Quando se fala em feminilidade (especialmente usando uma metáfora floral), as pessoas costumam imaginar que a proposta apresentada é de uma feminilidade caricata, de mulheres gueixas, que só falam baixinho, que são docinhas 100% do tempo, que nunca se irritam…
Ora, assim como as flores vêm em diferentes cores e fragrâncias, também as mulheres têm suas peculiaridades. Não é possível criar um único perfil de mulher e esperar que todas se adequem. O fato de nós, católicas, termos Nossa Senhora por modelo não implica em representarmos um papel ou violentarmos nossa natureza.
O que vou falar a seguir não tem nenhuma base científica, é fruto das minhas meditações sobre o tema: Uma mocinha que, ainda adolescente, aceita a missão de ser a mãe do Salvador, meio que no escuro, sem saber o que vinha no pacote, que encara uma longa viagem no início da gravidez, para ajudar sua prima, que encara outra viagem já quase perto do parto, para um recenseamento, que dá a luz num estábulo, que com uma criança pequena precisa fugir para um país estrangeiro, com outra língua, sem conhecer ninguém, começar do zero, para proteger seu filho da morte… que quando seu filho de doze anos resolve ficar no Templo sem avisar – e ela desesperada o procurou por três dias na frente de doutores da lei, dentro do templo, toma a palavra e o repreende e sabemos que a cultura judaica não era igualitária, a mulher não entrava em certos ambientes, não dirigia a palavra a homens que não eram de sua família, etc… uma mulher como essa não pode ser uma bonequinha de porcelana, uma fragilzinha, não é mesmo? Essa mulher de fibra acompanhou toda a Paixão do seu Filho… de pé, junto à cruz, o viu entregar o espírito. Não, com certeza não era uma gueixa… Ser mansa e humilde não quer dizer ser mole.
Santa Teresa d’Avila não era mole; era uma mulher espirituosa e de vontade forte, como a descrevem. Os seus contemporâneos dizem que tinha particular ar e graça no andar, no falar, no olhar, e em qualquer ação ou gesto que fizesse, ou qualquer estado de espírito que mostrasse. A veste ou roupa que trazia, embora fosse o pobre hábito de saial de sua Ordem ou um farrapo remendado que vestisse, tudo lhe caía bem.
Já Santa Teresinha do Menino Jesus tinha acessos de timidez e inibição, e a sua pequena via, a infância espiritual, traz a marca de sua personalidade.
Algumas de nós são mais calmas, outras mais agitadas, umas mais coléricas, outras mais melancólicas. A feminilidade abarca mil possibilidades, é um aspecto e não um estereótipo. Não acreditemos em opiniões que vendam um único tipo de mulher; busquemos desenvolver em nós as virtudes, de acordo com nossa personalidade e o ponto da jornada espiritual em que nos encontrarmos. Se contarmos com a ajuda de um diretor espiritual, tanto melhor. Mas não nos esforcemos para vestir um papel que não nos cabe.
Flor do Campo, seja qual for a sua cor… exale sua própria fragrância!
- Fonte: Blog In Mulieribus