Leitora quer saber se DIU é abortivo

– Prezados amigos do Veritatis Splendor! A paz de Cristo a todos vós! Escrevo para esclarecer uma questão. O meu irmão tem tres filhos, e agora eles decidiram-se pelo DIU. Questionamos sua escolha, dizendo que o DIU é abortivo, conforme sabems, porém ele nao quer acreditar, e a ginecologista diz que nao é abortivo. Se puderem, por favor expliquem o funcionamento do DIU e esclareçam se é ou nao abortivo, e se é moralmente aceito pela Igreja. Desde já meus agradecimentos. (Anônima)

Prezada Leitora,

A Paz !

Primeiramente agradeço a confiança depositada em nosso apostolado, e desde já conto com suas orações.

Você está certíssima em querer alertar seu irmão sobre essa escolha que ele e a esposa fizeram. Do ponto de vista moral, temos que qualquer método de interrupção da gravidez é ilícito e condenado pelo Magistério da Igreja:

(…), devemos, uma vez mais, declarar que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas.” (Carta Encíclica HUMANAE VITAE, ponto 14).

O senso comum mesmo não recomenda o uso de DIU (Dispositivo Intra-Uterino), já que se trata de corpo estranho inserido no útero. Mas não é só isso.

A verdade é que pouco se esclarece sobre o mecanismo de ação do DIU. O site ABC da Saúde, conhecido guia de saúde e bastante consultado pelos internautas, inicia sua explicação com “Acredita-se que”… ora, se os médicos não soubessem exatamente como funciona o dispositivo, porque o recomendariam com tanta tranqüilidade, não é ? O mesmo site, mais abaixo, diz que caso a mulher engravide enquanto faz uso do DIU a chance de abortamento é de 50%. Deixamos de reproduzir o texto aqui por conta de direitos autorais, mas segue o link para que a leitora possa conferir: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?476

Outro site também é cuidadoso ao explicar como o dispositivo funciona:

“Atua impedindo a fecundação. Aparentemente, o DIU torna mais difícil a passagem do espermatozóide pelo trato reprodutivo feminino, reduzindo a possibilidade de fertilização do óvulo. Também é possível que o DIU previna a implantação do ovo fertilizado na parede uterina. (http://www.anticoncepcao.org.br/html/manual/corpo/cap6/capitulo6-1.html#acao)”

Veja a leitora o “cuidado” com que escolhem as palavras; assim fazem para que a verdade fique camuflada. Veja que o dizem indiretamente. Se já ocorreu a fecundação, e o ovo fertilizado não consegue se implantar na parede uterina (nidação), então o que ocorrerá com esse ovo? Será eliminado, abortado.

Quanto ao argumento de que o DIU atrapalha a locomoção dos espermatozóides, a inibição de mobilidade que o DIU possa causar aos espermatozóides é ineficiente para deter a enorme quantidade deles que se dirige às trompas de falópio. A verdade é que todos os tipos de DIU estimulam uma resposta hostil do útero, por serem corpos estranhos, causando alteração bioquímica e celular que torna o útero inóspito para a implantação do embrião, que é, então, expulso. Além disso, o DIU apresenta uma enorme variedade de desvantagens que podem incluir, entre outras: complicações menstruais (excessivas, hemorragias irregulares, dores abdominais); probabilidade de ulcerar a parede do endométrio aumentando o risco de infecção; perfuração do útero; esterilidade; aborto no segundo trimestre de gravidez, se engravidar com DIU; risco teórico de cancro no útero; maior probabilidade de aborto espontâneo, se engravidar com DIU; lesão cervical do útero; risco do DIU partir-se dentro do útero; alteração do lugar do DIU; tendência para anemia; aumento da gravidez ectópica (implantação do embrião fora do útero).

