JOÃO PAULO II E SEUS CONHECIMENTOS
Em 16 de outubro de 1978, Karol Józef Wojtyla, de Cracóvia, Polônia, foi eleito Sua Santidade, Papa João Paulo II, líder de 1 bilhão de católicos em todo o mundo, 263º sucessor de São Pedro, primeiro papa não italiano em 455 anos desde Adriano VI (1522 a 1523), primeiro Papa polonês da história da Igreja, mais jovem papa (58 anos) desde 1846.
O Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade quer dos Bispos quer da multidão dos fiéis”, afirma a LG, 23.
O compatriota e amigo íntimo do Papa, Cardeal Stefan Wyszynski, Varsóvia, teria dito: ?Se Deus o escolheu, foi para que seja líder da igreja no terceiro milênio?.
Trata-se de um verdadeiro apóstolo, digno de Jesus Cristo, onde que em seu nome João Paulo II ( que é escolhido por motivos pessoais, históricos e para marcar o sentido do papado ) mostra o quão veemente era a vontade de percorrer o mundo e evangelizar.
Ainda jovem fundou um grupo de congregação Mariana, era fã de esportes radicais, esquiava, escalava montanhas e praticava canoagem, gozava sempre de boa saúde donde ficou abalada em 13 de maio de 1981 com atentado a tiro que sofreu do turco Mehemed Ali Agca, sendo visitado pela própria vítima dois anos depois dando sua benção e perdoando o meliante. Hoje sofre de Mal de Parkinson.
Fez do ecumenismo uma realidade mais visível. Encontrou-se com líderes de outras religiões, reuniu em Assis para um dia de orações pela paz, cardais católicos, muçulmanos, rabinos, judeus, monges budistas, sikhs, bahais, hindus, jainistas, zoroatristas e membros de religiões africanas, luta pela paz como Papa, desde o início de seu pontificado, indicado em 2003 a concorrer ao prêmio Nobel da Paz, eleita vencedora advogada Shirin Ebadi.
Três exorcismos, mais de 100 viagens internacionais, três no Brasil, pedidos de perdão pelas falhas cometidas pelos filhos da Igreja no passado: – pedimos perdão pelas divisões entre os cristãos, pelo uso da violência em nome da fé e pelo comportamento de desconfiança e hostilidade adotado em relação a seguidores de outras religiões ( João Paulo II, 2000 )
14 encíclicas, 11constituições apostólicas, 13 exortações e 42 cartas apostólicas, 18 Cartas sobre a forma de Motu Próprio e incontável número de mensagens, discursos, homilias e cartas. Aproximadamente 1310 beatificações, 48 canonizações, pelo menos 469 santos e nomeou em torno de 300 cardeais, presidiu 6 assembléias gerais de cardeais.
Seu conhecimento é intenso e retratada como exemplos para todos. Eis suas graças de Deus:
ESPIRITUALIDADE CONTEMPORÂNEA
O papa João Paulo II conclama os cristãos a renovarem as suas vidas espirituais.
João Paulo reconhece o valor do despertar do senso religioso nos movimentos espirituais contemporâneos. Esses movimentos clamam, por exemplo, por um maior respeito pela terra e transcendem formas meramente racionais de religião. Despertam a imaginação e a sensibilidade religiosa que foi soterrada sob o materialismo moderno e secularização.
João Paulo enfatiza em particular a importância dos sacramentos da Eucaristia e da Penitência.
“Quando os indivíduos e as comunidades não observam um rigoroso respeito aos requisitos morais, culturais e espirituais, baseados na dignidade do indivíduo e na identidade de cada comunidade, a começar com as sociedades familiares e religiosas, então tudo mais ? disponibilidade de bens, abundância de recursos técnicos aplicada à vida diária, certo grau de bem-estar material ? se mostrará insatisfatório e, afinal, desprezível”.
ENCÍCLICA: SOBRE AS PREOCUPAÇÕES SOCIAIS ( Sollicitudo Rei Socialis ), 1987.
DIREITOS HUMANOS
Em suas viagens pelo mundo, João Paulo II adotou uma abordagem muito direta em relação aos governos que não obedecem aos padrões básicos de direitos humanos. Visitou Buenos Aires, onde se referiu diretamente a ?guerra suja? do governo argentino e significativamente se reuniu com um dos poucos bispos do país que levantaram a voz contar o governo. Na África, em 1985, fez um apelo direto ao presidente Mobutu, do Zaire, e condenou o apartheid Da África do Sul. Na Coréia do Sul, falou tanto em público quanto a portas fechadas com o presidente respeito da necessidade de mais democracia e maior respeito pela liberdade individual. Nenhum governo foi poupado: o Santo Padre condenou igualmente governos de esquerda e da direita por aquilo que considerou violações de direitos humanos.
Não se discute o fato de as advertências do Papa terem tido um efeito prático. Mikkail Gorbachev deu ao Santo Padre muito crédito pela liberalização da Europa Oriental e Lech Walesa reconheceu a ajuda do Papa como essencial para preservar as conquistas do Solidariedade, na Polônia.
“E como podemos deixar de considerar a violência conta à vida cometida contra milhões de seres humanos, especialmente crianças, que são forçadas à pobreza, a má nutrição e à fome por causa de uma distribuição de recursos injusta entre os povos e entre as classes sociais? E o que dizer da violência inerente não apenas às guerras como tal, mas ao escandaloso comércio de armas, que gera os muitos conflitos armados que mancham nosso mundo de sangue? O que dizer da disseminação da morte causada pela imprudente manipulação do equilíbrio ecológico mundial, pela disseminação criminosa das drogas ou pela promoção de certo tipo de atividades sexual, a qual, além de ser moralmente inaceitável, também envolve grandes riscos à vida? E impossível catalogar completamente a vasta coleção de ameaças à vida humana, também são as formas, explícitas ou ocultas, sob as quais aparecem hoje em dia!”
