A baixa incidência de crimes na Índia chega a ser irônico; um país com um altíssimo índice de pobreza e com uma distribuição de renda que não é apenas desigual, mas inexistente. Além disso, existem verdadeiros bantustões de progresso em meio à miséria – não é como no nosso país onde, pelo menos, há grandes regiões desenvolvidas e cidades com um comércio aquecido e uma indústria de ponta. Mesmo com tantas questões que seriam propícias ao desenvolvimento da violência, a Índia tornou-se conhecida por ter, mesmo inserida nessa triste realidade, um grande sentimento de paz.
Os fatores que são determinantes, sem dúvida, se encontram centrados na valorização e estruturação da família e no forte sentimento religioso e moral. O indiano, enquanto crente e pai/mãe de família, traz consigo um arraigado espírito incorruptível onde não só o respeito a Deus é priorizado, mas, também o respeito aos homens e às suas propriedades. O Brasil já viveu em condições similares quando, num passado não muito passado, o país tinha um destacado motor que fornecia aos homens e mulheres dessa nação um manancial civilizacional. Entretanto, outro fator, com plena certeza, favorece ao desenvolvimento da violência no Brasil e da tranqüilidade na Índia; em terras americanas existe uma ideologização do discurso social e uma vitimização dos problemas nacionais.
Nos rincões desse país, por conta da forte presença da esquerda nas estruturas de governo e, principalmente, com a difusão do discurso socializante consolidado nas ONGs, se desenvolveu um forte sentimento de que o criminoso só é criminoso pelo fato de ser produto de uma sociedade desigual e injusta. Dentro desse raciocínio a violência é reflexo imediato da má distribuição de renda e do sentimento individualista influenciado pelo capitalismo. Claro que, sem dúvida alguma, a concentração de renda e a incapacidade de se desenvolver uma forte economia, o que não deve ser confundido com o sempre presente nacionalismo infantil – doença ultrapassada do séc. XX – favorece o crescimento da criminalidade. Não obstante, o bandido, enquanto um cidadão livre e dotado de autonomia, tem a capacidade da inteligência para realizar um julgamento moral e ético, ou seja, a sua liberdade enquanto ser-humano. Trata-se de individuo norteado por um direito natural inerente que o obriga a fazer um discernimento moral dos seus atos, daí que, conseqüentemente, tenha total consciência das suas ações; o bandido é bandido porque quer.
No Brasil existe quase um sentimento determinista; o ladrão é ladrão porque tinha que ser ladrão. Esse forte espírito vitimista, no qual os crimes dos homens são imputados sobre toda a sociedade, cria uma argumentação obtusa e antinatural. Claro que, obviamente, os defensores dessa linha de raciocínio têm um claro fundamento socialista; para eles, as contradições da própria sociedade levam alguns homens, oprimidos e discriminados por não se encaixarem dentro dos padrões definidos pelo capitalismo eles pensam o capitalismo como um regime político e não como um sistema econômico fruto da experiência a buscarem no furto, no roubo etc, a saída e a conseqüência de uma vivência submersa no consumismo e materialismo do Capital.
As ONGs vamos supor que elas não são não-governamentais, vamos imaginar que elas não são financiadas pelo Governo apenas estimulam e incitam o discurso clichê. O interessante é que essas Organizações se transformaram em verdadeiros clubes de pequenos-burgueses adeptos do jargão e vocabulário socialista. Quem não daria boas risadas ao ver uma passeata da Viva Rio, com brasileiros da mais fidelíssima classe média, além de artistas e cantores que, enquanto engajados e conscientes socialmente, abraçam a causa, marchar em defesa dos bandidos mortos em tiroteios, assassinados quando da invasão de morros? Eu daria boas gargalhadas se tivesse a graça de assistir a revolta dos estudantes inseridos na causa social e fumadores de maconha redundância? protestando na porta do apartamento da senhora que atirou no assaltante que tentou roubá-la! Claro que os rapazotes e as moçoilas estavam gritando palavras de ordem em defesa do…bandido – defender senhoras e a legítima defesa é muito “burguês”.
Na Índia o adolescente não é como no Brasil cheio de direitos e quase sem nenhuma obrigação e, muito menos, o bandido não é entendido como fruto dos problemas da sociedade. Por isso que a punição existe, a indignação social é clara, a condenação do povo é objetiva. Enquanto em terras indianas os meliantes são tratados como infratores das leis, corruptores da ordem, destruidores da propriedade, no Brasil a bandidagem quase sempre tem um respaldo de algum promotor esquerdista ou de certos advogados petistas Alô Greenhalgh! que já aparecem em defesa da liberdade do criminoso, justificando, através de malabarismos judiciários, o delito cometido. Os socializantes brasileiros fazem questão de subvalorizar um dos pontos essenciais da justiça; a punição enquanto restauradora da ordem. Tomás de Aquino, santo católico crucial na estruturação e desenvolvimento da mentalidade ocidental, já afirmava que o fim principal do modelo punitivo era, justamente, o resgate da ordem já que, através do crime, a desordem foi imposta.
A presença esquerdista nesse país é muito forte e, quando se faz presente até mesmo na justiça, consegue impor um modelo e uma construção revolucionária através de uma ação silenciosa e quase sempre eficiente. Gramsci, teórico comunista italiano, percebera a necessidade da destruição dos pilares do Ocidente e a transformação das noções tradicionais de justiça, defendendo a “função pedagógica do direito”, ou seja, o assimilamento das massas, uma educação que induz o povo a acreditar em novos paradigmas de produção e relação humana. Desse modo, tendo, dentro do sistema judiciário brasileiro, claros adeptos dessa linha totalitária e anti-civilizacional, estimula-se junto ao povo das classes mais baixas até as mais ricas um espírito que esvazia o homem do seu sentido, impõe um forte espírito relativista que destrói toda a idéia de Verdade, onde contradições são defendidas e absurdos abraçados sem qualquer vergonha.
No pobre e injusto Brasil tem muita violência!
Na miserável e calamitosa Índia não há sequer trombadinha!