Leitor católico não-praticante pede ajuda

Nasci na Igreja Católica, mas meus pais só me batizaram e crismaram, nunca me ensinaram a rezar diariamente e ir à missa semanalmente, pois eles nunca foram praticantes e por isso nunca pratiquei também. Na idade de 23 anos eu comecei a freqüentar uma igreja presbiteriana, mas, como não concordava com as doutrinas, eu saí, pois vi que a Igreja Católica era totalmente coerente com a Bíblia. Quero voltar ao catolicismo e agora realmente praticar. Eu serei aceito de novo? Posso praticá-lo livremente? (José Maurício)

Estimado José Maurício,

A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Agradecemos pelo contato e pela confiança depositada em nosso apostolado.

O seu relato é bastante semelhante ao de boa parte — possivelmente da maioria — dos católicos brasileiros, ou melhor, daqueles que, quando consultados em algum censo do IBGE a respeito da religião que professam, respondem “sou católico”. Infelizmente, muitas crianças são batizadas meramente por uma espécie de convenção social, por tradição ou por medo dos pais de que o filho morra “pagão”. Poucos, eu diria até pouquíssimos são os pais que batizem seus filhos com o compromisso consciente e convicto de os criarem à luz da doutrina católica e de lhes ensinarem os primeiros passos na fé. Muitos inclusive batizam seus filhos e nunca mais aparecem na igreja…

Mas falando sobre o seu caso especificamente, é motivo de grande alegria saber que você, tendo freqüentado uma comunidade eclesial cristã não-católica, logo percebeu que a verdade cristã, em sua plenitude, só pode ser encontrada na Igreja Católica Apostólica Romana.

Quanto a voltar ao catolicismo, certamente você será aceito, bastando, para isso, que você se reconcilie com a Igreja através do sacramento da Confissão (também chamado de sacramento da Reconciliação). Procure um padre sério e piedoso, de preferência de alguma paróquia perto de sua residência (que você possa freqüentar sempre), e tenha uma conversa preliminar com ele. Ele deverá orientá-lo a fazer um bom exame de consciência (uma roteiro para um exame de consciência bem feito pode ser encontrado no artigo “Preparação para a Confissão”, do Bispo D. Antonio Carlos Keller, diretor espiritual deste apostolado), para em seguida confessar-se.

Por fim, com relação a praticar o catolicismo “livremente”, devo dizer-lhe que isso não é possível. Lamentavelmente, essa também é uma característica muito comum entre os católicos brasileiros, ou seja, cada um segue a fé católica “ao seu modo”, muitas vezes adotando posicionamentos claramente contrários à doutrina católica, como, por exemplo, são esquerdistas [veja meu artigo “Quem é católico pode ser ‘de esquerda’?”], são favoráveis à legalização do aborto, defendem o uso da camisinha etc. Para ser católico, de fato, é preciso estar disposto a pagar um preço, o preço de remar contra a corrente; de ser obediente à autoridade da Igreja; de abrir mão daquilo que nos parece ser “correto” e “razoável” para seguir tão-somente o que a Igreja ensina. Por outro lado, é uma graça inestimável saber que podemos confiar na autoridade da Igreja, pois essa autoridade foi dada pelo próprio Senhor Jesus Cristo. É muito bom saber que jamais erraremos se seguirmos fielmente tudo aquilo que a Igreja ensina para o nosso próprio bem e para a nossa salvação eterna. Enfim, num mundo onde as pessoas de um modo geral querem fazer tão-somente aquilo que lhes convém, e onde cada um se acha no direito de discordar da bimilenar doutrina católica, ser católico significa ter a certeza de fazer não a nossa própria vontade, nem a vontade de qualquer outro indivíduo ou grupo, mas sim a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, tal como foi revelada e confiada à Sua Igreja.

Peço a Deus que, pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, derrame sobre você muitas graças, e o sustente em sua caminhada de regresso à Casa do Pai.

E caso você necessite de mais alguma orientação ou ajuda, não hesite em nos escrever novamente.

Em Cristo,
Marcos M. Grillo

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