ENCICLÍCA: O EVANGELHO DA VIDA ( Evangelium Vitae ), 1994.
O LAICATO
O Papa João Paulo II adere ao espírito do Concílio Vaticano II quando menciona o papel do laicato na Igreja atual. Encoraja o fato de leigos terem maior responsabilidade nos vários ministérios da Igreja. O Mundo encara a Igreja através da responsabilidade nos vários ministérios da Igreja.
O Papa acredita que os leigos são vitais para a missão da Igreja. Ele os encoraja a terem papel ativo na vida litúrgica, educacional e social de suas comunidades. Através do laicato a Igreja pode suprir de modo mais completo as complexas necessidades dos fiéis.
Na sociedade secular, o laicato é testemunho da realidade de Cristo e ?permeia a sociedade com o fermento do evangelho?. Em sua busca social, política, intelectual e econômica, o laicato é desafiado a imitar Cristo. Os leigos são chamados a cumprir uma missão: levar valores espirituais à vida secular.
“Sua vocação cristã não nos afasta de seus outros irmão e irmãs. Não inibe o seu envolvimento em assuntos civis e nem os isente de suas responsabilidades como cidadão. Não os aparta da sociedade e nem os alivia dos desafios da vida diária. Em verdade, seu envolvimento continuado em atividades e profissões seculares é parte de sua vocação. Pois vocês foram chamados para tornarem a Igreja presente e produtiva em circunstâncias ordinárias da vida ? na vida de casado e familiar, nas condições diárias de ganhar o seu sustento, em responsabilidades políticas e civis, em atividades culturais, científicas e educacionais. Nenhuma atividade humana é estranha ao Evangelho. Deus deseja que toda a criação esteja voltada para o Seu reino, e foi especialmente ao laicato que o Senhor confiou esta terefa”.
HOMILIA EM ACCRA, GANA.
8 de maio de 1980
AMOR
Embora João Paulo II afirme que os impulsos eróticos humanos são um dom de Deus, lembra, porém, que não são a base do amor. O amor deve ser uma verdadeira dádiva de um ser para o outro, e não pode ser baseado no egoísmo que implica mera satisfação de desejo sexual. João Paulo não rejeita o deleite erótico, mas condena a luxúria ? o falso erotismo ? como uma atração por um bem parcial, em vez de ser em direção ao valor completo de outra pessoa criada à imagem de Deus.
Somos imagens de Deus não apenas em nossas mentes e espíritos como também em nossos corpos físicos. João Paulo II afirma que o corpo humano e sus impulsos sexuais são potencialmente bons, e um indivíduo entre outros encontra o seu caminho rumo a Deus seja através do amor responsável por outro ser humano no casamento, seja adotando o celibato ou defendendo a virgindade.
João Paulo valoriza o fato de que o amor verdadeiro é difícil e exigente, e que o amor ? entre homem e mulher, pais e filhos, amigos e, até mesmo entre nações e povos ? requer auto-sacrifício e autodisciplina. No fim, porém, o amor é ricamente recompensado com a satisfação.
“O valor principal, do qual dependem todos os outros valores do amor, é o valor da pessoa humana. A responsabilidade básica se refere à pessoa humana. O texto do Concílio Vaticano II afirma muitas vezes que o amor em geral, e o amor conjugal em particular, consiste em uma dádiva de uma pessoa para outra, uma dádiva que abraça o ser humano como um todo, alma e corpo. Tal dádiva pressupõe que a pessoa tem um valor único para outra, que se expressa em uma responsabilidade particular por aquele valor, precisamente por causa de seu grau e por causa de sua intensidade, por assim dizer. Através de uma responsabilidade assim concebida, forma-se a estrutura essencial do casamento, um laço ao mesmo tempo espiritual e moral”.
AMOR FRUTÍFERO E RESPONSÁVEL, 1979.
CASAMENTO E FAMÍLIA
Para João Paulo II, a missão essencial da família é criar uma atmosfera na qual o amor possa florescer.
Hoje em dia, o Papa vê duas forças opostas que afetam a família. Por um lado, há uma tentativa de garantir liberdade individual e examinar a qualidade das relações o que inclui garantir a dignidade e a igualdade de mulheres e crianças. Por outro lado, João Paulo II nota uma perturbadora degradação de alguns valores fundamentais: idéias erradas a respeito da liberdade individual das esposas, confusão a respeito da autoridade dos pais sobre os filhos, e um aumento do divórcio e do aborto.
O Santo Padre conclama os católicos a terem a família como a primeira escola de vida social, um exemplo de como viver numa comunidade maior; e especificamente instrui as famílias a se dedicarem ao serviço social, especialmente em benefícios dos pobres. Ele lembra os pais que essas atividades devem envolver também as crianças, na medida em que suas idades e habilidades o permitam.
Os pais são os primeiros e mais importantes educadores de seus filhos, e esse é um papel do qual nunca devem ser abdicar. As crianças necessitam de aceitação, amor, estima, apoio emocional e espiritual, e também o conforto material que torna possível serem crianças saudáveis. Também não se deve esquecer dos mais velhos, e João Paulo II observa que certas culturas não industriais fazem mais do que outras do mundo industrializado ao garantirem aos mais velhos um lugar adequado e digno na vida da família.
