O ensino religioso católico

1. Objetivo deste material

Após alguns anos de experiência e contato com crianças, jovens e adultos em dezenas de aulas, cursos e encontros que tive a oportunidade de desenvolver, vejo como necessária uma explanação sintética e objetiva de sugestões para que o Ensino Religioso, assim como a Catequese de nossa Igreja, alinhados ao pensamento atual da Igreja e dos métodos didáticos atuais, ofereçam um diferencial.

Com razão alguém disse que o grande inimigo da Igreja não são as seitas, mas sim o shopping center, a televisão, a internet, o vídeo game… De fato, esses são muito mais atrativos do que nossas salas de aula… muito mais envolventes do que nossas conversas a respeito da Bíblia e de Doutrina.

Por isso é preciso inovar. E de olho nas palavras do Concílio Vaticano II venho por a disposição alguns frutos de experiências minhas nesses caminhos da didática lúdica.

“É bela, portanto, e de grande responsabilidade, a vocação de todos aqueles que, ajudando os pais no cumprimento do seu dever e fazendo as vezes da comunidade humana, assumem a responsabilidade de educar nas escolas; é vocação que exige especiais qualidades de inteligência e de coração, preparação muito cuidada e vontade sempre disposta para a renovação e adaptação”1

2. Pilares do Ensino Religioso Católico

Proponho agora o que podemos chamar de “Os cinco pilares do Ensino Religioso Católico”. Com estes cinco tópicos acredito que estaremos abraçando toda a vida escolar e catequética, atendendo assim a recomendação da Igreja que orienta a escola católica a “ordenar toda a cultura humana à mensagem da salvação, de tal modo que seja iluminado pela fé o conhecimento que os alunos adquirem gradualmente a respeito do mundo, da vida e do homem”2.

São eles:

1 – A Religião como algo fundamental na história humana;

2 – O Evangelho é a perfeição da vida humana;

3 – A Igreja é de fundação divina e tem uma doutrina revelada;

4 – A Igreja é inimiga da ciência?;

5 – História da Igreja.

Analisemos cada um dos pilares:

2.1. A Religião como algo fundamental na história humana

Se não há uma maioria de ateus teóricos, há, pelo menos, uma grande parte de ateus práticos. A experiência nos confirma isto. Com certeza, após o grande advento científico iniciado nos meados do século XIX e levado a êxito no século XX, o século XXI entra com um homem que é, com razão, exigente de autenticidade. Com o avanço das ciências exatas e psicológicas, ele quer verificar e provar todas as coisas. Somado a isso o pluralismo de nossa sociedade, a rápida circulação de idéias e o esfacelamento da família, nos deparamos com uma juventude irrequieta e distante do conceito e da noção exata do que vem a ser Religião.

A Religião tornou-se algo extremamente subjetivo que, na mentalidade de alguns, pode ser substituída por uma boa sessão de psiquiatria, ou ainda, um meio de o ser humano vencer seus medos e angústias, tal qual uma boa dose de otimismo. Caiu-se num total indiferentismo religioso.

Diante deste contexto, deverá o educador católico apresentar a Religião como o elemento único e universal que todos os povos apresentaram em comum até hoje. É preciso que os alunos verifiquem que existiram povos sem alfabeto ou sem moeda, mas nunca existiu uma comunidade humana sem que, de alguma forma, apresentasse a sua religiosidade.

Além disso, é historicamente comprovado que a Religião, longe de ser o “ópio do povo”, é o grande elemento propulsor da civilização. É do sagrado que surgem as culturas, as cidades, as artes, etc. É a Igreja, por exemplo, quem funda as primeiras catedrais do saber (as Universidades). E por fim, considerar o fenômeno religioso como algo tão inerente ao ser humano que nem os desmandos do comunismo ateu que proibiu a Religião em muitos países sob pena de morte, conseguiu acabar com o espírito transcendental naquelas terras.

O Ensino Religioso deverá assim apresentar a Religião como elemento próprio do ser humano: “O homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso”3.

