- Autor: Pe. Arthur W. Terminiello
- Fonte: Livro “The 40 Questions Most Frequently Asked about the Catholic Church by Non-Catholics” (1956) / Site “Una Fides, One Faith” (http://net2.netacc.net/~mafg)
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
– Por que os católicos chamam os seus sacerdotes de “Padre” [Pai] quando a Bíblia diz: “Não chameis ninguém na terra de ‘pai’, pois um é o seu pai: Aquele que está no céu” (Mateus 23,9).
Os católicos chamam seus sacerdotes de “padre”:
1) Porque ele é um Pai Espiritual para eles:
a) Na infância, ele os batizou e, portanto, foi o instrumento de seu NASCIMENTO ESPIRITUAL, assim como os pais físicos dos católicos são responsáveis pelo seu NASCIMENTO FÍSICO;
b) Ele dá ALIMENTO espiritual para suas almas sempre que recebem o Corpo e o Sangue de Cristo na Sagrada Comunhão. “Porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida” (João 6,57). FORNECER ALIMENTO É OUTRA OBRIGAÇÃO DE UM PAI.
c) Na confissão, o sacerdote não apenas perdoa o pecado em nome de Cristo, mas também o aconselha sobre a melhor maneira de superar suas dificuldades espiritual e material. ESTE TAMBÉM É O DEVER DE UM PAI.
d) Como um pai, o padre está sempre no leito de morte de um católico para consolá-lo e ajudá-lo. Nenhum católico gostaria de morrer sem um padre – SEU PAI ESPIRITUAL – ao lado dele.
Portanto, um padre não EXIGE este título. Os católicos o chamam de “pai” como sinal da afeição que ele compartilha com seus pais naturais e porque ele compartilha com eles os deveres e obrigações dos pais.
2) Porque a Bíblia não obriga que NENHUM homem deva ser chamado de “Pai”:
a) A Concordância de Cruden (que é uma concordância não-católica), no início da citação que trata da palavra “pai” diz:
- “Além de seu uso comum, essa palavra também é usada no sentido de idosos… De ancestrais… Fundadores de ofícios ou profissões… Chefe dos habitantes de uma cidade, etc.”
A palavra “Pai” é encontrada quase 1000 vezes [na Bíblia] e apenas metade delas se refere a Deus. As outras se referem a SERES HUMANOS que são chamados de “pai”.
b) Não era intenção de Cristo que NINGUÉM fosse chamado de “Pai”:
i) Em Mateus 13,1-3, Ele adverte o povo a seguir os ensinamentos dos fariseus, mas não o exemplo deles: “Mas não ajam de acordo com suas obras”. Segundo esses versículos, nenhum mestre deve ser seguido para nos afastar de Cristo.
ii) O próprio Cristo permitiu e usou a palavra PARA OUTROS homens e não só para Deus:
- Em João 4,12, Ele não corrigiu a mulher samaritana que disse: “És maior que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço?”;
- Em João 8,56, Ele mesmo empregou o termo para Abraão: “Abraão, vosso pai, se alegrou por ver meus dias”.
c) São Paulo, seguindo o exemplo de Cristo, não tomou essa palavra em seu sentido literal:
i) Ele chama os coríntios de seus filhos espirituais: “Porque embora tenhais dez mil tutores em Cristo, ainda não tens muitos pais. Porque em Cristo Jesus, através do Evangelho, eu vos gerei” (1Coríntios 4,15);
ii) Ele chama Timóteo de “filho amado na fé” (1Timóteo 1,2);
iii) Ele fala dos coríntios como seus filhos: “Mas eu vos admoesto como meus filhos mais queridos” (1Coríntios 4,14);
iv) Ele diz aos filipenses que a prova da lealdade de Timóteo pode ser encontrada no fato dele ter servido a Paulo no Evangelho como “um filho ao PAI” (Filipenses 2,22);
v) Veja também: 1Tessalonicenses 2,11.
3) Se aderirmos à interpretação literal:
a) Todos os títulos honorários serão proibidos: juízes, desembargadores etc. não poderão ser chamados de “Meritíssimo”. Presidentes, embaixadores, prefeitos etc., não poderão ser chamados de “Vossa Excelência”;
b) Os médicos não poderão ser chamados de ‘doutor’ e os ministros religiosos não poderão ser chamados de ‘reverendo’;
c) Não poderíamos chamar nosso pai e nossa mãe de “Pais”, pois não haveria exceções na interpretação literal;
d) Da mesma forma, não poderíamos mais chamar Cabral de “Pai do País”;
e) Não poderíamos usar a expressão “Senhor”, pois é equivalente a “Mestre” e o mesmo texto diz: “Nem chameis mestres”;
f) Nem poderíamos usar o termo “Senhor”, pois é uma contração de “Pai”, que significa “Senhor” ou “Mestre”.
Portanto, este texto de São Mateus não deve ser considerado literalmente ou como uma lei geral. Os padres católicos não EXIGEM este título. É para eles uma fonte de HUMILDADE e não de ORGULHO, pois lembra o sacerdote das suas OBRIGAÇÕES como PAI espiritual do seu rebanho.