“Aceitação, amor, estima, atenção emocional, educacional, espiritual e material integrada para cada criança que vem a este mundo devem sempre constituir uma característica distinta e essencial de todos os cristão, em particular da família cristã; desse modo, as crianças, capazes de crescerem ?em sabedoria, tamanho e em favor de Deus e do homem?, oferecem a sua própria e preciosa contribuição para a construção da comunidade e até mesmo para a santificação dos pais. O casamento cristão, como outros sacramentos, ?cujo propósito é santificar as pessoas, construir o corpo de Cristo e, finalmente, adorar a Deus?, é em si um ato litúrgico de glorificação de Deus em Jesus Cristo e na Igreja. Ao celebra-lo, os cônjuges cristãos professam a sua gratidão a Deus pela dádiva sublime que lhes foi concedida de se tornarem aptos a viverem em suas vidas de casado e de família o verdadeiro amor de deus pelas pessoas e do Senhor Jesus pela Igreja, Sua noiva”.
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA Familiaris Consortio, 1981.
MORALIDADE
O Santo Padre vê os conflitos morais do homem moderno como originários de um mal entendido individualmente no qual cada pessoa visa nada além que a própria vantagem, e se considera livre para assumir entusiasticamente qualquer comportamento em seu próprio interesse, desde que não afete outra pessoa. O Papa considera essa conduta moral totalmente inadequada.
João Paulo II chama a atenção para o fato de que a verdadeira justiça está no reconhecimento de que os outros não têm apenas direitos, mas também necessidades, e que todos os filhos de Deus merecem ter essas necessidades satisfeitas.
Nas relações entre as pessoas, maior imoralidade é tratar o outro como objeto: perguntar ?O que ele ou ela pode fazer por mim??. O egoísmo e o individualismo mal orientados são fatais para a dignidade humana. O Senhor, que veio ?para servir em vez de ser servido?, determina o padrão de vida que leva à Vida Eterna.
“O comércio de drogas, a lavagem de dinheiro ilícito, a corrupção em todos os níveis, o terror da violência, a corrida armamentista, a discriminação racial, a desigualdade entre grupos sociais e a destruição irracional da natureza (…) esses pecados são sinais de uma profunda crise causada pela perda de um sentido de Deus e a essência desses princípios morais que devem guiar a vida de cada pessoa. Na ausência de pontos de referência morais, prevalece uma cobiça desenfreada em busca de riqueza e poder, obscurecendo qualquer visão de realidade social baseada no Evangelho”.
IGREJA NA AMÉRICA
Exortação apostólica pós-sinodal, 22 de janeiro de 1999.
PAZ
A posição de João Paulo II em favor da paz não é política. Ele verberou contra os guerrilheiros do Sendero Luminoso na América do Sul, tão severamente quanto contra a invasão do Kuwait pelo Iraque e contra a guerra conduzida pelos americanos no Iraque. O Papa levou a sua palavra até mesmo a países então engajados em guerras, como fez na Inglaterra durante a Guerra das Malvinas em 1983.
O Papa também relaciona a paz com a liberdade religiosa. Ele crê que o sentimento religioso promove a verdadeira paz, e que se as autoridades públicas garantirem liberdade religiosa estarão também levando adiante a causa da paz. Também está ciente do fato de serem os governos capazes de pregar a paz e fazer a guerra simultaneamente. A paz, ele nos lembra, não é um slogan a ser usado para tranqüilizar ou iludir.
Na visão do Santo Padre, o que garante a paz é o princípio moral. Sejam quais forem as causas sociais das guerras, a responsabilidade moral individual é fundamental. Sem ela, nenhuma paz pode ser duradoura.
“Todos os povos unidos, judeus, cristãos e muçulmanos, israelenses e árabes, crentes ou descrentes, devem gerar e reforçar a paz; a paz dos tratados, a paz da confiança, a paz no coração das pessoas! Nessa parte do mundo, assim como em toda parte, a paz não pode existir ou perdurar a não ser que se baseie no diálogo sincero entre parceiros iguais, que respeitem a história e a identidade um do outro, que se baseie no direito da livre determinação dos povos de decidirem o seu próprio destino, sua independência e segurança. Não pode haver exceção! E todos aqueles que têm acompanhado as partes mais diretamente envolvidas no difícil processo de paz do Oriente Médio devem redobrar os seus esforços para que a modesta reserva de confiança já acumulada não seja desperdiçada e sim aumentada, e que gere lucros”.
DISCURSO A CORPOS DIPLOMÁTICOS,
13 de janeiro de 1997
ORAÇÃO
Orar é conversar com Deus, e convite de Deus à oração, a uma conversa com Ele, é prova da alta estima que Ele tem pelos seres humanos. João Paulo II veemente da ênfase à importância da dignidade individual nesse assunto ? orar é um modo de falar individual e diretamente com Deus.
Em família, a oração se torna uma expressão da união com Cristo. Todos os momentos importantes da vida familiar, nascimento e mortes, aniversários de casamento, aniversários individuais, chegadas e partidas, importantes decisões e crises familiares, devem ser ocasiões para a oração. Os pais devem dar exemplo rezando entre si com os filhos.
Essa oração particular ou familiar deve ser prelúdio da reza litúrgica da Igreja e especialmente da participação na celebração da missa. Observando o ano litúrgico e os feriados, a família pode ajudar a integrar a oração particular à oração pública da Igreja. A oração particular é apoiada pelo ministério da Igreja, e especialmente pelos sacramentos de penitência e da Sagrada Eucaristia.
