Meu retorno ao Catolicismo

MEU RETORNO AO CATOLICISMO

 

 Antonio Guilherme


Nasci em um berço Católico no dia de Santo Antônio, daí então a razão de meu nome: Antônio Guilherme. Minha mãe separou-se de meu pai quando eu tinha quinze anos e logo em seguida ela conheceu meu falecido padrasto e começaram a freqüentar a Igreja da Nova Vida em Nova Iguaçu, a qual começamos eu e meu irmão juntamente com minha mãe e padrasto a freqüentar. Gostava muito do pastor, dos cânticos e sentia grandemente a presença de Deus. Fomos todos batizados novamente e minha mãe e padrasto se casaram nesta igreja. Tive uma namorada durante 06 anos, da qual fui noivo, amigos dos quais alguns hoje são pastores e o início de uma maior comunhão com Deus. Através de uma leitura maior da Bíblia obtive maiores conhecimentos da história cristã no meio evangélico.

Minha caminhada evangélica, durou 08 anos. Participava de retiros, tocava em cultos e etc .Em 1986 minha mãe com meu padrasto haviam ido residir na Ilha do Governador e eu para Guaratinguetá, em SP, estudar na Escola de Especialistas de Aeronáutica, na qual fiquei até início de 1987, quando pedi desligamento e voltei para a Escola Técnica Federal do RJ.

Na Escola de Especialistas conheci um grande amigo que se chamava Aguiar.

Certa vez, ao estar lendo a Bíblia no dormitório, surgiu a meu lado um companheiro, João Aguiar, e começou a falar sobre assuntos Bíblicos comigo. Me entusiasmei, pois ele conhecia muito bem a Bíblia, e perguntei qual Igreja ele freqüentava. Fiquei surpreso quando ele disse ser Católico, fazendo parte de um movimento da Igreja chamado de Renovação Carismática. O que me chamou atenção foi sua postura pessoal, seu jeito amigo, sua dedicação, e com isso nos tornamos grandes amigos. Certa vez fui convidado por ele a assistir a missa de um padre que iria na igreja da escola chamado Jonas Abib. Foi muito interessante, a presença de Deus era marcante no meio daquele povo católico e o padre veio com banda de músicos, pessoas que profetizavam e etc. Naquele instante senti a grande presença de Deus em minha vida, em uma missa e sendo evangélico. Passei a ter um respeito maior pelos católicos e não concordava mais com os irmãos evangélicos em falar negativamente dos irmãos católicos. Esses foram os primeiros contatos com a Renovação Carismática Católica.

Voltei a estudar na Escola Técnica Federal do RJ em 1987, traçando um novo rumo de vida. Prestei um monte de concursos, minha noiva desfez o noivado de 6 anos, fiquei deprimido, voltei a trabalhar na Indústria (Moinho Fluminense), ingressei na Faculdade de Engenharia Mecânica, onde o curso era pago pela empresa.

Em agosto de 1992 fui demitido. Veio o pensamento: Vai começar tudo de novo. No dia 07 de setembro desse mesmo ano, um mês após ter sido demitido, recebi um telefonema em casa às 02h00 da manha pedindo que eu fosse à Ilha, pois meu padrasto estava no Centrocor, devido a uma parada cardíaca. Havia dormido tarde devido a ter assistido um culto na Igreja de Nova Vida em Queimados. Quando cheguei ao Centrocor recebi a notícia do falecimento de meu padrasto. Procurei socorrer minha mãe, que estava abatida, não foi fácil, pois eu sozinho tive que prestar todos os auxílios e afazeres do velório. Meu padrasto foi velado na capela da Igreja Católica da Freguesia e os pastores da Igreja de Nova Vida estiveram lá para prestarem suas condolências. Meu irmão voltou de Belém no dia seguinte e eu já havia providenciado todo o enterro. Desta forma então tive que começar a ajudar minha mãe na lanchonete durante o dia e, estudando à noite, comecei a aprender a ser comerciante, tendo de morar com minha mãe na Ilha do Governador.

