Leitora furiosa contexta eclesiologia católica

Lendo o artigo de

por Rafael Vitola Brodbeck “O perfil do Verdadeiro Apóstolo”, gostaria de apesentar minha discordäncia diante de sua teologia pré-concliar. Gostaria de ressaltar que depois do Concílio de Nicéia houve outros inclusive o Vaticano II. Ressaltar que sua eclesiologia supera a “sociedade perfeita” e nos conduz para a comunão e participação. Ressaltar que considero muito cômodo e conveniente continuar considerando a Igreja como uma sociedade perfeita, considerando o moderno como diabólico e “chrando as cebolas do Egito”. Nossa atitude hoje não deve ser de reclamar, mas de perguntarmos é como estamos vivendo nossos valores de modo que a Igreja se faça no mundo atual e não como fazer para que todos se ajolhem e lhe rendam homenagens.

Estimada senhora, irmã em Cristo,

Alguns pontos:

1) A consulente NÃO entendeu o significado de “sociedade perfeita”. Perfeitamente compreensível, dado que a catequese ministrada em muitas paróquias nos últimos quarenta anos é, no mínimo, deficiente.

Sociedade perfeita não é uma sociedade sem falhas, pois o Estado também é uma sociedade perfeita e tem inúmeros erros. A expressão indica os grupos que têm uma autoridade que se basta a si mesmo, que são soberanos e independentes em seus campos de atuação, e que, por visarem a um fim, possuem os meios para tal. Assim, a Igreja tem um fim: a salvação das almas. Logo, dizer que a Igreja é uma sociedade perfeita equivale a salientar que, se persegue um fim, a salvação das almas, deve dispôr dos meios para isso. E esses meios são os sacramentos, a pregação do Evangelho, o dogma, a moral, as virtudes, a constituição hierárquica.

2) A Igreja, além de sociedade perfeita, é SANTA, i.e., sem pecados. A Igreja não erra, não peca. Quem peca são seus membros. Formamos a Igreja? Também. Mas a nota principal da Igreja não são seus membros que, pecando, saem de sua comunhão plena (poder-se-ia dizer que os dedos extirpados de uma pessoa são a própria pessoa?). Urge recuperar o sentido da Igreja como Corpo Místico DE CRISTO, que é sua Cabeça. E isso foi salientado também pelo Vaticano II.

3) Não se invoque o Concílio Vaticano II para provar o que ele NÃO disse. Claro que a Igreja é TAMBÉM comunhão, TAMBÉM povo de Deus, TAMBÉM participação. Esses aspectos, entretanto, não abrogam os demais, já definidos de maneira excelsa por Pio XII na Mystici Corporis Christi. Leia. Leia também a Lumen Gentium. Verá a senhora consulente que não se excluem, e que embasam meu artigo e não sua tentativa de refutação, que resta frustrada dessa maneira.

A eclesiologia do Vaticano II NÃO é uma eclesiologia à parte. Como tudo na Igreja, deve ser lida à luz da doutrina, do Magistério anterior, da Tradição. Não existe “eclesiologia do Vaticano II” ou “eclesiologia de Trento”, “eclesiologia pré-conciliar”. Existe somente eclesiologia católica. Ponto. Inventar eclesiologias e contrapô-las, ou colocar o Vaticano II contra o Magistério anterior é jogada de modernistas (como é jogada de tradicionalistas fazer a mesma coisa para condenar o Concílio). A leitura do excelente “A Fé em crise?”, do então Cardeal Ratzinger, pode fazer um grande bem ao intelecto da consulente.

Em tempo: o que Jesus fez foi reunir em torno de si pessoas de coração grande capazes de, como ele, ter com(paixão) e capazes de descobrir que a salvação passa pelo irmão….. e não “somente” pela Igreja. Há sim, salvação fora dela!….

4) Claro que Jesus reuniu um grupo de pessoas. E entre os desse grupo, separou outro, menor, composto só de 12. Não os 12 melhores, mas os 12 que Ele quis, e os chamou Apóstolos. Por isso, Cristo fundou uma Igreja HIERÁRQUICA, APOSTÓLICA. Aos Apóstolos deu poderes que eles passaram a seus sucessores – os Bispos – e seus colaboradores – os sacerdotes e, de modo mais restrito, os diáconos. A Igreja, claro, é formada por todos, leigos e sacerdotes, religiosos e seculares, e todos têm o dever de se santificar e fazer apostolado. Ninguém o nega. Mas, embora a Igreja seja formada por todos os batizados (e mesmo por não-batizados que, invisivelmente, fazem parte dela ainda que não o saibam, como veremos no ponto 5), nela nem todos possuem o mesmo grau, a mesma posição, a mesma liderança, o mesmo poder de governo e de ensino. A Igreja é hierárquica, fundada por Cristo sobre os Apóstolos, e mais especialmente sobre São Pedro, o primeiro Papa.

5) Não há salvação fora da Igreja. Isso é dogma. Vá ler sua edição do Catecismo da Igreja Católica, por favor. Não venha com essa arrogância própria de quem quer fazer prevalecer sua teoria. No Veritatis Splendor, não temos teorias pessoais. Nos importa expor a fé DA IGREJA! É a Igreja quem diz que fora dela NÃO há salvação.

Todavia, entenda bem. Não estamos dizendo que fora “das estruturas visíveis da Igreja” não haja salvação. É bem possível que um budista no interior do Tibet ou um aborígene australiano, fazendo todo o bem que a lei natural manda, vivendo sinceramente seu relacionamento com Deus, e obedecendo retamente sua consciência, se salve. Mas, ainda que ele não saiba, se salvou NA IGREJA. A Igreja é visível, mas seus membros podem ser, eventualmente, invisíveis. É o caso dos que, desconhecendo a fé, não podem por ela optar, mas que, se a conhecessem, certamente a abraçariam. Chamamos isso de “batismo IMPLÍCITO de desejo”, e é suficiente, extraordinariamente, para inserir alguém na Igreja. Assim, um protestante, um espírita, um budista, um crente em Tupã, que salve, ainda não saiba, se salva através da Igreja Católica: é um católico, mesmo que não o saiba ou não o queira explicitamente.

Novamente, convido: leia o Catecismo.

Outra observação: a fé não é para ser defendida, é para ser vivida!…

6) A fé é para ser vivida. Claro que sim. Mas o que isso tem a ver com a sua defesa? Há contradição entre viver a fé e defendê-la? Estamos advogando, no Veritatis Splendor, que somente se defenda a fé e não se a viva?

Absurdo!

A fé é para ser vivida, mas também defendida! Temos de estar sempre prontos para dar razão de nossa esperança, nos ensina São Pedro. E desde os primeiros séculos, a Igreja contou com Apologistas, Defensores da Fé. A senhora sabe o que é patrística? Sabe quem são os Padres Apologistas?

Acho que não. Na formação modernista que hoje se ministra em tantos lugares, não há lugar para autêntica teologia católica, em estrita obediência ao Papa e ao Magistério. Só para a DISTORÇÃO do Vaticano II. Em nome do Vaticano II postulam doutrinas que não só ele não sustentou como, por vezes, condenou!

Acorde amigo!

Obrigado por mandar-me acordar. Estou realmente com um pouco de sono depois de ler tanta repetição progressista. Acordar fará bem. Se dormir agora, é capaz de eu ter pesadelos!

O “inferno está cheio de pessoas de boa ntenção”! (sic)

Espero que a SUA boa intenção não a leve para lá.

Em Cristo

 

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