“Quando rezar se torna difícil, a coisa mais importante a fazer é não parar de rezar, não desistir do esforço. Nesses momentos, volte-se para a Bíblia e esteja presente à liturgia da Igreja. Medite sobre a vida e a doutrina de Jesus que os Evangelhos revelam. Pondere sobre a sabedoria e o conselho dos apóstolos e as desafiadoras mensagens dos profetas. Tente tornar suas as belas orações dos Salmos. Você encontrará na inspirada palavra de Deus o alimento espiritual de que precisa. Acima de tudo, sua alma estará aliviada ao participar plenamente com a comunidade da celebração da Eucaristia, a maior oração da Igreja”.
DISCURSO EM NOVA ORLEÃS,
12 de setembro de 1987
PROGRESSO E MUNDO MODERNO
A busca pela verdade científica é extremamente importante para este Papa de mente tão voltada para a intelectualidade e para a ciência. Para este Papa de mente tão voltada para a intelectualidade e para a ciência. A ciência tem um grande potencial como força de unificação e, portanto, não entra em conflito com a religião.
João Paulo II recomendou aos teólogos que superassem a ignorância científica, através de um diálogo com os cientistas. Quando em 1979, lembrou que ?Galileu? sofreu muito nas mãos dos homens da Igreja?, referia-se a uma ignorância científica. O Papa chama tanto os teólogos quanto os cientistas a ?estarem conscientes de sua competências? e serem sempre fiéis à verdade porque ?a verdade os libertará?.
“A inclinação para a observação empírica, os procedimentos de objetificação científica, o progresso tecnológico e certas formas de liberalismo levaram esses dois termos à oposição, como se a dialética, quando não o conflito absoluto, entre a liberdade e a natureza fosse característica da estrutura da história humana. Em outros períodos, parecia que a ?natureza? submetia o homem totalmente à sua própria dinâmica e às suas leis imutáveis. Hoje, também, a situação do mundo dos sentidos dentro do espaço e do tempo, constantes físico-químicas, processos corporais, impulsos psicológicos e formas de condicionamento social parecem para muitos os únicos fatores realmente decisivos da realidade humana. Nesse contexto, até mesmo os fatos morais, apesar de sua especificidade, são freqüentemente tratados como se fossem dados estatisticamente verificáveis, padrões de comportamento que podem estar sujeitos à observação ou explicados exclusivamente em categorias de processos psicossociais”.
ENCÍCLICA: O ESPLENDOR DA VERDADE ( Veritatis Splendor ), 1993.
RICOS E POBRES
Talvez as palavras mais memoráveis de João Paulo II a respeito da responsabilidade dos ricos para com os pobres tenham sido proferidas no Estádio Yankee, quando insistiu para que os países ricos, como os Estados Unidos, tratem os pobres ?como convidados em sua mesa familiar? não lhes deixando apenas ?as migalhas do banquete?, mas deixando-os participar da refeição. A distribuição igualitária dos bens materiais do mundo tem sido seu pedido constante e sua maior preocupação.
João Paulo II associa a liberdade espiritual à liberdade material. Onde domina extrema pobreza, os valores morais desmoronam e floresce a violência.
João Paulo II se impacienta com aqueles passivamente têm pena dos pobres. Amor aos pobres, ao seu ver, tem de resultar em atos. Os pobres não podem ser ignorados com a justificativa de que um mundo melhor os espera.
O Santo Padre recomenda que todos tenham uma ?especial predileção? pelos pobres e famintos, e não apenas uma preocupação passiva.
“Um dos frutos mais amargos das guerras e das dificuldades econômicas é o triste fenômeno de refugiados e desalojados, um fenômeno que, como foi mencionado no sínodo, atingiu dimensões trágicas. A solução ideal é o estabelecimento de uma paz justa, da reconciliação e do desenvolvimento econômico. Portanto, torna-se urgente que as organizações nacionais, regionais e internacionais encontrem soluções serenas e de longa duração para os problemas de refugiados e desalojados. Ao mesmo tempo, uma vez que o continente continua a sofrer com o maciço deslocamento de refugiados, faço um apelo para que essa gente tenha ajuda material e lhes seja oferecido apoio pastoral, estejam onde estiverem, na África ou em outros continentes”.
DISCURSO DURANTE VISITA PASTORAL À AFRICA
14 de setembro de 1995
SOFRIMENTO, AGONIA E MORTE
A morte de Cristo na cruz une o sofrimento físico ao sofrimento espiritual. Ele tomou para si o mal moral do pecado e sofreu por causa disso.
O próprio João Paulo II sofreu considerável dor física, tanto em sua juventude quanto mais recentemente. O ferimento que sofreu no atentado à sua vida é bem conhecido; suas temporadas em hospitais em anos recentes devido a diversas doenças foram terrivelmente dolorosas para ele. O Papa tem sua visão quase mística de si mesmo sofrendo por toda a humanidade. Em maio de 1994, ele se referia à sua dor física e ao atentado à sua vida ocorrido havia mais de uma década como prova de que o Papa deve sofrer, no sentido de tomar para si a dor de outro que sofrem.
João Paulo II dá realce ao fato de que, em face do sofrimento dos outros, a compaixão e a simpatia, embora sinceras, não são suficientes. Agir para aliviar o sofrimento é única alternativa moralmente aceitável, uma obrigação de que não se pode escapar. Por outro lado, o sofrimento pode nos transformar, nos ensinar a compaixão e, dessa forma, nos aproximar de Cristo. Através do sofrimento nós, assim como Ele, ajudamos a salvar o mundo. Portanto ?em nosso sofrimento encontramos paz interior e, ao mesmo tempo, alegria espiritual?.