Até então, citei sites descomprometidos com a causa da vida, e a leitora pôde observar que tentam mascarar a verdade, sem êxito. Vamos ler agora trechos da entrevista concedida pelo PROF. DR. BUSSÂMARA NEME [(CRMSP 3312) Professor Emérito das Faculdades de Medicina USP e UNICAMP e Professor Titular de Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina de Sorocaba (PUC)], concedida ao Pró-vida de Anápolis, chamada “Dez perguntas sobre o DIU” (http://www.providaanapolis.org.br/busneme.htm)

PERGUNTA 1: O que leva o senhor a crer que o mecanismo de ação do DIU seja abortivo ?

RESPOSTA: De todos os métodos abortivos o mais seguro é aquele que introduz um corpo estranho na cavidade uterina. Como corpo estranho o DIU aumenta a contratilidade uterina no sentido de provocar sua expulsão.

Sabemos que na segunda fase do ciclo menstrual (também chamada pós-ovulatória) o organismo da mulher, quando ocorre a fecundação, é invadido pelo hormônio progesterona, secretado pelo corpo lúteo. Este hormônio inibe a contratilidade uterina, mantendo o útero quiescente.

O óvulo fecundado, agora ovo, normalmente, migra pela luz tubária durante três dias e ao atingir a cavidade uterina não apresenta, ainda, a capacidade corrosiva (da sua superfície externa ou trofoblastro) necessária para sua implantação na decídua materna. Assim, permanece livre por cerca de 3 a 4 dias, até atingir no sétimo dia, a capacidade corrosiva indispensável para a sua nidação. A quiescência uterina, prodigalizada pela progesterona, é indispensável para evitar a contratilidade uterina que, fatalmente, eliminaria o ovo (ainda não fixado no útero).

A presença do DIU, mantendo contratilidade uterina permanente é anormal e a irritação de secreções anormais da decídua (onde deve ocorrer a implantação), favorecem a expulsão do ovo, até então livre na cavidade uterina. Trata- se de um micro-abortamento que ocorre assintomático (em geral).

PERGUNTA 3: O senhor acha verossímil que um artefato de plástico consiga deter uma marcha de 200 milhões de espermatozóides, ou acredita que o principal mecanismo de ação do DIU é impedir a nidação da criança no útero ?

RESPOSTA: Acredito, como referi na resposta l, que o DIU ao manter exagerada e anormal a contratilidade uterina e ao provocar a irritação da decídua, seja responsável pela expulsão do ovo, que ao chegar na cavidade uterina ainda não apresenta capacidade corrosiva para a sua implantação.

PERGUNTA 6: O aborto causado pelo DIU poderia ser confundido com um sangramento menstrual sendo despercebido pela própria usuária ?.

RESPOSTA: Sim.

PERGUNTA 8: A ausência de beta-HCG* no sangue das usuárias de DIU pode ser um argumento válido para se negar o efeito abortivo do DIU?

RESPOSTA: Não. Isso porque a presença de beta-HCG* na circulação materna só ocorre após a nidação ovular manter trocas circulatórias entre a mãe e o ovo.

Recomendo à leitora que clique no link da entrevista e a leia na íntegra, bem como a edição nº 420/1997 da Revista Pergunte e Responderemos, encontrada no endereço: https://www.veritatis.com.br/pr/1997/pr42032.gif, e também mais um importante artigo do Pró-vida de Anápolis, entitulado “Os Efeitos do DIU para a Saúde da Mulher” http://www.providaanapolis.org.br/efeitdiu.htm

Do exposto acima, fica claro que o DIU é, sim, abortivo, e, portanto, não é moralmente aceito pela Igreja. Esse fato, no entanto, muitas vezes é omitido pelas mesmas pessoas que militam pelo “direito de escolha”. Como a mulher pode tomar uma decisão, se a ela não é dada a informação correta e detalhada das conseqüências dos chamados “métodos contraceptivos”? Será que o direito à escolha não contempla o direito à informação? Será que nossos médicos nunca ouviram falar em “consentimento informado”? Lamentável a postura de alguns profissionais de saúde, que – ou ignoram o que é seu dever conhecer – ou são desonestos com as pacientes.