2.2. O Evangelho é a perfeição da vida humana

O Ensino Religioso Católico tem o dever de oferecer uma formação de personalidade e de caráter aos nossos alunos. E uma formação centrada na Revelação Cristã.

O Evangelho é, sem dúvida, a grande senda por onde a humanidade ao caminhar encontra sua perfeição e Jesus Cristo é, indiscutivelmente, o maior Mestre desse caminho, pois é o próprio Deus encarnado, “o ponto para o qual tendem as aspirações da história e da civilização, o centro do gênero humano, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações”4. Esta mensagem é fundamental.

E assim, a própria pluralidade de religiões, a ciência e o comportamento do mundo que parece obscurecer um pouco o valor do Cristianismo, pode, numa visão positiva, ser fonte de inspiração para corroborar o valor do Evangelho. Observemos três pontos:

a) Não só o Cristianismo, mas também milhares de outras correntes religiosas têm visto e testemunhado que em Jesus Cristo e no Evangelho se escondem toda a sabedoria de Deus5. Gandhi, líder hindu, testemunha a eficácia do Evangelho para o ser humano:

“A maneira mais eficaz de viver é a de viver o Evangelho – a mais eficaz no começo, no meio e no fim… Suspeito do missionário que prega, mas amo aquele que nunca prega, mas vive segundo o Evangelho… Uma rosa não precisa pregar. Simplesmente espalha o seu perfume. A fragrância é o seu sermão. A fragrância da mensagem de Cristo é muito mais delicada e sutil do que a da rosa!”

b) Tem crescido muito o interesse dos psicólogos, pedagogos e outros profissionais da área de ciências humanas pelo Evangelho. Muito se tem publicado acerca da força arrebatadora que se encontra nos ensinamentos de Jesus Cristo. Publicações como “Análise da Inteligência de Cristo” de Augusto Cury e “Jesus, o maior psicólogo que já existiu” de Mark W. Baker, apontam a atualidade e a singularidade do ensinamento de Jesus Cristo enquanto formador e aperfeiçoador do ser humano;

c) A força da santidade evangélica sobre todos os meios sociais. Com a recente morte do Papa João Paulo II ficou evidente a força que tinha um “velho doente”, não por causa do seu grande exército ou grande patrimônio, mas pela sua grandiosa santidade. O estudo da hagiografia poderá ser para os alunos um convite a conhecer a única forma de perfeição humana: a santidade.

O Ensino Religioso Católico deverá ser permeado pela espiritualidade, permitindo aos alunos uma aproximação real (e não apenas teórica) da pessoa de Jesus Cristo.

2.3. A Igreja é de fundação divina e tem uma doutrina revelada

Este terceiro tópico completa o segundo. Se a personalidade de Jesus Cristo é tão atraente eficaz e sua mensagem tão necessária para o ser humano, a sua Igreja, obra de sua vontade, não pode ser diferente.

Diante de um mundo extremamente marcado pela “ditadura do relativismo”, como aponta o nosso Papa Bento XVI, o Ensino Religioso Católico deverá se posicionar de modo claro, apresentando a Igreja como portadora da plenitude da Revelação. Esta atitude não é um fechamento ou um repúdio às outras formas religiosas – os alunos, especialmente nas escolas, são plurais – mas trata-se de ter uma identidade que, bem conhecida, dá a base para o diálogo com todos os que se aproximam de nós. O Ensino Religioso Católico não é proselitista, mas quer, sobretudo, promover “o desarmamento pessoal” e empenhar-se pelo “entendimento mútuo, na paz e na fraternidade”6 como é o desejo da Igreja que, sem criar indiferentismo, defende a liberdade religiosa.7

De fato, o Evangelho e o próprio Jesus Cristo perdem todo o sentido sem a Igreja. O Reino de Deus proclamado por Cristo torna-se, sem a Igreja, algo egoísta e particular, redundando em apenas poesia. A Igreja é a mantenedora e a testemunha última da mensagem de salvação.

