“A meditação, na fé, dessas palavras encontrou nessa afirmação um paralelismo íntimo com as palavras, cheias de profundo conteúdo, que temos no Prólogo de São João:
– “Veio para o que era seu, e os seus não O receberam” (João 1,11).
Para o Salvador do mundo, Aquele para quem todas as coisas foram criadas (cf. Colossenses 1,16), não há lugar:
– “As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8,20).
Aquele que foi crucificado fora da porta da cidade (cf. Hebreus 13,12) também nasceu fora da porta da cidade.
Tudo isso nos deve fazer pensar, nos deve recordar a inversão de valores que se verifica na figura de Jesus Cristo, na sua mensagem. Desde o seu nascimento, Jesus não pertence àquele ambiente que, aos olhos do mundo, é importante e poderoso; e, contudo, é precisamente esse ‘homem irrelevante e sem poder’ que Se revela como o verdadeiramente Poderoso, como Aquele de quem, no final das contas, tudo depende.
Por conseguinte, faz parte do tornar-se cristão este ‘sair do âmbito’ daquilo que todos pensam e querem; sair dos critérios predominantes, para entrar na luz da Verdade sobre o nosso ser e, com essa Luz, alcançar o justo caminho” (PAPA BENTO XVI. “A Infância de Jesus”. Ed. Planeta, 1ª ed., 2013, pp.59-60).