Há algo errado com o povo chamado evangélico


Autor: Daniel Rocha, pastor da Igreja Metodista e Psicólogo em Itaberaba, S.Paulo

 
          O que você pensaria de uma nação cujos irmãos lutam entre si, buscando cada um a primazia de sua família? O que você pensaria de um povo que professa a fé no mesmo Deus e isso ao invés de unir os separa? O que você pensaria de um povo que se trata com o amável título de “irmãos” mas vivem desconfiados uns dos outros e muitas vezes agem como verdadeiros inimigos?

          O que você pensaria de um povo que crê na ação do Deus Espírito que veio para unir (Jo 17.21) mas que justamente “Ele”, é o grande ponto de polêmica no meio desse povo?

          Obviamente estamos falando de um povo que no Brasil afirma ter mais de 20 milhões de pessoas, está presente nas rádios, TVs, e hoje já se dissemina por todas as classes sociais de A a D.

          Era de se esperar que esse povo tivesse uma identidade mais ou menos clara e uniforme, que houvesse concordância em pontos importantes, que se tratassem com amor e respeito, que falassem a mesma língua….. Mas o que vemos é algo completamente diferente. Essa fina estirpe que recebeu do Senhor o título de “nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”, apresenta características tão díspares, sentimentos tão heterogêneos, disposições tão contrárias, que fico pensando se Deus não desceu do céu, e a exemplo da Torre de Babel, não veio confundir-nos até que tomássemos consciência da
loucura que tomou conta da Igreja hoje.

          Faço esse triste diagnóstico a partir das constatações que relaciono abaixo:

          Há algo profundamente errado quando convivemos com uma classe de crentes “superiores” por terem tido uma experiência especial com Deus e uma classe de crentes “inferiores” porque não alcançaram ou não buscam esse mesmo tipo de experiência.

          Há algo profundamente errado quando uns cultuam a Deus no sétimo dia da semana e lutam ardorosamente contra os que cultuam a Deus no dia seguinte.

          Há algo profundamente errado quando uns batizam os seus fiéis em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas não aceitam os fiéis batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo em outra igreja, porque a outra igreja o fez de modo diferente.

          Há algo profundamente errado quando participantes do mesmo Corpo tentam de todas as formas arrancar fiéis de outros grupos que também participam desse Corpo.

          Há algo profundamente errado quando o germe da divisão produz a cada dia mais igrejas que declaram ser as únicas e verdadeiras igrejas (a esse propósito há aqui num bairro nobre de S.Paulo uma igreja com bonita fachada escrito abaixo de seu nome: “Fundada em 33 d.C. na cidade de Jerusalém”)

          Há algo profundamente errado quando pastores, bispos e apóstolos afirmam ter recebido novas revelações de Deus, revelações essas que não foram feitas nem a Paulo, nem a Pedro, nem a João, mas foram reveladas a esse graaaande seeerrrrvo do Senhor, líder de tal igreja.

          Há algo profundamente errado quando alguns crentes são tomados de um orgulho bobo de ser separado “de” e ostentam essa separação como prova de santidade, enquanto o Evangelho de Cristo  chama  todos  à  santidade.

          Há algo profundamente errado quando a Igreja passa a ser um fim em si mesma e o bom crente é aquele que freqüenta seus trabalhos 7 dias por semana, independentemente da ética que o domina, da sua qualidade de vida familiar e da responsabilidade social que ele tem.

          Fico me perguntando como viver a Unidade desejada por Cristo se a Ceia nos separa, se o Batismo nos separa, se aquele que veio trazer a Unidade, o Espírito Santo, nos separa?

          Que Deus tenha misericórdia desse povo que poderia ser uma grande nação, um povo realmente escolhido por Deus para testemunhar das coisas do Reino.

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