Indo morar com minha mãe, procurei a Igreja de Nova Vida na Ilha do Governador e tentei freqüentá-la, porém continuava indo aos cultos em Nova Iguaçu. Tivemos problemas, pois os filhos de meu padrasto queriam sua parte na herança e com isso tivemos que procurar o advogado de minha mãe, que era de São João de Meriti. Em seu escritório havia uma advogada, Solange, que até hoje é minha amiga e foi mais um instrumento de Deus em minha vida. Ela possuía uma Bíblia e me falou ser carismática. Conversei sobre meu passado na Escola de Especialistas, sobre meu amigo Aguiar que sabia também que morava na Ilha, mas não tinha contato e endereço, e sobre o padre Jonas Abib. Foi interessante pois ela havia me dito que o padre estaria na próxima sexta-feira na Igreja de São Francisco de Assis. Fiquei muito entusiasmado e com uma amiga evangélica fui vê-lo em sua missa. Novamente foi surpreendente, fui muito tocado. Consegui o telefone de um Coordenador Carismático da Ilha, o Virgílio, e liguei para sua casa. O telefone foi atendido pela Íris, que me convidou a visitar o Grupo Peregrinos do Amor.

Ao visitar a primeira casa com o grupo, conheci, no ponto de encontro, meu primeiro amigo Carismático. Foi o André, que hoje esta no Seminário. Na casa que estávamos sentou-se a meu lado uma garota, seu nome Márcia, e comecei a conversar com ela sobre a procura de meu amigo Aguiar que tinha sido o propulsor de minha vida carismática. Ela me disse seu irmão era sargento da aeronáutica e notei que ela se parecia com ele, pois é! Outra não-coincidência de Deus, João Aguiar é irmão de uma grande amiga de hoje: Márcia Barbosa Aguiar. Na semana seguinte ela apareceu com seu irmão, nos abraçamos e comecei a freqüentar o grupo.

 

As Dúvidas Que Tive.

 

A grande dúvida era MARIA, não sabia rezar o terço, não compreendia a Intercessão de Maria, principalmente pelos ensinamentos ministrados no meio evangélico, em se que demonstrava que existia apenas Deus e o intercessor a ele era Jesus Cristo. As imagens e os dogmas: como se encaixaria a Renovação Carismática neste meio? Era um grupo a parte, que tenderia a deixar a Igreja Católica e formar uma nova Igreja, como as protestantes que a todo tempo, por interesses particulares, formavam uma nova Igreja com o seu “Papa” particular? Pedi muito a Deus orientações e sinais para que continuasse a caminhada, os sinais vieram.

 

A Aceitação De Maria Em Minha Vida.

 

Sentia no grupo católico algo de diferente, que me questionava, pois Deus teria que ser muito injusto para lançar todo aquele povo, o qual os irmãos protestantes chamavam de idolatras, no inferno. Estava começando a formar grandes laços de amizades, amigos sinceros que não julgavam o próximo chamando-o de ímpio. Tratavam os protestantes como irmãos separados. E Maria como ficava?

Certa vez em uma casa, na qual fomos fazer oração, houve o momento do terço e escolheram dez pessoas para rezarem o terço. Fui a décima e, quando chegou minha vez, me perdi totalmente, não sabendo rezar. Foi quando pedi a Maria que, se fosse para que eu continuasse no grupo tivesse um sinal. Foi a primeira vez que pedi a interseção de Maria e ela ouviu e respondeu. Minha mãe estava ainda deprimida por ter ficado viúva, então resolvemos fazer com que ela viajasse para Belém de modo a passar alguns dias com meu irmão. No aeroporto passava uma senhora com o cordão que tinha uma cruz católica, chamei a atenção de minha mãe sobre a cruz. No avião aconteceu mais uma não-coincidência de Deus, a senhora que vi de passagem no aeroporto havia embarcado juntamente no vôo de Belém e sentou-se ao lado de minha mãe. Minha mãe, segundo depois me contou, conversou sobre mim, sobre que eu havia sido evangélico e tinha dúvidas sobre Maria sem saber rezar o terço. A senhora conversou com minha mãe, disse que era irmã de caridade e estava chegando de Roma, possuindo um pequeno terço de madeira o qual havia sido abençoado pelo Papa, entregou-o a minha mãe e disse que era um presente para mim, pois a partir dali eu começaria a aprender a rezar o terço.

A partir daquele momento Maria sempre esteve e está presente em minha vida. Recebi durante a caminhada outros sinais, como a pedra de Medjugorie, que ganhei de presente de um amigo que a trabalho foi morar na Alemanha. Eu escrevi a ele pedindo um pedaço do muro de Berlim, mas os pedaços que conseguiu eram falsificados e logo ele perdeu o interesse. Mas uma vizinha católica italiana havia ido a Mediugorje e, lá no local das aparições, apanhou uma pedra e a levou para a Alemanha, dando-na de presente, e ele lembrou de meu pedido. A pedra que eu havia pedido simbolizando a vergonha não chegou em minhas mãos, mas a que simbolizava a Paz foi enviada especialmente para mim pela Rainha da Paz.

