Leitor protestante pergunta sobre a intercessão dos Santos

Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês e também com todos os leitores deste Site. O assunto que eu venho tratar é referente a doutrina católica sobre a interseção dos santos. De acordo com essa doutrina os santos (falecidos)intercedem em favor dos vivos, porém não é isso que a bíblia ensina. Vejamos: Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens,Jesus Cristo (I Timóteo 2;5) ele é o único caminho que nos leva a Deus (João 14;6). Com todo respeito a crença de vocês eu faço uma pergunta: Quem intercede após a morte não é alguem que possui a imortalidade? Para se entender melhor a pergunta vamos fazer uma pequena análise na palavra do Senhor: Que é o único que possui a imortalidade e habita numa luz inacessível; o qual não foi nem pode ser visto por nenhum homem; ao qual seja dada honra e império sempiterno. Amem.(I Timóteo 6;16), além disso entre aqueles foram feitos sacerdotes em grande número porque a morte não lhes permitia durar sempre, mas este porque permanece para sempre tem um sacerdócio que não passa. Por isso pode salvar perpetuamente os que por ele mesmo se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por nós.(Hebreus 7;23-25).
Como podemos ver, os versiculos citados acima atribuem a imortalidade como um dom exclusivo de Cristo. Os Santos que já morreram não podem nos ouvir,pois eles aguardam o dia da ressurreição dos mortos, isto é,o dia em que eles também serão revestidos da Imortalidade (l corintios 15;54). E este dia é o dia glorioso da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos dirigir nossas preces apenas a Jesus, pois ele é o único que pode nos ouvir, ele é o nosso advogado Junto ao Pai (I João 2;1) ele é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hebreus 13;8).
Estarei aguardando a resposta de vocês. Que a graça e paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos. Amen. (Célio)

Prezado Célio, A paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Para nós, católicos, Cristo também é o único mediador, conforme diz expressamente, por exemplo, a constituição dogmática “Lumen Gentium”:

“Cristo, mediador único, estabelece e continuamente sustenta sobre a terra, como um todo visível, a Sua santa Igreja, comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde em todos a verdade e a graça.” (n. 8)

“O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo para redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6).” (n. 60)

Não obstante, nós, aqui na terra, intercedemos (isto é, oramos) uns pelos outros, e nem por isso nos tornamos “mediadores” da mesma forma que Cristo o é. Você certamente ora a Deus por seus familiares e amigos, e isso não o torna um “mediador” além do Nosso Senhor Jesus Cristo, concorda? E assim como nós intercedemos em favor dos nossos familiares e amigos, os santos que já foram para a glória eterna também podem fazê-lo, e certamente o fazem, como atestam os inúmeros milagres realizados por intercessão dos santos (mesmo sendo protestante você deve saber, ainda que vagamente, do papel dos milagres nos processos de canonização). Os milagres são como que a assinatura de Deus aprovando o dogma da intercessão dos santos. Com efeito, como Deus concederia a graça do milagre se Ele não aprovasse a intercessão (e a veneração) dos santos?

Você cita a passagem de I Timóteo 6,16 para afirmar que só Jesus Cristo é imortal (e por isso os santos não poderiam interceder por nós). Porém, se isso é verdade, o que dizer do ladrão na cruz, a quem Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc. 23,24)? Considere ainda as passagens abaixo:

“Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor.
É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe.” (II Cor. 5,8-9)

“Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna no céu.
E por isto suspiramos e anelamos ser sobrevestidos da nossa habitação celeste, contanto que sejamos achados vestidos e não despidos.
Pois, enquanto permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos: desejamos ser não despojados, mas revestidos com uma veste nova por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela vida.” (II Cor. 5,1-4)

“Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir.
Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor;
mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós…” (Fl. 1,21-24)

