Leitora pergunta sobre uso da palavra “Infernos” no Credo

[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site]

Nome do leitor: Solange Maria Rios Martins

Cidade/UF: Rio de Janeiro/ RJ

Religião: Católica

Mensagem
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Boa tarde,

Pertenço a uma Comunidade do Orkut de nome “Não Acredito em Reencarnação”. E um senhor espírita, ao qual vinha debatendo seus argumentos, questionou-me dizendo que  na oração do Credo dizia que Jesus desceu ao inferno, fiquei chocada e o contestei, mas ele tornou a afirma-me que assim era rezado. Liguei para o meu Pároco e perguntei, e para minha decepção ele confirmou que achava que antigamente era rezado assim, ainda tentamos compreender que seria uma má interpretação, porém ele ficou de pesquisar a respeito. Não tive muita coragem de retornar a ligação para saber se ele já tinha alguma resposta. Por isso, dirijo-me a vocês para este esclarecimento.

Desde já agradeço a atenção, na certeza que serei esclarecida sobre o assunto.

Atenciosamente

Solange

Caríssima Solange, a Paz de Nosso Senhor!

Primeiro gostaria de lhe agradecer a confiança em nosso apostolado. Nosso desejo é sempre ficarmos fiéis ao que ensina a Santa Igreja.

Não existe uma “oração do Credo”. O Credo católico não é uma oração, mas uma confissão de fé. Normalmente por Credo conhecemos o Símbolo dos Apóstolos – conforme foi amplamente divulgado por S. Cipriano, Pirmínio, Antifonário, Ildelfonso de Toledo (ver DENZINGER 23; 28-30)- e o Símbolo Niceno-Constantinopolitano (DENZINGER 150).

No primeiro consta: “Creio em Deus Pai onipotente, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu Filho único, nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu do seio de Maria virgem, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai oniponente; de onde virá para julgar os vivos e os mortos […]” (grifos meus).

Já no símbolo Niceno-Constantinopolitano consta: “Creio em um só Deus, Pai onipontente, artífice do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, unigênito Filho de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai; por meio do qual tudo foi feito; qual em prol de nós, homens, e de nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou, do Espírito Santo, do seio de Maria virgem, e se fez homem; que também foi crucificado por nós, sob Poncio Pilatos, padeceu e foi sepultado, e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu ao céu, está sentado à direita do Pai e virá novamente para julgar os vivos e os mortos; cujo reino não terá fim […]”.

Como se pode ver, somente no Símbolo dos Apóstolos se encontra a expressão “desceu aos infernos”. Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja mudou essa expressão para “desceu à mansão dos mortos”. Sim, a mudança realmente ocorreu e não há razões para alardes por causa disso.

A palavra “infernos” utilizada no Credo significa os vários lugares ou estados onde se está longe de Deus. Como Deus é o Sumo Bem, estar longe Dele é estar privado da Suma Alegria. Quanto mais longe, maior torna-se essa privação. O Purgatório é um destes infernos, assim como também é o Limbo.

Antes de Cristo abrir os céus para nós homens, onde estavam os profetas e os santos do Antigo Testamento amigos de Deus? Estavam no Limbo, ou Seio de Abraão como é chamado na Escritura (cf. Lc 16,22). Depois da Ressurreição do Senhor os homens que morreram sem merecer o Inferno, mas que ainda não podiam entrar no Céu foram para o Purgatório. Cristo depois que morreu desceu a estes infernos (cf. Pd 3,19) para resgatá-los e levá-los para o Céu.

Nos últimos tempos o termo “infernos” levava muita gente à confusão, por exemplo, acreditar que Cristo foi onde estavam as almas condenadas. Por isso a Igreja resolveu mudar o termo para “mansão dos mortos” (cf. Sl 54,16).

Espero tê-la ajudado.

Em Cristo,

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