Finalmente, o Santo Padre lembra àqueles que enfrentam a morte a sua participação na morte e ressurreição do Senhor, e que a oração é uma fonte de esperança em tempos de crise, e que nenhuma dor ou sofrimento é maior do que a que sentimos estando espiritualmente separados de Deus.
“Em tempos como os nossos, nos quais o homem pode até mesmo mudar as leis da natureza ao seu desejo, as drogas, com sua capacidade de danificar a força de vontade da pessoa, são um obstáculo que revela a fragilidade interna do ser humano e sua necessidade de proteção do mundo que o cerca e, ainda mais radicalmente, de proteção dEle, que pode agir nas profundezas de sua psique em dificuldade. O relacionamento com Deus, vivido em uma atitude de fé autêntica, é um apoio extraordinariamente efetivo na busca de recuperação de situações desesperadas. Aqueles que o experimentaram o conhecem bem e podem dar testemunho disso”.
DISCURSO À FEDERAÇÃO ITALIANA DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS,
26 de junho de 1993
A IGREJA UNIVERSAL
A igreja é universal por ter algo a oferecer a todos os povos e dá as boas vindas a todos os países e culturas em suas instituições. A Igreja Católica é universal pelo que personifica.
Para o Papa João Paulo II, qualquer igreja sem raízes na igreja universal é incompleta. Como membros de um corpo único, as igrejas individuais contribuem para o crescimento da Igreja Universal desenvolvendo os seus dons particulares. Em troca, a Igreja universal enriquece as igrejas individuais através de sua experiência coletiva.
“A igreja católica não está confinada a um território em particular e não tem fronteiras geográficas; seus membros são homens e mulheres de todas as regiões do mundo. Ela sabe, através de muitos séculos de experiência, que a supressão, violação ou restrição da liberdade religiosa causou sofrimento, amargura, dificuldades morais em materiais, e que mesmo hoje há milhões de pessoas que padecem desses males. Em contraste, o reconhecimento, garantia e respeito à liberdade religiosa traz serenidade aos indivíduos e paz social à comunidade; também representa um importante fator no fortalecimento da coesão moral de um povo, aperfeiçoando o bem estar comum e enriquecendo a cooperação entre as nações em uma atmosfera de confiança mútua”.
A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E AS RELIGIÕES,
1 de setembro de 1980
MULHERES
João Paulo II acredita que as mulheres têm dignidade e responsabilidade exatamente iguais às dos homens, e que negar-lhes qualquer papel na vida pública contraria a posição que cabe a mulher no mundo. Ao mesmo tempo, insiste em que seja reconhecida claramente o valor do papel das mulheres como esposas e mães.
João Paulo II também acredita que a sociedade deve ser reestruturada de modo a que as mulheres não tenham de escolher entre o trabalho e a família.
Não obstante quão firmemente acredite na igualdade dos sexos, o Papa continua um tradicionalista. Ele acha igualmente válidas as opções de permanecer virgem ou de se tornar mãe, crê que as mulheres não podem ser ordenadas no sacerdócio e que Maria á a mãe e a mulher modelo.
“Quando as mulheres podem compartilhar integralmente os seus dons com a comunidade há uma melhora na própria maneira como a sociedade compreende a si mesma e se organiza, passando a refletir melhor a unidade substancial da família humana. Aqui vemos a condição mais importante para a consolidação da paz verdadeira. A presença crescente de mulheres na vida social, econômica e política em nível local, nacional e internacional é, portanto uma evolução muito positiva”.
MULHERES: PROFESSORAS DA PAZ,
1 de janeiro de 1995
TRABALHO
?O trabalho foi feito pra o homem, não o homem para o trabalho.? O trabalho humano é a única forma que homens e mulheres têm para colaborar com Deus e participar de Seu trabalho transformador.
Há o perigo, porém, de o trabalho ser pervertido. O trabalho forçado não tem dignidade, e impor trabalho aos outros contra a sua vontade é terrível; trabalho inútil pode ser usado como punição; as pessoas podem ser transformadas em máquinas e trabalharem até exaustão, ou então terem o seu valor humano negado pelo trabalho que fazem. Para que o trabalho seja sagrado, deve ser feito de livre vontade e em plena compreensão de seu significado. João Paulo II nos incita a não fazermos distinções que declarem um tipo de trabalho mais digno e valioso do que outro. Nisso o próprio Senhor deu o exemplo: ?O maior dentre vós deve servir aos outros.?
“O trabalho não é bom apenas no sentido de que é útil ou algo a ser desfrutado, é também bom por ser algo valioso, ou seja, algo que corresponde à dignidade humana, que expressa essa dignidade e a engrandece. Se alguém quiser definir mais claramente o significado ético do trabalho, esta é a verdade particular que deve ter em mente: o trabalho é bom pra o homem ? bom para a sua humanidade ? porque através do trabalho o homem não apenas transforma a natureza, adaptando-a as suas necessidades, como também adquire satisfação como ser humano e de fato, de certa forma, se torna ?mais humano?”.
ENCÍCLICA SOBRE O TRABALHO HUMANO ( Laborem Exercens ), 1981.
