Meditação na Missa – III

“Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: ‘Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.’” (Evangelho de São Mateus, V, 1-12a)
 
No fim desta série de meditações por ocasião da memória dos defuntos, paremos para refletir no sentido cristão da morte.
 
Todos pensam na morte. Ainda que dela fujam ou procurem retardá-la, dela ninguém escapa. Outros, infelizmente, consideram que, após nossa peregrinação nesta vida, resta a todos a recompensa no céu, como se todos fossem ao paraíso, não importando sua fé em Cristo ou sua resposta à graça divina.
 
Nem devemos temer a morte, nem ter uma atitude excessivamente otimista para a vida que depois dela nos aguarda. O feliz destino é para os que foram fiéis a Deus e à Igreja fundada por Seu Filho. O outro, a danação eterna, é o lugar preparado para os que recusaram os apelos da graça, perseverando no pecado – com o qual todos, à exceção de Cristo e da Santíssima Virgem, foram concebidos.
 
Para quem é fiel a Cristo, a virtude da esperança anima a consumação de nossa passagem pela terra. Nas palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus, ao falecer: “Eu não morro; entro na vida!”
 
Ajuda-nos nessa meditação, o texto de espiritualidade do sacerdote vicentino, Pe. Gaston Courtois, “Sentido cristão da morte”:
 
“1. Em que consiste o sentido cristão da morte?
 
a) A morte é um novo nascimento à vida que não acabará nunca.
 
b) A morte fixa o ser humano na sua orientação definitiva.
 
c) A morte, unida à de Jesus, associa-nos aos esplendores da Redenção.” (Pe. Gaston Courtois. Sentido Cristão da Morte, meditação)

 
Para quem é cristão, não somente nominal, mas que vive o compromisso de seu Batismo – busca da santidade, e empenho apostólico –, a morte é uma passagem para o Céu – ainda que, para chegar a este, deva-se, no mais das vezes, purificar pelas conseqüências dos pecados já perdoados e ainda não satisfeitos, no Purgatório. Também a morte é o termo da vida, de modo que o olhar para esse derradeiro destino do ser humano é causa de esperança, uma vez que, no Céu, estaremos na posse do bem mais precioso: Deus! A vida eterna só tem valor quando gozada com o Senhor… Do contrário, tal vida converte-se em morte, com as penas de dano e de sentido infligidas por Satanás e seus anjos nas almas – e, após a ressurreição dos mortos, também nos corpos – dos condenados. Por fim, o cristão tem a grande oportunidade de unir os sofrimentos de sua morte aos da de Nosso Senhor, imitando melhor o Mestre, para que os mistérios da salvação do mundo usem de nossas dores como instrumentos para a redenção dos pecadores.
 
Sabendo que a morte é inevitável, resta ao que está afastado de Cristo converter-se, fazer um profundo exame de consciência, e procurar um sacerdote para receber o sacramento da Reconciliação. Já ao crente, deve este desenvolver um sentido cristão da morte, a todo instante entregando sua alma a Deus, como nos recomenda o Pe. Gaston:
 
“2. Como desenvolver em nós o sentido cristão da morte
 
a) Pensar freqüentemente na morte.
 
b) Agir de conformidade com esse pensamento.
 
c) Estar sempre pronto e disponível.” .” (Pe. Gaston Courtois. Sentido Cristão da Morte, meditação)
 

Tenhamos, com base nesta curta reflexão, um propósito a tirar dessas linhas: fazer a cada dia uma curta preparação para a morte, oferecendo nossa vida a Cristo e arrependendo-nos de nossos pecados; rezar para que a Santíssima Virgem nos auxilie, e interceda para que tenhamos uma morte santa; meditar todos os dias em nossos atos, como se fosse o último de nossa vida.

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