O apostado dos Leigos: colaboração no apostolado dos Bispos

Evangelizar é missão de todos: da Hierarquia, dos clérigos, dos religiosos, dos leigos.

O mandato apostólico foi dado diretamente por Cristo unicamente à Hierarquia, i.e., aos Bispos, e estes o repassam para seus coadjutores, os sacerdotes e diáconos. Também, em virtude do Batismo e da Crisma, os demais fiéis, religiosos e leigos, são chamados a colaborar no apostolado. Sua missão, porém, nasce daquela dada aos Apóstolos e seus Sucessores. A missão específica dos leigos no apostolado é delegada pelos Bispos, e sempre deve ser feita em estrita submissão a eles, em especial ao Papa. “Segui todos o Bispo, como Jesus Cristo seu Pai, e o presbitério como aos apóstolos; quanto aos diáconos, respeitai-os como a lei de Deus. Ninguém faça nada sem o Bispo, no que diz respeito à Igreja.” (Santo Inácio de Antioquia. Smyrn., 8,1) Não se pode igualar o mandato apostólico dado aos Bispos diretamente por Cristo, na pessoa de cada Apóstolo, de que aqueles são sucessores, com o mandato apostólico dado indiretamente pelo mesmo Cristo aos demais fiéis através dos Bispos.

Os leigos devem desempenhar seu papel, e ele nunca faltou na História da Igreja, como nos atestam as numerosas canonizações de reis, rainhas, príncipes, princesas, nobres e leigos dos mais diversos estados. Também não nos esqueçamos das variadas atividades propriamente levadas a cabo pelos leigos: as cruzadas, as associações piedosas, as irmandades e confrarias, o cuidado dos mortos, o governo temporal segundo a Lei de Deus. Tudo, sempre é bom lembrar, como ajuda à Hierarquia e sob a direção dela. O apostolado laical não é autônomo.

Todavia, mesmo dependente dos Bispos, pois essa é a vontade de Cristo, há uma clara urgência no apostolado leigo. Sob a direção dos Bispos, e em especial do Papa, devem os fiéis seculares empenhar seus mais árduos esforços, segundo o estado de vida ao qual foram chamados, para levar Jesus ao mundo.

“Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso, especialmente eles devem ter uma consciência sempre mais clara não somente de pertencerem a Igreja, mas de serem Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja.” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Discurso de 20 de fevereiro de 1946)

Os meios dos leigos desempenharem tão importante tarefa são variados.

Pode o leigo exercer seu apostolado pelo fiel desempenho de seus deveres de estado, sobretudo criando sua família e educando seus filhos na nossa santíssima religião, ensinando-os a ser pessoas cumpridoras de seus deveres para com Deus e o próximo, e incutindo em suas almas o amor pela prática das virtudes.

Também é possível que o leigo apresente-se ao Bispo para ser instituído em algum ministério na Igreja: acólito, leitor, catequista instituído.

O ensino da fé, a difusão da doutrina, o anúncio de Cristo aos outros, por palestras, pregação, literatura, imprensa etc, pode ser uma forma bastante eficaz de cumprir o mandato evangelizador.

Por sua vez, é imprescindível hoje quem dê testemunho da fé em Cristo e na Igreja Católica, e por isso a defesa da doutrina católica se faz muitíssimo necessária: é a arte da apologética.

Atividade social, trabalho em um colégio católico, fundação de obras assistenciais e espirituais, constituem-se campos variadíssimos para atuação do leigo. A tarefa das missões também é um chamado aberto a todos os fiéis.

O testemunho público de uma vida de santidade, que o leigo pode fazer, é como uma espécie de pregação silenciosa… E que silêncio eloqüente!

Por fim, a reforma moral da sociedade e a luta pela Civilização Católica são um trabalho bastante apropriado para quem vive no estado laical, seja solteiro ou casado.

“É específico dos leigos, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus. (…) A eles, portanto, cabe de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo e contribuam para o louvor do Criador e Redentor.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, 31)

“Nasceu a Igreja com a missão específica de expandir o Reino de Cristo por sobre a terra, para a glória de Deus Pai, tornando os homens todos participantes da redenção salutar e orientando, de fato, através deles, o mundo inteiro para Cristo. Todo o esforço do Corpo Místico de Cristo que persiga tal escopo, recebe o nome de apostolado. Exerce-o a Igreja através de todos os seus membros, embora por modos diversos. Pois a vocação cristã, é, por sua própria natureza, também vocação para o apostolado. (…) Os leigos (…), participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, compartilham a missão de todo o povo de Deus e na Igreja e no mundo. Realizam, verdadeiramente, apostolado quando se dedicam a evangelizar e santificar os homens, e animar e aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do Evangelho, de maneira a dar, com a sua ação neste campo, claro testemunho de Cristo, e a ajudar à salvação dos homens.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Decreto “Apostolicam Actuositatem”, 2)

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