A partir desta compreensão, um mergulho nos temas essenciais da fé católica será um bom momento do Colégio colaborar com a catequese, oferecendo aos alunos a riqueza doutrinal da Igreja e fugindo da tentação moderna de querer “reduzir o Cristianismo a uma sabedoria meramente humana, como se fosse a ciência do bom viver”8.

2.4. A Igreja é inimiga da ciência?

Aos 14 de setembro de 1998, o Papa João Paulo II editava a Encíclica “Fides et Ratio”, justamente preocupado em responder a esta questão. Questão que é não por raras vezes levantada em nossas salas de aulas e, por vezes menos raras ainda, não respondidas ou, se respondidas, o são com grande inibição.

A começar por Galileu Galilei, passando por Darwin e sua teoria do evolucionismo, até chegar a questões atuais como “células-tronco”, o Ensino Religioso Católico deve ter uma resposta bem definida e objetiva na linguagem escolar, a fim de desbaratar este mito que envenena os corações desavisados.

Anunciar aos alunos o incentivo que a Igreja dá à ciência ética e responsável, mantendo academias de ciência no Vaticano com os mais renomados cientistas do mundo que dão base para todos os pronunciamentos da Igreja nesta matéria, é ponto básico do nosso trabalho.

Afinal, “a fé e razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”9, ou, em outras palavras: o Ensino Religioso Católico mune o aluno com o microscópio da fé; este amplia a sua visão e o faz compreender melhor e mais eticamente o que a ciência proclama em seus estudos.

2.5. História da Igreja

Estes pilares do Ensino Religioso Católico devem funcionar numa integração contínua. Aqui dividimos em partes o que na verdade é um todo. Por isso a História da Igreja não é a última preocupação do Ensino Religioso Católico, mas é equivalente e simultâneo a todas as outras.

Um dos momentos mais fascinantes da história humana e ao mesmo tempo mais mal compreendido é a História da Igreja. É ela quem vai dar toda a base da civilização ocidental e é quem vai mais influenciar na História mundial dos últimos dois mil anos. Uma instituição assim, que depois de vinte séculos ainda obtém o respeito do mundo, com certeza mais acertou do que errou. E isso deve ser conhecido pelos alunos.

Inquisição, Cruzadas, Holocausto e muitos outros pontos negativos desta História são muito explorados e, ao mesmo tempo, muito mal contados. Mal contada é também a participação extremamente importante da Igreja na moralização do Império Romano onde sofreu dura perseguição nos seus primeiros trezentos anos, na conversão dos povos bárbaros, na valorização da mulher, no fomento da cultura e da pesquisa fundando as primeiras Universidades do mundo, na luta pela liberdade, pela dignidade e pelos direitos de todo ser humano, “seja ele escravo ou livre, judeu ou pagão, homem ou mulher, pois todos são um só em Jesus Cristo”10.

Este pilar do Ensino Religioso Católico se estende até a História contemporânea. Deverão ser apresentadas aos alunos as atividades da Igreja nos nossos tempos, sua perseguição em países islâmicos e comunistas, sua atuação na ONU, sua batalha nos Parlamentos do mundo inteiro a favor da vida e da família, a Doutrina Social com seus frutos, sua ajuda humanitária em diversos países, sendo em muitos Estados africanos a única instituição presente; é toda esta História, antiga e atual, que faz a Igreja figurar sempre no primeiro lugar das pesquisas junto à população sobre a instituição mais confiável11.

Tudo isto só pode redundar em crescimento para o aluno, dando a ele, inclusive, subsídios para uma saudável análise da atual conjuntura mundial. Isto é formar pessoas conscientes de seu dever de imagem e semelhança de Deus que conhecem o mundo para temperá-lo e iluminá-lo12. Isto é formar cidadania, outro dos deveres do Ensino Religioso.13

3. Didática

O Papa João XXIII tinha uma questão para resolver: a década de sessenta começava e a Igreja tinha que acompanhar o progresso do mundo. Não podia, porém, mudar a sua doutrina; esta é inviolável. Mas podia, e tinha de fato, que mudar a maneira de apresentá-la. Com o advento das comunicações sociais, um novo jeito de se comunicar estava crescendo e a Igreja não podia ficar para trás. É neste contexto que vai nascer o Concílio Vaticano II, em que João XXIII discursou na abertura:

“Correspondendo à viva expectativa de quantos amam sinceramente a religião cristã, católica e apostólica, é necessário que esta doutrina seja conhecida mais ampla e profundamente e que nela sejam instruídas e formadas mais plenamente as consciências; é preciso que esta doutrina certa e imutável, que deve ser firmemente respeitada, seja aprofundada e apresentada segundo as exigências do nosso tempo”14.

