EVANGELHO DE JOÃO I
Jesus segundo João
João revela, mais que seus antecessores, o mistério da pessoa de Jesus, de sua transcendência e de sua preexistência. Com apenas uma rápida olhada no seu Evangelho podemos afirmar que Jesus segundo ele é o Verbo eterno de Deus, Criador do mundo juntamente com o Pai, o Cristo, o Filho de Deus, a Luz verdadeira encarnada para comunicar ao mundo a revelação definitiva e salvadora para todos os homens.
Já no Prólogo aparecem os grandes temas que serão desenvolvidos no Evangelho: manifestação de Cristo, Luz, Verdade, Vida, Glória, Revelação do Pai, Fé e Incredulidade. No decorrer do seu Evangelho outras revelações de títulos de Jesus tais como Porta e Pastor são mencionados e devidamente explicados.
Jesus se manifesta como Messias mediante os milagres. Jesus é o fundador da nova economia da graça, superior à antiga do Templo e da Lei. Ao curar o paralítico, mostra que atua como o Pai, por ser o Filho, afirmando assim claramente a sua divindade.
Jesus se manifesta como o Pão da Vida e revela o mistério da Santíssima Eucaristia.
Jesus se revela como Luz e Vida do mundo. Jesus ensina que Ele foi enviado pelo Pai e que enviará o Espírito Santo. Como “a Luz do mundo” enviado do Pai, igual a Deus e superior a Abraão, Ele é fonte de Luz. João retoma o tema inicial das primeiras linhas do Gênesis, onde a Luz é a primeira criação de Deus (Gn 1, 1-3). O sinal que prova a verdade de suas palavras é o milagre da cura de um homem cego de nascença (Jo 9,1-38). Jesus devolve a luz a um cego.
Quando João cita a afirmação de Jesus “Eu sou a Ressurreição e a Vida”, narra a ressurreição de Lázaro como um grande sinal.
Somente por meio da fé em Cristo e pela sua graça, o homem pode chegar à salvação, porque Jesus é a porta pela qual se entra na vida eterna. Ele é porta em duas dimensões distintas: de entrada (10, 7-8) até as ovelhas e de saída (10, 9-10) para as mesmas.
Ele é também o bom pastor que nos conduz e deu a sua vida por nós (10, 11-18). Somente Ele veio trazer a autêntica salvação de Deus à humanidade, que o aceita na sua pessoa; é Ele o único capacitado por Deus para ter vida em si e para dá-la a quem queira (5, 26s). Todos os que vieram às ovelhas antes Dele são ladrões, não podem levar a salvação. Ele é o revelador e a única e exclusiva presença total de Deus. Jesus é também o Pastor em duas dimensões distintas: enquanto defende as ovelhas dos ataques do lobo em troca da própria vida (10,11-13) e enquanto reconhece suas ovelhas onde quer que estejam (10,14-16). Jesus se apresenta como aquele que, livremente e por um ato de amor para com suas ovelhas, permite que lhe tirem a vida, sabendo que não se trata de uma morte total, mas transitória porque depois tornará a tomá-la (10, 11.17-18).
E o seu ofício de pastor o faz buscar suas próprias ovelhas em redis diversos do povo de Israel (Jo 10, 16). Sua missão salvífica se estende a todos os homens morre por todas as ovelhas , mas só alguns de um e de outro redil Israel e pagãos sabem apropriar-se da salvação as suas.
Um dos pontos altos das afirmações de Jesus está no capítulo 10 ao afirmar “Eu e o Pai somos um. O Pai está em mim, e Eu no Pai”. Jesus é apresentado como “caminho” para o Pai, do qual vem e para o qual vai, associando-nos ao movimento de retorno ao Pai. Jesus é o “caminho”, isto é, Ele conduz ao Pai enquanto é a verdade do Pai e sobre o Pai. Jesus é a fonte da verdade,e a vida divina que tem sua fonte no Pai. Ele é o lugar onde o Pai se manifesta plena e definitivamente.
Jesus é o Logos que aparece essencialmente como mediador exclusivo entre Deus e o mundo. O logos grego traduz o hebraico dabar palavra de Javé. O Deus inatingível e oculto, do qual ninguém pode chegar a saber coisa alguma, faz-se presente exclusivamente através deste Logos: primeiro na criação; depois na encarnação, porque este Logos chega a converter-se em homem e é então que sabemos que Jesus de Nazaré é o Logos. Ele é o próprio Logos que esteve sempre presente junto de Deus. Se Deus é perceptível em Jesus de Nazaré, como exige a fé joanina, é porque Jesus, como também o Logos, pertence ao âmbito do divino. Não se trata de uma qualidade acrescentada ao homem Jesus, mas de uma entidade total e real: Jesus é Deus. O que, traduzido, significa: Jesus não deixou de ser o Logos. Os mundos antagônicos de Deus e do homem se confundem numa mesma história, a dos cristãos. Jesus de Nazaré é o Logos que começou uma nova etapa de relações entre os dois mundos distantes por natureza.
Jesus se manifesta progressivamente como o Messias mediante os seus milagres sinais de Sua divindade; e mediante suas palavras, em que se declara Messias, Filho de Deus e igual ao Pai. O texto sagrado realça que na Paixão se realiza a suprema manifestação de Jesus como Messias Rei, e da Sua Glória. Quando diz “Eu sou” retrocedem e caem por terra os que vão prendê-lo (18,5-8); declara-se rei diante de Pilatos (18,33-37; cf 19,2-3.19-22); e manifesta o seu pleno conhecimento e domínio dos acontecimentos (18,4; 19,28), em que se cumpre a vontade do Pai (18,11; 19,30). Cristo é o novo Cordeiro Pascal, que com sua morte redentora tira o pecado do mundo (19,31 cf 1,29).
A nossa fé se fortalece ainda mais com a manifestação gloriosa de Jesus como Messias e Filho de Deus, na sua Ressurreição e nas aparições do ressuscitado a Maria Madalena (20,11-18) e aos seus discípulos (20,19-29).
João viu e ouviu as narrações do seu evangelho e seu testemunho é verdadeiro.