Leitora que nos escreveu, e demais leitoras do Veritatis Splendor, devemos multiplicar essa informação para que as mulheres tomem conhecimento dela, muitas mulheres – católicas ou não – têm optado pelo DIU por desconhecer como ele realmente funciona. O cristão tem o dever de proclamar a verdade, com a qual deve se comprometer, como nos exorta Sua Santidade o Papa Bento XVI:

“Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimônio como Igreja doméstica e santuário da vida, é uma grande responsabilidade de todos”.

(PALAVRAS DO SANTO PADRE DURANTE A VIGÍLIA DE ORAÇÃO POR OCASIÃO DO V ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS – VALÊNCIA/ESPANHA) (http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2006/july/documents/hf_ben-xvi_spe_20060708_incontro-festivo_po.html)

E quais métodos de planejamento familiar são lícitos aos católicos? Os métodos chamados naturais, ou seja, baseados na detecção dos períodos férteis da mulher; o casal evitará esses períodos para ter relações sexuais se quiser espaçar os nascimentos, e os procurará quando quiserem facilitar uma gravidez.

“Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar”. (Carta Encíclica HUMANAE VITAE, ponto 16).

Os métodos mais utilizados são o método do ritmo ou de Ogino-Knauss (vulgarmente conhecido como “tabelinha”), o da temperatura basal, o método do muco cervical, também chamado método de Billings (da Ovulação), o sintotérmico, e outros menos experimentados, por exemplo: a análise da saliva.

Os métodos naturais respeitam a integridade do corpo da mulher. Ademais, as decisões passam a ser compartilhadas, incluindo o marido no processo, fortalecendo a comunicação e o vínculo do casal, e conseqüentemente, da família.

Importante ressaltar que os métodos naturais para espaçamento de filhos são lícitos a qualquer casal, católicos ou não, mas em condições de necessidade, quando existem motivos sérios e graves para tal (ver citação da HUMANAE VITAE acima). Em artigo relacionado publicado aqui no Veritatis Splendor (https://www.veritatis.com.br/article/4486), lê-se:

Mesmo que um casal use um método natural de regulação da natalidade (Biilings, o mais eficaz, Temperatura basal, Ogino Knaus etc), pode cair na imoralidade caso sua finalidade seja a rejeição de filhos por motivos egoístas e comodistas, por exemplo. Se não houver motivo sério para que se protele a vinda de um filho, mesmo o uso dos métodos naturais se tornará ilícito.

Quer dizer, é preciso de fato um motivo realmente grave para adotar essa conduta, que não esteja inserida apenas no conforto dos cônjuges e na suas indisposições subjetivas para se ter filhos, pois como exortava o Papa PioXII, na Alocução, 29-X-1951, “só o fato de os cônjuges não atacarem a natureza do ato e estarem dispostos a aceitar o filho que, não obstante as suas precauções, venha à luz, não basta por si só para garantir retidão da intenção e a moralidade irrepreensível dos próprios motivos”.

Mais detalhes sobre os métodos naturais podem ser encontrados nos links abaixo:

– http://www.providafamilia.org.br/metodos_naturais.htm

– http://vida.aaldeia.net/metodosnaturais.htm

O CENPLAFAM (Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família), com sede em São Paulo, é uma entidade civil sem fins lucrativos, de caráter nacional, entre outras coisas, promotora da Paternidade Responsável através dos Métodos Naturais de Planejamento Familiar, baseados nos indicadores da fertilidade, dedicada à valorização da vida, da saúde e de relações humanas mais sadias. Podem ser contactados pelos telefones ou pelo e-mail abaixo, a fim de verificar se possuem núcleo em sua cidade/estado.

Tel: (0xx11) 38898800
Fax: (0xx11) 38710245
Sede Nacional:
Av. Bernardino de Campos, 110 cj. 12
São Paulo – SP – 04004-040
[email protected]

Rezo para que a resposta chegue a tempo de você convencer seu irmão e a esposa a não optar por este método. Um abraço e fique com Deus,

Maite Tosta
AMDG

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NOTA: * O beta-HCG, ou gonadotrofina coriônica humana, é um hormônio produzido durante a gravidez e utilizado em exame laboratorial para diagnóstico desta.

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