Leitor pergunta sobre a posição da Igreja quanto à “Terapia da Regressão”

Primeiramente gostaria de parabenizar a todos do VS pelo ótimo trabalho que realizam, ajudando-nos a compreender melhor nossa fé católica. Desejo que a Maria, Mãe de Deus e nossa os continue abençoando durante a caminhada.
Eis a minha dúvida: Sou coordenador de um grupo de jovens (Entusiasmo) na paróquia de Santa Rita de Cássia aqui na cidade de Pirassununga. Recentemente, uma integrante do grupo me fez uma pergunta sobre a posição da Igreja quanto à terapia de regressão. Visto não ter certeza da posição da Igreja quanto a este tema, resolvi mandar esta dúvida, para me ajudarem no esclarecimento da mesma. Certo de contar com vossa ajuda, desde já agradeço.
Em Cristo Jesus! (Rodrigo)

Prezado Rodrigo,

A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Ficamos felizes e agradecemos pela confiança em nos escrever. Nunca é demais lembrar que nós, do VS, não buscamos outra coisa a não ser mantermo-nos fiéis e obedientes a Sua Santidade o Papa Bento XVI, bem como ao Sagrado Magistério da Igreja. Não ensinamos opiniões particulares, nem nos arvoramos em mestres segundo o nosso próprio entendimento, mas nos limitamos a ensinar estritamente aquilo que a Santa Igreja ensina, nem mais nem menos, sem tirar nem pôr.

Com relação à sua dúvida, cabe-nos esclarecer que a chamada “terapia de regressão” (ou “terapia de vidas passadas”), é baseada na doutrina da reencarnação, logo, é reprovada pela Igreja, conforme aprendemos no Catecismo da Igreja Católica, n. 1013:

“A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir o seu destino último. Quando tiver terminado ‘o único curso da nossa vida terrestre’, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. ‘Os homens devem morrer uma só vez’ (Hb 9,27). Não existe ‘reencarnação’ depois da morte.”

Isso não significa, obviamente, que a Igreja não crê ou nada ensina com relação à vida após a morte, mas tão-somente que, após o término da nossa jornada terrestre, nosso espírito não ficará vagando no mundo espiritual até “reencarnar” em outro corpo ou até em outro planeta. Após a morte, o destino do nosso espírito, de acordo com o ensino da Igreja, poderá ser apenas um desses três: o céu, o purgatório ou o inferno. A esse respeito, recomendamos que (re)leia os números 988 a 1019 do Catecismo da Igreja Católica, os quais nos ensinam tudo o que devemos saber sobre a morte e o destino eterno do espírito. Recomendamos também a leitura dos números 836 a 848 do Catecismo, que falam das religiões e pessoas não-cristãs em relação ao plano de salvação divino.

Sugerimos a leitura dos artigos abaixo, todos publicados no site [do Apostolado Veritatis Splendor, os quais abordam a temática espírita:

· A reencarnação e a fé cristã
· A Bíblia prova a reencarnação como diz Allan Kardec?
· A Igreja é contra os espíritas?
· O Espiritismo é cristão? – 1
· O Espiritismo é cristão? – 2
· O que dizer do Espiritismo?
· Orígenes e a reencarnação
· Por que o Espiritismo não é cristão?
· Superioridade espírita na explicação do sofrimento?
· A Bíblia e o espiritismo
· A Igreja e a mediunidade
· A mordaça espírita
· A revelação espírita
· As curas do dr. Fritz
· Curas espirituais?
· Espírita se revolta contra os argumentos do VS contra o Espiritismo
· Leitor pergunta por que o profeta Samuel apareceu à necromante em 1Samuel 28,8
· Mesmo espírito, médiuns diferentes
· Os desmentidos do Espiritismo
· Perguntas sobre ações “sobrenaturais” no protestantismo e no espiritismo
· Posso pedir a Deus para que me conceda o espírito de alguém?
· Teoria do resgate: um exemplo espírita

Cabe ressaltar que quando a chamada terapia de regressão se limita à investigação, por meio da hipnose ou de forma consciente, de estágios anteriores da vida do indivíduo (isto é, juventude, adolescência, infância, até o ventre materno), tal terapia seria então neutra, não havendo razão para reprovação por parte da Igreja, visto que, nesse caso, não se está a falar em encarnações anteriores (ou “vidas passadas”), isso sim, reprovado pela Igreja.

