Imagens, cruz e crucifixo

Sou Católico Romano e possuo alguns amigos evangélicos que estão sempre questionando quanto ao problema das imagens. Já li o documento do Concílio sobre o iconoclasmo. Particularmente não compreendo por que a Igreja Ortodoxa só utiliza pinturas. Um outro ponto que me inquieta é o texto do Concílio Vaticano II que pede moderação quanto ao número de imagens e quanto à hierarquia. Há alguma orientação da Igreja mais específica sobre o tema? Parece-me que a Igreja não dá a devida importância a um tema tão delicado. Saudações em Cristo,
Pierre.

Caríssimo Pierre, Salve Maria.

Como diria Chesterton, “o Oriente é a terra da Cruz; o Ocidente é a terra do Crucifixo”. Neste desconcertante paradoxo, nesta pequenina sentença, bem ao estilo de Chesterton, há uma imensa verdade: enquanto os gregos estavam se desumanizando por um símbolo radiante, os godos iam se humanizando por um instrumento de tortura.

A tônica oriental sempre foi mais “espiritual”; enquanto que a ocidental foi mais “concreta”.

A visada mais, digamos, platônica (originada no platonismo, de tendência idealista e idealizante) da espiritualidade oriental guiou a expressão desses povos à uma arte “sem dimensão”, isto é, sem “profundidade”, na qual os Santos Ícones (bidimensionais) são o seu melhor exemplo. Note bem que as figuras retratadas não possuem feições definitivamente humanas, mas “simbolizadas” como tal pelos monges, idealizadas na perfeição do “modelo”.

Com o Ocidente se dá algo diverso. A Igreja Ocidental teve sempre em seu seio a fecundidade de todas as correntes, conquanto trilhassem o caminho da Ortodoxia; mitigou Ela os excessos e corrigiu os extremos. O Ocidente tem a sua tônica no aristotelismo (de tendência concreta e concrecional). Por firmar pé no real a arte sempre teve uma tendência à realidade, às dimensões. Excetuando-se alguns aspectos do medievo, mas por problemas de técnica do que por “estilo”, a arte sacra ocidental sempre primou pela representação em todos as dimensões, em todos os aspectos: pintura e escultura.

Já no Oriente vemos uma predominância da pintura e, mesmo assim, com sua tipicidade bi-dimensional, isto é, não há profundidade e representa mais um modelo exemplar do que a realidade; mais é uma espécie de “abstração”. Já no Ocidente há uma espécie de “toque mais profundo” daquela Divina Humanização que conforma a tudo, a Encarnação, que, pela sua imensidade, é o contrário de toda abstração.

Sobre sua dúvida do uso de imagens recomendo uma pesquisa no site Veritatis com a ferramenta de busca que disponibilizamos no canto superior direito da página. Nela você poderá, através de palavras-chaves encontrar no site todos os textos que abordam o tema.

Para facilitar você pode encontrar algumas respostas aqui:

www.veritatis.com.br/article/3104 e www.veritatis.com.br/article/3115

Os demais membros têm excelentes textos sobre esse e outros assuntos que você pode consultar! Não se furte a fazê-lo!

A recomendação da Igreja sobre esse e todos os assuntos que envolve é o mesmo: prudência. Isso significa que o tríplice suporte que a Igreja preserva em relicário de ouro – Tradição, Escritura e Magistério – são a nossa salvaguarda e salvo-conduto sobre qualquer problema!

Esperamos ter respondido a sua dúvida. Sempre que quiser nos escreva, digo: digite!!!

Nos corações de Jesus, Maria e José;

MMLP

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