A década de sessenta nos deixou faz tempo, mas a necessidade de renovação na comunicação ainda persiste, e persiste com maior força nas aulas do Ensino Religioso e da Catequese. De modo algum evangelizaremos alguém utilizando uma linguagem apenas teórica e burocrática, que mais contribui para chatear o aluno do que levá-lo a Cristo.

Neste sentido, sugiro aos irmãos catequistas e professores algumas idéias a fim de aprimorar a comunicação da matéria. Exponho a partir de agora algumas idéias que, já experimentadas em sala de aula e outras que o poderão ser, podem contribuir com nosso trabalho:

3.1. Ambiente

O ambiente em que será desenrolada a aula é extremamente importante para o bom êxito do trabalho. É preciso cada vez mais desvincular o Ensino Religioso ou a Catequese da sala de aula comum; ele é diferente de outras matérias e pode oferecer novas opções de ambiente.

A experiência no Ensino Médio tem me mostrado que a saída da sala de aula e a ida a lugares diferentes causa nos alunos uma certa expectativa e uma curiosidade sobre o assunto a ser tratado.

É evidente que a realidade do Ensino Médio é diferente das séries primárias, por exemplo. Contudo, mesmo a professora destas séries deverá encontrar, vez por outra, ocasião para sair com os alunos e fazer uma aula ao ar livre, em apreciação da natureza ou verificação prática do que se está estudando.

3.2. Matéria interdisciplinar

Não é novidade nenhuma dizer que os alunos olham para o Ensino Religioso como “uma matéria sem muito valor”, pois não cai em vestibular nem reprova – o que também não é o objetivo do Ensino Religioso Católico.

Porém, nossa disciplina deve cada vez mais mostrar a sua força e seu valor, conquistando o respeito que lhe é devido.

A fim de alcançar soluções para esta dificuldade, devemos cada vez mais transformar o Ensino Religioso em uma matéria interdisciplinar. Esta idéia, inclusive, é uma das “15 bandeiras de luta do educador cristão”15, e tem por objetivo fortalecer o Ensino Religioso e indicar que este não é matéria isolada da vida do estudante, mas é disciplina que perpassa todas as outras, pois tudo provém do mesmo Deus.

Algumas experiências que posso compartilhar:

a) no trabalho da Campanha da Fraternidade 2005, cujo tema era “Solidariedade e Paz”, cada turma adotou uma instituição de caridade para colaborar durante todo o ano. A participação nesta atividade rendeu nota em Educação Física;

b) ao estudar o fenômeno religioso existente em toda a face da terra e o desenvolvimento que a religião deu ao bairro onde está situado o Colégio em que a atividade foi proposta, os alunos apresentaram um trabalho visual e oral, rendendo pontos em História;

c) no estudo sobre o valor da Igreja para o mundo de hoje que envolveu temas polêmicos da Bioética, a visita em sala de um médico que respondeu as perguntas dos alunos, redundou em pontos também em Biologia.

É preciso fazer um planejamento desde o início do ano juntamente com os professores de outras áreas a fim de oferecer respostas às questões profanas que envolvam a Igreja. O mesmo acontece quando os alunos aprendem Reforma Protestante, Cruzadas, Inquisição ou em Biologia estudam métodos contraceptivos e preservativos. Se houver um planejamento interdisciplinar, o Ensino Religioso fica capacitado, junto com os outros professores, para dar uma resposta condizente com a necessidade do aluno.

3.3. Dinamizar a aula

Quando se fala em “dinâmicas”, muitas vezes parece que se quer fazer da aula uma “água com açúcar”, onde o mais importante é brincar do que estudar um conteúdo.

