Leitor protestante acusa a Igreja Católica de “intolerância”

Nome do leitor: Leonardo Acciares
Cidade/UF: Taguatinga/DF
Religião: Cristã
Confissão: evangélico

Mensagem
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Sobre o texto EXSURGE DOMINE tenho a seguinte crítica a fazer: Jamais o criticado aceitaria de bom grado a crítica feita, daí falar dessa forma de Lutero. O grande mal existente no cristianismo é a intolerância, e aqui digo que ela existe de ambos os lados (tanto do evangélico para o católico como vice versa), isto não nos foi ensinado por Cristo. esta celeuma só terá fim com a volta do noivo para arrebatar sua noiva. Conheço a história da igreja católica (eu até já fui católico, porém, por discordar da doutrina, resolvi deixar e ir para onde fosse melhor para mim) e sei também da sua importância, mas em uma análise sistemática do livro que norteia a nossa crença (A Bíblia Sagrada), concluo que o perturbado está certo. Abraço para vocês e oro e peço a Deus em nome de Jesus que a verdade seja conhecida por vós.

Prezado Leonardo,

A paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Agradecemos pelo contato. Quanto ao conteúdo da sua missiva, gostaria de fazer algumas breves observações:

1) A bula Exsurge Domine não é uma mera reação de alguém que foi criticado. Trata-se de um carta redigida pelo Papa, isto é, pelo legítimo e único sucessor do Apóstolo São Pedro, carta essa que teve como objetivo demonstrar os erros de Martinho Lutero. Em vez de uma simples resposta motivada por capricho, recalque ou ressentimento, o referido documento foi uma demonstração do cuidado do Sumo Pontífice para com a Igreja e para com o rebanho que o próprio Senhor Jesus Cristo confiou ao primeiro Papa, ou seja, a São Pedro (João 21, 15-17):

Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.

Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.

Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.

2) Com relação à questão da (in)tolerância, permita-me lembrar que, se os primeiros cristãos fossem “tolerantes”, não haveria mártires na história do cristianismo. Foi por serem intolerantes e intransigentes na fidelidade ao Senhor Jesus e à Sua Igreja e na defesa da fé cristã que inúmeros homens e mulheres perderam a vida para ganhar a bem-aventurança eterna. Hoje em dia, a idéia de tolerância está na moda, mas na verdade se trata de uma falsa tolerância, que na verdade deveria ser chamada de relativismo, uma vez que o que se defende é a idéia de que todos devemos abrir mão daquilo que cremos ser verdade apenas para não ferirmos suscetibilidades. A esse respeito recomendo a leitura dos textos abaixo:

Liberdade e tolerância não devem separar-se da verdade, adverte Bento XVI

Bento XVI critica «tolerância mal compreendida»

3) Você escreveu: “por discordar da doutrina [católica], resolvi deixar e ir para onde fosse melhor para mim”. Ora, a doutrina católica tem 2.000 anos, remontando direta e ininterruptamente a Cristo e aos Apóstolos. Grandes santos, doutores da Igreja e gênios do pensamento cristão professaram a mesma doutrina e a mesma obediência ao Magistério e ao Papa. Será que você tem condições e até o direito de simplesmente discordar dessa doutrina e ir para onde lhe parece ser o melhor para você? Será que essa sua atitude não é uma grande temeridade, para dizer o mínimo? Será uma decisão inteligente e prudente abandonar a bimilenar fé católica para seguir o seu próprio entendimento? Será que você não percebe o subjetivismo inerente à sua postura, na medida em que você se julga apto a discordar, ao mesmo tempo, da Sagrada Escritura, da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério, sobre os quais está fundamentada, de forma harmônica e indissociável, a fé católica?

4) Finalmente, nós também rezamos a Deus, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de que você encontre não a sua, nem a nossa, mas sim a verdade do Senhor Jesus, a qual Ele confiou à Igreja para que ninguém se perca em meio a interpretações subjetivas, sendo a todos dada a oportunidade de conhecer e abraçar a verdadeira fé cristã, tal como nos foi legada por Cristo e pelos Apóstolos.

Fique com Deus.

Marcos M. Grillo

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