Comecei a entender a intersessão de Maria, inclusive bíblica, através das Bodas de Caná, livros e etc. Que certamente não haveria ninguém que fosse mais importante que Jesus Cristo, seu filho, no qual corre o sangue de Maria sua mãe. Mas que certamente nunca existiu ou existirá alguém abaixo dele que seja tão mais importante que sua mãe, que foi o canal para que o Salvador viesse ao mundo.

 

A Aceitação Da Igreja Católica Em Minha Vida.

 

– Jesus Cristo disse a Pedro: Sobre ti edificarei minha Igreja. E é interessante que o Vaticano é construído sobre o túmulo de Pedro.

 

– Por mais que existam muitas Igrejas Cristãs, Jesus Cristo não disse a Pedro para edificar suas Igrejas, a frase bíblica esta no singular, o que demonstra que as Igrejas que formaram-se, seguiram costumes humanos, levando até hoje divisões humanas que confundem o rebanho causando o egoísmo de muitos. É claro que Deus realiza a obra e pessoas são salvas em todas essas denominações. Particularmente sou muito grato aos ensinamentos cristãos que obtive na Igreja de Nova Vida em Nova Iguaçu, mas esta não era a Igreja de Cristo.

 

O Antônio Guilherme Católico.

 

Entrei no Grupo Peregrinos em outubro de 1992, logo em seguida haveria a missa de aniversário do grupo, em dezembro. Me ofereci para tocar com o pessoal da Missa, que era coordenado pelo Mota. No término da missa recebi o convite do Mota para participar como músico na missa, pois o Renato viajaria para a Alemanha. Renato foi quem me trouxe a pedra de Medjugorie. Fiquei meio sem jeito no início, mas fui aceito e participei como músico na missa das 19:00 h na Igreja de São José Operário durante 03 anos até minha vinda para São Paulo.

Para mim foi um dos momentos mais importantes e emocionantes de minha vida, quase chorei quando o Padre Zezinho me apresentou a todos dizendo que eu fora instrumentista da Igreja de Nova Vida durante alguns anos, tendo sido evangélico.

Durante minha caminhada Católica fiz grandes amizades, principalmente na Ilha do Governador, onde conheci o Marcolino, o André que hoje é seminarista, e os grandes amigos Deusdet e Maria Helena, que ajudaram em minha caminhada profissional. Comecei a trabalhar junto com o Deusdet. Fundamos uma firma em São Paulo em outubro de 1995, com muito trabalho, paciência, dedicação e fé consegui estar em São Paulo até hoje. Agradeço isso principalmente a Deus, porém seria muito difícil para mim se não tivesse sido acolhido na Catedral da Sé e ter conhecido o meu padrinho de Crisma que é o Márcio Mariano. Próximo de meus 34 anos, estou seguindo sem o amigo Deusdedt, formando uma firma independente. Devo tudo isso principalmente a Deus e a ajuda que tive no início do amigo Deusdet, mas também sou grato a ajuda de meus amigos católicos, os quais são irmãos. Fui acolhido na Catedral da Sé onde participo do Ministério de Música no Grupo de Oração AMMI: Associação Maria Mãe da Igreja. Foi um passo maior de minha caminhada na Renovação Carismática Católica, além de toda segunda-feira receber as bênçãos do Santíssimo, estou tendo a oportunidade de conhecer padres como o Pe. Joãozinho, Pe. Antônio Maria, Pe. Léo, Frei Jorge, os quais conhecia apenas de nome.

Ter sido acolhido na Catedral da Sé e participar do Ministério de Música são sinais dos propósitos de Deus em minha vida, logo eu que tinha antes todo um trabalho na Igreja do Rio de Janeiro, em particular na Ilha do Governador. Cheguei em São Paulo em outubro de 1995 e logo em seguida fui acolhido na Sé, devo isso à Cida Braga, coordenadora do Grupo de oração e aos irmãos católicos de São Paulo que me acolheram.

No dia 09 de dezembro de 2000 fui crismado na Igreja Nossa Senhora da Ajuda, Ilha do Governador – RJ.

Durante muito tempo me questionava porque gosto tanto de ser católico, por que deixei a igreja evangélica, por que gosto de meu trabalho na Igreja e amo tanto Nossa Senhora. Um dia surgiu de meu inconsciente uma lembrança de que quando eu era garoto, bem pequeno. Na Igreja de São Sebastião, ao lado de minha casa, possuía uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, a qual era guardada sempre após a missa na casa de meu tio, que cuidava da Igreja. Todos os dias pela manhã eu acordava cedo e levava uma rosa a deixava a seus pés.

A vida continua… Com as graças de Deus e intercessão de Nossa Senhora!

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