Leitor pergunta sobre a oração da paz na celebração sem padre

Olá! A paz do Senhor! No folheto dominical mostra-se claramente que somente o sacerdote deve proferir a oração pela paz. Porém, tem outro livro da CNBB, acho que é o da liturgia diária, ou algum llivrinho como guia para o “culto sem padre”, que mostra entre parenteses para recitar o pai nosso e a oração pela paz. Gostaria de saber o que é certo e como mostrar com documentos da Igreja. Agradeço toda ajuda. Obrigado pela atenção. Jener


Caríssimo sr. Jener,

Obrigado pela confiança.

Na verdade, pouco importa o que o folheto ou o livro da CNBB dizem. O que vale é o Missal. E o Missal (bem como a Instrução Geral do Missal Romano e os vários documentos que legislam sobre liturgia, como a Redemptionis Sacramentum, por exemplo) manda que a Oração da Paz seja recitada pelo sacerdote apenas. Assim, o folheto está certo, mas não é porque ele está certo que devemos seguir, entende? O folheto está correto, mas isso é casualidade, não provando nada, dado que noutros pontos os folhetos estão errados.

Digamos que o senhor concluiu certo, mas pelos motivos errados. Sim, a Oração da Paz é reservada ao sacerdote (como diz o folheto), porém não por causa do folheto, e sim pela norma do Missal Romano.

A celebração da Palavra quando não há Missa é um rito litúrgico, e, como tal, rege-se pelas rubricas próprias. Está no livro litúrgico chamado Ritual Romano, e chama-se, oficialmente Rito da Sagrada Comunhão fora da Missa com uma Celebração mais Extensa da Palavra de Deus. Ordinariamente, deve ser celebrado por um padre (que não celebra Missa por já o ter feito no dia, ou por outro motivo pastoral e grave), ou por um diácono, podendo, entretanto, ser dirigido por um leigo com permissão extraordinária do Ordinário para distribuir a Eucaristia. Veja: o ministro leigo é extraordinário, não podendo exercer habitualmente o ministério, mormente onde não é realmente necessário.

Nesse caso, do Rito da Sagrada Comunhão fora da Missa, não está prevista a Oração da Paz. O rito é simples e, depois do Pai Nosso, há, se oportuna, o sinal da paz diretamente, sem a oração. Atente o senhor: isso não só quando o rito é celebrado por um leigo, mas também pelo sacerdote ou diácono. Simplesmente não há Oração da Paz no rito, conforme o Ritual Romano. As rubricas, nos números 30 e 31 da seção “A Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa”, constante do Ritual Romano, são claras, nesse sentido. Não há, pois, possibilidade do ministro leigo recitar a Oração da Paz durante a Comunhão fora da Missa, no tal “culto sem padre”. Aliás, não há nem mesmo previsão de uma Oração da Paz nesse rito.

Por outro lado, é possível celebrar a Palavra de Deus sem distribuição da Comunhão, e aí já não estamos diante de um rito litúrgico, e sim de uma devoção privada (ainda que feita de maneira pública). Sendo, então, uma prática não-litúrgica, pode-se criar regras locais. Mantenha-se, entretanto, todo o cuidado para que o fiel não confunda semelhantes celebrações com os ritos oficiais de “culto sem padre”, e muito menos com a Santa Missa.

Em Cristo,

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