Cidade/UF: Patos de Minas – MG
Religião: Católica
Mensagem
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A Paz e a Alegria do Senhor Ressuscitado aos irmãos do VS!
Poderiam falar sobre a Apostasia Universal dos Últimos Tempos?!
É verdade que desde a Ressurreição de Cristo se iniciaram os últimos tempos. Contudo, segundo o meu entender, antes da Última Vinda de Cristo, na sua iminência, haverá uma apostasia geral!
Não estaríamos vivendo este tempo?! Que graças especiais Deus reservará para seus fiéis nestes tempos e o que devemos fazer para recebê-las?!
Fraternamente, em Cristo, Alex.
Prezado Alex
Como vai? Que a paz de Jesus Cristo esteja com você.
Obrigado por nos escrever. Procuraremos responder às suas perguntas de modo claro. As suas perguntas estão digitadas em preto as nossas respostas em azul.
1) Poderiam falar sobre a Apostasia Universal dos Últimos Tempos?! Contudo, segundo o meu entender, antes da Última Vinda de Cristo, na sua iminência, haverá uma apostasia geral! Não estaríamos vivendo este tempo?!
Primeiro é importante definirmos com clareza a palavra “apostasia” que no sentido religioso significa o abandono ou a mudança de religião. De acordo com o catolicismo é o abandono da religião católica, o repúdio da fé cristã católica por uma pessoa batizada na Igreja Católica. Toda a pessoa que recebeu o sacramento do Batismo na Igreja Católica teoricamente é uma pessoa católica, mas na prática pode não sê-lo caso seja indiferente à sua religião ou viva uma vida paganizada não pautada pelos ensinamentos do Magistério da Igreja Católica.
Não podemos afirmar que a nossa época é a da “apostasia geral”, porque não sabemos quando será a Parusia de Jesus, isto é, quando Ele retornará em Sua Glória para julgar toda a humanidade.
Pelo fato de vivermos em um mundo globalizado no qual as notícias são transmitidas de um lado ao outro do globo terrestre em uma velocidade cada vez maior em comparação com as décadas, os séculos, os milênios anteriores, podemos ter a sensação de que a época atual seria uma época mais apóstata do que as anteriores no que se refere ao catolicismo, isto é, seria uma época de “Apostasia Universal dos Últimos Tempos”, na qual se percebe mais os ataques da mídia contra os verdadeiros valores ensinados pelo Magistério da Igreja Católica, ou seja a imposição da ditadura do relativismo, a negação da existência da Verdade objetiva, a negação da Revelação de Deus, a negação da Vida Eterna, a negação do Inferno, a negação da Lei Natural resumida nos Dez Mandamentos de Deus, a valorização da crença na lei do carma e na reencarnação, a indiferença religiosa, o crescimento do ocultismo, do esoterismo, do panteísmo, do hedonismo, do consumismo, a supervalorização da ciência – o cientificismo, a consideração da consciência individual como absoluta o que leva ao subjetivismo e ao relativismo em relação à verdade e aos valores morais. Em nossa época parece que o homem se sente como a medida de todas as coisas e fora do sensível, do mensurável, do detectável, do quantificável haveria apenas o nada e portanto o mais importante seria aproveitar o máximo esta vida porque não haveria outra após a morte. Tudo isso faz parte da ideologia do neo-paganismo que está sendo implantada pouco a pouco no Ocidente para eliminar a tradição judaica-cristã. A “apostasia” não é um fenômeno atual, tem ocorrido desde os primórdios do cristianismo.
A primeira apostasia ocorreu na época de Jesus de Nazaré. Por exemplo no Evangelho de São João 6, 22-66 – Discurso de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, verificamos que após este discurso no qual Jesus disse que Ele é o pão que desceu do céu, e dá a vida ao mundo e que para termos a Vida é necessário comermos a carne do Filho do Homem e bebermos o Seu sangue, muitos de Seus discípulos, ouvindo-o, disseram: “Esta palavra é dura! Quem pode escutá-la?” … A partir de então, muitos discípulos voltaram atrás e não mais andavam com Ele.” [1]. Comentário: Aqui temos o exemplo de apostasia por causa da doutrina incômoda. Há muitos cristãos “católicos” que abandonam a Igreja Católica porque não aceitam a doutrina ensinada pelo Magistério da Igreja Católica.
Hoje uma das causas da apostasia do catolicismo é a ideologia do neo-paganismo, como referida acima. Muitos cristãos “católicos”, que vivem uma vida religiosamente alienada, i.e. sem o interesse por adquirir uma boa formação católica, a qual é considerada preconceituosamente como algo ultrapassado, contrário ao progresso, à ciência e à liberdade, não rezam, não têm vida sacramental, vivem de certa foma um ateismo prático, o que não deixa de ser uma quase “apostasia” ou pode até mesmo levar à apostasia caso repudiem a fé cristã católica.
O Catecismo da Igreja Católica [2] em seus parágrados 675 a 677 (transcritos abaixo) nos ensina que a “apostasia geral”, a “Apostasia Universal dos Últimos Tempos” será a apostasia da verdade:
675. “Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o “mistério de iniquidade” sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudomessianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne.” [2]
676. “Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança messiânica que só pode realizar-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política de um messianismo secularizado, “intrinsecamente perverso”.” [2]
677. “A Igreja só entrará na glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor em sua Morte e Ressurreição. Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua Esposa descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa.” [2]
2) É verdade que desde a Ressurreição de Cristo se iniciaram os últimos tempos?
