A paz de Cristo esteja convosco!
Meu nome é Luciano, moro em Uberaba-MG, acompanho fielmente os artigos do “Veritatis Splendor” e faço “catecismo para adultos” em uma paróquia aqui da cidade. Tive algumas divergências com a catequista daqui, pois em algumas questões referentes à Missa, ela nos passou algumas coisas que achei meio “estranho”, assim, faço as seguintes perguntas:
1) no momento da oração eucaristica, nada pode ser mudado ou inventado em relação ao missal romano. Isso também é aplicavel nos outros momentos da missa?
2) o Evangelho, a oração “Por Cristo, com Cristo” e a oração da paz podem ser pronunciadas por toda a assembleia?
3) é pecado grave pessoas casadas de segunda união e pessoas que praticam sexo antes do casamento comungarem?
4) a missa pode ser “falsificada” se não for celebrada da forma que o Sagrado Magistério da Igreja institui no missal?
5) se pode ser “falsificada”, podemos dizer que estamos praticando a idolatria, pois o pão e o vinho não estariam sendo consagrados verdadeiramente?
Essas são algumas dúvidas que tive ao debater com minha catequista e ao ver acontecer em algumas Igrejas por aqui. Ao meu ver, estamos tendo “catecismo errado” dentro da Igreja e comprometendo a santidade de muitos Filhos de Deus.
Desde já agradeço a atenção e gostaria muito de ser correspondido em minhas dúvidas.
Um abraço da Paz a todos!
Luciano de Rezende Silva
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Caríssimo Sr. Luciano, estimado em Cristo,
Gratia tecum!
Obrigado por sua confiança em nos enviar suas perguntas. Vamos a elas:
1. Na Santa Missa não cabem invenções. É verdade que existem alternativas a alguns ritos, mas mesmo estas são pormenorizadamente descritas no Missal Romano (como este Prefácio e não aquele, esta fórmula do Ato Penitencial ou outra, fazer o Asperges ou não, celebrar em latim ou em vernáculo, versus Deum ou versus populum, com um ou mais acólitos, cantada ou rezada etc).
2. Não. O Evangelho, na Santa Missa, é proclamado somente pelo diácono (que tem a preferência, quando presente) ou pelo sacerdote (seja padre ou Bispo). A Doxologia da Oração Eucarística (“Por Cristo…”), como, ademais, toda a Oração Eucarística, é dita somente pelo sacerdote (pois o sacrifício é oferecido por ele… quando os leigos fazem atos especificamente sacrificais, sacerdotais, está implícito que não há diferenças essenciais entre o padre e o leigo, o que é um erro, pois beira à heresia protestante). A Oração da Paz é dita só pelo sacerdote, e a explicação para isso é bem simples: é assim que está no Missal!
3. Claro que sim! Sexo antes do casamento é pecado grave. “Casar-se” novamente (no civil, obviamente) permanecendo o vínculo matrimonial é, tecnicamente, adultério (sem entrarmos na culpabilidade da pessoa, nas razões pastorais que recomendem um apostolado específico junto a essas pessoas etc). Ora, comungar em estado de pecado mortal é outro pecado mortal, é sacrilégio. Logo, se pessoas em tais condições comungam, em tese estão pecado.
4. Depende de como entendes o termo “falsificada”. Quando a Missa for celebrada em desacordo com as normas e isso afete o essencial da celebração (forma, matéria, ministro, intenção), a Missa é inválida, i.e., não houve Missa, mas “arremedo de Missa”, quando por exemplo, quem “consagra” é um leigo, ou quando se “consagra” arroz em vez de pão feito de trigo ou água em vez de vinho, ou quando o sacerdote (que é o ministro único da confecção do sacramento da Eucaristia) não tem a intenção de oferecer a Missa como sacrifício (somente como “ceia” etc, o que pode ser deduzido de determinados comportamentos – a intenção é interna, e ninguém a pode julgar, mas geralmente manifesta-se em sinais externos). Já outras desobediências que não afetem a essência da Missa não a tornam, necessariamente, inválida, mas podem ser ilícitas (para quem celebra): neste último caso, a Missa continua sendo Missa, é válida, mas o sacerdote pecou por desobediência (no mínimo), e isso, em certo sentido, falsificou sim a liturgia, como se depreende do texto da Redemptionis Sacramentum.
5. Remeto à resposta do item anterior.
Seu apontamento sobre a “crise de catecismo” é muito oportuna. Graças a Deus muitos estão percebendo onde as novidades nos estão levando: para longe do que ensina o Papa. E ninguém pode dizer-se católico se está fora do rebanho do Vigário de Cristo.
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Em Cristo,