Dinamizar a aula é também “brincar” com os alunos e oferecer um momento de descontração. Porém, este momento lúdico é um excelente espaço de aprendizado. Em certa ocasião, ao falar sobre solidariedade, fiz uma brincadeira onde cada um tinha que sair de sua cadeira e ir para a cadeira do outro, passando a sua cadeira adiante para formar um bloco com todas as cadeiras juntas. Uma brincadeira simples, mas que gravou de forma privilegiada na mente dos alunos a lição daquele dia: para se fazer o que é necessário (o bem), muitas vezes tenho que sair do meu lugar, dá-lo a outros, a fim de que na força em conjunto eu atinja o objetivo.

A exemplo de Jesus Cristo que não dava a resposta pronta, mas apenas falava por parábolas16, os encontros de Ensino Religioso não devem impor sempre uma resposta pronta (isso cria muita polêmica e um natural repúdio da parte dos alunos), mas deve dar condições de os próprios alunos chegarem até as conclusões. O psicoterapeuta Augusto Cury, denuncia em uma de suas obras17 a crise pela qual passa a escola atual que não forma pensadores, mas apenas repetidores de informação. O Ensino Religioso Católico, mais uma vez, deve ser o diferencial.

Vou contar mais uma experiência: em uma das aulas no Colégio, trabalhei com os alunos a questão da intercessão dos santos sem criar polêmica ou discussões desnecessárias. Apresentei a eles a história do bairro, visitando lugares importantes desta história e analisando fotos antigas. Pedi que fizessem entrevistas com moradores do bairro a fim de que descobrissem na prática o que a fé na intercessão de um santo (São Roque) fez no bairro na década de 1940. Isso é dinamizar a aula: apresentar o conteúdo sem cair na mesma rotina de outras matérias ou criar antipatia dos alunos por assuntos polêmicos e, ao mesmo tempo, ser um espaço de descontração para o aluno.

4. Formação para os professores

“Lembrem-se, porém, os professores que depende, sobretudo deles, a escola católica poder realizar os seus intentos e iniciativas. Sejam, por isso, preparados com particular solicitude, para que estejam munidos de ciência quer profana quer religiosa, comprovada pelos respectivos títulos, e possuam a arte de educar, em harmonia com o progresso dos nossos dias”18

É desejo da Igreja que os professores sejam bem preparados. Veja que o Concílio não distingue entre professores da matéria religiosa e professores da matéria profana. Ele chama a atenção para a formação nas duas áreas, para todos os professores.

5. Conclusão

“Se se olha superficialmente o mundo moderno, fica-se impressionado pela abundância de fatos negativos, podendo-se ser levado ao pessimismo. Mas este sentimento é injustificado: nós temos fé em Deus Pai e Senhor, na sua bondade e misericórdia… Deus está preparando uma grande primavera cristã, cuja aurora já se entrevê. Na verdade, tanto no mundo não-cristão como naquele de antiga tradição cristã, existe uma progressiva aproximação dos valores evangélicos, que a presença e a missão da Igreja se empenha em favorecer. Na verdade, manifesta-se hoje uma nova convergência para esses valores: a recusa da violência e da guerra; o respeito pela dignidade humana e pelos seus direitos; o desejo da liberdade, de justiça e de fraternidade; a tendência à superação dos racismos e dos nacionalismos; a afirmação da dignidade e da valorização da mulher.”19

Todas estas sugestões aqui contidas têm como única e exclusiva intenção a evangelização de cada membro de nossas salas de aula. Nada vale ao Ensino Religioso que não seja uma divulgação sincera e eficaz da Palavra Evangélica. Diferenciar o Ensino Religioso Católico de outras matérias, mas ao mesmo tempo, ser forte em seu conteúdo e formação dos alunos, é desafio presente em cada tempo de aula.

