Olá, a paz do Senhor Jesus
Tenho lido os artigos no site há bastante tempo, muitos são esclarecedores, porém nunca encontro respostas satisfatórias para algumas perguntas, então resolvi enviá-las a vocês.
São as seguintes:
Santos: Eles são ou não adorados, visto que se acendem velas a eles, fazem festas em louvor a eles, o colocam em um andor (?) decoram e o carregam através das ruas, cantando louvores a eles, e recitando orações dirigidas a eles. Há muitas imagens diferentes e muitas delas, recebem um altar, capela, onde as pessoas se ajoelham diante delas e oram pedindo diretamente a esses santos para que eles as ajudem Pois bem, como posso ter certeza de que não presto culto a eles, se faço todas estas coisas?
Maria: Não questiono se ela é virgem ou não, imaculada ou não, o que sempre me pergunto é onde ela ou Jesus, disse que também devia ser adorada e/ou proclamada padroeira de uma nação ou cidade. Ela quer mesmo isso? É da vontade de Deus e de Jesus? Como ter certeza, se nossa fé se baseia na Bíblia e no ensinamento dos apóstolos e nem a Bíblia nem os apóstolos me revelam isso?
Pois bem, gostaria que me respondessem, pois minha alma anseia por mais de Deus!! Quero conhecê-lo e prosseguir em conhecê-lo.
Obrigado (Luiz)
Prezado Luiz,
A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Agradecemos por sua mensagem e ficamos felizes em saber que você visita com freqüência o nosso site.
Com relação às suas dúvidas, há diversos artigos sobre as mesmas em nosso site e em outros sites de apologética católica, mas as respostas que você tem encontrado nunca foram “satisfatórias” por uma razão muito simples. Na realidade, há um ponto básico na doutrina católica que, quando bem compreendido e aceito, dispensa qualquer explicação sobre qualquer outro ponto da doutrina. Esse ponto é a autoridade conferida por Cristo à Sua Igreja. Quando a pessoa compreende e aceita esse ponto da doutrina, explicações sobre qualquer outro dogma ou prática do catolicismo tornam-se secundárias. Por outro lado, quando a pessoa não compreende ou não aceita a autoridade da Igreja, mesmo as explicações mais claras e bem fundamentadas parecerão “insatisfatórias”.
Ora, Nosso Senhor Jesus Cristo não entregou Sua mensagem simplesmente às pessoas individualmente. Ou seja, Ele não deixou a cada indivíduo a tarefa de interpretar a Sua mensagem conforme o gosto ou o entendimento de cada um. Ao contrário, Cristo escolheu doze homens, a quem constituiu Apóstolos, encarregando-os de guiar e ensinar o rebanho. Se Deus, na pessoa do Senhor Jesus Cristo, quisesse que cada um O seguisse livremente, Ele não teria escolhido os doze. E dentre esses doze, Cristo elegeu a Pedro como o chefe. Veja:
“15. Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou?
16. Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!
17. Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.
18. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt. 16, 15-19)
“31. Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;
32. mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” (Lc. 22, 31-32)
“15. Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
16. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
17. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.” (Jo. 21, 15-17)
E como São Pedro foi bispo de Roma, cidade onde também foi martirizado e morto, os seus sucessores, ou seja, os bispos de Roma passaram a exercer, sucessivamente, a autoridade sobre o rebanho do Cristo, isto é, a Igreja. É essa autoridade que evita o relativismo e o subjetivismo, impedindo que cada crente interprete a Bíblia e a doutrina cristã à sua maneira. Observe que todos os países do mundo têm cada um a sua Constituição Federal, ou a sua Lei Magna, e não cabe a cada cidadão interpretar essa lei maior ao seu bel-prazer. Para isso existem os Tribunais Superiores (no caso do Brasil, o Supremo Tribunal Federal). Ora, se é assim que funciona em matéria de política (que é um assunto terreno), como poderia ser diferente em matéria de fé (que é um assunto transcendente e diz respeito ao nosso futuro na eternidade)? Não, Nosso Senhor Jesus Cristo, em toda a Sua sabedoria e misericórdia, não nos deixou órfãos, não nos deixou a sós. Ele nos deu a Sua Igreja e o Magistério legitimamente constituído por Ele próprio, para nos ensinar e nos conduzir no caminho para o céu. E é por isso que tudo aquilo que a Igreja nos ensina nós não só podemos como somos obrigados a obedecer, pela autoridade que foi confiada à Igreja pelo próprio Deus Filho.