RELIGIÕES DO MUNDO
O Papa sempre estendeu a mão para todas as religiões do mundo. Fez isso a ponto de viajar muito e se dirigir a diversos grupos religiosos, incluindo judeus, muçulmanos, budistas, xintoístas e hindus. João Paulo II apóia entusiasticamente a diversidade religiosa e clama pelo fim do preconceito religioso, do antagonismo racial e da xenofobia.
No espírito de irmandade, ele se opõe ao proselitismo em favor de uma larga aceitação de outras fés, afirmando que Deus ama e aceita todos os fiéis da humanidade. Demonstrou isso não apenas freqüentando cerimônias de outras religiões, mas também convocando os fiéis pra um ?diálogo de vida? de modo à ?promoverem os valores morais, a justiça social, a liberdade e a paz?. Na tentativa de construir pontes pra o diálogo, reuniu líderes de todas as maiores religiões do mundo em Assis, Itália, para um dia de preces pela paz mundial.
“À comunidade budista, que reflete numerosas tradições asiáticas bem como americanas: desejo respeitosamente conhecer seu modo de vida, baseado na compaixão, no amor e no anseio por paz, prosperidade e harmonia par todos os seres. Que todos nós possamos dar testemunho de compaixão e amorosa bondade na promoção do verdadeiro bem da humanidade.
À comunidade islâmica: compartilho de sua crença de que a humanidade deve a sua existência a um Deus único e misericordioso que criou o céu e a terra. Num mundo em que Deus é negado ou desobedecido, num mundo que experimenta sofrimento e necessita tanto da misericórdia de Deus, devemos lutar juntos pra sermos corajosos portadores da esperança.
À comunidade hindu: aprecio a sua preocupação pela paz interior e pela paz no mundo, baseada não puramente em considerações mecânicas, materialistas ou políticas, mas na autopurificação, no altruísmo, no amor e na simpatia por todos. Que a mente de todos os povos seja imbuída da tal amor e compreensão.
À comunidade judaica: repito a convicção do Concílio Vaticano II, que diz que a Igreja ?não pode esquecer que recebeu a revelação do Velho Testamento através do povo com quem Deus, em sua misericórdia, estabeleceu a Antiga Aliança. Também não pode se esquecer que ela tira o sustento da raiz dessa boa oliveira na qual foi enxertado o ramo selvagem dos gentios? ( ver Rm 11, 17-24; Nostra Aetate, 4). Com vocês, me oponho a toda forma de anti-semitismo. Que trabalhemos pra o dia em que todos os povos e nações possam desfrutar de segurança, harmonia e paz”.
DISCURSO PRA LÍDERES INTER-RELIGIOSOS EM LOS ANGELES,
16 de setembro de 1987
JUVENTUDE
O Papa João Paulo II é devotado às crianças e aos jovens, e tem se dirigido a eles freqüentemente, em todo mundo. Nossa afeição e consideração pelas crianças e pelos jovens ? que é medida pela nossa sensibilidade em relação às suas necessidades ? é uma prova de nossa preocupação pelo ser humano em geral. Uma sociedade que não valorize os jovens não pode sobreviver, e o próprio Papa tem um encanto positivo pó eles: ?Gostaria de expressar?, disse, ?a alegria que todos encontramos nas crianças, a primavera da vida, a antecipação do futuro.? Também deve ser dito que João Paulo II encontra essa alegria em todas as crianças, incluindo as deficientes e doentes, e encoraja os pais e outros adultos a dedicarem atenção às crianças com necessidades especiais.
Para João Paulo II, a família está no centro da vida das crianças e dos jovens. A família é o mais importante provedor de educação, e a família cristã o modelo para uma sociedade adequadamente organizada. Especialmente nas sociedades industrializadas, os pais podem se sentir tentados a fugir à responsabilidade pela educação, deixando-a a cargo da comunicação de massa ou de outras instituições. João Paulo II encara isso como um perigo a ser evitado a todo custo e insiste para que os pais ajudem as crianças a se desenvolverem um senso de julgamento quanto às suas fontes de informação e entretenimento. É a família, orientada pelos pais, que oferece aos jovens o seu melhor e mais essencial fundamento, seja religioso, moral e cultural.
De todas as descobertas a serem feitas pela juventude, a mais importante para o Santo Padre é a descoberta de Cristo ? a descoberta pessoal do Senhor.
“A Igreja precisa de vocês. O mundo precisa de vocês, porque precisa de Cristo e vocês pertencem a Cristo. Portanto eu peço que aceitem a sua responsabilidade para com a Igreja, a responsabilidade de sua educação católica, para ajudar, através de suas palavras e, acima de tudo, pelo exemplo de suas vidas, a espalhar o Evangelho. Façam isso através da oração e sendo justos, verdadeiros e puros. Caros jovens: através de uma verdadeira vida cristã, através da prática de sua religião, vocês são chamados a prestar testemunho de fé. E porque as ações falam mais alto do que as palavras, vocês são chamados a proclamar, através da conduta de suas vidas diárias, que realmente acreditam que Jesus Cristo é o Senhor!”
SAUDAÇÃO EM NOVA IORQUE,
3 de outubro de 1979
VIDA CRISTÃ
Os textos selecionados nesta seção oferecem uma amostra da sabedoria do Papa sobre temas vitais e diversos da vida cristã. Tratam de Jesus Cristo, Maria, os Sacramentos, o Celibato, Mulheres Religiosas, Evangelização, Educação Católica, O Mal, Ecumenismo, Artes e Páscoa.