Recomendamos ainda que você procure sempre aconselhar os jovens do seu grupo a que consultem, pesquisem e estudem o Catecismo da Igreja Católica, onde encontramos tudo aquilo de que necessitamos para ser bons católicos.

À guisa de complemento, transcrevemos o comentário abaixo, do saudoso teólogo D. Estêvão T. Bettencourt, OSB, extraído de seu opúsculo “Reencarnação: prós e contras”, da Escola Matter Ecclesiae”:

“As pesquisas sobre as narrações de vida pregressa feitas em sono hipnótico permitem dizer que se trata de fenômenos letárgicos, assim explicáveis: habitualmente temos conscientes apenas 1/8 dos conhecimentos que adquirimos desde a infância; os 7/8 restantes ficam no inconsciente, como que ignorados. Contudo, por efeito de choque psicológico forte, as noções latentes podem aflorar à mente e combinar-se de muitas maneiras, dando ocasião a que o indivíduo fale e proceda como se houvesse mudado de personalidade. É o que se verifica, por exemplo, quando alguém é colocado em estado de transe: um hipnotizador que possua domínio sobre seu paciente, pode sugerir-lhe que experimente as situações mais estranhas e ridículas: o hipnotizado sentirá então sucessivamente calor e frio com sintomas típicos destas situações; fará convictamente as vezes de soldado, de General e de Rei, de ricaço e de mendigo, de acordo com as sugestões que o operador lhe quiser incutir; retrocederá no tempo, comportando-se como criança, tomando voz infantil, mostrando-se tagarela e caprichoso; tentará engatinhar, escreverá com letra de aprendiz de escola primária. E, se o hipnotizador insistir, conseguirá que seu paciente “ultrapasse o limiar da vida presente”, contando episódios de uma vida anterior à atual, episódios que, uma vez analisados, se evidenciam como fatos ocorridos ao hipnotizado na existência atual, mas diversamente associados pela fantasia. Da mesma forma, o operador poderá fazer que o paciente antecipe o futuro ou a velhice, tomando a voz rouca e trêmula de um ancião. Vale a pena registrar o seguinte: o hipnotizador que em Shreveport (Luisiana) conseguiu levar diversas pessoas a vidas pregressas, cometeu um descuido ao enfrentar o quarto paciente: em vez de lhe dizer: “Quero que você retroceda… mais… e mais… através do tempo… até outro lugar…”, disse “…mais… e mais… até outro mundo”. O paciente então anunciou imediatamente que era um ser estranho chamado “C”, que vivia na Luz e que realizava viagens interplanetárias num disco voador!…

Também é significativo este particular: em geral, as pessoas que dizem recordar-se de suas existências passadas, apresentam-se como personagens importantes. O observador Douglas Home declarava que já tivera a honra de encontrar ao menos doze Maria Antonieta, rainha da França, seis ou sete Maria Stuart, rainha da Inglaterra, multidão de São Luís e outros reis, uns vinte Alexandres e Césares; nunca, porém, se defrontara com personagem insignificante… Ora quem entra numa clínica de doentes mentais, tem fácil oportunidade de conversar com muitos “vultos eminentes” da história passada. As pretensas afirmações de reencarnação não serão, pois, em vários casos, expressões requintadas da megalomania de indivíduos psicopatas?”

Na esperança de termos esclarecido a sua dúvida, despedimo-nos com um abraço fraterno!
Marcos M. Grillo

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