No que diz respeito às suas dúvidas propriamente ditas, nós católicos não adoramos os santos. Toda a adoração cabe exclusivamente a Deus. Mas a Igreja nos exorta a prestar aos santos um culto (homenagem) de veneração, pois foram exemplos de dedicação a Deus, à Igreja e ao próximo. E por estarem já no céu e em comunhão íntima com Cristo, os santos podem interceder por nós junto à Santíssima Trindade. É claro que pode haver excessos na devoção popular aos santos, mas dificilmente podemos dizer que algum católico confunda algum santo com o próprio Deus. Os católicos vêem os santos como “amigos de Deus”, como irmãos nossos que, por estarem em total comunhão com o Senhor, podem interceder em nosso favor. Finalmente, ao venerarmos os santos, como veneramos, por exemplo, heróis da pátria ou mesmo a memória de entes queridos que se foram, Deus nos dá graça e força para seguir-lhes o exemplo de fé e de amor pelo Senhor, estimulando-nos a seguir com mais fervor os ensinamentos do Cristo e a viver conforme a vontade de Deus. Com os santos, nunca precisamos nos sentir sós! Eles são como a “nuvem de testemunhas” à qual fez referência o autor da Epístola aos Hebreus.
Quanto à Santíssima Virgem Maria, nós também não a adoramos, de forma alguma. Nós a amamos e veneramos, assim como amamos e veneramos os santos, só que com um amor e uma veneração especiais, já que a Virgem Maria foi a mulher que Deus escolheu para Se encarnar, para Se tornar como um de nós. Você consegue imaginar honra maior do que ser a escolhida para ser a Mãe de Deus? Deus poderia simplesmente “aparecer”, de uma hora para outra. Poderia até mesmo aparecer já como homem adulto. Mas Ele quis ser concebido pelo Espírito Santo no sacratíssimo ventre da Virgem Maria, que gestou nosso Salvador durante nove meses; que O amamentou; que Lhe ensinou as primeiras palavras; que o acalentou (imagine a Virgem Maria ninando nos braços o Salvador do mundo!); que lhe amparou nos primeiros passos; etc.. Não, meu caro Luiz, a Santíssima Virgem foi uma mulher especialíssima, a mais bem-aventurada de todas as mulheres. A própria Virgem Maria disse: “Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc. 1, 48). E é isso que nós católicos fazemos, ou seja, proclamar bem-aventurada a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Além disso, você deve lembrar que um dos Dez Mandamentos é “honrar pai e mãe”. E você pode imaginar a honra que Nosso Senhor Jesus Cristo prestou à Sua Mãe, uma honra excelsa e perfeita! E sendo Nosso Senhor Jesus Cristo o nosso maior exemplo, como não prestarmos à Santíssima Virgem Maria honra semelhante àquela prestada por Nosso Senhor e por tantos santos e santas ao longo desses 2.000 anos de história da Igreja? E essa veneração remonta aos primórdios do cristianismo, e foi defendida pelos Pais da Igreja e pelos maiores teólogos católicos. Isso você poderá conferir em diversos artigos do nosso site. Quanto a eleger a Santíssima Virgem Maria padroeira de um pais ou de uma cidade, trata-se de uma forma de pedir à Mãe de Deus que interceda continuamente por esse país ou por essa cidade, em favor dos seus habitantes, para que haja paz entre os homens, justiça, solidariedade etc.
Finalmente, para sabermos qual é a vontade de Deus e de Jesus, devemos recorrer à Igreja, pois foi precisamente para isso que Deus nos deu a Igreja, para que esta nos indique com segurança o caminho a seguir. E é por isso também que a fé do cristão não deve se basear tão-somente na Bíblia, mas também na Tradição, que consiste na Revelação oral e vem da mesma fonte da Sagrada Escritura, e no ensino do Magistério, o qual foi instituído, como já disse, pelo próprio Senhor Jesus Cristo para nos ensinar e guiar. Assim, nós não precisamos ficar angustiados, cheios de dúvidas e hesitações sobre a verdadeira doutrina cristã. Precisamos apenas obedecer à Igreja de Cristo, confiados na promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Bem, prezado Luiz, espero ter respondido um pouco mais “satisfatoriamente” as suas dúvidas. E uma última palavra: se sua alma verdadeiramente “anseia por mais de Deus”, então seu lugar é a Igreja Católica Apostólica Romana, onde você encontrará um manancial inesgotável de tesouros espirituais conservados ao longo dos séculos pela infinita misericórdia de Deus e graças à fé e ao amor de muitos e muitos cristãos. Nosso Pai celestial receberá você em Sua Casa de braços abertos!
Um abraço fraterno,
Marcos M. Grillo
- Fonte: Veritatis Splendor