Obviamente, esta seleção final não abrange o vasto escopo do conhecimento e dos interesses do Papa, para não mencionarmos suas palavras registradas em livros, discursos homilias, cartas, encíclicas e em uma gama extraordinariamente ampla de matérias tanto religiosas quanto seculares. Em seus muitos anos como Papa, João Paulo II aderiu a um horário severo, tanto no Vaticano quanto fora dele, em mais de sessenta viagens, nas quais fez de perto de três discursos memoráveis por dia, em quase todos os dias do ano. Seus discursos públicos e particulares somam vinte volumes ( a maioria disponível no diário O Papa fala ).
Além disso, antes de ascender ao papado, João Paulo foi poeta, autor de peças e crítico de teatro, assim como eminente filósofo, mas nenhuma dessas vocações está representada nesta coleção devido às limitações de espaço e por termos nos centralizado mais em temas populares e em questões vitais. Assim, esta seleção explora vários elementos chaves de vida cristã e da fé católica. Mas qualquer leitor pode facilmente pensar em muitos outros tópicos que poderiam ter sido acrescentados.
Jesus Cristo
“Jesus é o filho de Deus ?encarnado?, feito carne, de modo a viver a realidade concreta de nossa existência como homem e como filho de Deus ao mesmo tempo. Isto é um mistério sem precedentes. Vocês devem ter idéia da dignidade que Ele confere às suas vidas como trabalhadores humildes, uma vez que ele viveu em Nazaré, na Palestina. Viveu sob o olhar atento de Deus Seu Pai, intimamente ligado a Ele no ato da graça. Ele ofereceu a Deus todas as suas alegrias e todas as suas dificuldades. Viveu na simplicidade, pureza de coração, com coragem, como um servo, como um amigo ao qual eram bem-vindos os enfermos, os aflitos, os pobres de todo tipo, com um amor que ninguém há de superar e que Ele tornou Seu testamento: Amem-se uns aos outros como eu vos amei. Aquela vida que, através do sofrimento de Seu sacrifício, ofereceu para salvar o mundo de seus pecados, é agora glorificada diante de Deus”.
HOMILIA EM KISANGANI, ZAIRE,
29 de maio de 1980
Maria
“Maria viveu e exercitou a sua liberdade precisamente dando ?se a Deus e aceitando a dádiva de Deus dentro dela. Até o tempo do nascimento dEle, ela abrigou em seu seio o Filho de Deus que se tornou homem; e O criou e possibilitou que crescesse, e acompanhou-O no supremo ato de libertação que foi o completo sacrifício da própria vida dEle. Por ter oferecido a si mesma, Maria participou inteiramente do plano de Deus da dar a Si mesmo ao mundo. Ao aceitar e ocultar em seu coração coisas que ela nem sempre compreendia ( cf. Lc 2,19 ), tornou-se ,modelo de todos aqueles que ouvem a palavra de Deus e a mantêm ( cf. Lc 11,28 ), e mereceu o título base da sabedoria. Essa sabedoria é o próprio Jesus Cristo, a eterna palavra de Deus, que perfeitamente revela e executa a vontade do Pai ( cf. Hb 10, 5-10 ). Para nós ela dirige a ordem que deu aos seus servos em Cana, na Galiléia, durante a festa de casamento: ?Fazei tudo quanto ele vos disser? ( Jo 2,5 )”.
ENCÍCLICA: O ESPLENDOR DA VERDADE ( Veritatis Splendor ), 1993.
Os Sacramentos
“Da Eucaristia brota a missão da Igreja e a sua capacidade de oferecer uma contribuição específica à família humana.
A Eucaristia efetivamente transmite a dádiva que Jesus compartilhou com o mundo: ?Deixo-voz a paz, a minha paz voz dou?. ( cf. Jo 14,27 ).
A Eucaristia é o sacramento da ?paz? de Cristo porque é memória do sacrifício redentor salvífico da cruz.
A Eucaristia é o sacramento da vitória sobre as divisões que advêm do pecado e do egoísmo coletivo.
Portanto, a comunidade eucarística é convocada a ser um modelo e instrumento de uma humanidade reconciliada.
Na comunidade cristã não pode haver divisão, discriminação ou separação entre aqueles que repartem o pão da vida ao redor do altar do sacrifício”.
HOMILIA EM SEUL, CORÉIA DO SUL,
18 de outubro de 1988
“Embora se distingam um do outro não apenas em essência como também em grau, o sacerdócio comum do fiel e o sacerdócio ministerial ou hierárquico estão inter-relacionados. Cada um deles, ao seu modo especial, faz parte do sacerdócio único de Cristo. O sacerdote ministerial, pelos podres sagrados de que desfruta, molda e governa o sacerdócio popular. Agindo na pessoa de Cristo, ele evoca o sacrifício eucarístico, e o oferece a Deus em nome de todos. De sua parte, o fel se junta na oferenda da Eucaristia em virtude de seu real sacerdócio. Ele também exercita o sacerdócio ao receber os sacramentos, através de oração e ações de graça, pelo testemunho de uma vida santa, pela abnegação e pela caridade ativa”.
CARTA NO QUINQUAGÉSIMO ANIVERSÁRIO DE SUA ORDENAÇÃO SACERDOTAL,
17 de março de 1996
“O confessionário não é e não pode ser alternativa para o consultório do psicanalista ou do psicoterapeuta, nem se deve esperar que o sacramento da penitência cure condições verdadeiramente patológicas. O confessor não é um médico ou curandeiro no sentido técnico do termo; em verdade, se a condição do penitente parece requerer cuidados médicos, o confessor não deve cuidar sozinho do assunto e sim enviar o penitente para profissionais capacitados e honestos”.