Como disse um pouco acima o Papa João Paulo II, o olhar cristão sobre o mundo deve superar o negativismo e perceber as inúmeras oportunidades que o Senhor da História oferece para que seu Filho Jesus Cristo seja conhecido e amado. O Ensino Religioso Católico deverá apontar sempre para a luz cristã que ilumina os percalços deste mundo assinalando que “a história, de fato, não está nas mãos de forças obscuras, do azar ou de opções humanas. Ante o desencadeamento de energias malvadas, ante a irrupção veemente de Satanás, ante tantos açoites e males, eleva-se o Senhor, árbitro supremo das vicissitudes da história. Ele a guia com sabedoria à alvorada dos novos céus e da nova terra”20.

Saber aproximar-se de todos os que compõem o Povo de Deus, principalmente os jovens, é tarefa árdua, mas profundamente contagiante e realizadora. À medida que o Ensino Religioso caminhar para isso, mais e mais estará cumprindo o seu ministério de “autêntico apostolado”21.

“Os jovens revelaram-se uma vez mais, para Roma e para a Igreja, um dom especial do Espírito de Deus. Às vezes, na análise que se faz dos jovens, com todos os problemas e fragilidades que os caracterizam na sociedade contemporânea, encontra-se uma tendência ao pessimismo. Ora, o Jubileu dos Jovens nos surpreendeu, deixando a mensagem de uma juventude que, não obstante possíveis ambigüidades, sente um anseio profundo dos valores autênticos que têm em Cristo sua plenitude. Por ventura Cristo não é o segredo da verdadeira liberdade? E da alegria profunda do coração? Não é o maior amigo e, simultaneamente, o educador de toda a amizade autêntica? Se Cristo lhes for anunciado com seu verdadeiro rosto, os jovens reconhecem-no como resposta convincente e conseguem acolher sua mensagem, ainda que exigente e marcada pela cruz. Por isso, vibrando com seu entusiasmo, não hesitei em pedir-lhes uma opção radical de fé e de vida, apontando-lhes uma missão estupenda: tornar-se “sentinelas da manh㔠(cf. Is 21,11-12) nesta aurora do novo milênio”22.

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Notas:
[1] Concílio Vaticano II, Declaração Gravissimun Educationis, sobre a educação cristã, nº 5.
[2] Ibid., nº 8.
[3] Catecismo da Igreja Católica, §44.
[4] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium et Spes, nº 45.
[5] Cf. Ef 3,9.
[6] IX Congresso de professores de Ensino Religioso, Santa Helena de Goiás – 19 a 22 de Setembro de 2002, “Formação para a cidadania e o Ensino Religioso”.
[7] Cf. Concílio Vaticano II, Declaração Dignitatis Humanae.
[8] Papa João Paulo II, Carta Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 11.
[9] Id., Carta Encíclica “Fides et Ratio”, introdução.
[10] Gl 3,28.
[11] No Brasil, por exemplo, a Igreja Católica desde 1984 (data em que foi incluída na pesquisa) vem ocupando o primeiro lugar em todos os inquéritos. Recentemente a chilena “Latinobarômetro” divulgou pesquisa onde a Igreja Católica é a instituição mais confiável para 75% dos latino-americanos.
[12] Cf. Mt 5,13-14.
[13] Cf. IX Congresso de professores de Ensino Religioso, Santa Helena de Goiás – 19 a 22 de Setembro de 2002, “Formação para a cidadania e o Ensino Religioso”.
[14] Discurso de abertura do Concílio aos 11 de outubro de 1962.
[15] “Diocese de Nova Friburgo – Conhecendo melhor a Pastoral da Educação…”, nº 8.
[16] Cf. Mt 13,34.
[17] O Mestre da Sensibilidade, p. 22.
[18] Concílio Vaticano II, Declaração Gravissimun Educationis, sobre a educação cristã, nº 8.
[19] Papa João Paulo II, Carta Encíclica “Redemptoris Missio”, nº 86.
[20] Papa Bento XVI, audiência geral de 11 de maio de 2005.
[21] Concílio Vaticano II, Declaração Gravissimun Educationis, sobre a educação cristã, nº 8.
[22] Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, do Sumo Pontífice João Paulo II, nº 9.

 

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