Legitimidade do título mariano “Mãe de Deus”

“Não se deve adorar somente o Cristo? Mas não se deve honrar também a Santa Mãe de Deus? Esta é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos, pois o Filho te honra; Ele nada te nega. Bernardo foi longe demais ao comentar o Evangelho… Só a respeito de Cristo está dito: ‘Ouvi-o’ e: ‘Eis o Cordeiro de Deus’… Isto não foi dito a propósito de Maria, nem dos anjos, nem de Gabriel” (Martinho Lutero, cf. Weimar, tomo 51, pg. 128s).


“A mesma amantíssima Mãe de Deus queira obter a graça para mim, a fim de que possa expor o seu cântico com proveito e profundidade” (Martinho Lutero, cf. Weimar, tomo 7, pg. 545).


“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: ‘Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano’. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria. (…) Esta única palavra ‘mãe de Deus’ contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser Mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração” (Martinho Lutero, Explicação do Magnificat).


“Não podemos reconhecer as bençãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus” (João Calvino, Comm. Sur l’Harm. Evang. 20).


“Estimo grandemente a Mãe de Deus, a Virgem Maria perpetuamente casta e imaculada” (Ulrico Zwínglio, ZO 2,189).


“Cremos que o corpo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus é templo do Espírito Santo… foi levado pelos anjos ao céu” (Heinrich Bullinger [Zwingliano]).


“Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que supera todo e qualquer intelecto” (Basilea Schlink [Luterana], Comentário ao Magnificat).


“Por que um cristão evangélico pode ter o direito de ignorar tais realidades pelo fato de se apresentarem na Igreja Católica e não na sua comunidade religiosa? Tais fatos não deveriam, ao contrário, levar-nos a restaurar a figura da Mãe de Deus na Igreja Evangélica? Somente Deus pode permitir que Maria se dirija ao mundo, através de aparições” (Manifesto de Dresden – Maio/1982 [redigido por teólogos luteranos]).


“Existem quatro dogmas marianos aceitos na Igreja romana: o dogma da Maternidade Divina, a Virgindade Perpétua, a Assunção e a Imaculada Conceição. Estes dogmas são, via de regra, e em bloco, questionados pelas denominações protestantes mais jovens. Contudo, a medida em que retrocedemos no tempo, quase todos são compreendidos e aceitos, se lidos dentro de uma outra ótica. Quanto ao primeiro dogma, o da Maternidade Divina, ele é recebido sem qualquer dúvida, por todas as Igrejas da primeira Reforma (Anglicanos, Luteranos e Calvinistas) quando lido dentro do seu contexto original. A compreensão reformada entende que a fórmula ‘teotokos’ surgiu dentro de um debate cristológico e não mariológico. Assim sendo, as Igrejas da Reforma não possuem qualquer dificuldade de acreditar, e proclamar, que Maria não foi mãe de mero homem, mas Mãe de Deus. Ela não levava em seu ventre alguém que possuía apenas a natureza humana, mas era Portadora de Deus. O Verbo divino repousava em seu ventre. (…) Lamentamos que a figura da Virgem Maria seja completamente e deliberadamente esquecida na maioria das comunidades que surgiram em decorrência da Reforma protestante do século XVI. É nossa convicção, no entanto, que a Bem-aventurada Virgem Maria ocupa um lugar especial na Comunhão anglicana. Ela é honrada como Bem-aventurada; honrada como Virgem e como Mãe de Deus” (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Diocese de São Paulo, Paróquia de São João; artigo: Maria na tradição da Igreja Anglicana [Acessado em 18.12.2008]).


“Sou protestante presbiteriano tradicional, calvinista. Fui criado arminista, batista. Depois que conheci a fé calvinista, passei a ser membro da Igreja Presbiteriana Tradicional. No primeiro culto que assisti, o reverendo pregou sobre as virtudes de Maria. Nós, reformados, não sofremos de ‘mariite’, inflamação que provoca sintomas cerebrais contra Maria. Nós amamos Maria, consideramo-la Santa, Pura e o maior exemplo a ser seguido. Aceitamos a idéia de Mãe de Deus, pois ela gerou um Homem/Deus” (Milton Junior [Presbiteriano], cf. Veritatis Splendor [acessado em 18.12.2008]).


“Muitos evangélicos têm objetado ao uso do termo ‘mãe de Deus’, como se o Concílio de Calcedônia estivesse ensinando que Maria é mãe da Trindade. Nada está tão longe da verdade quanto essa errônea interpretação. O título ‘mãe de Deus’ (Theotókos, literalmente ‘portadora de Deus’) não foi dado em razão de Maria, mas em razão de Jesus Cristo. A ênfase está nele, não nela. O título quer dizer que ele é Deus, o que expressa uma verdade bíblica crucial. Maria portou em seu ventre aquele que, com o Pai e com o Espírito Santo, é um só Deus, agora e sempre. Ele fez-se homem sem deixar de ser Deus.
O termo ‘Theotokos’ foi inspirado nas seguintes palavras de Isabel, mãe de João Batista, dirigidas a Maria: ‘Mas por que sou tão agraciada, a ponto de me visitar a mãe do meu Senhor?’ (Lc 1.43). O termo ‘Senhor’ aponta para a divindade de Jesus Cristo (…). Aquele que estava no ventre de Maria, a quem ela amamentou e de quem cuidou, era o ‘Deus conosco’ (Mt 1.23), verdadeiro Deus e verdadeiro homem. O termo ‘Theotokos’ aponta para essa confissão de fé cristológica.
Cabe lembrar que o termo ‘Deus’ pode ser aplicado a cada pessoa da Santíssima Trindade. Sendo assim, se Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não há impropriedade em afirmar que Maria foi, de fato, mãe de Deus, ou seja, de Deus Filho, do Verbo encarnado. (…)” (Aldo Menezes [Batista], livro “Por que Abandonei as Testemunhas de Jeová”, ed. Vida, pág. 347, nota 9).

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