MENSAGEM AO CARDEAL WILLIAM W. BAUM, PENITENCIÁRIO MAIOR,
20 de março de 1998
“O batismo é a primeira e fundamental consagração da pessoa humana. Iniciando nova existência em Cristo, o batizado ? homem ou mulher ? participa dessa consagração, em sua total doação ao Pai que é própria de Seu Filho eterno. É Ele ? o Filho ? que estimula na lama do homem o desejo de se entregar sem reservas a Deus: ?A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando irei até lá e me apresentarei ante a face de Deus?? ( Sl 42,3 )”.
O QUE SERIA DO MUNDO SEM A VIDA CONSAGRADA?Homilia em missa no Sínodo dos Bispos, 29 de outubro de 1994.
Celibato
“O padre que, ao escolher o celibato, renuncia ao amor humano para se abrir totalmente ao amor de Deus, torna-se livre para dar-se como uma dádiva aos homens, sem excluir nenhum, incluindo a todos no fluxo de caridade que vem de Deus ( cf. Rm 5,5 ) e a Deus conduz. Ao unir o sacerdote a Deus, o celibato o liberta para todo o trabalho requerido pelo cuidado das almas”.
DISCURSO AOS PADRES NO ZAIRE,
4 de maio de 1980
Mulheres Religiosas
“Sua missão pode parecer muito exigente, muito grande para as suas capacidades. Pois vocês estão próximas das pessoas; em muitos casos tem a educação das crianças em suas mãos, a educação dos jovens e dos adultos. Por natureza, por sua missão evangélica, têm de ser fomentadoras de paz e da concórdia, unidade e fraternidade. Vocês podem desarmar mecanismos de violência através de educação integral e promover os autênticos valores do indivíduo. Suas vidas consagradas têm de ser um desafio ao egoísmo e à opressão, um chamado à conversão, um fator de reconciliação entre as pessoas”.
SAUDAÇAO A RELIGIOSAS NA COSTA RICA,
3 de março de 1983
Evangelização
“Também devemos estar profundamente convecidos do fato de que a evangelização é um serviço valioso para a humanidade, uma vez que a prepara para alcançar o plano de Deus, que deseja unificar a Si mesmo com todo homem e mulher e devolver-lhes um povo de irmãos e irmãs libertados de injustiças e repletos de sentimento de autêntica solidariedade”.
MENSAGEM NO DIA MUNDIAL DA MISSÃO,
22 de outubro de 2000
Educação Católica
“Historicamente, a Igreja foi a fundadora das universidades. Durante séculos ela desenvolveu ali um conceito de mundo no qual o conhecimento da época se situava dentro de uma visão mais ampla de um mundo criado por Deus e redimido por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, muitos de seus filhos se dedicaram ao ensino e à pesquisa para iniciar gerações de estudantes em vários graus de erudição dentro de uma visão total do homem, incluindo especialmente uma consideração sobre a razão última de sua existência”.
DISCURSO PARA ESTUDANTES DO ZAIRE,
29 de maio de 1980
O Mal
“A contraposição do bem e do mal entrou na história do homem, destruindo a inocência original no coração do homem e da mulher. ?Embora criado por Deus em estado de retidão, o homem, seduzido pelo mal, abusou de sua liberdade logo no início da história. Ergueu-se contra Deus e tentou alcançar seus objetivos sem Ele?. Daí em diante ?toda a vida do homem, seja individual ou social, parece uma luta, e uma luta dramática, entre bem e mal, entre luz e trevas. (…) Pois o pecado reduziu o homem a um estado inferior, afastando-se da plenitude de que deveria alcançar.? ( Gaudium et Spes, 13 )”
HOMILIA NA MISSA DE ABERTURA DO SÍNODO DOS BISPOS,
29 de setembro de 1983
Ecumenismo
“A verdadeira paz só existe com base em um processo de unificação no qual cada pessoa esteja apta a escolher, em liberdade e verdade, os caminhos de seu próprio desenvolvimento. Além disso, tal processo é impossível se não houver acordo quanto à original e funda mental unidade que se manifesta em diferentes formas, não opostas, mas complementares, que precisam e buscam uma à outra”.
CARTA APOSTÓLICA SOBRE O MILÊNIO DO BATISMO CRISTÃO DE KIEV, RÚSSIA, 1988.
As Artes
“Hoje, a literatura, o teatro, o cinema e as artes visuais encaram a sua função em grande parte em termos de crítica, protesto, oposição ou em apontar um dedo acusador contra as condições existentes. O belo como categoria de arte parece ter sido esquecido em favor de representações do homem em seus aspectos negativos e em suas contradições, em sua desesperança e na ausência de significado. Este perece ser o atual ecce homo. O assim chamado mundo intacto é um objeto de escárnio e cinismo”.
DISCURSO EM MUNIQUE,
19 de novembro de 1980
Páscoa
“Este é dia que nos fez o senhor. O dia de uma grande testemunho e de um grande desafio. O dia da grande resposta de Deus às incessantes perguntas do homem. Perguntas a respeito do homem, sua origem e seu destino, a respeito do sentido e da dimensão de sua existência. Este é dia que nos fez o senhor. ?Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado? ( 1 Cor 5,7 ). ?Páscoa? significa passagem. A passagem de Deus através da história humana. Passagem através da inevitabilidade da morte humana, que desde o princípio e até o fim é o portal para a eternidade. Passagem através da história do pecado humano, que no coração de Deus é a morte do homem: passagem para a vida em Deus”.
MENSAGEM DE PÁSCOA,
30 de março de 1996