulgor mundano prossegue sempre em todas as épocas e condições sociais a escutar a inefável mensagem do divino ressuscitado, como outrora na Galiléia a ouviram multidões de agraciados: “A paz esteja contigo.”

Este visível fenômeno da secular e perene influência de Cristo lança, realmente, sobre seu túmulo esplendores ofuscantes. A História, de fato, nunca perdoou os vencidos. O amor e o ódio, a veneração e o desprezo nunca floresceram ou desabrocharam sobre as frias catacumbas. Jesus Cristo, porém, ante cujo nome divino todos se pronunciam é o famoso conquistador que se ergue sobre as ruínas de todos os seus inimigos. Ele atraiu toda a humanidade uma vez que conquistou adeptos em todas as partes do mundo. Ele fez sua a inteligência e a liberdade de milhares de seguidores. Ele apoderou-se dos corações sinceros e ardentes de um verdadeiro amor. Em todos os quadrantes da terra, de um polo a outro, a figura singular de Jesus Cristo ressuscitado fez surgir multidões de súditos que, empolgados pelo sublime de sua doutrina, pelo excelso de suas sábias máximas, pelo belo de suas idéias fizeram de sua existência empenho único qual seja servir Mestre tão amável. Em todas as camadas sociais, em todas as nações, nos mais diversos rincões, nas mais afastadas plagas, no Oriente e no Ocidente, nos fogos do Equador, nos gelos polares aparecem santos, heróis formidáveis, que espantam o universo pela grandiosidade de seu afeto, de sua dedicação, de seu devotamento e imolação a Jesus, numa outra prova inconteste da ressurreição do Senhor, pois um tal amor não pode emanar de frias tumbas.

Cristo ressuscitado, aparece amorosamente ante a sociedade e ilumina as inteligências, oferecendo aos povos sua Religião, única tábua de salvação e progresso. Eletriza as mentes com a verdade da qual se fez mensageiro divino. Os corações sempre lhe reservaram tudo aquilo que eles de melhor possuem, a saber, sua afeição irrestrita, seu amor total. Este amor lhe fez guarda ao túmulo de pedra e seu sepulcro foi não só glorioso, como também objeto das manifestações mais ternas da dileção mais fervorosa.

Percorramos cuidadosamente as páginas da História, vasculhemos as vidas dos mais decantados e ilustres conquistadores, investiguemos os dias de um César ou de um Anibal, perscrutemos a existência famosa de um Alexandre Magno ou de um Carlos Magno, visitemos demoradamente os mais célebres túmulos espalhados pelo mundo e constataremos finalmente que tudo passou e feneceu numa glória transitória que marcou instantes na História. Jesus, porém, há vinte séculos, desde a manhã radiosa de sua ressurreição é alvo do heroísmo em todos os seus aspectos, sob todas as suas esplendentes facetas e em todos os seus reluzentes graus.

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