Leitor pergunta sobre o Instituto Brasileiro de Marketing Católico

– Qual a opinião de vocês sobre O Instituto Brasileiro de Marketing Católico? São eles discípulos dos “vendilhões do templo”? Ou colegas de Edir Macedo? O cristianismo precisa de marketing? (José Duarte>

Caro José Duarte,

Embora conheçamos o “Instituto Brasileiro de Marketing Católico”, sabemos pouco de sua atividades ou de seus membros para julgá-los. Assim, é necessária a devida prudência antes de se emitirem juízos de valor.

Naturalmente, tal agir não implica ausência de posicionamento, de forma que temos por inapropriada a expressão “Marketing Católico”. Vejamos.

A Igreja sempre se preocupou em divulgar a fé cristã. Como exemplo, basta lembrar a Sagrada Congregação de Propaganda Fide (atual Congregação para a Evangelização dos Povos). A Igreja também usou dos meios ao seu alcance. Basta lembrar que, com a invenção de Gutemberg, a Bíblia foi o primeiro livro impresso. Ou mais recentemente, temos o advento da Internet, utilizada pelo Vaticano, dioceses, paróquias, leigos católicos…

O próprio Cristo ordenou: “Proclamai de cima dos telhados”. (Mt 10,27).

Tudo isto é propaganda.

Ora, o termo “marketing” remete a mercado, como se a Fé Cristã fosse um produto como outro qualquer. Evidentemente que assim não se dá.

Além disso, sabemos que o dito “marketing”, não raro, implica publicidade enganosa ou abusiva, a ponto de o Código de Defesa do Consumidor possuir diversos artigos tratando da questão.

São Paulo é claro em reconhecer que “Tudo me é lícito, mas nem tudo convém.” (I Cor 6,12). Ou seja: mesmo atitudes que são legítimas perante à lei, podem não ser convenientes ao cristão. Que dizer de um pregador que, para atrair fiéis, escondesse passagens bíblicas como “quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura a sua vida, há de perdê-la (Mt 10, 38-39)?

Em resumo, é preciso cuidado ao aderir a técnicas de “marketing” que, mais do que um modismo, põem em risco a dignidade ou a integridade da Mensagem Cristã.

Evidentemente, não se trata de rejeitar tudo o que é novo (veja o exemplo da Internet) ou de associar recursos financeiros ao mal, quando estes podem ser usados na promoção do bem. Com o humor que lhe era típico, certa vez disse Santa Teresa D’Ávila: “Teresa sem a graça de Deus é uma pobre mulher; com a graça de Deus, uma fortaleza; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência”.

Pois bem. O cristão deve empenhar-se ao máximo em propagar sua fé, mas sempre atento à legitimidade dos meios que usa para tanto, sobretudo tendo em vista o verdadeiro tesouro que carrega consigo: sua fé. “Pois onde estiver vosso tesouro, aí também estará o coração.” (Mt 6,20)

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