Os últimos tempos (entendendo esta expressão como a plenitude do tempo) não se iniciaram desde a ressurreição de Jesus de Nazaré (Jesus Cristo) mas sim quando o Filho, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, assumiu a natureza humana (corpo e alma humanos) por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, como diz São Paulo em sua Epístola aos Gálatas 4, 1-11, “Filiação Divina”, no versículo 4.: “Quando porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial.” [3] Comentário: “A expressão “plenitude do tempo” designa a chegada dos tempos messiânicos, ou escatológicos, que levam a termo a longa espera dos séculos, como uma medida finalmente plena.” [3]
Na epístola aos Hebreus 9, 15-28, “O Fundamento da Nova Aliança”, é dito no versículo 26: “Mas foi uma vez por todas, no fim dos tempos, que ele se manifestou para abolir o pecado através do seu próprio sacrifício.” [4] Comentário: “O sacrifício de Jesus Cristo é único; oferecido “no fim dos tempos”, conclusão da história do mundo, ele não precisa ser reiterado; não apagando o pecado com um “sangue de outrem”, mas pelo próprio sangue de Cristo, sua eficácia é absoluta.” [4]
Portanto a plenitude do tempo (os últimos tempos), começa com a encarnação do Filho de Deus (Jesus de Nazaré) que veio ao mundo para nos libertar do pecado, do poder do maligno (diabo/satanás) e da condenação eterna por meio de Suas paixão, morte e ressurreição.
3) Que graças especiais Deus reservará para seus fiéis nestes tempos e o que devemos fazer para recebê-las?
O cristão católico é sempre sustentado em qualquer tempo pela graça atual e pela graça santificante.
A graça atual também chamada de graça auxiliar ou graça transitória (porque age na alma num modo passageiro) nos é dada por Deus para que conformemos a nossa vida com a Sua Vontade. É a graça atual que ilumina a nossa inteligência para nos ajudar a fazermos oração, evitarmos as situações de pecado, para nos arrependermos se tivermos cometido algum pecado, para formarmos bem a nossa consciência por meio de boas leituras como por exemplo a leitura dos Evangelhos ou do Catecismo ou de qualquer outro livro de doutrina católica escrito conforme os ensinamentos do Magistério da Igreja Católica.
A graça santificante ou habitual é nos dada por Deus pela primeira vez por meio do Sacramento do Batismo quando Deus compartilha conosco sua Vida Divina e sua Amizade, proporcionando-nos uma disposição estável e sobrenatural que permite que a alma viva com Ele, para atuar por Seu Amor. Por meio da graça santificante nos tornamos filhos adotivos de Deus e herdeiros da Vida Eterna em Jesus Cristo Nosso Senhor (que é Filho de Deus por natureza), recebemos as virtudes sobrenaturais da Fé, da Esperança e da Caridade juntamente com a Santíssima Trindade (Deus) que passa a habitar em nossa alma que está em estado de graça. É por meio da graça santificante que as nossas boas obras tornam-se meritórias para a Vida Eterna. A graça santificante só é perdida por meio do pecado mortal, isto é, quando o cristão católico com plena liberdade e conhecimento ofende a Deus em matéria grave (contra os Mandamentos de Deus e da Igreja). A graça santificante perdida é readquirida por meio da contrição perfeita e pela recepção do Sacramento da Reconciliação (Confissão ou Penitência). A graça santificante é aumentada por meio da recepção dos sacramentos, em especial do Sacramento da Eucaristia. A graça santificante é o maior tesouro do cristão católico.
O que devemos fazer para receber mais graça atual e crescer em graça santificante e estarmos sempre preparados para a Parusia de Jesus:
1) Ser cristão católico coerente, tendo uma vida de oração e sacramental (em especial com a recepção dos sacramendos da Eucaristia e da Reconciliação) para vencer as tentações e readquirir mais graças.
2) Formar bem a consciência com os ensinamentos do Magistério da Igreja Católica que nos transmite livre de erro tudo o que Jesus nos ensinou.
3) Evitar as situações próximas de pecado.
4) Cumprir os deveres de estado na família, na escola, no trabalho, no lazer, como cidadão honesto, trabalhador, responsável,estudioso, realizando boas obras, amando o mundo apaixonadamente, sem ser mundado, isto é sem ser escravo do pecado, respeitando e servindo o próximo e amando e perdoando a todos tanto amigos quanto inimigos. Em resumo, amar como Jesus nos amou, assim fazendo pratica-se a verdadeira caridade.A vida cristã é sempre começar e recomeçar todos os dias. O cristão que com humildade reconhece-se pecador e quer perseverar na fé, na esperança e na caridade contando com graça de Deus, que nunca lhe faltará, procurará ser fiel ao seu batismo todos os dias de sua vida para não perder a graça santificante e viverá cada dia como se fosse o último, com alegria e confiança de que, como filho adotivo de Deus, alcançará a Vida Eterna porque sabe que, se assim viver, quando morrer, Jesus para ele não será um Juiz, mas um Amigo.
Espero que a resposta tenha sido útil.
Que Deus lhe abençoe.
Atenciosamente,
Renato Rosman
NOTAS:(1) [cf. Jo 6, 22-66, A Bíblia de Jerusalém, Novo Testamento, Edições Paulinas, 1973, páginas 253 a 256].
(2) [cf. Catecismo da Igreja Católica, edição típica Vaticana, Edições Loyola, São Paulo, 2000, parágrafos 675-677].
(3) [cf. Ga 4, 1-11, A Bíblia de Jerusalém, Novo Testamento, Edições Paulinas, 1973, páginas 509-510].
(4) [cf. Hb 9, 15-28, A Bíblia de Jerusalém, Novo Testamento, Edições Paulinas, 1973, páginas 590-592].