As passagens acima, assim como a de Lc. 23,24, nos mostram claramente que a alma daquele que é salvo vai ao encontro de Deus logo após a morte (e reunir-se-á ao corpo quando da ressurreição). Ademais, a morte, vencida por Nosso Senhor Jesus Cristo, não rompe o vínculo de amor que nos une às almas daqueles que já faleceram. E por isso também podemos crer que os santos, que já gozam da bem-aventurança eterna, intercedem por nós junto a Deus, por estarem intimamente unidos a Ele, de modo muito mais eficaz do que nós, que intercedemos uns pelos outros estando ainda aqui na terra. É o que nos ensina a já citada Lumen Gentium:

“Deste modo, enquanto o Senhor não vier na Sua majestade e todos os Seus anjos com Ele (cfr. Mt. 25,31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cfr. 1 Cor. 15, 26-27), dos Seus discípulos uns peregrinam sobre a terra, outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados e contemplam «claramente Deus trino e uno, como Ele é»(146); todos, porém, comungamos, embora em modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de louvor. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito, estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros n’Ele (cfr. Ef. 4,16). E assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo, mas antes, segundo a constante fé da Igreja, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais (147). Porque os bem-aventurados, estando mais ìntimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra, e contribuem de muitas maneiras para a sua mais ampla edificação em Cristo (cfr. 1 Cor. 12, 12-27) (148). Recebidos na pátria celeste e vivendo junto do Senhor (cfr. 2 Cor. 5,8), não cessam de interceder, por Ele, com Ele e n’Ele, a nosso favor diante do Pai (149), apresentando os méritos que na terra alcançaram, graças ao mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo (cfr. 1 Tim., 2,5), servindo ao Senhor em todas as coisas e completando o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor do Seu corpo que é a Igreja (cfr. Col. 1,24) (150). A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos.” (n. 49)

Pelo exposto, depreende-se que a passagem que você cita (I Tm 6,16) deve ser entendida no sentido de que Cristo foi aquele que primeiro venceu de fato a morte (2 Tm. 1,10 e I Cor. 15,20), tornando-se assim verdadeiramente imortal. Sendo assim, a imortalidade não pode ser um “dom exclusivo de Cristo”, como você afirma, pelo contrário, pela Sua vitória sobre a morte Cristo concede vida eterna (imortalidade) a todo aquele que nEle crê (“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida.” João 5,24).

Quanto à passagem de Hb. 7, 23-25, é claro que os sacerdotes não podiam (e não podem) servir a Deus eternamente aqui na terra, pois tinham (têm) que morrer um dia. Nessa passagem, o escritor sagrado quis chamar a atenção para o fato de que, na Antiga Aliança, era necessário um grande número de sacerdotes, pois aqueles que morriam iam sendo sucedidos por outros, ao passo que, na Nova Aliança, Cristo, nosso Sumo Sacerdote, tendo vencido a morte, intercede eternamente por nós, não sendo mais a morte uma limitação.

Ainda sobre o tema da intercessão dos santos, recomendamos a leitura do excelente e-book de Carlos Martins Nabeto, nosso irmão neste apostolado, intitulado “Maria, os santos e os anjos”, o qual contém diversas citações patrísticas sobre esse assunto, e pode ser baixado aqui: https://www.veritatis.com.br/article/4663. Recomendamos também a leitura dos artigos abaixo [no site do Apostolado Veritatis Splendor:

  • A INTERCESSÃO DOS SANTOS
  • RESPOSTA AOS PROTESTANTES SOBRE INTERCESSÃO DOS ANJOS E SANTOS
  • MAIS REFLEXÕES SOBRE A INTERCESSÃO DOS SANTOS

Que São Dimas — aquele a quem Nosso Senhor Jesus Cristo disse “Hoje estarás comigo no paraíso” — e São Tomé — que duvidou, mas que depois pôde reconhecer a verdade quando esteve diante da própria Verdade — intercedam por você, a fim de que você possa alcançar a plenitude da verdade cristã, que só pode ser encontrada na Igreja Católica Apostólica Romana.

Que o Senhor o abençoe.

Em Cristo,
Marcos M. Grillo

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